Capítulo 11
1702palavras
2023-05-17 08:40
"Ele realmente disse isso? Ouvi corretamente? O que está acontecendo?". - Pensei.
Fiquei em choque com o que ele dissera. “Eu, deslumbrante? Ele deve estar confuso ou pensou na Lola”.
— O que você disse? - Eu perguntei achando que tinha ouvido errado.

— Sim, você está realmente bela. Não disse nada no apartamento porque não sabia o que dizer.
— Assim tão fácil? O que deu em você? - Perguntei vermelha de vergonha.
— É tão difícil acreditar que eu te elogiei? - Ele perguntou com o cenho franzido.
— Sim, pensei ter ouvido errado. - Confessei.
— Eu também sei elogiar, mesmo não sabendo ao certo o motivo disso.
— Por que você não disse nada no apartamento?

— É como eu te disse, não consegui falar nada. Foi uma reação totalmente diferente da minha personalidade. Bom, você sabe bem que não tenho vergonha em dizer o que penso, sai natural.
— Eu sei, também sou assim. - Eu disse tentando entender a situação.
— Não, você consegue ser mais expontânea que eu. Demonstra muito mais o que está pensando ou sentindo. Eu não sei bem expressar as minhas emoções, mas você, fica estampado na cara.
— Sou tão transparente assim? Senhor! - Eu disse colocando a mão na testa.

