Capítulo 24
3592palavras
2023-04-23 11:29
Ponto de vista de Alfa River:
Deitado em uma cama de hospital, estava pouco consciente do que acontecia ao meu redor. Eu nem sequer sabia que dia era aquele.
Mas uma coisa era certa: meus pesadelos pareciam reais demais. Nunca havia sentido nada parecido e não queria passar por isso novamente.
Para piorar, eu também estava com muita dor. A bomba de analgésicos que os médicos me deram não estavam fazendo nenhum efeito.
Embora Kaeden estivesse tentando me curar, havia muito pouco que ele podia fazer. Eu realmente não conseguia acreditar que minha companheira havia feito isso comigo. Ela simplesmente entregou minha cabeça numa bandeja de prata.
Desde que fui internado, minha mãe não saiu do meu lado, tampouco parou de chorar.
Quanto ao meu pai? Não havia nem sinal dele. Ele estava decepcionado comigo e eu não podia culpá-lo, até porque eu sentia o mesmo que ele.
Ao clarear minha mente, repensei tudo o que aconteceu antes da chegada da minha companheira e depois.
Não pude deixar de me encolher por dentro quando me lembrei das lágrimas e as emoções que vi por trás de seu olhos frio como gelo.
Infelizmente, eu não conseguia ler seus pensamentos, pois ela me bloqueou no momento em que nosso vínculo foi criado.
No entanto, ainda podia sentir de relance algumas de suas emoções e elas eram agonizantes.
Talvez eu tivesse me comportado de maneira rude e indiferente na sala de conferências, mas sabia que agi mal e a magoei mais do que deveria.
Eu jamais poderia imaginar que minhas ações teriam consequências tão catastróficas. Tudo o que podia dizer era que se soubesse disso, não teria feito o que fiz, mas agora era tarde demais para me lamentar.
Partia meu coração saber que minha companheira teve que suportar tanta dor emocional e física sozinha.
Eu sabia que o que era meu estava guardado, mas minha companheira era um lembrete ambulante disso.
Toda vez que eu colocasse meus olhos nela, seria lembrado do que fiz, quer eu quisesse ou não.
Por sorte, ela não queria contar para toda a alcateia o que aconteceu ou, então, eu estaria perdido.
Mas nada disso importava, exceto pela minha companheira. Admitia de todo coração que eu havia vacilado com ela e era hora de consertar as coisas entre nós.
Entretanto, o problema era que ela não me queria mais.
O ódio que podia sentir se formando através do nosso vínculo tinha uma força que não podia ser subestimada.
Quanto a Tricia, não sabia nem o que dizer ou fazer por ela. De certa forma, sentia pena dela.
Como eu tinha uma companheira, sabia o que era construir um vínculo e estar ligado a alguém através dele. Este era um sentimento difícil de entender racionalmente.
Era preciso experimentá-lo para compreender, portanto, ser amaldiçoada a nunca conhecê-lo era o pior dos destinos.
E ainda havia a questão de ela jamais poder dar à luz. Se eu estivesse no lugar de Tricia, morreria de tristeza porque sempre quis ter filhos.
Mas olha quem estava falando... Eu jamais serei pai, já que também joguei minha chance fora.
Só agora, deitado nesta cama, consegui perceber o quão estúpido, egoísta e infantil eu fui.
Levei esse caso muito mais longe do deveria. Meu pavor de mudança me custou mais do que eu esperava.
Tricia sempre terá um lugar especial em meu coração, mas já era hora de deixá-la ir.
Por minha culpa, ela havia ficado estéril e perdido sua chance de conhecer seu companheiro. Por minha causa também, meus membros de alto escalão sofrerão por algo que não tinha a ver com eles.
Na verdade, eles estavam sendo apenas leais a mim. Eu precisava fazer algo sobre isso.
Eu pensava que minha companheira não estava vendo nada, mas olhe para mim. Minha arrogância e meu ego me cegaram e agora iria colher o que plantei e um pouco mais.
Então, deixei minha mente voltar ao dia da cerimônia dela e lembrei da tatuagem de acasalamento que exibíamos em nossos pulsos, além da marca de aprovação no peito de Matthews.
Uma sensação de perda e saudade me invadiu no momento em que coloquei os olhos na marca do meu beta. Aquele era o brasão da família de sua companheira e outros símbolos que significavam que ele havia sido aceito pelos familiares dela.
Agora sabia porque Kiara nunca gostou de mim, embora isso não me incomodasse, afinal, o sentimento era mútuo. Simplesmente, havia algo sobre ela que me arrepiava até o último fio de cabelo.
