Capítulo 57
1600palavras
2023-03-31 19:07
CAPÍTULO 57
Luana Davis (dias depois)
Alguns dias se passaram, e eu tenho ficado bastante tempo em casa, o único momento que me sinto melhor é quando vou ao orfanato, e as palavras do Louis sempre me consolam, ultimamente estamos bem próximos, já que ele é o único amigo de verdade que eu tenho, além da Edineide e da dona Olga, que me tratam cada vez melhor.
Tenho sentido muitas tonturas e não sei o que anda acontecendo comigo, eu até tenho me alimentado melhor conforme o que o médico me disse, mas ainda assim tem dias em que eu desmaio.
Perguntei ao médico e ele disse que pode ser um sintoma normal da gravidez sim, e também pode ser algo psicológico, já que estou passando por momentos difíceis.
Hoje foi mais um daqueles dias que acordei com pessoas da minha volta tentando me fazer cheirar álcool.
— Melhor, minha neta? Tenta se sentar, devagar... — ouvi a doce voz da dona Olga.
— Senhora... eu acho que o chefe precisa saber disso! Ele pergunta a todo momento da moça, e eu acho que ele não vai gostar de saber disso! — Um homem que ouvi dizer ser o assistente do Igor, que ultimamente não saí daqui de casa, comentou.
— Por favor, não faça isso! Eu não quero vê-lo, e não quero a ajuda dele! Estou bem assim! Tenho um médico, e isso já é o suficiente! — eu falei, mas ele e a dona Olga se olharam e aquele olhar me disse de que eles não estavam pensando como eu, e isso poderia ser um problema para mim pois, não quero mais saber do Igor.
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Igor Smith
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Alguns dias se passaram, e eu estou morando junto com a Elisa, no apartamento de um dos prédios do grupo Smith. A princípio eu pensei que eu estaria no céu, morando junto com a Elisa era para ser tudo o que eu queria, mas infelizmente não é assim que as coisas estão acontecendo!
Não consigo parar de pensar na Luana, e praticamente tirei todas as outras funções do meu assistente, e ele vive descobrindo o que está acontecendo com ela e o bebê o tempo todo, me sinto culpado!
— Oi, amor! — me cumprimentou Elisa quando chegou da rua. Olho no relógio e vejo que já está bem tarde.
— Nossa, você demorou outra vez! Como foi? — perguntei.
— Estressante! Ninguém quer me dar emprego! As informações vazaram, e agora eu não consigo vaga em nenhum lugar! Como eu deixei o local sem permissão, não sou mais uma boa opção para nenhum dos grandes grupos de dança do mundo... ainda bem que tenho você! Você nunca me deixará...
Ela veio me abraçar, e sentar comigo no sofá. Me puxou para um beijo, mas eu estava um pouco tenso, e não estava no clima, então disfarcei e fui tomar um banho.
Mais alguns dias se passaram, e o meu nervosismo estava cada vez maior, eu já estava tendo dificuldades para dormir e para conversar com Elisa, pois era nítido o quanto eu pensava em Luana, e eu evitava expor para que a Elisa não percebesse.
Por mais que o meu assistente sempre diga que está tudo bem, e que ela está ótima, eu sinto que tem alguma coisa errada que eu não sei, e quando ele me conta que ela vai ao orfanato, ele sempre fala que não vê nada entre ela com o Louis, mas eu sei muito bem quais são as intenções daquele homem, e me irrita o fato de saber que ela está lá com ele, mas eu não posso fazer nada, já fiz a minha escolha então preciso deixar com que ela faça as dela.
Hoje o meu assistente veio aqui em casa, quero um relatório completo.
— Agora me conta, quero saber até o que ela come, Ruan! — falei, e ele fez uma cara estranha.
— Bom... ela se alimenta bem, a dona Olga pediu para uma funcionária ficar em cima, principalmente hoje de manhã, quando foi até a casa, porque a Luana desmaiou, daí agora parece um general ditando as regras...
— Ei, ei... espera aí! Volta um pouco a informação que eu não entendi! Como assim a Luana desmaiou, e ninguém me falou nada? — perguntei.
— Puts! Falei de mais! A Luana vem me pedindo para não falar, e agora deixei escapar, ela vai ficar chateada, vai sobrar pra mim! — o olhei atravessado, que história é essa?
— Você é meu assistente, porquê está seguindo ordens dela? Está arrastando asas para ela? Sabia que ela está grávida de um filho meu, e fica querendo se aproveitar? E, porquê traiu a minha confiança? O que mais está escondendo de mim? — perguntei irritado.
