Capítulo 52
2543palavras
2023-05-13 19:42
Ponto de vista da Ana.
Achei estranho o jeito como o Dr. Carlos Stanziola estava olhando pra Maria, e não sei se eu vi errado ou certo mas acho que a Maria também ficou levemente interessada nele, o'que é muito estranho porque eu sei que minha amiga morre de amores pelo Dan assim como ele por ela, fiquei muito emocionada quando ouvi os batimentos cardíacos do meu bebe, e mais ainda quando descobri que eu acertei e vai ser uma menina. Estava chorando de alegria quando a Maria desmaiou na sala de exame, eu tomei um susto gigante, ainda bem que o Dr Carlos estava lá e a levou pro atendimento, eu peguei o celular dela que estava caído no chão e fui trocar de roupa pra poder ficar com ela, quando estava terminando de vestir minhas roupas o celular da Maria deu um toque de mensagem, olhei e era do Damian.
“ Oi, minha linda, to com saudades, queria falar com você, quando der me liga. Beijos e Te Amo!”
Quando eu ia responder a mensagem dizendo que ela tinha passado mal, o celular dela começou a tocar sem parar, eu não conhecia o número então resolvi atender.
- Alô?
- Alô, falo com a senhorita Maria Fernandes?
- Não, ela está no hospital e não pode atender agora, é algo urgente?
- O que a senhorita é dela?
- Sou melhor amiga. Ana de Paula.
- Senhorita Ana, eu sinto muito em informar, eu falo da emergência do hospital geral, o Senhor Roberto Castro Fernandes e a Senhora Amanda Oliveira Fernandes sofreram um grave acidente, um caminhão perdeu o controle e chocou com o carro deles.
- O'QUE? MEU DEUS! NÃO PODE SER! - Eu já estava em prantos, meu corpo estava tremendo, entrei em desespero.
- Lamento informar que nenhum dos dois sobreviveu, os bombeiros que atenderam a ocorrência trouxeram os documentos e os aparelhos celulares, pegamos o número da filha pra informar.
- Por favor diz que isso é um engano.?
- Infelizmente não, preciso que alguém da família venha pra fazer a identificação dos corpos e a liberação da funerária. Eu lamento muito por dar essa notícia.
Eu não respondi, na verdade eu não conseguia dizer nada agora, a Maria vai ficar arrasada, eu fiquei sem chão. Respirei fundo e tentei me acalmar, eu preciso ser forte para apoiar e ajudar a minha amiga em um momento tão difícil, meu Deus como vou dar essa notícia pra ela? Lavei o meu rosto, respirei fundo mais uma vez e terminei de vestir minha roupa, quando saí do banheiro fui de encontro a Maria. Fui em direção a portaria onde me informaram onde ela estava, quando eu a vi não consegui me conter, eu comecei a chorar desesperadamente, não sabia como dar essa notícia pra ela, meu Deus porque isso tinha que estar acontecendo? Porque meu Deus?
- Ana o que aconteceu? Você tá bem? - O Dr Carlos me perguntou, ele estava apoiando a Maria que ainda estava um pouco tonta. Não sabia se era a hora certa pra contar mas ela precisa saber.
- Maria, eu eu eu sinto muito… Maria, você precisa ser forte, amiga eu sinto muito muito mesmo!!
Ponto de vista da Maria.
- Maria, eu eu eu sinto muito… Maria, você precisa ser forte, amiga eu sinto muito muito mesmo!!
A voz da Ana e o jeito que ela falava estava me dando calafrios, tinha alguma coisa ruim, muito ruim acontecendo e eu estou com muito medo do que pode ser.
- Ana? O'Que aconteceu? Me fala por favor? - o Dr Carlos ainda estava me apoiando, minha cabeça ainda estava girando.
- Eu sinto muito amiga, aconteceu um acidente, eu não sei como te dizer… eu só…
- Meu Deus Ana por favor fala.. - Meu coração estava apertado, eu não estava conseguindo respirar.
- Maria, seus pais, eu sinto muito, teve um acidente e eles… eles… eles.
- Fala pra mim que eles estão bem, POR FAVOR, ELES ESTÃO BEM NÉ?!
Meu coração estava disparado, minha respiração parecia que estava presa na minha garganta, a dor que eu estava sentindo era como se meu peito estivesse sendo rasgado, eu me sentei no chão e abracei meu próprio corpo, não posso ter perdida meu pai e minha mãe, eu não posso ter perdido eles, lembranças deles brigando como se fossem adolescentes vem na minha cabeça, a lembrança do sorriso da minha mãe ai meu Deus eu não posso acreditar.
- Maria, eu sinto muito. - Ela estava chorando muito, ela se abaixou e me abraçou. - Eu to com você amiga, a gente vai passar por isso juntas.
Eu não conseguia responder, eu não conseguia sequer respirar, minha vontade era de gritar, de tirar essa dor de mim, de repente senti algo no meu braço e depois disso meu corpo começou a ficar pesado, fui perdendo as forças aos pouquinhos.
