Capítulo 37
1590palavras
2023-08-03 10:04
– Olá docinho, também estou com saudade!
– Vai para o inferno Dante!
– Dentro de 20 minutos, passarei aí para te buscar... Vamos jantar fora!

– O que?!
– Louise quer te conhecer!
– Era só o que me faltava mesmo! Pode desmarcar porque não vou, boa noite Dante!
– Você não terá como dizer não porque já estamos aqui embaixo. Estamos te esperando. Se não descer dentro de 15 minutos, nós vamos subir... Até mais.
Dante desligou o telefone assim que terminou de falar. Eu queria sumir, como ele era irritavelmente persistente que chegava a dar raiva...
"Que droga!" - Eu pensei.

Mesmo batendo o pé, na força do ódio, me arrumei e desci.
"Como Dante podia fazer isso comigo? Eu realmente não queria conhecer outra mulher que também estivesse interessada nele. Mas, espera! Como assim também?"- Eu pensei chocada.
– É Kyra, agora lascou tudo! - Eu falei para eu mesma enquanto fechava a porta do hall de entrada do prédio em que morava.
– Kyra, estamos aqui. - Disse Dante abaixando o vidro do carro e acenando sorridente.

Eu revirei os olhos e fui até ele. Abri a porta do carro traseira porque tinha uma silhueta no banco dianteiro na qual eu não conseguia enxergar direito e tive uma supresa...
– Kyra, quero que conheça o Louise. Esse talento nato aqui me ajuda a preparar todos os eventos de lançamento de livros, de autógrafos e tudo o mais que englobar os escritores.
Fiquei chocada ao olhar para a figura que estava na frente com Dante. Sim, devo confirmar a você, caro leitor, é um homem! Eu imaginava que era uma mulher e fiquei com ciúme a toa... Fiquei morta da vergonha.
– Boa noite Louise. - Eu disse tímida.
– Boa noite Kyra! É tão bom te conhecer. Dante já me contou os detalhes de que você será parte do nosso time de escritores e ficarei muito feliz em ajudar no que precisar. - Disse ele gentilmente.
Louise estava beirando os 40, já possuía as charmosas ruguinhas nos cantinhos dos olhos, o que não tirava o charme que ele possuía. Possuía a pele morena, olhos cor de mel e cabelos pretos. O que mais chamava atenção nele era sua gentileza.
– Muito obrigada Louise, é muito bom te conhecer também! - Eu disse gentilmente, mas querendo matar o Dante.
– Agora que vocês já foram apresentados, vamos jantar porque estou com bastante fome. - Disse Dante com um sorrisão estampado no rosto olhando para mim.
Dante ligou o carro e acelerou. Os dois conversaram a maior parte do trajeto. Eu por sinal, preferi ficar quieta por causa da minha infantilidade. A cidade estava toda acesa e quase não dava para ver o céu estrelado. O restaurante que eles queriam ir ficava um pouco afastado da cidade, o que para mim era perfeito porque eu iria poder contemplar as estrelas.
20 minutos após sairmos do meu apartamento, chegamos ao restaurante mencionado. Era estilo rústico, possuía uma estradinha que levava até o estabelecimento que lembrava um sítio bem cuidado, cheio de flores no caminho. O estabelecimento era todo construído com toras de madeira pintadas de marrom com janelas e portas de vidro. O local era bem charmoso, eu amei!
Descemos do carro após Dante estacionar e entramos. Na recepção, uma moça nos aguardava para verificar as reservas.
– Boa noite senhores! A reserva ficou em nome de quem para eu verificar no meu sistema? - Disse a recepcionista que encara Dante como se quisesse devorá-lo.
– Ficou em nome de Dante e Louise. - Disse Dante evitando o olhar da recepcionista.
É parecia que ele já havia notado o que estava me incomodando sem eu precisar falar algo. Interessante!
"Surreal eu estar agindo como se estivéssemos em um relacionamento... Só o fato de eu pensar na palavra RELACIONAMENTO já me dava arrepios. Mesmo que tivemos algo no passado, nunca fora algo verdadeiro e tão pouco parecido com isso."- Eu pensei.
Fiquei tão absorta em pensamentos que nem percebi a mão de Dante tocando na minha e me levando até na mesa. Quando acordei do devaneio, olhei para Dante que me fitava com curiosidade. Não havia sinal de Louise na mesa.
– No que está pensando? - Perguntou Dante com uma sobrancelha arqueada.
– No mico que paguei hoje. - Eu disse constrangida.
– Ahh... Que você pensou que Louise era mulher? - Disse ele rindo.
– Isso... - Eu disse colocando as duas mãos na minha cara.
– Fique tranquila, eu realmente adorei isso. Você com ciúmes de mim, só aquece mais o meu coração. - Disse ele piscando para mim.
– Eu não estava com ciúmes! - Eu retruquei.
– Então o que era?
– Tá, eu me senti incomodada com a situação...
– Como sentiu também com a recepcionista?
– Como você sabe? - Eu perguntei com o cenho franzido.
– Eu reparo em tudo Kyra, sou observador, ainda mais em você e naquela hora, seu semblante mudou e eu não entendo por qual motivo se rebaixa tanto.
– Me rebaixo? - Perguntei confusa.
– Sim, você pensa que qualquer mulher que se jogue para cima de mim, irá conseguir ficar comigo. O fato é: não é tão simples assim.
– Como não? - Eu perguntei incrédula.
– Primeiro: Eu tenho que gostar da pessoa para me envolver com ela;
Segundo: já amo alguém com quem quero passar meus dias e não preciso de outra garota; 
Terceiro: você sabe muito bem que eu detesto que fiquem o tempo todo se jogando pra cima de mim.
– Você já ama alguém?
– Sim Kyra e é meio óbvio não?