Na verdade, toda a família de Chaos me dava arrepios. Ainda me perturbava saber que tinha como companheira a herdeira de todo o submundo e as trevas.
A filha do Rei Chaos. Eu havia estudado sobre ela na escola e sempre o achei muito assustador.
Quem e o que ele era emanava perigo e isso me assustava mais do que a morte em si.
Mesmo assim, sabia que morrer não me pouparia de nada, pois minha alma estaria em seu reino e ele poderia fazer de mim o que quisesse sem sujar as mãos.
Com certeza, havia tias, tios, primos, sobrinhas, sobrinhos e um monte de outros parentes que iriam adorar me atormentar e aproveitariam cada segundo disso.
O que foi que eu fiz?
Podia ficar ali o dia inteiro e ainda ser capaz de listar todos os erros que cometi e as pessoas que prejudiquei por conta deles.
Minha cabeça doía tanto que tive que travar o maxilar para não gemer ou, pior, gritar de dor.
Depois de respirar fundo algumas vezes, abri meus olhos apenas para fechá-los novamente por causa das luzes que me receberam.
Minha mãe foi rápida em perceber meu desconforto e alertar o médico. Em instantes, consegui abrir meus olhos sem precisar sofrer nenhuma tortura.
"Água..." murmurei. Minha garganta estava tão seca e quente quanto o deserto do Saara.
Mais uma vez, minha mãe se pôs de pé e providenciou o que pedi.
Peguei o canudo com os lábios e tomei um gole refrescante de água. Não parei até que tivesse secado o copo.
"Obrigado, mãe", agradeci suavemente.
Eu não me dei ao trabalho de sorrir, pois só falar já doía para caramba. Também não olhei para a minha aparência, mas pelo jeito que estava me sentindo, sabia que parecia péssimo e desagradável de se ver.
"Hum, será que você poderia convocar todos os membros do alto escalão para mim? Há algo que preciso dizer a eles", pedi baixinho a ela.
"Não. Agora você precisa descansar", minha mãe respondeu teimosamente.
"Mas, mãe..."
"Mas nada! Você finalmente acordou depois de seis dias e já quer voltar ao trabalho? Não!"
"Não estou convocando ninguém para falar de trabalho. É um assunto pessoal, então, por favor, seja boazinha e os chame para mim."
"Tá, apenas descanse. Vou sair e buscá-los para você."
"Obrigado, mãe!"
Observei enquanto ela saía do quarto com um sorriso largo no rosto, contudo, sabia que ela estava arrasada por dentro.
Ela estava apenas tentando se manter forte por mim, mas não era necessário. Ela tinha seus próprios problemas para lidar.
Quando estivesse a sós com ela outra vez, tentaria questioná-la sobre como andava seu relacionamento com meu pai.
Ele era uma pessoa muito sociável, no entanto, seu maior defeito era que ele guardava rancor.
Ele havia nos alertado para nosso comportamento e o fato de não termos lhe dado ouvidos apenas aumentou sua fúria.
Iria demorar um pouco até que ele nos perdoasse, mas iria me esforçar para isso.
Eu tinha acabado de fechar meus olhos novamente quando senti uma dor aguda conforme a porta do meu quarto se abria.
Virei minha cabeça o máximo que pude e vi meus membros do alto escalão entrarem com um olhar sério em seus rostos.
Mesmo sem dizerem nada, sabia que havia algo de errado, pois todos eles usavam camisas três vezes maiores que seu tamanho ou tinham cobertores enrolados em volta do corpo, exceto por Matthews e Richard.
Eu suspeita o porquê, mas precisaria esperar para ouvir o que eles tinham a dizer.
"Você parece um lixo", Jeremiah brincou.
"Bom, eu também me sinto assim", respondi honestamente
"Você nos chamou?" Matthews me olhava fixamente.
"Sim, Matthews. Eu só queria me desculpar por arrastar todos vocês para a minha confusão. Sinceramente, não sabia que acabaria assim. Mas sei que isso não é desculpa. Bom, eu sinto muito, pessoal."
A sala ficou em silêncio por um tempo antes de Matthews ser o primeiro a falar.
"Eu perdôo você. De verdade", ele sussurrou com os olhos marejados.
Olhando em volta, pela expressão no rosto de todos eles, sabia que haviam me perdoado, embora não quisessem dizer isso em voz alta.
Matthews, no entanto, era mais do que um amigo. Ele era como um irmão mais novo para mim e eu realmente tinha cometido um erro grave.
Em seguida, estendi minha mão para ele e o convidei a se aproximar, fazendo meu melhor para não gritar de dor. Ele se sentou cuidadosamente ao meu lado na cama.
