Capítulo 20
2412palavras
2023-04-03 18:02
“Mas, você poderia ter arrancado a garganta delas.” Scarlett rosnou com uma pitada de veneno. Elijah ficou envergonhado, sim, ele podia ter feito isso. Porém, seu cérebro estava entorpecido, tudo o que ele conseguia pensar era que precisava sair daquele quarto... Ele sentia-se desapontado consigo mesmo, por ter caído em uma armadilha tão estúpida...
As mulheres os observavam, e para elas ficou claro que os dois eram um casal no meio de uma briga. Elijah e Scarlett formavam um casal notável, ambos muito bonitos e o macho era tão lindo como um deus.
A idosa era a única que não babava por Elijah, no entanto, ela parecia bastante pensativa.
“Eu sei... eu sei que deveria, querida...”
“Não me chame assim.” Scarlett falou pressionando a faca contra o pescoço dele. Ela sabia que isso lhe causaria danos temporários, ao contrário de suas mãos. Apesar de estar zangada com ele, ela não queria adicionar mais nenhuma marca, pois as anteriores ainda eram visíveis, embora agora já estivessem quase sumindo.
“Me desculpe... mas você está falando sobre as mulheres do Alfa?” A mulher idosa os interrompeu, seus olhos azuis afiados e curiosos os observa. Tanto Scarlett quanto Elijah olharam para ela, a faca ainda na garganta dele, e ele ainda a segurava com firmeza contra si.
“Não faço ideia... era três mulheres, uma asiática, uma negra e uma latina.” Elijah relatou. Scarlett o encarou, cravando a faca em seu pescoço, então uma linha fina e vermelha escorreu.
“Ah, então você se lembra como elas eram?” Ela sibilou, algumas mulheres tentaram esconder o riso, estava claro que a ruiva mal-humorada estava com ciúmes.
“Qual é, querida, elas não eram tão bonitas quanto você.” Elijah disse, ignorando o sangue que escorria pelo pescoço.
“Não são como eu? Mas ainda sim era bonitas?” Ela retrucou. A mulher mais velha, vendo que a conversa tinha mudado de rumo, confirmou a afirmação de Elijah.
“De fato, essas são as mulheres do Alfa... seu poder do comando Alfa não funcionará com elas.”
Os olhos de Scarlett se arregalaram quando ela se virou para a mulher, agora o aperto da faca afrouxaram entre seus dedos, mas o coração disparado com aquelas palavras. Elijah, por sua vez, sentiu um profundo alivio, mas também estava curioso.
“Por que não?” Ele questionou.
“Porque elas não tem mais suas lobas.”
Scarlett e Elijah ficaram perplexos, Scarlett nunca tinha ouvido falar em algo parecido. Mas Elijah sim, era uma pratica doentia e oculta, quase desconhecida...
A mulher analisou ao seu redor e fez um sinal para que os dois a seguissem.
“Eu não deveria falar sobre isso... mas... acho que vocês deveriam saber.” Ela falou, com os olhos demorando-se neles. Algo sobre aquele casal lhe trouxera um bom pressentimento. Scarlett abaixou a faca, porém Elijah se recusou a soltá-la, ela o fitou com ferocidade, mas ele apenas contemplou aqueles olhos verdes, fazendo o coração dela disparar e um sentimento de culpa se instalou dentro dela.
“Não me toque.” Ela avisou, desviando o olhar quando ele envolveu sua cintura com o braço, roçando provocativamente na bainha da camiseta.
Elijah riu apesar do comentário, não havia hostilidade ou comando na voz dela.
“Mas, eu quero.” Ele disse, Scarlett estava fixo nos olhos, seu próprio coração disparou naquele instante, por que ele estava sendo tão legal? Especialmente depois da maneira como ela o tratou. O lugar em que estavam não tinha uma porta, as paredes eram revestidas com um velho papel de parede floral descascado, em muitas áreas já não tinha papel, apenas a parede nua. O chão era constituído da mesma madeira do corredor. A única mobília presente na sala era um par de sofás que combinavam, manchados e quebrados, e uma mesa de centro surrada, a qual estava quase de pé, uma das pernas parecia prestes a ceder. Além disso, no canto do cômodo havia alguns brinquedos baratos.
Scarlett se sentiu culpada pelo estado de degradação daquele lugar. Quanto mais ela via... mais sabia que não podia ignorar as condições em que aquelas pessoas viviam. O seu próprio povo.
“Por favor, sentem-se...” A mulher disse apontando para o sofá com uma aparência um pouco melhor. Elijah foi o primeiro a se sentar, o sofá rangeu embaraçosamente com o seu peso. As molas já não existiam mais e um dos braços de apoio estava completamente solto.
“Você é bem pesado.” Scarlett disse rindo. “O sofá está te dizendo para emagrecer um quilinhos.”
“Eu poderia melhorar o meu treino, mas desde que você fizesse parte dele.” Ele provocou e percorreu os olhos de maneira sugestiva pelo corpo dela. Scarlett sentiu seus batimentos dispararem, mas Elijah sabia que ele não estava mais com raiva. Ele pegou sua mão e a puxou para perto de si, seu braço a envolvia firmemente pelo ombros e pescoço.
A mulher os observou e sorriu.
“Desculpe, mas ainda não sabemos o seu nome...” Scarlett disse e a mulher assentiu.
