Capítulo 35
1748palavras
2023-07-29 08:20
— Eu realmente não tenho motivação alguma para isso, sem contar que deve caber no que eu possa pagar. - Eu disse tomando um gole da minha água.
— Bom, eu posso te dar uma sugestão?
— Diga, sou toda ouvidos.
— Quer morar comigo?
Na hora que eu ouvi e digeri o que ele havia me proposto, engasguei com a água que chegou a escorrer pelo nariz por causa do gás. Que sensação horrível! Peguei o guardanapo de papél e me sequei.
— Você está bem? - Vi a cara de preocupação de Dante que se levantou e veio perto de mim e segurou o meu rosto com as mãos para ver se estava tudo certo.
— Eu estou melhor, obrigada. Não precisa se preocupar. - Eu disse tirando as mãos dele do meu rosto e segurando-as.
— Você tem certeza? Quer algo?
— Tenho sim, estou bem. - Eu disse sorrindo para ele.
O garçom nos interrompeu anunciando a chegada dos pedidos. Eu fiquei super feliz com o cheiro da comida que era excelente e atendimento do restaurante.
Agradecemos o garçom que sorriu e se despediu dizendo que se quiséssemos algo a mais, era só chamá-lo.
Começamos a comer em silêncio apenas saboreando a comida maravilhosa que havia chego. Impressionante como isso existia porque até o momento eu só havia subido nas nuvens com os pedidos do café da Anne. Como é incrível as pessoas que possuem o dôm de cozinhar e nos fazer viajar? Eu amo saborear novas comidas, sucos, doces... Isso me traz uma alegria imensa.
Enquanto estava saboreando a comida e indo nas nuvens, Dante decidiu quebrar o silêncio.
— Kyra, eu não quero forçar a barra com você. Desculpa te propor assim tão de repente, sei que te assustei.
— Confesso que me pegou totalmente de surpresa e que eu não estava preparada para isso.
— Eu só quero o seu bem, tudo bem que ainda tenho resquícios de um amor não correspondido, mas é só isso mesmo. - Disse ele brincando para tentar amenizar o climão.
— Como não correspondido? Você sabe melhor do que ninguém que naquela época eu era apaixonada por você.
— Não sei, isso é o que você diz, sumiu da minha vida em apenas uma piscada de olhos.
— Você mereceu isso. - Eu disse fazendo biquinho.
— Adoro quando se faz de difícil! - Dante caiu na risada.
— Cara de pau você. - Eu disse rindo.
— EU? Que calúnia... Com toda certeza que você está falando de outra pessoa. - Disse ele piscando para mim.
— Agora falando sério, você fez a proposta sem pensar muito né?
— Sim, não tem o porquê pensar, eu vi como você era, te conheço e sei como foi cuidadosa comigo no passado. Eu deveria pensar?
— Sim, até porque não sei se sua namorada aprovaria isso...
Dante suspirou, cruzou as mãos e apoiou os cutuvelos na mesa apoiando o queixo. Eu vi que o que eu acabara de falar o havia incomodado.
— Kyra, eu vou te explicar as coisas... Eu não tenho namorada, nunca morei com nenhuma outra mulher além dos dias em que passei no seu apartamento. Ou seja, você é a única que eu propus isso.
Eu fiquei vermelha com a explicação dele. Meu coração estava quase saltando da boca... Como eu iria morar com aquele homem e não iria enlouquecer?
— Você ainda mora naquele apartamento que eu vizitei na época?
— Não, estou morando mais próximo da editora. Eu decidi me fixar definitivo na cidade, cansei de ir de um lugar para outro.
— Parou com as palestras?
— Sim...
— O que houve com você? - Eu perguntei com cara de espanto.
— Desanimei... Depois que aconteceu tudo aquilo conosco, não quis mais saber da vida agitada que eu tinha.
— Eu fui a causa? - Eu disse com o cenho franzido.
— Digamos que quando você saiu da minha vida, levou a minha alegria junto, mas não foi sua culpa e sim minha.
— Eu não imaginava que havia impactado tanto a sua vida da mesma forma que você impactou a minha.
— Eu impactei?
— Sim, mas de uma forma negativa...
— Me desculpa por isso.
— Não tenho ressentimento, não mais. Eu até consegui namorar umas duas vezes.
— E por qual motivo não deu certo?
— Eu fui o problema, não consegui me apegar... Diziam que eu era muito viciada em trabalho e que não abria espaço para o amor. Sabe, eu realmente foquei no meu sonho em ser escritora, que realmente eles podem estar certos.
— Ou talvez não era para ser. Quando a pessoa da qual gostamos possui um sonho, é bem natural querermos apoiar ao invés de criticar e de cobrar.
— Também penso assim e após eu ser a causa dos términos, decidi não me envolver com ninguém e estou assim desde então.
— Duraram muito os seus namoros? - Perguntou Dante com curiosidade.
— Três meses.
— Então quer dizer que nosso relacionamento falso durou mais... Interessante. - Disse ele com um sorriso de orelha a orelha.
— Sim, mas isso não quer dizer nada. - Eu me defendi, mesmo sabendo que eu poderia arrumar 1.000 desculpas e que nenhuma delas justificaria.