Após se acomodar, ele me observou e eu abri um sorriso triste.
"Como ela está?" Perguntei baixinho
"Qual das duas?" Richard brincou.
"Vai se ferrar, Richard. É claro que estou falando da minha companheira."
"Ela está fria, quieta e... não sei, distante? Por mais que ela esteja perto, é como se ela não estivesse aqui", a companheira de Jeremiah, Stephanie, respondeu com um ar de tristeza.
"Ah, oi, Stephanie, não tinha te visto aí."
"Eu cheguei agora. Acabei de terminar o treinamento e pensei que deveria vir te ver."
"Ah, obrigado. Mas que treinamento?"
"Aquele que a Alfa Chaos está oferecendo."
"Alfa? Então, ela estava falando sério."
"Sim. Ela pegou bem pesado com a gente no primeiro dia de treinamento. Ao todo, ela parece bem, mas, ao mesmo tempo, sabemos que ela não está. Ela não é a mesma pessoa que conhecemos quando chegou aqui. Ah, e o cabelo branco dela já ultrapassou a metade."
"Ela está se perdendo", sussurrei com a voz entrecortada.
"Sim, é uma maneira de se dizer", Stephanie concordou solenemente.
"E como está Tricia?" Perguntei em seguida.
"Deixou nossa alcateia para visitar seus amigos na alcateia Lua Vermelha", Matthews revelou.
"Isso é bom. Uma maldição não é piada. Falando nisso, por que vocês estão todos vestidos assim?"
"Sem dúvida, não é porque queremos", respondeu James Freeman, o segundo no comando após Jeremiah, sarcasticamente.
"Será que alguém por favor pode me dizer o que está acontecendo?" Rosnei, frustrado.
Jeremiah foi o primeiro a reagir. Deixando o cobertor cair no chão, ele virou de costas para mim.
"Caramba!" Se conseguisse gritar, teria gritado, mas minha voz era apenas um sussurro.
"E isso nem é o pior", Silas Barnes, o segundo no comando após Richard, comentou antes de tirar sua camisa ridícula.
Os demais fizeram o mesmo. Em poucos instantes, eu não consegui mais olhar para as costas deles, se é que podia chamar aquilo de costas ainda.
"O que aconteceu?"
"O pai da sua companheira aconteceu. Ele é um cretino assustador. Gostaria de nunca mais ter que vê-lo nem em sonho", Leone Esposito, o subordinado imediato de Matthews, respondeu com um olhar de puro horror.
"Cale a boca, Leone. Pegaram mais leve com você do que conosco porque, para sua sorte, Kiara e Chaos veem alguma graça em você que nós não", James debochou.
"Alguém pode me explicar porque uns parecem piores do que os outros, enquanto alguns nem parecem ter nada?"
"Bom..." Stephanie começou a dizer. "No primeiro dia de treinamento, Alfa Chaos cozinhou para nós.
"Ela fez um prato do reino de seu pai, pois é tradição alimentar aqueles que lhe juraram lealdade.
"Ela nos disse que a comida tinha tantas bênçãos e atributos que poderia fazer maravilhas.
"Eu pessoalmente não me importei porque a comida parecia tão saborosa que eu só queria comer. Então, foi o que fiz.
"Na verdade, todos nós devoramos nossos pratos em segundos. Depois, eu a perguntei se poderia levar uma marmita para Jeremiah.
"A princípio, ela negou antes de nos pedir para aproveitar o que ainda havia na mesa e disse que faria mais comida para levarmos para casa.
"No momento em que provei os novos pratos, sabia que eram diferentes e menos poderosos do que os que ela tinha feito antes, mas não comentei nada.
"De todo jeito, levei um prato para Jeremiah em casa, que estava de cama depois de seu primeiro encontro com o Rei Chaos, e o alimentei.
"Não demorou mais de um segundo antes que as feridas em suas costas começassem a cicatrizar. Embora não tivessem sido curadas completamente, estavam no processo.
"A partir desse dia, comecei a guardar parte da comida na geladeira e a misturá-la às refeições dele."
"Seu cretino sortudo", Leone brincou.
"Olhe quem está falando!" Silas rebateu "Eu vi como a própria Chaos curou você no momento em que ela o viu com dor. Para o resto de nós, ela nem dirigiu o olhar."
"Não me culpe por ser fofo", Leone respondeu de um jeito atrevido que fez todos nós rirem.
"E quanto a você, Matthews?" Perguntei, curioso.
"Hum... Não aconteceu nada comigo. O Rei Chaos parou assim que viu o brasão no meu peito.
