Capítulo 74
1808palavras
2023-05-15 11:15
Elijah entrou nas celas, não sem antes avisar Scarlett que voltaria tarde. Ele não quis dizer exatamente onde estaria ou o que pretendia fazer. Fiona já havia causado muitos danos e era ele quem lidaria com ela. Ele caminhou até o final do corredor, na última cela, ele podia escutar seu choro. A raiva emanava dele. Os dois guardas ao lado da porta abaixaram a cabeça quando sentiram a fúria de Elijah. Um deles entregou um par de luvas, que ele as calço antes de pegar o chicote de corrente de prata.
“Abra.” Ele ordenou, vendo Fiona com veste brancas e lisas, seus braços estavam enganchados e as costas voltadas para ele.
“Alfa! Alfa, você está aqui para me salvar, não é?!” Ela perguntou com a voz trêmula. Então, Elijah caminhou até ficar de frente para ela.
“Você só pode estar delirando.” Ele disse friamente. “Eu me arrependo de ter me envolvido com você.”
Fiona arregalou os olhos assustada, seus lábios tremiam. “Você não estava falando sério.” Ela sussurrou. Elijah não se preocupou em corrigi-la, ela já estava presa demais as próprias fantasias.
“Você sabe quantos homens perdemos? 143, no total.” Ele disse friamente.
“P-por favor, não, foi o A-Alfa D-Daniel, eu só fiz o que ele queria!” Ela choramingou.
“Não! Não minta para mim!” Elijah bradou, seus olhos faiscaram. “Eu verifiquei seus registros telefônicos, você só entrou em contato com ele depois de procurar o número dele.”
Ele não se importava, tão pouco tinha tempo para entretê-la. Então, ele caminhou ao redor dela, arrastando o chicote pelo chão, som do metal da corrente raspando na pedra ecoou pela cela, aumentando o medo de Fiona. “Para cada homem que perdemos... você receberá uma chibatada. Não vamos parar até que você esteja inconsciente e quando acordar, recomeçaremos de uma. Até você não aguentar mais.” A voz de Elijah era um rosnado grave e perigoso, a raiva preencheu todo o espaço ao seu redor. “Você não apenas ajudou o inimigo, mas também tentou matar sua Luna.”
Elijah levantou o chicote, seu olhar era frio e ríspido. Ele era o Alfa e como Alfa, era seu dever aplicar o castigo. Porém, no fundo ele desejava que Scarlett nunca visse esse seu lado.
“Comece a contar, se perder a conta, não se preocupe, eu continuo.” Ele afirmou com frieza. Fiona estremecer de pavor ao se virar assim que o viu levantar o chicote.
“Por favor, não. Por favor!” Ela gritou agonizando quando a primeira chicotada atingiu suas costas. Os olhos de Elijah eram frios, ele nunca quis ter de recorrer a tal punição, mas ela tentou matar Scarlett.
“Conte.” Ele ordenou.
“U-um.” Ela soluçou.
“Bom.” Ele falou sem qualquer expressão e a golpeou novamente, ignorando seus gritos, os quais não o afetavam. Cada chibatada a fazia gritar mais alto, o som estridente ecoava pelas parede vazias da cela. Os guardas do lado de fora permaneceram em silêncio. Elijah foi fiel às suas palavras, ele não parou, mesmo quando as costas de Fiona escorriam sangue, ele não parou. Quando ela parou a contagem, ele não se incomodou e a lembrou de continuar contando.
A certa altura ouviu-se um barulho, o pai de Fiona tinha vindo implorar pela vida da filha, mas Elijah nem se virou para olhar o homem que gritava enquanto ela era chicoteada. Elijah franziu a testa, ele nunca toleraria tal comportamento, mas quando alguém era responsável por tanta coisa, por causa de uma paixão mesquinha... Ainda mais quando o foco era a Luna. Ele faria qualquer coisa para obter uma confissão.
