Capítulo 34
1720palavras
2023-07-26 05:44
Fiquei sentada ali com um vazio no meu coração. Quando as coisas pareciam querer ir para frente... Boommm! Vem o destino e me passa uma rasteira. Suspirei profundamente e não sabia como reagir. Nesse momento, a única coisa que eu queria fazer era me desligar do mundo e dormir. Foi exatamente o que eu fiz, desliguei meu celular, tomei um banho e fui deitar para melhorar o meu coração.
Dormi tão profundamente que eu acordei e não sabia onde estava. O choque fora tão grande que dormi umas 15 horas mais ou menos. Quando vi já havia passado do meio dia, mas não me importei até porquê, o texto que era para ser publicado hoje no jornal, eu já havia encaminhado ontem. O de hoje que seria publicado amanhã, eu tinha até umas 17 horas para encaminhar. Para a minha alegria, o texto já estava pronto e só me restava encaminhar para poder vegetar o restante do dia, sim eu decidi me dar folga.
Eu sei que é errado querer me esconder do mundo quando estou tão triste, mas é uma forma de tentar me recuperar, mesmo que eu não tenha avisado meus amigos. Assim que me sentir melhor, ligarei novamente o meu celular e darei notícias. Faço isso porque não quero preocupá-los e também não gosto de transmitir a minha tristeza para eles. Não acho justo, mesmo que na visão de muitos, isso seja errado porque conversar ajuda bastante, mas tem as horas que queremos apenas dormir e digerir a situação sem enlouquecer.

Me levantei, liguei meu computador, entrei no meu e-mail e enviei o texto de amanhã, assim ficaria mais tranquila com as minhas obrigações e quanto ao Dante, preferia falar com ele quando me sentisse melhor e também teria que esperar o contrato ser confeccionado para discutir os últimos detalhes. Fui na geladeira e peguei o pedaço do bolo que eu havia comprado ontem de Anne, doce ajuda a animar um pouco.
Foi então que eu ouvi a campainha tocar. Pensei ter ouvido errado e continuei arrumando a mesa para eu comer. Ouvi novamente e fui ver quem era.
— Dante? O que faz aqui? - Eu perguntei surpresa.
Ele entrou no meu apartamento com expressão de preocupação misturado com irritação.
— O que houve? - Disse ele cruzando os braços e se encostando na minha pia.
Eu suspirei pensando se era melhor contar o que havia acontecido ou se iria deixar passar.

— Eu fiz a pergunta primeiro e você não me respondeu. - Eu disse me esquivando da pergunta.
— Seu celular estava desligado desde ontem, você não responde as mensagens e não deu nenhum sinal de vida. - Disse ele com o cenho franzido e passando as mãos nos cabelos desolado.
— Eu quis dar um tempo de tudo e respirar. Foi por isso que deixei meu celular desligado.
— Você sabe que isso preocupa as pessoas que gostam de você e que querem o seu bem?