"Tecnicamente, eu sou da família e ele não machuca ninguém do seu seio familiar," explicou ele, avaliando meu rosto, que fiz questão de manter neutro.
Por fim, sorri suavemente para tranquilizá-lo de que não guardava nenhuma mágoa dele por isso. Então, virei-me para Richard.
"Bom... Depois da primeira visita, eu simplesmente não aguentei. Foi demais para mim, então, fui ver Chaos no dia seguinte e me desculpei.
"Pode me chamar de maricas, sem ofensas Steph, mas era o mínimo que eu podia fazer. No momento em que ela disse que eu estava perdoado, a dor também se foi.
"Assim, do nada. Se eu fosse vocês, eu tentaria fazer o mesmo", Richard os aconselhou com um olhar sério.
"Você falando assim, acho que vou procurá-la o quanto antes", comentou Silas.
"Tá, agora deixando esse assunto chato de lado... Stephanie, conte-nos sobre como tem sido o seu treinamento até agora e como é o espaço." James estava morrendo de curiosidade.
"Por que está perguntando isso a ela? Por que não vai ver por si mesmo?" Questionei com o cenho franzido.
"Como você não está por dentro das últimas, deixe-me fazer as honras." Silas sorriu. "Primeiro, ninguém pode ir lá, exceto as recrutas. Segundo, elas são todas mulheres. E terceiro, novamente com exceção delas, ninguém sabe como é lá dentro.
"Mesmo o todo poderoso Matthews nunca esteve lá. Portanto, nós não temos outra opção senão ficar sabendo das coisas através de Stephanie. Agora, por favor, fique quieto e me deixe saber das últimas de hoje."
"Ei! Eu estou com data marcada para ir lá amanhã, que é quando elas vão receber suas armas e outros apetrechos. Talvez eu também ganhe algo, então, vamos ver", Matthews bradou.
"Sério? Leve-me com você!" James implorou.
"Tá. Eu vou falar com minha amada para pedir autorização a Chaos, então, veremos o que acontece", Matthews os tranquilizou.
"Era isso que eu queria ouvir. Agora, conte-me tudo, Steph." James se voltou para ela.
Eu me diverti enquanto Stephanie levava o seu tempo para começar a falar, deixando James e os demais muito irritados.
Eles estavam todos igualmente muito curiosos para saber como havia sido o treinamento dela.
"Bom, para começar, vocês estão olhando para a nova gama da Alfa Chaos e eu tenho uma tatuagem para comprovar minha posição", Stephanie desembuchou, entusiasmada, conforme puxava a camisa do seu ombro para revelar o brasão da família da minha companheira, que era composto por três luas com uma estrela no topo de cada uma delas.
Sobre o desenho, também havia algumas coisas estranhas escritas.
"O que significam essas palavras?" Perguntei, curioso.
"É minha posição na língua nativa da Alfa Chaos", Stephanie respondeu, dando de ombros.
"Uau, essa é nova. Machucou?" Jeremiah perguntou ao se aproximar para ver a tatuagem de perto.
"Sim, foi feita esta manhã, mas não doeu nadinha", Stephanie respondeu cheia de audácia.
"Isso é tão legal. Quero uma também!" Leone reclamou.
"Pena que você não conseguiria fazer uma sem gritar para caramba", Richard caçoou dele.
"Enfim, essa nem é a melhor parte... Progredimos tanto no nosso treinamento, que posso andar nas sombras também.
"Na verdade, todas nós podemos fazer isso agora. Foi um pouco complicado no começo, mas aprendemos rápido.
"Ah, e com cada habilidade que desbloqueamos, uma nova tatuagem aparece em um local de nossa escolha. Uma pena que não posso mostrá-las a vocês porque algumas estão em lugares que só meu companheiro pode ver."
"Por quê?" James e Richard gritaram de indignação.
"Porque ela é minha companheira, caramba!" Jeremiah rebateu.
"Acalme-se, querido... Eles não vão ver minhas tatuagens até irmos à praia ou à piscina, então, não se preocupe", Stephanie tranquilizou Jeremiah, que a abraçou antes de afundar o nariz na curva entre o ombro e pescoço dela.
"Ai... Era só uma piada, Jeremiah. Não precisa se estressar", provoquei, fazendo os outros rapazes caírem na gargalhada.
"Vão se ferrar", Jeremiah murmurou no pescoço de Stephanie.
"Tá, tá, já chega. Conte-me mais", James insistiu.
"Ah, eu vi as lobas da Alfa Chaos e da Beta Kiara... Foi assustador, mas antes que me perguntem, não podemos falar sobre as lobas delas", Stephanie esclareceu.