Do ponto de vista do Dr Carlos.
Não sabia oque fazer, eu sei a dor que ela deve estar sentindo nesse momento, peguei um calmante e apliquei no braço dela, ela estava tão transtornada que nem percebeu, esperei uns instantes pro calmante fazer efeito, acho que a Ana também não percebeu, porque ela se assustou quando a Maria começou a apagar.
- Dr, ela tá desmaiando de novo! Ajuda ela.
- Calma Ana, eu apliquei um calmante nela, ela vai dormir um pouco.
- Tá bom. - A Ana começou a chorar de soluçar, ela estava tão desesperada quanto a amiga dela.
- Ana, você quer tomar um calmante também? Ajuda por hora.
- Não! Eu preciso ser forte por ela, eu preciso ir no hospital, querem que façamos o reconhecimento dos corpos e depois os liberem pra funerária. Meu Deus eu não vou conseguir fazer isso.
- Eu levo vocês ao hospital. E ajudo você com os preparativos pro velório.
- Eu não sei o porquê de você estar nos ajudando tanto, mas eu agradeço, de coração.
- Eu sei pelo que essa moça esta passando, eu só quero ajudar, sem ter um porque.
A Ana me abraçou e consegui sentir que ela era uma pessoa boa. Algum tempo passou e a Maria foi acordando meio grogue, eu a Ana a apoiamos um de cada lado, e assim fomos pro carro, o caminho pro hospital estava silencioso, a Maria estava sentada no banco de trás do meu carro e eu me pegava olhando pra ela o tempo todo pelo retrovisor, a Ana estava do meu lado no banco da frente e eu acho que ela notou o fato de eu estar olhando pra Maria porque quando eu olhei pro lado pelo canto do olho eu vi ela me encarando.
- Maria, você quer ligar pro Dan? - Ela falou ainda olhando pra mim.
- Quem é Dan? - Perguntei pra ela mesmo já imaginando qual a resposta.
- É o namorado dela, Damian.
- Hum.
Não vou negar que me deu uma pontada de ciúme, eu já sabia que ela tinha namorado, não tinha como não saber com aquela aliança daquele tamanho no dedo dela, mas ouvir ela falando claramente me doeu um pouco, o pior é que esse nome não me é estranho. A Maria estava meio aérea, ela já não estava mais chorando e eu não sei se era efeito do calmante ou se era por estar em choque ela fez um gesto de confirmação com a cabeça e pegou o celular na mão da Ana.
- O celular dele tá desligado. Ele tentou me ligar um monte de vez e só agora que eu to vendo.
- Mais tarde você tenta, ele deve estar em uma reunião ou coisa assim, pode ficar tranquila tá.
A Ana o tempo todo tentava manter a Maria calma e amparada, a amizade dessas duas realmente é muito bonita. Chegamos no hospital em pouco tempo, a Ana e a Maria foram juntas reconhecer os corpos, não preciso nem dizer o quanto foi triste, ambas estavam em total desespero e tristeza, ver aquela cena era de partir o coração. Deixei elas sozinhas e fui resolver ao detalhes do velório, na verdade a Maria deixou claro pra mim que queria que os dois fossem cremado juntos, arrumei todos os papéis e deixei tudo pronto, enquanto a funerária agia eu levei elas pra casa pra tomarem um banho, eu sei que é estranho o fato de estar fazendo tanto assim por pessoas que eu não conheço, mas eu sinto uma necessidade enorme de ajudar elas, principalmente a Maria que me atraiu muito.
Ponto de vista da Maria.
Não sei nem como vim parar na minha casa, só sei que agora estou parada na porta da frente, sem ter coragem de entrar, saber que minha mãezinha e meu paizinho não vão estar mais aqui, nunca mais me dói até a minha alma, eu sinto que meu peito está sendo rasgado pedaço por pedaço, a Aninha está do meu lado como sempre esteve, ela está me segurando pelo braço em uma tentativa de me apoiar, meu corpo ainda está fraco e eu sinto que vou desmoronar a qualquer momento.
- Vamos, você precisa ser forte. Eu vou com você!
A Ana segurou minha mão e depois abriu a porta, eu respirei fundo e criei coragem pra entrar, tudo ao meu redor me fazia lembrar deles, tudo estava fazendo minha dor aumentar, antes de subir pro meu banheiro pra tomar um banho eu olhei pro Dr, eu nem me recordo o nome dele, e nem sei ainda o porquê dele estar aqui, mas me sinto grata por estar ajudando, eu não conseguiria e seria muita coisa pra Ana sozinha.
- Dr? Obrigado!
- Não precisa agradecer. Tudo bem se eu fizer um café? Acho que você vai precisar.
- Fica a vontade. E mais uma vez, obrigado!
