Capítulo 109
1207palavras
2023-06-12 00:02
(Ponto de vista de Ashley)
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Eu odiava o país Xevia. Era frio demais para mim. Extremamente frio no inverno.
Não querendo que meu filho viesse comigo para onde a guerra ainda estava acontecendo, eu o deixei para trás com a família de Ivan. Claro que Teddy ficou feliz em ver sua amiga Crystal novamente. O olhar do Ivan quando viu sua filha abraçando o meu filho não tinha preço. Ivan era muito protetor com a filha. Nikolai me disse isso certa vez.
Cindy também foi deixada para trás para proteger meu filho. Ela sabia bem o que fazer se as coisas dessem errado. Depois de confessar tudo para Cindy sobre quem eu realmente era, ela demorou um pouco para processar isso em sua cabeça, isto é, o fato de que ela esteve trabalhando com uma princesa ao longo de todos esses anos.
Cindy sempre sonhou em ser a estilista da família real. Era o sonho dela e eu poderia realizar esse sonho para ela um dia. Ela também escreveu uma notinha para que fosse entregue ao Drake, se eu o encontrasse na floresta de Xevia.
"Quanto tempo mais?", eu perguntei a Ivan, o qual estava nos guiando ao longo do caminho para mais fundo na floresta, onde havia neve espessa cobrindo minha coxa. Eu me cobri com várias camadas de roupas até que ficou meio difícil de andar. Usando um feitiço, consegui me manter um pouco mais quente, o que me confortou.
"Ali", Ivan sussurrou para mim. Meus olhos seguiram para onde ele estava apontando e foi quando eu vi uma cabaninha escondida atrás de árvores altas. Havia também o que parecia ser uma caverna atrás dela.
"Nikolai!", eu gritei e então Ivan rapidamente fechou minha boca com a mão. Ele balançou a cabeça e fez um gesto para que eu ficasse quieta. Eu balancei a cabeça e fechei minha boca mesmo depois que ele tirou a mão.
"Os inimigos estão procurando por ele. Precisamos ficar quietos. Faça aquela coisa que vocês, bruxas, fazem pra encobrir rastros", Ivan apontou para trás de nós, onde eu podia ver pegadas visíveis na neve. Eu balancei a cabeça e virei-me para citar um feitiço que faria aquelas pegadas desaparecerem.
Em seguida, continuamos nosso caminho em direção à cabana. Eu mal podia esperar para ver Nikolai. Ivan havia me contado sobre o estado de saúde dele que estava piorando e, a qualquer momento, Nikolai poderia dar seu último suspiro.
Meu coração disparava de medo de que fosse tarde demais para vê-lo. Eu nunca me perdoaria por isso.
Quando nos aproximamos da porta, vi aquela mulher que arruinou minha felicidade com Nikolai: "Sua... O que você tá fazendo aqui? Ivan, o que tá acontecendo?"
Ivan olhou para Gloria e ficou na minha frente de forma protetora: "Você não deveria estar aqui, Gloria. Eu não acho que Nikolai iria querer isso também."
Gloria assentiu com a cabeça e olhou para mim com uma expressão triste: "Podemos conversar, princesa? Só por cinco minutos."
"Não tenho cinco minutos. Saia do meu caminho", eu passei por Ivan e estava quase alcançando a porta. Eu não poderia me importar com o que Gloria queria falar agora. Eu estava atrás de Nikolai e lidaria com Gloria mais tarde. Eu faria aquela v*dia sofrer.
Antes de entrar na cabana, Gloria me disse: "Philip me obrigou a fazer aquilo. Ele tinha uma prova com a qual ele poderia me prejudicar se eu recusasse. Tentei voltar com Nikolai, mas ele não me quis. Ele quer você. Ele... ele te ama... muito."
Parei por um instante e respirei fundo: "E por que eu deveria acreditar em você?"
