Capítulo 53
1120palavras
2023-05-13 19:43
Ponto de vista da Maria.
A cerimônia passou rápido, eu não quis prolongar a dor, a Ana e o Carlos ficaram o tempo ao meu lado e eu agradeci muito por isso porque sei que não iria conseguir passar por isso sozinha. Depois da cremação o Carlos nos levou pra minha casa, eu fiquei calada durante todo o caminho olhando pela janela com as urnas das cinzas dos meus pais, foi tudo muito rápido, eu perdi meus pais em um piscar de olhos e agora eu não sei oque fazer, não quero continuar naquela casa sozinha mas também não quero vender porque meus pais lutaram muito pra comprar elas, minha cabeça estava doendo e de repente meu estômago começou a revirar.
- PARA O CARRO!
O Carlos freou rápido e eu só tive tempo de colocar as urnas no banco de trás e descer do carro, assim que cheguei na beira da estrada eu comecei a fazer vômito. A Ana veio até mim e em pouco tempo depois eu tinha acabado, voltei pro carro em silêncio, ninguém falou nada.
Quando cheguei em casa eu desci rápido do carro e fui correndo pra dentro do banheiro, meu estômago ficou mal novamente.
Depois que eu acabei entrei no banho e enquanto a água caia em mim eu me sentei no chão do banheiro e comecei a chorar. Eu não sabia oque fazer de agora em diante, eu sinto falta da minha mãezinha e do meu paizinho,e o Damian, oque ele fez comigo foi cruel agora estou aqui sentada no chão do banheiro debaixo do chuveiro olhando pra aliança que ele me deu, eu estou sozinha eu perdi tudo, não tenho mais ninguém além da Ana, eu não tenho mais nada. Eu não sei quanto tempo eu fiquei ali chorando eu só sei que quando saí de lá a Ana estava me esperando sentada na minha cama com uma tigela de sopa, ela já tinha tomado banho e trocado de roupa.
- Ei, tá um pouco melhor?
Eu fiz sinal que sim com a cabeça, eu amo a Ana e agradeço por ela estar comigo, mas eu não quero conversar agora com ela e nem com ninguém. Me sentei ao lado dela e ela colocou a tigela no meu colo, eu estava sem fome e o cheiro da sopa estava me causando enjoo.
- Tô sem fome Ana, e eu to meio enjoada, não quero comer não.
- Maria você precisa se alimentar, eu sei que você está muito triste agora mas faz uma forcinha, não quero que você fique fraca.
Eu concordei com ela, afinal discutir com ela é a última coisa que me vem à mente, peguei a sopa e tomei um pouco, realmente ela estava muito gostosa, e dessa vez meu estômago não revirou. Fiz um pouco de força e acabei comendo quase tudo.
- Você teve notícias do Damian?
- Não e não quero ter, eu não quero mais ver ele, Ana eu não sei oque fazer mas, eu não quero ficar aqui mas também não posso vender essa casa, eu não quero mais ver o Damian nem de passagem eu não sei oque fazer, eu tô me perguntando o'que vai ser de mim de agora pra frente e eu não tenho uma resposta, eu não consigo pensar em nenhuma saída, em nada!
- Maria minha flor, você acabou de perder seus pais, eu sei que é triste e que você está confusa e isso é normal, tenha calma amiga, nós vamos pensar em algo, por hora você quer ir pra minha casa?
- Eu quero sair daqui, Ana.
- Então vou arrumar uma bolsa pra você e depois eu chamo um táxi, o'que você quer levar?
- Tanto faz, Ana e o Dr Carlos? Ele foi embora né?
- Sim, ele foi pro hospital, ligaram pra ele de lá.
- Ele ajudou muito, queria agradecer, mas quem sabe outro dia.
- Isso! Agora tenta dormir um pouco, tá legal? Você precisa descansar.
Me deitei e fiquei encarando o teto, queria poder acordar e descobrir que tudo isso é um pesadelo que nada disso é real, o Batatinha subiu na cama e se deitou no meu lado, ele também estava triste, fiquei lembrando de como essa casa era alegre e cheia de vida, e agora o vazio está em todo canto, fiquei pensando no que fazer da minha vida até que adormeci.
Do ponto de vista do Damian.
- TÁ DE SACANAGEM COMIGO?
Estou aqui no aeroporto ouvindo meu piloto particular dizer que meu avião quebrou uma peça e que não temos como voar, queria manter a calma mas juro que tá difícil, a Sara está tentando compra uma passagem pra mim, eu espero que ela consiga porque eu não posso ficar preso aqui longe da minha menina, sem saber o porquê de tanta raiva de mim, meu peito aperta só de lembrar dela, ela parecia estar chorando e eu não estou ao lado dela.
- Damian, más notícias, as passagens se esgotaram, só tem vaga pra semana que vem, eu comprei pra você, eu até expliquei pra gerente do aeroporto mas a única coisa que ela pode fazer é avisar se tiver algum cancelamento. Eu lamento!
Eu não disse nada, me agachei no chão com as mãos na cabeça, eu preciso pensar no que fazer, nenhuma solução me vem à mente a não ser esperar, droga!
Ponto de vista da Sara.
Não me sinto confortável em fazer isso com Damian mas é necessário, eu tive que subornar o piloto dele pra dizer que o avião estava quebrado, tive que mentir em relação as passagens e enganar ele faz meu coração doer, ele é uma boa pessoa, eu não posso permitir que ele seja usado, machucado e enganado, é melhor doer um pouco agora do que doer depois em escala maior, pouca gente sabe mas o Damian no passado tentou suicídio, ele vivia se mutilando e tem várias cicatrizes espalhadas pelo corpo, algumas são grandes outras são menores, ele entrou em uma depressão gigante quando o irmão se matou, ele se sentiu culpado por não ter percebido antes e o impedido, foram anos em que o pai dele sofreu e lutou pra ajuda lo a sair dessa, mas antes de sair em uma noite de véspera de fim de ano o Damian tomou uma quantidade gigante de anti depressivos e por pouco ele não morreu, aquela foi última vez que ele tentou, mas o medo de ele tentar de novo assombra todas as pessoas que o amam. Não gosto de vê- lo mal, menos ainda de mentir pra ele, mas a Paty tá certa, uma decepção como essa pode trazer aquele mal de novo e ele não merece isso.