Subi as escadas e entrei no banho, enquanto a água caia ela se misturava com minhas lagrimas, a dor era tao grande mais tão grande que eu mal conseguia respirar… Eu queria que o Damian estivesse aqui, eu queria meus pais… eu só queria que tudo isso fosse um pesadelo. Saio do banho e me enrolo na toalha, pego meu celular pra tentar ligar de novo pro Damian mas nada, lembranças da minha mãe me consolando enquanto eu me deitava no colo dela vem na minha cabeça. Me viro de costas na cama e encaro o teto branco do meu quarto, acho que eu nunca na minha vida me senti tão fraca, tão impotente, tão despedaçada. A Batatinha pulou na cama e se aninhou no meu braço.
- Vai sentir falta deles também né?
Até o Batatinha estava triste, fiquei ali um tempo alisando os pelos dela até decidir que já estava na hora, de repente um cheiro maravilhoso de café inundou o quarto, me levantei e vesti um vestido preto que minha mãe tinha me dado, fiz um coque e coloquei meu all stars preto que o damian me deu, queria tanto que ele estivesse aqui. O meu rosto estava inchado e vermelho, eu estava uma verdadeira bagunça. Peguei a minha Batatinha e desci as escadas, o meu celular estava comigo pra eu tentar falar com o Damian no caminho, quando cheguei na cozinha reparei que a Ana já estava arrumada também, e o Dr Carlos estava também pronto, ele estava com uma calça jeans escura e uma camisa social preta de manga comprida e de botões, a Ana estava parecida comigo, de vestido preto porém longo, e de coque. Eu nem percebi que tinha demorado tanto pra descer, mas devo ter demorado bastante porque deu tempo deles se aprontarem.
- Desculpa a demora. - Eu falei meio sem graça.
- Estamos com você, florzinha tudo no seu tempo.
A Ana como sempre sendo um anjo na minha vida, o Dr Carlos não disse nada, ele se levantou da cadeira onde estava sentado foi até o armário e pegou uma xícara pra me servir café.
- Obrigado Dr Carlos, não precisava se incomodar.
- Pode me chamar só de Carlos. E não é incomodo, eu quero ajudar.
Antes mesmo de abrir a boca pra responder ele o meu celular começou a dar toques de notificações um atrás do outro, olhei o numero e não o conhecia, notei que eram arquivos de imagens então abri a primeira, olhei a primeira foto que nada mais era do meu Damian de braço dado com uma mulher muito, muito bonita, eu automaticamente comecei a chorar, tinha mais algumas fotos ainda pra ver e eu tava com medo de onde isso iria parar.
- Tá tudo bem Maria? É o Damian? - A Ana estava me olhando confusa, virei meu celular pra ela ver a foto e o queixo dela quase caiu.
- Tem mais fotos, eu não consigo olhar.
- Eu olho. - Ela pegou o celular da minha mão e começou a ver as fotos, ela olhou atentamente e no final da última foto ela me olhou triste. - Eu sinto muito Maria, essas fotos são recentes, ele tá com a aliança.
- Me deixa ver!
- Acho melhor não. Confia em mim.
Eu estava com tanta raiva, um ódio gigante subiu por todo meu corpo, eu acabei de perder meus pais e ele estava me traindo enquanto isso. Tomei o celular da mão da Ana e olhei as fotos, tinha foto deles em um jantar romântico, eles de mãos dadas, meu coração estava muito acelerado e meus olhos estavam queimando, a última foto era dele de cueca na cama,com a mesma mulher abraçados, ela estava totalmente nua, o braço dele estava passando pela cintura dela e o rosto parecia colado com o dela, ele estava de olhos fechados, provavelmente estava dormindo, filho da puta! Como ele pode fazer isso comigo? Eu estava com tanta raiva, com tanto ódio que mal podia respirar.
- Desgraçado!
- Maria fica calma, deixa pra lá. Você tem coisas mais importantes pra fazer e pensar agora, esquece ele tá!
Eu ia responder mas antes disso meu celular começou a tocar de novo, mas dessa vez era uma ligação. Também não conhecia esse número mas eu atendi mesmo assim.
- Alo?
- Minha menina, porque você tá chorando?
Não acredito que ele ainda teve coragem de me ligar, eu não consigo acreditar que ele teve coragem de fazer isso comigo. O ódio que eu estou sentindo agora está queimando por dentro de mim.
- Você? Você ainda tem a cara de pau de me ligar? Vai pro inferno seu filho de uma puta! E não me procura mais!!
Após desligar a ligação eu desliguei também o meu aparelho celular, não quero que ele me ligue mais ou me mande nada, como ele pode fazer isso comigo? Respirei fundo, pensei nos meus pais, a tristeza se misturou com o ódio dentro de mim, segurei o braço da minha melhor amiga que sempre esteve comigo e com a outra mão segurei o braço desse homem que eu mal conheço e que não sei o porquê de estar aqui, mas eu agradeço por ele estar. Eles me olharam ao mesmo tempo.
- Hora de se despedir deles. - Com a maior dor do mundo rasgando minha alma eu disse. - Eu estou pronta!