Depois de 100 chibatadas, Elijah estava suando. Os gritos de Fiona tinham cessado há muito tempo, ele não tinha mais certeza se ela ainda estava consciente. Então, quando ele ergueu o chicote mais uma vez, ele hesitou ao escutar o som de passos correndo em sua direção, acompanhados pelo cheiro doce e inebriante de sua companheira, isso se sobrepôs ao forte cheiro de sangue e suor.
“Abram!” Scarlett exigiu aos guardas, antes de entrar. Ela viu a poça de sangue, o corpo flácido da mulher que estava suspensa pelos braços e as costas rasgadas. Então, ela olhou para Elijah, coberto de sangue e com um olhar frio.
“Por que você está aqui?” Elijah perguntou olhando-a nos olhos. A lua brilhava através da pequena janela no topo da cela, que tinha apenas um palmo de largura. O coração dela estava disparado ao ver a expressão fria nos olhos dele.
“Não faça isso... não é o que você deve faz...” Scarlett disse se aproximando dele, então ela prendeu os braços ao redor do pescoço dele. Elijah franziu a testa ao sentir como ela tremia em seus braços, como o coração dela batia acelerado, até que ele voltou a realidade. Ele estava fazendo algo que o pai dela teria feito. No entanto, ele ainda achava que Fiona merecia tal punição, e Zidane torturava os fracos e inocentes. Assim, eles eram diferentes, ele estava punindo uma traidora.
“Sinto muito...” Ele disse largando o chicote para abraçá-la com força. Ela não recuou, não até que seu coração se acalmasse. “Desculpe por você estar se sentido dessa maneira. Ela é a razão para você ter sido sequestrada., por ter sofrido na mão daqueles desgraç*dos.”
Scarlett segurou o contorno da mandíbula dele, sabia que ele sentia sua dor, então ela pressionou sua testa contra a dele, puxando-o ligeiramente para baixo.
“Eu sei… mas não precisamos de perder nosso tempo com isso... vamos para casa, querido.” Ela sussurrou. Elijah fechou os olhos e respirou fundo.
“Eu preciso de terminar isso...” Ele disse, abrindo os olhos e se deparando com os olhos verdes cheios de dor. Ele beijou seus lábios com delicadeza antes de voltar ao serviço. Ele viu o leve movimento na mão de Fiona e soube o que precisava de ser feito.
“Você tem sorte por Scarlett ter vindo.” Ele disse friamente, enquanto caminhava para ficar de frente para ela. Seu rosto estava pálido, o cabelo solto e encharcado, ela mantinha os olhos entreaberto, perdidos na dor do corpo. “Vou fazer isso rápido.”
Sem esperar por um resposta ou reação, com uma mão ele quebrou a cabeça dela com um estalo horripilante, fazendo Scarlett ofegar quando a cabeça de Fiona pendeu para frente e o coração dela parou de bater.
“Deixem ela aqui até amanhã.” Ele disse aos guardas, enquanto tirava as luvas, jogando-as no chão, então pegou a mão de Scarlett e a levou para longe daquele lugar.
“Elijah... me prometa uma coisa...” Scarlett pediu com delicadeza. Ele olhou para ela, enquanto pegava uma toalha da prateleira na entra das celas, limpando um pouco do sangue.
“Vou tentar, o que é?” Ele disse, levando-a até o andar térreo da casa principal do bando.
“Pare de se culpar.” Ela disse baixinho, então Elijah congelou no meio do caminho. Ele estava prestes a abrir a porta da frente, mas ficou parado apenas encarando-a.
“O que você quer dizer?” Ele perguntou, embora soubesse muito bem o que aquilo significava. Era a única coisa em sua mente, se ele não tivesse se envolvido com Fiona, tudo isso poderia ter sido evitado.
