Capítulo 78
1358palavras
2023-05-12 10:23
(Ponto de vista de Ashley)
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Cansada. Confusa. Perdida.
Pisquei meus olhos e os abri lentamente e, por fim, percebi que estava deitada em uma cama muito macia e confortável, o que não me ajudava em nada a me levantar. Olhei em volta e percebi que estava sozinha.
O sol entrava pelas cortinas, proporcionando a única luz do quarto, o qual estava bem escuro e sombrio. O que di*bos aconteceu comigo?
Eu não conseguia me lembrar muito bem. Era um borrão na minha mente.
Gemendo de dor, com a cabeça latejando, tentei me levantar, mas não foi tão fácil quanto pensei. Caí de costas na cama e olhei para o teto. Aquele teto parecia muito familiar.
Então, a porta do quarto se escancarou, mas não vi ninguém entrando. Ouvi o som de pequenos passos aproximando-se como se alguém estivesse correndo, então eu percebi instantaneamente quem era.
"Mamãe!", era o meu filho. Hã, eu estava tão feliz em vê-lo. Pelo menos, algo de bom aconteceu durante minha perda de memória. Meu filho estava seguro.
Ele pulou na cama e abraçou-me com força. Foi um abraço tão apertado que me deixou sem fôlego. Eu não me importei nem um pouco com isso. "Teddy, onde estamos?", perguntei.
Ele olhou para mim e, sorrindo, respondeu: "Na casa do Nikolai. Ele disse que você não estava bem, então eu não tinha permissão pra te ver, mas eu sabia que você estava acordada, mamãe. Eu simplesmente sabia."
Eu sorri e o abracei forte em meu peito. Pude ouvi-lo fungar enquanto chorava, e isso me deixou preocupada: "O que há de errado, meu amor?"
"Achei que eu fosse te perder", ele sussurrou e abraçou-me como se sua vida dependesse disso. Suspirei e perguntei-me o que havia acontecido.
A última coisa de que me lembrava era de beijar o Nikolai no carro. Eu me perguntei onde ele estava agora.
Eu olhei para baixo e finalmente vi o que eu estava vestindo. Não parecia nem um pouco com as minhas roupas. Era uma camisa masculina que imaginei ser de Nikolai. O cheiro dele ainda estava nela.
Enquanto eu acariciava as costas de Teddy, sussurrei: "Onde tá o Nikolai?"
Ele encolheu os ombros e olhou para mim: "Ele disse que tinha trabalho pra fazer. Você dormiu por dois dias, mamãe."
"Dois dias?", engoli em seco e suspirei, "Teddy, você... você se lembra do que aconteceu há dois dias atrás? Como eu cheguei aqui?"
Teddy não me respondeu e pude ver que ele estava fazendo beicinho e piscando os olhos para mim. Eu conhecia aquele olhar. Ele estava escondendo algo, mas eu precisava de saber, então perguntei: "Teddy, você tá guardando algum segredo de mim? Você sabe que eu não gosto disso."
"Mas eu prometi para o Nikolai", ele sussurrou e olhou para a porta, como se estivesse preocupado que alguém entrasse, "Ele disse que você não tá bem e que eu não devo te contar o que aconteceu."
"O quê?", suspirei e fechei os olhos. Eu me perguntei o que foi que Nikolai fez com que meu filho prometesse não me contar. Eu odiava segredos e odiava ainda mais saber que o Nikolai fez meu filho esconder um segredo de mim.
"Meu amor, quem mais tá em casa?", perguntei sussurrando, esperando que estivéssemos sozinhos. Eu precisava de sair e descobrir a verdade. Eu precisava de encontrar uma pessoa em quem eu pudesse confiar. Ou seja, o Finley.
"Só eu, você... Eu tenho um quarto aqui, mamãe. Nikolai me deu um quarto e tem muitos brinquedos lá", Teddy estava claramente escondendo algo enquanto mudava de assunto. Nikolai subornou meu filho com brinquedos para guardar o segredo?
Argh! Ele era tão irritante. Eu queria muito ver o Nikolai para arrancar a verdade da boca dele. Eu queria estrangular o pescoço dele por ter subornado meu filho.
"Teddy, quem mais tá nessa casa agora?", olhei para seu rostinho assustado, como se ele estivesse com medo de alguma coisa. Apertei os olhos e mostrei-lhe um olhar zangado.