— Sei... Você quer ir visitar o meu apartamento para ver se gosta?
— Sim. - Eu topei sem nem ao menos pensar... Saiu espontaneamente.
— Perfeito! - Disse ele parecendo feliz.
Terminamos o jantar, Dante foi até o caixar pagar a conta e saímos do restaurante. Entramos no carro e Dante dirigiu por 15 minutos até chegarmos no edifício em que ele estava morando.
O edifícil era tão sofisticado quanto o outro que ele morara na época, mas parecia ser mais convidativo, tinha mais cara de lar.
Por fora a fachada era toda de vidro fumê (as sacadas, portas e janelas) com paredes brancas, possuía 8 andares (menos que o outro) e a garagem era subterrânea.
Dante possuía duas vagas e estacionara o carro em uma delas.
— Você poderá estacionar o seu carro aqui sem problemas futuramente.
— Eu não tenho carro no momento. - Eu disse encabulada.
— Você vive pegando táxi? - Perguntou ele surpreso.
— Sim, mas pensa desta forma: no passado era ônibus e hoje evoluí para táxi. - Eu disse piscando para ele e mostrando a língua.
— Pensando por este lado, realmente foi um avanso. Temos de olhar pelo lado bom.
— Então, minha justificativa era que eu estava guardando para comprar o apartamento em que moro e por isso não comprei um carro. Hoje vejo que deveria ter comprado.
— Tudo ao seu tempo, agora se quiser poderá comprá-lo e vaga de estacionamento já terá.
— Verdade. Vamos subir? - Eu disse saindo do carro.
— Sim, vou te mostrar tudo. Siga-me. - Disse ele indo para o elevador.
Eu o segui.
— Você mora em qual andar?
Ele sorriu.
— Vou deixar você adivinhar... Em qual andar acha que eu moro?
— No 8º andar?
— Bingo! Na cobertura... Eu amo olhar a cidade de lá.
— Imaginei, o outro que você morava também ficava no último andar e era uma cobertura.
— Você ainda se lembra dos detalhes? Que mente boa você tem.
Subimos até o 8º andar e havia o mesmo sistema de segurança do apartamento antigo de passar o cartão para abrir e senha.
Dante passou o cartão e abriu na hora. Entramos e a minha mente travou (a famosa tela azul hehe) com o que eu vi. Mudara tudo em relação ao apartamento antigo e não sei por que cargas d'água eu estava fazendo comparações.
Antes o apartamento era grande, com poucos móveis, cinza e cinza com uma pitada de branco... Agora podemos dizer que o apartamento tem a personalidade dele.
Dante percebeu a minha cara de surpresa.
— Kyra, sei o que você está pensando agora e sim agora meu apartamento mostra um pouco a minha personalidade.
— Pois é, estou bem surpresa.
O hall de entrada possuía quadros abstratos em preto e branco, a sala de estar possuía um sofá 3 lugares retrátil e reclinável cinza, uma TV 48 polegadas em um painel sofisticado também cinza escuro e tapetes na mesma cor. As paredes eram todas brancas, o piso era porcelanato branco com detalhes em cinza. A cozinha era toda cinza desde os armários até os eletrodomésticos, com ilha em mármore quartzo branco, paredes e laje branca.
— Vem, vou te mostrar o restante do apartamento. - Disse Dante.
O segui pelo corredor que dava para os quartos, aparentemente haviam 3 quartos, 1 escritório, 1 sala de estar e cozinha conjugada, 4 banheiros sendo 1 suíte, 1 banheiro social e os outros 2 eram 1 para cada quarto.
— Aqui é o meu escritório e biblioteca conjugado. Cabem duas pessoas trabalhando aqui sossegadamente.
Era lindo o cômodo. Havia a mesa com o notebook, mouse, tela, mousepad e teclado distribuídos organizadamente no lado esquerdo do ambiente. Uma janela em vidro fumê enorme atrás que dava para ver a cidade e no lado direito ficavam as prateleiras com os livros, uma mesa para leitura e uma poltrona preta. Sinceramente, eu já estava me sentindo em casa. Tinha muito cinza ainda, mas agora o apartamento tinha vida nele.
Os quartos eram lindos, parecia que eu estava vivendo um conto de fadas. A decoração era convidativa, de um bége claro nas cortinas, edredom e fronhas dos travesseiros. A cama era um box cinza escuro que ficava centralizada no quarto, com uma mesinha ao lado direito do quarto com um janelão também em vidro fumê e possuía um tapete de pelinhos para sair da cama e não colocar o pé no chão. Amei tudo, só não vi o quarto de Dante.
— Dante, realmente é muito lindo... Agora seu apartamento realmente parece ter vida.
— Que bom que gostou... Agora é só decidir se quer ou não morar aqui.
— Não vou ser um incômodo? - Eu o olhei fixamente para tentar saber o que ele estava pensando.
— Óbvio que não, assim nos dias que precisar ir na editora, pode pegar carona comigo e assim não gastar com táxi.
— Eu realmente quero te agradecer por me ajudar.
— É só aceitar, assim você me paga um jantar e estamos quites.
— Fechado! Eu já tomei a minha decisão.
— E o que você decidiu?
— Sinto muito, mas... Você terá de me aturar todos os dias!