“Para de se fazer de desentendido, você sabe muito bem o que eu quero dizer.” Ela disse envolvendo os braços em volta do pescoço dele, beijando suavemente sua marca de companheiro e ele ofegou. “Ela faz parte do seu passado, todos nós temos um. O que ela se tornou foi fruto das próprias escolhas. O que quer que tenha acontecido, já está no passado. Vamos seguir em frente, querido, por favor.”
Elijah a segurou com força, seus braços musculosos apertando a cintura fina de Scarlett. Ele a acariciou pensando em como ela era tão pequena, mas tão forte ao mesmo tempo.
“Você tem razão.” Ele disse baixinho, soltando um suspiro profundo. Inalando o aroma do cabelo dela para se acalmar, permitindo que aquele cheiro domasse todos os seus sentidos. No dia seguinte seria o funeral, então enfim eles poderiam por uma pedra em tudo e seguir em frente.
“Vamos, você precisa de se limpar.” Ela disse com leveza. Então, eles voltaram para casa, tudo estava silencioso e Elijah notou que ele ficou horas nas masmorras. “Quer que eu prepare a banheira ou você prefere tomar uma ducha?”
“Tome banho comigo.” Ele sussurrou, ela olhou nos olhos de ele e acenou com a cabeça, afinal ela também tinha respingos de sangue. Ela assentiu, deixando-o pegar sua mão e conduzi-la até o banheiro que compartilhavam. Embora eles ficassem mais no quarto de Elijah, que era mais distante.
Depois de se despirem os dois entraram no chuveiro, ambos apreciando cada detalhe. Scarlett corou levemente ao ver que Elijah olhava sua b*ceta nua. Os olhos dele escureceram e o estômago dela parecia cheio de borboletas. Então, Elijah ligou o chuveiro, puxando-a para mais perto, enquanto a água morna caía sobre os dois.
“Vermelho...” Elijah falou quase em um sussurro, enquanto eles apenas desfrutavam da água. Ela olhou nos olhos dele, seu olhar estava fixo em seus seios, porém ela sabia que não era por distração, ele não conseguia olhá-la. Logo a preocupação tomou conta de Scarlett e ela pressionou seu corpo contra o dele e inclinou a cabeça para cima.
“O que foi?” Ela perguntou segurando seu rosto, forçando-o a olhá-la nos olhos.
“Quando Liam… antes de morrer… ele disse que você era o único sonho dele... você o beijou.” Elijah disse e Scarlett pôde sentir a raiva dele, embora ele tivesse bloqueado suas emoções, isso ela ainda conseguia sentir. Ela não falou nada, pois sabia que ele não tinha terminado. “Se as coisas tivessem sido diferentes ou se Liam fosse seu companheiro. Você o teria escolhido?”
Scarlett viu a culpa nos olhos dele, sabia que ele se sentia péssimo por fazer aquela pergunta sobre o amigo morto, mas ela sabia que era preciso fazê-la.
“Não vou me desculpar por aquele beijo. Era tudo o que eu poderia dar a ele, pelo menos algo que ele pudesse amar antes de morrer.” Ela disse suavemente ao ver o brilho de raiva nos olhos de Elijah. O aperto nos quadris dela se tornou possessivo. “Mas se ele fosse meu companheiro ou qualquer um... eu ainda teria escolhido você, é você quem eu amo. Cada toque seu, cada olhar, cada palavra faz meu corpo e minha mente se perderem. Não senti nenhum prazer naquele beijo, da minha parte foi apenas um beijo puro de despedida.”
Ele a observou por alguns segundos, mas sabia que ela não estava mentindo, ele entendeu o motivo para ela ter feito aquilo, mesmo que não aprovasse. Porém, as palavras dela sobre sempre escolhê-lo o acalmaram.
“Eu te amo Elijah, e sempre amarei.” Scarlett disse, com tanta convicção que não restou espaço para qualquer dúvida. Ele não respondeu, apenas a puxou para um beijo apaixonado, alimentado por todas as suas emoções. Parecia que ele precisava dela como o ar que respirava...