"Mamãe, só nós dois. Você machucou muitas pessoas", ele desembuchou finalmente, e depois fechou a boca com as duas mãos imediatamente, sentando ao meu lado,"Por favor, não conte para o Nikolai que eu te disse."
Sentei-me devagarinho ao lado dele e levantei seu queixo: "Não guardamos segredos um do outro, lembra?"
Ele assentiu com a cabeça enquanto brincava com a mão, o que mostrava que ele estava inquieto. Algo o estava pressionando. Do que ele estava com medo? Eu estava perdendo a cabeça tentando lembrar o que havia acontecido há dois dias atrás.
"Cadê o meu celular, Teddy? Preciso de ligar para o tio Finley", suspirei e evitei olhar para ele. Ele sabia que eu estava com raiva, e eu sabia exatamente como fazer com que ele confessasse.
"Mamãe, você tá com raiva de mim?", ele perguntou com sua linda voz triste. Eu o ignorei e levantei-me da cama lentamente para ir até a porta de onde imaginei ser um banheiro.
Espere! Lembrei desse quarto.
Era a cobertura dele! Esfreguei bem os olhos e olhei em volta e, por fim, tive certeza de que eu estava certa. Essa era a cama em que fizemos amor pela primeira vez. Como eu cheguei aqui?
"Mamãe, você tá com raiva de mim?", meu filho levantou-se da cama e seguiu-me. Eu estava andando para procurar minhas roupas ou qualquer coisa que me pertencesse.
Abri uma porta que pensei dar para o guarda-roupa dele e percebi que era um closet enorme com muitas roupas dele e minhas. Estava tudo muito bem organizado, como se eu vivesse ali por muito tempo.
Balancei a cabeça e peguei um dos meus vestidos para me trocar. Enquanto caminhava para o chuveiro, vi que o Teddy estava seguindo-me como um cachorrinho abandonado. Ele estava olhando para mim com aqueles lindos olhos redondos dele.
Essa tática não ia funcionar comigo. Eu não estava feliz com o fato de que ele havia escolhido ficar do lado do Nikolai. Teddy deveria ficar do meu lado. "Mamãe, você tá com raiva de mim?", ele perguntou mais uma vez e seguiu-me até o banheiro, onde me esperou terminar de tomar banho. Eu o ignorei durante todo esse tempo enquanto me preparava para o que eu planejava fazer em seguida.
Depois de tomar banho, peguei uma sacola e enfiei minhas coisas nela. Eu não pretendia ficar. Eu precisava de descobrir o que aconteceu comigo nos últimos dois dias. Eu precisava de respostas.
"Mamãe, aonde você tá indo?", ele me seguiu por trás e puxou minha mão para que eu parasse, "Você tá me abandonando?"
Foi então que o vi fungar e conter uma lágrima conforme estava prestes a chorar. Eu nunca abandonaria meu filho.
"Me mostre o seu quarto. Pegue suas coisas, estamos indo embora", eu disse com firmeza.
Olhando para mim com um rosto triste, ele fez beicinho e disse: "Mas eu gosto daqui. Por que temos que ir embora?"
Ah, aquelas lágrimas estavam partindo meu coração. Eu me agachei e massageei suavemente as bochechas dele com uma mão enquanto falava: "Essa não é a nossa casa, meu amor. É hora de irmos pra casa. Nosso verdadeiro lar é em Amberose. Você não quer voltar?"
Ele fez beicinho e assentiu lentamente com a cabeça. Lágrimas estavam molhando as bochechas dele, o que me deixou muito triste, principalmente por ver sua decepção por causa da minha decisão.
E, então, ele olhou para cima e sorriu para algo que estava atrás de mim. "Nikolai!", ele exclamou.
Fechei os olhos, pois eu não queria olhar para o Nikolai, o qual estava parado atrás de mim. Eu só queria sair da casa dele e ir para a minha.
Eu podia sentir que o que quer que houvesse acontecido comigo há dois dias atrás não era bom. A última vez em que perdi minha memória dessa maneira foi quando fui possuída pela energia maligna que residia dentro do meu corpo. Eu perdi o controle e precisava de consertar o que fiz, o que quer que eu tenha feito.
"Aonde você tá indo, Ashley?", ele disse calmamente, mas eu podia sentir que ele não estava feliz em me ver com uma mala em uma das mãos.