Capítulo 29
1275palavras
2023-05-30 12:55
Destiny POV
Novamente estou nesta arena, só que percebo o quão diferente ela está, as runas tinham mudado, além disso parece que as pessoas estão com medo de entrar aqui. É involuntário, e eu entendo isso, afinal aqui dentro eu posso sentir o poder do submundo.
A minha frente tem duas pessoas, dois vampiros, são pai e filho… A aparência externa do pai é de alguém belo, com um rosto bem formado e equilibrado, em um corpo não tão musculoso, com uma postura nobre… Mas sua verdadeira face é bem diferente, sua pele é enrugada, suas orelhas são mais pontudas, mas faltando pedaços e dava para ver que tinham sido comidas, ele é mais magro e sei que esconde suas duas asas por baixo daquela aparência relativamente humana.
Do lado dele está seu filho, ele tem a aparência de um adolescente, cabelos repicados de tom preto, olhar mais distante e de um tom esverdeado, como se tivesse uma chama dançando ali e sua pele tinha um tom meio cinza, que lembrava muito as cinzas que formavam o chão do Mekai. Diferente de seu pai, ele não tem uma segunda aparência, o que me leva a crer que ainda não despertou seu lado espiritual.
Eu sei que os dois estão me analisando tanto quanto eu o faço, sorrio de canto, colocando as mãos nos bolsos.
“Eu só tinha ouvido falar de um filho de Hades… Não cheguei a conhecê-lo… E até mesmo meu Pai nunca falou muito sobre isso…” O homem mais velho comentou. “E posso dizer que é muito estranho encontrar alguém como a senhorita.”
“Meu pai é uma pessoa muito direta, perdoe caso ele pareça rude.” O mais novo comentou. “Eu me chamo Max e meu pai Nosferatus. Somos filhos de Thanatos.”
Então é por isso que eles têm uma conexão com o submundo, continuo sorrindo, a aura deles não é tão estranha para mim. Era assim que eles pretendiam me treinar?
“Arrogante.” Nosferatus falou e balançou a cabeça de leve em desaprovação. “Vai ser bom ensinar algum respeito.”
“Eu sei quem você é.” Sinalizei. “Apesar de sua máscara ser mais bela que a minha, ainda fica evidente que usa uma.”
A aura daquele homem aumenta levemente, indicando que eu estava no caminho certo.
“E quantas vidas você ceifou, apenas porque entraram no seu caminho?” Nosferatus comentou.
"Incontáveis, perdi a conta há um ano…” Sinalizei calmamente. “Minha última contagem foi de 1372.”
“Elas não significam nada para você?” Max perguntou seriamente.
“A morte é apenas um dos caminhos, nunca o fim… Não vou sofrer por coisas que não posso mudar… Vocês já deviam saber disso, já que são filhos de Thanatos.” Movi a minha mão lentamente para a esquerda e então o chão em que estávamos começou a mudar. “As almas que ceifei, as almas que aniquilei e as almas que purifiquei não importam mais, porque na contagem final, são apenas poeiras dentro de uma ampulheta.”
As auras daqueles dois começaram a aumentar e a modificar o lugar junto comigo, eles já haviam ido para os caminhos que levavam ao Mekai, não é lugar bonito ou feliz, são montanhas de cinzas e ossos daqueles que nunca conseguiram chegar ao buraco que levava ao rio Estige.
A pressão de estar perto de algo assim é gigantesca, para aqueles que não estão acostumados, mas estes dois à minha frente já estão e por isso não preciso me preocupar com a quantidade de energia.
“Como Filho de Thanatos eu dou valor à vida e sei que a Morte é um dos últimos recursos a serem usados!” Max falou com raiva e avançou contra mim.
Posso ver a poeira levantar conforme seus pés tocavam o chão e vinham em minha direção e apesar movimentei minha mão com calma, fazendo a poeira começar a se concentrar em seus pés e então elas virarem sólidas e prenderem aquele garoto ao chão.
“A Vida deve ser preservada, deve ser amada, deve ser respeitada… Acima de tudo, ela deve ser respeitada.” Movi a mão e então soltei o garoto e agora podemos escutar o lamento das almas e o arrastar de seus pés enquanto estão andando em direção a entrada do submundo. “Quantas almas você já colheu, garoto?”
“Nenhuma.” Nosferatus respondeu pelo filho. “Ele ainda tem uma visão romantizada sobre a Morte e a Vida… Mesmo em meio a guerra ele se recusa a matar.”
“Então talvez esteja na hora de você entender…” Movimentei a mão como se empurrasse o ar e o corpo de Max saiu voando, mas ele não chega a atingir o chão, porque na verdade ao bater em uma das almas, vejo os dois parando. Eu sei que agora ele está vivendo a vida daquela alma, quem quer que ela seja.
“Suas habilidades são impressionantes…” Nosferatus comenta. “Eu só vi esse nível de controle em outra pessoa, que foi Dylan Muller, quando o ensinei sobre a pureza de seu sangue e mesmo assim não é tão natural quanto você.”
Nosferatus começa a andar e o ambiente começa a mudar conforme seus passos, é como se ele estivesse andando muito rapidamente por aquelas montanhas e então ele para perto da borda de um rio vermelho e um pouco atras dele tem um abismo, onde o rio se transforma em uma cachoeira.
“O submundo tem muitos lugares… Você está acostumada a ver apenas a entrada dele, pois bem aqui é um lugar muito especial, principalmente para Perséfone.” Nosferatus então caminhou até a beirada do abismo e vou até ele e vejo a cascata e em baixo tem uma pequena ilha, com uma árvore crescendo e depois o rio continua seu caminho. “Dizem que esta árvore foi criada a partir da semente da romã que Perséfone comeu.”
Eu posso ver os detalhes daquela arvore, mas não vejo fruto nenhum e realmente ela lembra muito a árvore de romãs.
“Você está muito ligada a seu Pai… Então está na hora de se conectar com sua mãe.” Nosferatus fala ao meu lado e antes que eu pudesse reagir sinto que ele coloca a mão no meio de minhas costas e me empurra.
Eu devia ter previsto isso, mas não consigo lutar, é como se minhas habilidades tivessem sido bloqueadas e antes que me de conta caio neste rio e me envolvo nesse sangue… Eu já tinha ouvido falar deste rio, mas é a primeira vez que o encontro e fico ainda mais surpresa por notar que não sinto nada muito diferente e tento nadar contra, mas sou arrastada para a cachoeira.
A queda é grande e não há nada em que eu possa me agarrar e o mundo ao redor não está me obedecendo, a energia simplesmente não me reconhece e por isso quando meu corpo sofre o impacto com as águas embaixo, sinto as dores do impacto e sou arrastada até aquela ilha.
Consigo subir nela, respirando com dificuldade e olho para cima, eu sei que Nosferatus já não está mais ali… O que significa que estou presa a este lugar… Eu não consigo sentir aquele fio que me levaria de volta, o fio de prata tinha desaparecido. Torci a boca e levei minha mão as minhas costas e posso sentir algo ali. Nosferatus tinha grudado algo ali e era isso que me impedia de me conectar com o lugar.
Quero gritar, mas não o faço. Respiro fundo e olho ao redor, o rio continua seguindo, mas ao redor é árido e não há sinal de alma ou vida a não ser esta arvore.
______
Nota: Não esqueçam de curtir, comentar, avaliar e também votarem no livro! Tem votos gratuitos e votos pagos! Isso é muito importante para mim como autora gente!