Capítulo 50
1577palavras
2023-03-31 19:04
CAPÍTULO 50
Luana Smith
Mais uma vez fui surpreendida com a ajuda do Igor. Esta era mais uma das mulheres que sempre me humilharam e me rebaixaram na minha vida. Léa Martin sempre foi do tipo arrogante e sarrista, que gosta de se aparecer com as coisas dos outros, ela nunca teve muita coisa na vida, mas se puder zombar ela o faz sem remorso. Eu nunca dei bola, mas depois as palavras ficavam se repetindo na minha cabeça me deixando triste, e incomodada.
Percebi que ela ficou sem graça quando o Igor se apresentou e falou do bebê. Eu sei que eu preciso aprender a impor-me, mas ainda tenho bastante dificuldade, e fiquei mais tranquila quando ela saiu.
Quando entramos no salão do leilão, já haviam muitas pessoas sentadas mas me surpreendi muito, quando vi quem foi o primeiro que veio me cumprimentar.
— Louis! Que bom te ver! — falei o abraçando, e ele também estava animado e sorridente, mas com o canto do olho vi o Igor disfarçar e olhar para o outro lado.
— Que bom te ver! — Igor não o cumprimentou, e eu precisei pigarrear para que ele disfarçasse e o cumprimentasse também, mas me puxou para bem perto de si, como no outro dia que estivemos perto do Louis, como um belo casal.
— Boa noite! — disse, e o Louis o retribuiu.
— Como está, Luana? E esse bebezinho, está dando trabalho para a mamãe? Já vi que está crescendo! — ele falou olhando para a minha barriga, e o Igor o fuzilou com os olhos. Eu até entendo ele, pois estou com um vestido brilhante, e bem justo, então dá para notar uma elevação no meu ventre.
— Está bem, padrinho! — eu mal falei e o Igor Gargalhou, e não entendi nada, homem bipolar.
— Está tudo bem, Igor? — perguntei.
— Sim! Apenas estou animado hoje... mas, eu não sabia que você já tinha escolhido um dos “padrinhos” para o Souvenir! — falou ainda rindo.
— Sim, o Louis é, não é Louis? — perguntei, e vi que ele disfarçou agora.
— Claro! Vocês já sabem aonde vão sentar? Já vai começar o leilão... — Louis comentou, e vi o Igor olhando em nossa volta.
— A Luana doou um item, então podemos sentar na bancada da frente! — falou com orgulho.
— Ah! Que legal, então... eu também ficarei lá, trouxe uma obra para a doação, também! — falou o Louis, e o Igor fez cara de poucos amigos, e me abraçou pela cintura me levando até o nosso lugar, e o Louis veio junto, e sentou do meu lado.
Vi que a dona Olga já estava lá. O apresentador começou a mostrar as obras, e os primeiros itens a serem leiloados, foram dois relógios caríssimos que foram vendidos por cem mil dólares, cada um.
— O que temos aqui, senhores... uma bela obra de arte, doada pelo Senhor Louis, voluntário do orfanato Raio de Sol, o valor arrecadado irá diretamente para esta mesma instituição! Uma escultura belíssima, bem detalhada, peça original que veio do museu central de Nova York, avaliada para lance inicial de cinquenta mil dólares! Alguém quer começar? — falou o apresentador, e babei na obra... eu já tinha visto ela.
— Cem mil dólares! — um senhor falou.
— Duzentos mil dólares! — uma mulher ofereceu. Mas me surpreendi com o próximo...
— Trezentos mil dólares! — levantou o Igor, tranquilamente, oferecendo um valor considerável.
— Alguém dá mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas... vendido para o senhor Smith! — falou o apresentador, um senhor de certa idade e baixinho.
— Eu não sabia que você gostava de esculturas! — comentei com o Igor.
— Não comprei pra mim! Comprei pra você! Eu vi como os seus olhos brilhavam olhando para ela! — ele falou, e eu me perdi no seu olhar por alguns segundos, aquilo parecia muito bom para ser verdade, quando é que eu acordaria?
— Obrigada...
— Ei! — me chamou o Louis. — Esta é uma das obras da sala três, que visitamos no museu aquele dia! Comprei por um preço bom do meu amigo! — falou.
— Que legal! — Igor enganchou o seu braço no meu, me levando mais perto dele, e segurou a minha mão em cima do braço dele, e Louis percebeu a deixa.
O leilão continuou, e então, trouxeram um vestido muito bonito, todo brilhoso e com muitos detalhes em ouro, falaram que foi usado por uma modelo muito famosa, e os lances já começaram altos.
— Cem mil já de início... quem dará o primeiro lance? — falou o apresentador.
— Duzentos mil! — um senhor bem vestido dos fundos falou.