Eu não estava entendo muito bem... Não sabia se ele falava de mim ou de outra pessoa. Sou bem lenta para perceber o que está estampado na minha frente, ainda mais quando se trata de sentimentos... Sou uma zero a esquerda.

Quando eu ia questionar sobre, Louise voltou a mesa... Pelo caminho que ele veio, acredito que fora no banheiro anteriormente. Os garçons nos trouxeram o cardápio, escolhemos o que iríamos comer e conversamos a noite toda em relação ao que eu iria escrever, como funcionavam os eventos e se eu queria participar do que seria lançado no próximo mês para me socializar em como funcionam as coisas.
Ocorrera tudo bem, finalizamos o jantar e retornamos ao meu apartamento, onde ambos me deixaram em segurança. Subi, coloquei o pijama e fui dormir.
Na manhã seguinte acordei mais cedo do que costumava acordar porque precisava comprar caixas, fitas adesivas e um marcador de texto permanente para nomear onde cada caixa seria colocada. Para a minha sorte, a loja que vendia produtos de armazenagem como sacolas plásticas recicláveis, sacos de lixo e caixas, entregavam no meu endereço o que eu comprasse sem eu precisar de um carro para isso. Fiquei muito feliz com isso, saí da loja e fui atrás das fitas adesivas e do marcador.
Após finalizar as compras, eu voltei para casa, enviei a próxima postagem da minha história que era publicada no jornal diariamente e comecei a separar as coisas na sala. Após 40 minutos, as caixas chegaram e eu continuei adiantando tudo.
O dia passou super rápido, quando vi Dante já estava no meu apartamento ajudando a terminar de embalar as coisas no meu quarto. Até que eu não tinha muita coisa, só umas 30 caixas depois... Terminamos tudo. Realmente imaginei que iria demorar mais porque do meu antigo apartamento foram 3 dias empacotando tudo, mas eu não tinha o Dante para me ajudar.
Foram momentos muito bons, ele me fez rir, me levou café e jantou comigo. Isso tudo era novo para mim, até porque nunca havia sido cuidada por alguém antes.
– Kyra, acredito que você já possa dormir lá em casa hoje. Até porquê, não tem mais nada aqui que possa te ajudar, inclusive as suas roupas já estão encaixotadas.
– Concordo, assim já faço um "test drive" na cama hehe.
– Você sabe que isso não soou muito bem né. - Disse Dante rindo.
– Que mente suja! - Eu disse jogando a única almofada que eu ainda não havia empacotado nele.
– Falando sério, o que você vai fazer com os seus móveis?
– Estou pensando em vendê-los já que no seu apartamento tem tudo.
– Você tem certeza?
– Sim, se eu for levá-los, vai entulhar muito o seu apartamento, não concorda?
– Concordo, mas posso deixá-los armazenados em outro local para você pegá-los futuramente se quiser.
– Te agradeço, mas neste momento, não tenho interesse em mantê-los, até porquê, posso alugar algo já mobiliado até ter o meu cantinho.
– Você sabe que pode morar comigo o tempo que precisar.
– Sim e agradeço por isso... Só que não quero empacar a sua vida sabe...
– Eu até sei o que você está pensando Kyra e realmente está fora de cogitação.
– Mas...
– Se estou levando você para lá, não tem a mínima chance de outra mulher colocar os pés lá. Nem minha mãe me visita, quem dirá as outras...
– Tudo bem então, obrigada.
– Não me agradeça ainda, afinal você nem passou tanto tempo comigo assim... Bem, o caminhão da mudança poderá pegar as suas coisas amanhã e levá-las para lá?
– Sim, já combinei com o freteiro.
– Que bom, assim fico aliviado! Então, vamos?
– Sim, só precisarei da caixa com as minhas roupas e meu computador hoje.
– Fechou então! Eu pego a caixa e você o computador.