— Sim, isso não é tão ruim quanto pensa. Afinal, facilita para sabermos se você está feliz, inquieta, triste, com dúvidas ou se está aprontando. - Disse Dante sorrindo.
“Graças a Deus Dante sorriu para quebrar aquele clima de tensão que dominou o ambiente”. - Pensei.
A noite passara devagar, porém tranquila. Dante conversou com todos os conhecidos que queria selar parceria e amigos, conversou sobre negócios, quanto tempo iria ficar na cidade, como me conhecera, o que eu fazia da vida e quanto tempo ele estava me levando a sério. Chegou um determinado momento que eu não via a hora de ir para casa porque estava com muita dor nas pernas e nos pés. Resolvi não acompanhá-lo nas últimas vezes porque queria ficar sentada. Passou um garçom, eu o chamei e pedi um suco de abacaxi e o mesmo foi muito cordial, falou que já o traria para mim. Em questão de minutos, ele já retornava com meu suco em uma taça.
— A senhorita precisa de mais alguma coisa? - Perguntou ele.
— Não, muito obrigada. - Eu sorri como forma de agradecimento.
Ele se afastou e foi atender outras mesas. Eu suspirei e tomei um gole do meu suco com a maior satisfação porque estava muito bom, não estava azedo e nem doce demais.
— Parece estar se divertindo. - Disse Diana.
Levei um susto e por pouco que o suco não desce pelo nariz. Cheguei a engasgar, comecei a tossir, olhei para cima e respirei como forma de me acalmar. Me recompus e olhei para Diana.
— Meus Deus Kyra, você está bem? - Perguntou ela se sentando ao meu lado com o semblante preocupado.
— Agora estou. - Eu disse rindo.
— Como você consegue rir de sí mesma? - Perguntou ela com o cenho franzido.
— E agora, eu costumo rir de piadas ruins e as coisas que passo engraçadas não são tão diferentes assim.
— Como você é má consigo mesma.
— Que nada, é uma forma de rir dos problemas e situações constrangedoras com bom humor. Mas, vou te dizer, levei um tremendo susto. - Confessei.
— Eu percebi. Ainda bem que não gritou porque aí eu iria rir muito. - Diana confessou.
— Eu acredito. Mas, me conta, como foi crescer com o famoso Dante? - Eu perguntei curiosa.
— Não foi nada demais. Eramos duas crianças arteiras que adoravam subir em árvores, brincar com os animais da fazendo do meu pai, correr, cair, ficar com os joelhos ralados… Essas coisas. Eram bons tempos. Ah, meu pai é o reitor.
— Uma dúvida: seu irmão e pai tem o mesmo nome?
— Sim, a diferença é que meu irmão tem “Junior” no nome. - Disse ela rindo da minha pergunta.
— Agora tudo faz sentido.
— Para você deve estar sendo um transtorno tudo isso né?
— Por que pensa assim?
— Eu não sou muito fan de festas, aglomerações e mídia em cima de mim. Sei que está passando por isso e não é fácil, mas vou te dar um conselho: aguente firme que daqui a pouco tudo vira rotina e a imprensa esquece que você é a namorada dele. - Disse piscando para mim.
— Não sei ao certo, até porque ele faz bastante sucesso com as mulheres e parece que elas me odeiam e deixam isso bem transparente em seus semblantes. - Eu disse lembrando dos olhares na festa me julgando.
— É isso já era previsto, ele é um bom partido, é bonito e bem sucedido e qual mulher não iria querer isso?
— Eu não quero.
— Como assim? - Perguntou Diana assustada.
— Eu não quero as coisas que ele tem e sim amor. Nunca olhei para as pessoas por já serem formadas, por status, dinheiro ou até mesmo por ser bonito. Sim, eu acho ele lindo, é super inteligente, corre atrás do que quer, ama ter o seu espaço, enjoou de chamar a atenção das mulheres, mas se não tivesse amor, do que valheria o resto? - Eu disse com o olhar distante.
— Você está correta, senti algo bom em você e sabia que não iria me decepcionar. - Disse Diana me abraçando. - Sabe, ele merece alguém que o ame porque é uma excelente pessoa, nós dois sempre nos apoiamos, choramos juntos e até mesmo desabafamos sobre os relacionamentos fracassados, mas ele nunca me deixou na mão.
— E por que vocês nunca namoraram? - Perguntei sem pensar.
— Ele não faz o meu tipo, na real eu acabei me apaixonando por Dominic, um dos melhores amigos do Dante.
— Ele está na festa?
— Sim, mas veio acompanhado. - Disse ela debruçada sobre a mesa.
— Ele ainda não sabe do que você sente né?
— Nunca me declarei por medo de ser rejeitada.
— Mas, se você não tentar, como vai saber o que ele sente?
— Boa pergunta, não sei dizer ao certo.
— Essa pessoa que veio com ele, você sabe se é namorada?
— Pelo o que me informei, parece ser apenas um caso.
— Entendi, me conta como é a sua relação com ele.
— Então, teve vezes que havia bastante assunto em comum, pois já o conheço há 10 anos. Eu tinha 20 anos na época. (Sim, ela é da mesma idade do Dante).
— Mas, vocês faziam as coisas juntos como passeios, jogos, filmes… Algo do tipo?
— Não diretamente. Quando o conheci, fiquei admirada por sua beleza. Nunca havia visto um rapaz com olhos tão acinzentados quanto os dele. Não sei bem expressar o que sinto, na maioria das vezes que nos falávamos, ele fazia questão de me irritar, tirar sarro ou até mesmo atrapalhar de algum modo.
— Atrapalhar de algum modo? - Fiquei surpresa com essa frase.
— Sim, quando eu estava na faculdade, tinham os rapazes que davam em cima de mim ou que eram meus amigos e vinham aqui em casa por conta de trabalho ou até mesmo para jogarmos algo ou nos divertirmos e quando ele ficava sabendo, fazia o Alexander junior brigar comigo dizendo que eu estava dando mole para os garotos. Nunca pude ter um namorado se quer porque as coisas aqui em casa saiam do controle.
— Isso para mim cheira como ciúmes, você alguma vez tentou perguntar o motivo de ele agir assim?
— Sim, tentei e ele disse que gostava de me deixar brava.
— Ta e como vocês se tratam hoje?
— Ele até me comprimenta, mas não me irrita mais.
— Onde ele está sentado? - Eu quis saber.
— Está ali na mesa 13. - Disse ela apontando para a mesa.
Olhei na direção que Diana apontava e percebi que realmente os olhos de Dominic eram azuis acinzentados e que eu nunca vira na vida olhos parecidos.
— Você tem toda a razão, ele é bonito e a cor dos olhos eu nunca vi iguais antes. - Confessei.
— Sim, mas ele está com uma ruiva lindona lá. - Disse Diana fazendo beicinho.
— Di, você descobriu quando que gostava dele?
— Foi quando me formei há 3 anos. Eu o convidei para a minha formatura juntamente com Dante e os amigos mais chegados que frequentavam a minha casa. O fato é, minha melhor amiga na época, não saiu a noite inteira do pé dele. Isso me deixou totalmente irritada e quando eu vi ele ficando com ela, foi como um tapa na minha cara. Ela era ruiva também. - Falou Diana deprimida.
— Diana, levanta essa moral, você é linda. Quando eu te vi pela primeira vez, acenando para o Dante, eu pensei: que inveja!. Você é uma morena dos olhos verdes, tem um rosto lindo e que não deveria pensar que uma ruiva iria ofuscar a sua beleza.
Diana ficou pensativa com as minhas palavras. Ela pelo jeito, não se via assim. Eu acabei pensando em um plano mirabolante e que só precisaria saber da coragem que ela teria que ter.
— Sabe, desde que sentou aqui o par de olhos acinzentados não parou de olhar para cá e acho que seria interessante tentarmos uma coisa. - Eu disse com tom de quem iria aprontar.
— O que você pensa em fazer? - Perguntou Diana empolgada.
— Vou distrair a ruiva, você tira o Dominic de vista e se declara para ele. - Eu disse empolgada.
— Não tenho essa coragem. - Tomei um banho de água fria.
— Você não vai nem tentar?
— Tenho medo de ser rejeitada.
— Mas, se você não tentar, nunca irá saber e além do mais, devemos nos arrepender nessa vida somente do que deixamos de fazer e não das coisas que fizemos.
— Qual a sua idade mesmo? Você parece madura demais para a sua idade. - Disse Diana rindo.
— Experiências de vida. - Eu disse rindo.
— Beleza, você me convenceu. Vamos tentar, o não eu já tenho.