— Me desculpe! É que ela me pediu... na verdade ela vem me implorando, pois ela foge de você, como o diabo foge da cruz, se queria afastar aquela moça da tua vida, conseguiu! Acho que ela te odeia, ou tem pavor! Não posso nem tocar no seu nome.
Fiquei pensativo por um tempo, é claro que ela ficaria chateada comigo, não sei porque pensei ao contrário, se eu já sei que a magoei tanto. Mas eu não queria que a situação ficasse assim, no fundo tenho sentido muita falta dela, e já não tenho certeza se fiz uma boa escolha deixando ela para ficar com a Elisa.
— Eu sou o pai do bebê! Tenho o direito de saber de tudo, e você não fala! — falei irritado.
— Eu sinto muito! Até achei que não gostaria mais de ter que se preocupar com a moça, já que conseguiu tudo o que queria, pensei que a bailarina fosse o teu sonho, a tua vida! — falou.
— Não é bem assim! Eu também sinto algo pela Luana, e devo confessar que ando preocupado e distraído, então eu acho que posso ter errado em muitas coisas no meio do caminho! — falei, enquanto passava as mãos pelos meus cabelos, respirando pesado.
— Não sei o que dizer!
— E, não precisa! Você já está dispensado, vou eu mesmo, ver como está a Luana! Acho que vou passar mais uma noite acordado se eu não for! — falei.
— Certo... você que sabe! Eu já vou, então! — falou o Ruan, e eu já fui logo pegando as coisas, e saindo também.
Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas eu sinto necessidade em vê-la... Tenho saudade dos momentos divertidos que passávamos juntos, das nossas risadas, brincadeiras, passeios e até as coisas atrapalhadas que a Luana fazia.
Eu sei que provavelmente eu a tenha perdido para sempre, mas eu quero pelo menos poder acompanhar de perto a sua gravidez, e me certificar de que ela realmente esteja bem, não quero que ela passe mal e emfrente tudo sozinha, acho que eu andei me esquecendo que eu também sou o pai desse bebê, e não é justo que ela faça o papel de nós dois.
Eu nem sei o que poderei fazer por ela quando chegar lá mas eu sei que preciso fazer algo, então peguei o meu carro e dirigi até a minha antiga casa, já faz quase duas semanas que eu não venho aqui, e agora que entrei pelo jardim, já não tenho mais recordações com a Elisa neste lugar, apenas com a Luana, e...
— Aí que susto, Edineide! Parece assombração, aparecendo de noite aqui fora, deste jeito, quase tive um treco, o que é isso aí na sua cara? — ela está com o rosto branco, e ela tem a pele bem bronzeada, me assustei.
— Ué! Eu moro aqui! Quem é o intruso é você! E, o que eu uso no rosto é problema meu! — Aff, que mulher linguaruda.
— Essa casa ainda é minha, posso vir quando eu quiser! Era só o que me faltava, mesmo! — falei já passando por ela.
— Eu estou de olho em tudo, tá? E se voltar a deixar a minha menina triste, eu nem conto pra minha patroa, eu mesmo acabo com a tua raça! Melhor nem contar, pra não ser presa depois, vai que ela me entrega, não é? — olhei espantado, que mulher desforada...
Entrei no meu antigo quarto, e não a vi lá! Tudo muito bem arrumado, nem sinal de que alguém esteja dormindo lá, que estranho...
Quando saí do quarto, levei outro susto ao encontrar com a Edineide no corredor me olhando.
— Ela nunca mais dormiu aí! Ela colocou uma cama no quarto do bebê, e dorme agarrada com as coisas dele! — apontou para o quarto do Souvenir, e devagar eu fui me aproximando.
Ela estava lá, toda serena com a pele branquinha, e a cama não estava tão bem arrumada, parece que estava lendo algo, antes de dormir! Ela trouxe para esse quarto uma cama de solteiro, não deve ser muito confortável para ela que está grávida, e colocou praticamente do lado do berço do bebê.
Tem travesseiros altos espalhados na cama e ela ainda está com sapato, deitada de lado com um livro na mão, me aproximo devagar e vejo que o meu coração também bate quando chego perto dela, não sei se é por causa da distância, mas hoje ele tem batido mais do que bate por Elisa e não consigo ficar longe por muito tempo, acabo me aproximando dela.
Coloco os joelhos no chão, e a olho bem de pertinho. O que ela estava lendo era um diário, e havia uma caneta do lado... ela estava escrevendo? O que será que ela escreve?