Eu a ignorei e fechei a porta atrás de mim. Eu lidaria com Gloria mais tarde. E eu, definitivamente, descobriria a verdade com relação a Philip. Ele pagaria pelo que fez se tivesse algo a ver com o término do meu relacionamento com Nikolai.
Eu adentrei mais na cabana e vi uma luz fraca brilhando em um quarto. Aproximei-me e sussurrei o nome dele: "Nikolai? Você tá aí? Sou eu."
Eu vi a figura de um homem deitado na cama ao lado de uma mesa, onde havia vários frascos do que pareciam ser poções. Havia uma vela acesa, mas não era grande o suficiente para que eu visse seu rosto. "Nikolai?", perguntei novamente.
"Ashley. É você?", suspirei de alívio quando ouvi a voz dele. Não perdi mais tempo e corri para a cama.
"Nikolai, é você? O que aconteceu?", perguntei enquanto olhava para um lobisomem que não havia se transformado totalmente de volta da sua forma de lobo. Ele ainda estava com o pelo grosso e com as garras longas. Entretanto, aquele era o rosto de Nikolai, com suas presas aparecendo.
"Ashley, querida. Você tá realmente aqui?", ele estava sem fôlego, como se estivesse lutando por sua vida.
"Nikolai, quem... quem fez isso com você?", lágrimas caíram do meu rosto enquanto eu colocava as minhas mãos em suas bochechas, "Tá doendo? Me fale como faço pra fazer a dor parar. Nikolai, por favor, abra os olhos e olhe pra mim. Me fale o que eu devo fazer!"
"Querida, n-não chore", ele segurou minha mão e beijou-a suavemente, "Você me encontrou."
Eu assenti com a cabeça e comecei a chorar incontrolavelmente. Eu não suportava vê-lo sofrendo daquela forma. Pegando sua mão, coloquei-a na minha barriga e falei: "Você precisa ser forte, por nós."
Ele abriu os olhos um pouco mais e sorriu quando disse: "Nós?"
Eu assenti com a cabeça e sorri enquanto chorava. "Por nós. Você, eu, o Teddy e o nosso bebê. Você precisa lutar contra isso, Nikolai. Por favor", exclamei.
Naquele momento, eu não me importava com a aparência horrível dele. Eu me movi para beijá-lo mesmo sentindo seus dentes afiados roçando meus lábios secos. "Nikolai, por favor... não morra. Eu n-não consigo viver sem você... Eu preciso de você", falei por fim.
"Ashley, não chore", ele me segurou forte em seu peito e acariciou minha nuca, "querida, você precisa ser forte."
"Não consigo. Eu preciso de você. Teddy precisa de você. Nikolai, por favor, não me deixe", eu me movi para beijá-lo novamente e descansei minha testa na dele,"Teddy é seu filho. Me desculpe por ter escondido isso de você. Eu estava com medo. Por favor, não me deixe."
"Querida, eu já sei disso", ele sussurrou, derrubando lágrimas, e acariciou meu rosto com sua mão trêmula, "Me desculpe por ter te magoado. Não havia nada... entre mim e a Gloria. Eu nunca...."
"Eu sei, Nikolai. Eu sei", eu beijei seu rosto sem me importar com o fato de que estava coberto, em sua maior parte, de pelos e não me importei com seu cheiro de sangue. "Eu te amo, Nikolai", falei finalmente.
Ele sorriu e olhou nos meus olhos. Ele não precisava falar nada, pois eu sabia que ele havia ficado feliz em me ouvir dizer essas palavras. "Eu te amo mais do que você pode imaginar, Ashley. Tô morrendo, e você precisa me deixar ir."
"Não, por favor. Não! Não diga isso! Me marque, Nikolai! Eu quero isso", eu apoiei suas bochechas com minhas palmas e disse aquelas palavras que eu sabia que ele estava esperando pacientemente para que eu dissesse, "Nikolai, eu quero que você me marque como sua."