(Ponto de vista de Ashley)
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Vi meu pai pela primeira vez desde que saí de casa há cinco anos atrás. Ele parecia mais magro e seu rosto estava de um jeito como se ele não dormisse há dias. Ele estava com algum problema?
Havia algo de errado naquele momento. Eu conseguia sentir que ele não estava bem.
Depois de dar alguns passos na direção dele, fiquei surpresa ao ver que ele estava olhando para mim com ódio em seus olhos.
Por alguns motivos que não pude confirmar, achei que seus olhos pareciam diferentes.
"Não tô aqui pra te parabenizar", suas palavras meio que me magoaram um pouco. O que eu estava esperando? Uma comemoração?
A minha ideia de ver meu pai pela primeira vez depois de cinco anos era muito diferente da realidade. Eu meio que esperava que ele me abraçasse com amor e carinho. Um beijo nas minhas bochechas seria um gesto gentil.
Eu estava obviamente errada.
Ele então andou até uma mesa na qual um documento de aparência familiar havia sido colocado. "Você precisa de desistir do prêmio. Você não o merece", ele disse por fim.
O quê?!
Suas palavras foram dolorosas de ouvir: "E quem você acha que merece tal prêmio que eu obviamente ganhei, pai?"
Ele bufou e bateu na mesa com o punho ao dizer: "Você... o ganhou? Você usou truques sujos e trapaceou pra chegar onde chegou."
Parei por um momento e me perguntei se era mesmo meu pai falando. Meu pai nunca falou comigo assim antes. Até seu sotaque estava diferente. O que estava acontecendo?
Ele foi falsificado?
"Ashley, minha querida. Quão baixo você poderia ir pra vencer o jogo?", ele então jogou o documento que estava na mesa para mim. Pedaços de papel com meus desenhos estavam espalhados no chão com o que eu pensei ser pacotes de preservativos coloridos.
Engoli em seco e fechei minha boca com uma mão, mas falei: "Não fui eu que fiz isso. Você tem que acreditar em mim, pai!"
Olhei para o rosto velho do pai, que me abandonou quando eu mais precisava dele. Ele estava fazendo isso de novo? Afastando-me? Será que ele acreditaria em mim?
Meu coração estava batendo forte quando vi meus desenhos sendo despedaçados pelo meu pai. Dói ver quanto ódio ele sentia por mim. O que eu fiz para merecer isso?
Meu pai então cobriu os olhos e apontou o dedo para mim: "Você é uma vergonha pra família. Tenho vergonha de te chamar de filha."
Lágrimas escorriam pelo meu rosto quando ouvi suas palavras dolorosas. Como ele conseguia dizer essas coisas para mim? Onde estava o pai que certa vez me amou?
"Pai... por favor, acredite em mim", limpei minhas lágrimas que estavam nas minhas bochechas e expliquei para ele que minha inocência já havia sido comprovada pelo Nikolai.
Ele bufou, cuspiu no chão e, em seguida, disse: "Sua bruxa imunda! Como você pôde deixar aquele lobo tocar seu corpo?"
Ele então levantou o braço com a mão, parecendo que ia pousá-la bem no meu rosto. Olhei para ele e perguntei: "Pai, você não me ama mais?"
Foi então que vi sua mão congelar no ar enquanto ele mantinha os olhos fixos em mim. Havia algo em seus olhos que parecia diferente. Tive a sensação de que ele poderia não ser ele mesmo naquele dia.
Ele estava drogado?
A porta foi aberta repentinamente, e a última pessoa, que eu gostaria de ver naquele dia, entrou como uma heroína em um filme de ação. "Tio Ashton, por favor, pare. Tenha um pouco de misericórdia", ela bradou.
Virei-me para o lado e vi Helen implorando hipocritamente por misericórdia para mim. Fiquei enojada ao ver como a Helen era capaz de confortar meu pai bravo com o intuito de que ele se acalmasse.
"Você só acredita nas palavras venenosas da Helen, não nas minhas. Sou mesmo sua filha, pai?", dei alguns passos para trás após falar isso e funguei, tentando conter uma lágrima. Chorar na frente da Helen seria um sinal de que eu havia fracassado. Eu não deveria chorar.
Prendi a respiração a fim de parar de chorare olhei para cima e vi a versão mais calma do meu pai.
"Ashley?", ele perguntou gentilmente e balançou a cabeça.
Eu sabia que ele queria dizer alguma coisa, mas eu não suportava ficar no mesmo local em que a Helen estava. Era revoltante.
"Não vou abrir mão do prêmio se era isso que vocês queriam de mim. Assim como eu disse antes, há cinco anos atrás, eu repito agora", meus lábios tremiam para dizer tais palavras, "Ashley morreu. Eu não sou sua... filha. Nunca mais entre em contato comigo."
Saí do escritório com o coração partido. Eu não conseguia entender por que meus pais amavam a Helen mais do que a mim, como se a Helen fosse filha deles. Era doloroso ver meu pai dessa maneira.
Achei que, depois de cinco anos, ele sentiria minha falta e me amaria mais. Porém, era tudo um sonho idi*ta e infantil que eu tinha.
Enquanto eu andava depressa para sair do prédio, esbarrei em alguém cujo cheiro familiar era a causa da minha montanha-russa emocional o dia todo.
Eu dei um grito incontrolável e desejei que minha vida acabasse naquele dia. Com minha visão embaçada, olhei para cima a fim de ver em qual peito eu caí.
Um par de olhos castanhos claros e raivosos estavam olhando para mim.
Meu coração deu um salto.
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(Ponto de vista de Nikolai)
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Eu não poderia descrever a raiva que senti ao saber que a Ashley estava planejando me deixar novamente. Se não fosse pelo Kiko, que me ligou esta manhã, eu não saberia que eles partiriam de Averna nesse dia.
Eu tinha minhas dúvidas quanto ao Kiko e o Teddy serem o mesmo garoto que conheci no parque de diversões. Então, eu perguntei ao Kiko qual era o nome da mãe dele. Quando ele disse que era Tiana Winters, tive vontade de ser atingido por um raio e ser eletrocutado com milhares de volts.
Ela era insensível o suficiente para me dizer que estava me deixando?! Ela não queria se despedir de mim depois do que passamos nas últimas semanas?
Eu conseguia ouvir meu lobo, Blake, zombando de mim na minha cabeça por eu não tê-la tirado, na noite passada, de quem eu achava que era Finley Regalia! Eu estava me sentindo idi*ta por não ter lutado mais por ela.
Porém, eu me senti mais idi*ta ainda por não ter conseguido conquistar o coração dela e, assim, ter feito com que ela me amasse!
Ela escolheu aquele lobisomem fracote do Finley em vez de mim? P*rra!
Eu tinha ido à empresa da agente dela depois de saber que ela estava lá. Eu estava com raiva! Furioso, para falar a verdade.
"Nikolai", ela sussurrou meu nome antes de desmaiar em meus braços.
"Ashley?", eu a envolvi em meus braços e verifiquei seu pulso. Ela estava ardendo de febre.
Carreguei-a delicadamente nos meus braços.
Toda a raiva que senti por ela durante toda a manhã se transformou em preocupação.
Tive medo de perdê-la.