— Trezentos mil dólares! — uma senhora falou.
— Quatrocentos mil dólares! — um jovem.
— Meio milhão! — uma mulher se levantou nos fundos, e todos se calaram.
— Alguém dá mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas... vendido para a senhora Symens.
— Agora temos o item da senhora Luana Smith! Este item também irá para o orfanato Raio de Sol, vamos abrir a caixa... hum! Um colar, com valor inicial de... quinze dólares? — quando ele falou isso, todos caíram na gargalhada, inclusive a Léa Martins, apenas o Igor, o Louis, e a avó Olga, que não! O restante começou a falar coisas e zombar.
Eu me senti enganada e humilhada! Porque o Igor havia trazido um item neste valor, se ele sabia o patamar do evento? Queria me deixar envergonhada? Porquê? Se mais cedo me defendeu e instruiu?
— Nossa! A moça é mão de vaca! — risos.
— Uma pechincha! — todos riam.
Até que me surpreendi com o Louis se levantando.
— Este valor certamente está errado! Eu conheço o dono deste colar, e ele é muito famoso! Eu ficarei com ele por quinze mil dólares! — falou, e causou bastante impacto.
— Ual! Pode ser errado mesmo o valor!
— Melhorou o valor, não é?
Então quando eu já morria de vergonha e até me lembrei da tartaruga novamente, vi o Igor se levantando, e friamente falou.
— Eu dou um milhão e meio pela peça! — Todos o olharam espantados, e eu muito mais... o que ele queria com isto?
— Ual! O melhor lance da noite! — um comentou.
— Nenhum item vendeu tão bem! Deve ser valioso o colar... — comentavam, e eu olhei para o Igor preocupada...
— O que está fazendo? — cochichei, mas ele sorriu de canto, e não falou nada. Então o apresentador começou a contagem, e quando vi...
— Vendido para o senhor Smith! Parabéns pela compra! — quando ouvi aquilo foi a gota d'água que faltava para me tirar o juízo...
Muitas coisas começaram a passar pela minha cabeça, as coisas que ouvi, que falei, que aconteceu... estava uma loucura!
Olhei para a Léa, que estava de cara feia, me encarando com raiva, e todas aquelas pessoas interesseiras me comendo com os olhos, eu simplesmente travei o maxilar e saí em passos rápidos dali.
Peguei o corredor da direita, e logo comecei a correr em direção ao salão anterior, e a porta. Conforme eu corria ouvia o Igor gritando, e senti que corria atrás de mim.
— LUANA, ESPERA! NÃO CORRE, VAI TE FAZER MAL! LUANA! — mas eu continuei correndo sem olhar pra trás, eu só queria sumir dali, queria paz, queria descansar!
Comecei a imaginar como seria quando esse contrato acabasse, como eu ficaria? Quebrada? O Igor me trata bem, me ajuda em tudo o que pode, me tira de enrascadas, e me livra dos invejosos, e fofoqueiros... cuida das coisas do bebê, me trata bem... mas ele não me ama! Até quando eu continuaria me enganando? Sofrendo por cada dia que passa e eu tento descobrir que dia será o último do contrato?
Eu não posso mais... as lágrimas tomaram conta de mim, e a dor que eu sentia era terrível.
Senti que ele me alcançou, segurando os meus braços, mais eu não virei. Permaneci tentando andar, enquanto ele falava coisas sobre a tal joia.
— Luana! Você precisa me ouvir! Eu juro que não fiz isso que está pensando! A joia que doei era uma valiosa, uma das mais caras da coleção Smith, e alguém trocou, certamente foi um engano! Mas, se quiser podemos voltar juntos e descobrir o que aconteceu...
— Não precisa... não me importa... — falei baixo sem olhar pra ele, que tentava me abraçar mesmo eu estando de costas pra ele.
— Então você entendeu? Eu paguei um valor alto, e não me importo! Eu sei que o valor será muito bem utilizado no orfanato, então é irrelevante... Luana, olha pra mim... — me virou.
— Tá tudo bem... eu só quero ir embora daqui...
— Céus... porquê está chorando? Me desculpa Luana! Eu não queria te deixar assim, calma, eu vou resolver a situação...
Ele continuava falando, mais eu nem estava mais preocupada com aquilo... se ele soubesse como estão os meus sentimentos, e o meu desespero enorme... de um lado eu queria acreditar que será bom pra mim, a companhia dele... e por outro... bom, eu deveria sair correndo daqui... sumir sem olhar pra trás, e deixá-lo seguir a vida dele de onde parou.
— Luana, não chora! O que tanto pensa para chorar tanto? Fala comigo, estou preocupado...
Eu nem sabia o que dizer, eu só queria poder voltar a respirar novamente, pensar mais em mim...