"Beta Kiara? Você só pode estar de sacanagem." Balancei a cabeça, inconformado.
"Ei, não vá odiar minha garota agora. Ela ganhou sua posição de forma justa. Além disso, quem mais poderia ser a beta de Chaos, hein?" Matthews se gabou.
"A vida é realmente injusta", comentei.
"Chega, crianças. Vocês estão interrompendo, não veem que estou tentando saber mais informações?" Leone os repreendeu.
"Enfim, nós aprendemos muito em apenas cinco dias. Não podemos perder tempo porque Alfa Chaos diz que sente que algo está por vir, então, temos que nos preparar com antecedência.
"Agora posso percorrer dezesseis quilômetros em cinco minutos. Quanto mais eu ando nas sombras, melhor eu fico nisso.
"Ah, e Alfa Chaos nos faz um café da manhã especial a cada três dias, além de nos dar água de um certo lago em outro reino.
"Ela se recusou a contar qual, mas disse que a água é a mais pura que existe e ajuda muito no treino.
"Tenho que admitir que a água é mesmo muito boa. Posso sentir as mudanças que ela proporciona nas minhas habilidades recém-adquiridas e no meu corpo. Meu companheiro é testemunha. Diga a eles, querido", Stephanie disse, orgulhosa.
"Hehe... Já que vocês, seus filhos da p*ta, não podem ver, nem tocar minha companheira, vão ter que saber por mim que, em apenas três dias, ela deu uma bela encorpada.
"Seus quadris estão mais largos, seus seios e sua bunda mais volumosos. E há muito mais coisa que vocês jamais irão descobrir", Jeremiah se gabou enquanto deslizava as mãos pelo corpo de sua companheira.
"É verdade... Também percebi mudanças no corpo de Kiara. Eu quase morro toda vez que ela tira a roupa. Aquela garota sabe como me provocar. Que droga!" Matthews resmungou com os olhos em chamas.
"Por que nosso treinamento não pode ser animado desse jeito, Alfa River? É melhor você fazer algo a respeito ou eu vou passar para o outro lado tão rápido que você vai piscar e nem vai ver", Silas o ameaçou com veemência.
"Sim, é melhor você fazer algo sobre isso", James concordou.
"Bom, isso é com vocês agora porque eu já enviei minha inscrição. Estou apenas esperando a resposta para ser aceito, então, estarei lá mais rápido do que vocês conseguem piscar", Leone comentou de forma insolente.
Todos rimos ao vê-lo revirar os olhos para James e Silas.
"Como eu disse, estarei lá para a distribuição das armas. Pelo que vi na mente de Kiara, elas realmente estão em alerta.
"Seu tio Hefesto criou as armas e até trajes para elas.
"Elas estão com tudo pronto para se organizarem caso uma batalha comece. Eu só queria uma daquelas armas", Matthews se queixou.
"Haha! Que pena que você não vai conseguir uma. Já eu, vou pegar minha arma e arrasar!" Stephanie riu.
"Argh! Vou falar com Chaos amanhã para que eu possa ir até lá ver isso de perto. Vocês me deixaram curiosos", Richard grunhiu.
"Sim, eu também", Jeremiah concordou.
"É uma pena que nenhum de vocês verá nada", Kiara respondeu enquanto fechava a porta atrás dela com um batida forte.
"Meu bem...", Matthews a chamou antes de abrir os braços para ela, que o abraçou.
"É bom ver que você ainda está vivo, River. Não pense que sua diversão já acabou", Kiara me provocou.
"Apenas me mate de uma vez", reclamei.
"Eu adoraria", ela respondeu.
"Por que você está aqui?"
"Bom, recebi uma ligação. Vamos nos encontrar com os outros alfas amanhã ao meio-dia. O número de lobos perdidos ao redor das alcateias da região têm aumentado muito. É só uma questão de tempo até eles começarem a rondar por aqui."
"Como sabe disso?"
"O telefone do escritório da minha alfa está conectado ao seu. Então, sempre que você recebe uma ligação, ela recebe também."
"Como isso é possível?"
"Meu tio é capaz de tornar qualquer coisa possível."
"Que tecnologia legal! Você, Sr. Alfa, está realmente ultrapassado", brincou Silas.
"Sim. Ele está tão ultrapassado que nem sabe o quanto", Leone cantarolou.
"Já chega, rapazes. Mas, agora, como vou aparecer em uma reunião de alfas nesse estado? Mal consigo me mexer", comentei.
"Bom, é por isso que vim até aqui falar com você. Pediram-me para te curar, o que acho um total desperdício das minhas habilidades, se você quer saber", Kiara esclareceu, inexpressiva.