— Que querem o meu bem? - Eu repeti confusa. - Não entendi o que eu fiz de errado.
— Kyra, você não percebe que todos nós estávamos pensando o pior por você ter se escondido do mundo?
— Nós?
— Sim, eu, Trish, Nick, Lucy e Diana e Dominic. Estávamos tentando contato desde ontem e o pior, eu fiquei sabendo disso pela Diana. Se eu fosse esperar o contrato ser confeccionado, sabe-se lá o que poderia ter acontecido. - Disse ele parecendo bem preocupado.
— Hey, calma! Eu não iria cometer alguma loucura por causa do que aconteceu ontem. Só quis tirar um tempinho para mim.
Dante me olhou com expressão de culpa e me perguntou:
— Foi por minha causa? Foi eu quem te machucou? Kyra, eu não queria sair daquela forma do café, mas...
— Dante, não foi sua culpa! Pelo amor de Deus. - Eu falei interrompendo-o.
— Então o que foi que houve? - Ele perguntou confuso.
— Venderam esse apartamento ontem, eu não consegui comprá-lo a tempo.
Dante me olhou com expressão triste no olhar.
— Desculpa Kyra, eu fiquei sabendo pelo meu corretor ontem que o seu apartamento estava para a venda e esse foi um dos motivos que eu saí apressado da nossa reunião porque queria comprá-lo, mas quando cheguei na imobiliária, alguém já o havia comprado.
— Você queria comprá-lo? - Perguntei surpresa.
— Sim, sei o quanto gosta daqui e eu queria te ajudar. Não iria pedir aluguel ou algo em troca, só o fato de estar bem e feliz, já me deixaria contente.
Eu fiquei olhando-o com um quentinho no coração. Ele tentou fazer algo por mim, mesmo eu sendo cabeça dura e isso me deixou um pouco feliz (realmente, conversar com a pessoa é a melhor opção, você não se sente sozinha, confesso que eu estava errada).
Eu fui em direção a ele e o abracei. Ele ficou em choque porque não esperava essa reação e eu não me importei, era tão bom saber que alguém realmente se importava comigo.
— Obrigada Dante por fazer o meu dia melhor. Realmente é bom saber que tem pessoas que se importam comigo! - Eu disse chorando.
— Kyra, nós sempre vamos estar aqui por você, independente da situação... Se for para rir ou para chorar, faremos juntos. - Disse ele retribuindo o abraço.
Ficamos ali uns 5 minutos abraçados e então meu estômago roncou. Dante me afastou um pouco, olhou nos meus olhos e perguntou desconfiado:
— Você já almoçou docinho? - Disse ele já sabendo a resposta.
Eu sorri como quem diz: "eu tenho culpa no cartório" e respondi:
— Não, eu ia comer o bolo que comprei ontem. Quer um pedaço? - Eu disse indo em direção a mesa.
— Você é cara de pau né? Guarda o bolo e vamos almoçar, eu te acompanho.
— Não precisa se preocupar, eu posso com...
— Você tem 10 minutos para se arrumar porque do contrário, vou passar o dia e a NOITE aqui te perturbando, até eu ver que realmente você esteja se alimentando bem. - Disse ele em tom de ameaça e estreitando os olhos.
— Ok, Ok, estou indo. - Eu disse indo ao quarto me arrumar.
Dante sentou no sofá e esperou até eu ficar pronta.
— Vamos? - Eu disse.
Ele me olhou de cima a baixo e fez uma expressão surpresa. Eu estava com um vestido preto floral (na cor vermelho botão das flores e branco as pétalas), era de um tecido leve e confortável, mas que ficava bonito em mim.
— Você está linda. - Disse ele sorrindo.
— Ah, agora vejo que você sabe elogiar. Muito obrigada. - Eu disse sarcástica.
— Não é que você não estava bonita naquele fatídico dia (aniversário do Reitor), mas eu não podia expressar os meus sentimentos.
— Ah e hoje pode? - Eu franzi o cenho.
— Hoje posso! Quero que você me conheça da forma que eu sou.
— Eu percebi que você está diferente do que era, antes parecia que você era frio na maior parte das vezes e quando baixava a guarda, me assustava.
— Eu sei. - Disse ele passando as mãos pelos cabelos. - O fato é, naquela época você quase não usava vestido e agora vou ter que cuidar para ninguém mecher com você. - Disse ele piscando para mim.
— Cala a boca! Vamos. - Eu disse brincando e saindo do apartamento na companhia dele.
Entramos no carro sem saber ao certo em qual restaurante iríamos almoçar. Dante ligou o carro e eu perguntei:
— Em qual restaurante vamos?
— Como já passou das 13 horas, temos poucas opções, mas conheço um que vai nos ajudar.
— Perfeito então. - Eu disse ansiosa para ver o local porque minha barriga estava falando mais do que eu.
Dante ouviu os barulhos do meu estômago e começou a rir.
— Você não deixa nada passar né? - Eu retruquei com vergonha.
— E tem como deixar? - Disse ele ainda rindo.
Continuamos o trajeto conversando sobre coisas triviais como o tempo, que o sol estava belo e sobre como estava indo a minha escrita no jornal. Ele estacionou o carro na frente de um restaurante que era simples a fachada, mas era lindo. A frente era rústica com madeira em filetes e vasos na cor marrom, com a flor primavera escorrendo em estilo cascata na cor branca. Possuía uma mesa de madeira encostada na grande janela (toda de vidro) também nas mesmas cores para combinar com a decoração. Fiquei admirada com a beleza do local, entramos e as luzes eram quentes, convidativas para quem desejava mesmo ter uma boa refeição. Haviam quadros de pratos servidos no restaurante pendurados nas paredes com flores vivas em vasos entre os quadros. As mesas eram todas separadas coordenadamente para não ter uma imagem poluída e ao mesmo tempo ser agradável para os clientes. O restaurante inteiro era nas cores marrom (nas paredes), branco nas toalhas das mesas e o piso era porcelanato preto. Nós pegamos a mesa que possuía a vista da grade janela.
— Gostou do local? - Perguntou Dante.
— Sim, adorei a decoração. Você já provou a comida daqui?
— Sim, vim algumas vezes por causa de reuniões com clientes ou organizadores de eventos. Eu particularmente adoro esse local, ele não é chique, mas é confortável.
— Eu pensei a mesma coisa.
— Que bom que gostou, vamos fazer os pedidos.
O garçom chegou e nos entregou o cardápio. Eu pedi uma água com gás e macarrão ao molho branco com rúcula e o Dante pediu salmão grelhado com brócolism azeitonas e cenouras e para beber um suco de abacaxi.
O garçom anotou os pedidos, trouxe as nossas bebidas e saiu para atender outras mesas.
— Agora que você parece um pouquinho melhor, o que deseja fazer em relação ao apartamento? - Perguntou Dante.
— Eu realmente não sei, tenho que arrumar um local rápido, pois no e-mail que me mandaram, me deram 30 dias para desocupá-lo.
— Quer ajuda para encontrar algo?
— Eu realmente não tenho motivação alguma para isso, sem contar que deve caber no que eu possa pagar. - Eu disse tomando um gole da minha água.
— Bom, eu posso te dar uma sugestão?
— Diga, sou toda ouvidos.
— Quer morar comigo?