“Minhas desculpas... mas nossos nomes não são dignos por aqui, eu sou a ômega chefe... Candice.” A mulher declarou, no mesmo instante, Scarlett inclinou a cabeça refletindo, pois aquela mulher não lhe parecia familiar.
“Você sempre pertenceu a este bando?” Ela perguntou curiosa.
O sorriso da mulher vacilou, algo faiscou em seus olhos.
“P-por que a pergunta... sim, é claro que sempre fui...” Ela respondeu. Elijah não comentou nada, pois ela estava falando a verdade, no entanto, também parecia estar escondendo algo.
“Ah, eu perguntei porque não me lembro de você.” Scarlett afirmou. Ela sabia que se isolou de muita gente... mas, na época, a chefe dos ômegas era uma mulher chamada Estella... e ela teria uma vaga sensação de familiaridade se já tivesse visto aquela mulher na sua frente. Agora, observando-a ela notou que havia algo estranhamente familiar nela, mas tinha certeza de nunca a tinha visto antes.
“Lembra-se de mim? Você já visitou este bando antes?” Candice questionou, com os olhos repletos de interesse, mas Scarlett balançou a cabeça.
“Não importa... É uma longa história, então, o que você estava contando sobre as mulheres do Alfa?”
“Ah, elas já foram lobas um dia, o Alfa as comprou de diferentes bandos para ‘criar’ a Luna perfeita...” Candice parou respirando fundo. “A única coisa que elas tem em comum é que vieram com o sonho de se tornarem a Luna do bando. Mas, seus corações eram tão egoístas e cheios de ganância pelo poder, elas atingiram o ponto mais baixo que nós podemos chegar. Não sei exatamente o que ela fizeram, mas com ajuda da feitiçaria, as lobas foram mortas de maneira voluntária, a fim de obter certas habilidades.”
Elijah tinhas uma expressão pensativa, pois aquela prática era desaprovada, além de ser inédita.
“Nenhum de nós sabe realmente o que elas fizeram, mas muitos alfas foram capturados, além disso, elas são imunes as drogas e ervas que para os lobisomens são fatais. A imunidade foi uma consequência por terem perdido suas lobas. Embora mantenham a mesma força de um lobisomem, até a prata não lhe as afeta.” Candice continuou.
Elijah trocou um rápido olhar com Scarlett, seus olhos azuis-celestes dizendo ‘eu disse que não tive culpa’. Ela simplesmente lhe respondeu com um beicinho.
“Então… elas são como Lunas?” Ela perguntou confusa.
“Um Alfa que oferece sua Luna como se fosse uma prostituta, essa é nova...” comentou Elijah. Scarlett lhe olhou com censura, a visão das três mulheres em cima dele retornaram à sua mente.
“Apesar das promessas, nenhuma delas se tornou sua Luna oficial... elas simplesmente o ajudam e são suas amantes. Ouvi dizer que ele não estava satisfeito com nenhuma delas... mas qualquer que seja o feitiço, elas são completamente leais a ele. Quase como se não tivessem mais vida própria.”
Um silêncio tomou conta do ambiente, Elijah e Scarlett absorviam tudo o que tinham acabado de ouvir, ficou claro que as forças das trevas atuavam por ali.
“Obrigada por nos avisar... não vamos contar isso a ninguém...” Scarlett prometeu depois de um momento pensativa.
“Mas, por que você nos contou essas coisas sobre o seu bando, não tem medo do que pode te acontecer?” Elijah perguntou. Candice deu um leve sorriso, seus olhos profundos como o mar, continham um brilho de diversão.
“Oh, ele não vai me matar, ao menos não tão facilmente. Sou eu quem mantem esse lugar de pé...” Ela disse apontando para o cômodo, ambos entenderam que ela se referia aos ômegas. “Além disso, eu não queria que um jovem casal, que nem mesmo acasalou e marcou um ao outro, fosse separado antes que o vínculo de vocês terminasse de ser forjado.”
Scarlett corou e Elijah riu timidamente.
“Nós não somos... como você sabe que não acasalamos... espere, isso...” Scarlett gaguejou, mas Elijah a interrompeu com um beijo apaixonado, os dedos dele envolvendo seu pescoço.
‘Pare de falar, querida.’ Ele disse por meio da ligação psíquica, o coração dela pulsava forte, mas ela o agarrou pela camisa e o beijou de volta, ela sabia que precisava se desculpar por seu comportamento... mas Elijah a confundia, pois o acordo envolvia apenas s*xo... mas mesmo assim, ele a beijava e a tocava sempre que tinha a oportunidade... Por que isso parecia ser tão mais profundo?... Seus pensamentos se dissolveram, entregando-se a ele por completo. Apenas a sensação de ter seus lábios contra os dela, a maneira como seu toque permanecia em sua mente. Os beijos ficaram mais quentes, as mãos dele deslizaram sob a blusa dela acariciando a pele macia de sua cintura. Acendendo um fogo de puro prazer dentro dela, seu interior palpitava e um gemido suave escapou.
Uma risada ao fundo os trouxe de volta à realidade e Scarlett se afastou com o rosto corado.
“Se vocês dois quiserem... ‘conversar’, há um quarto vago, é a 7ª porta à esquerda no segundo andar.” Candice falou, seus olhos enrugados não escondiam sua diversão.
“Não, não, estamos bem.” Scarlett disse, com o coração aos pulos. O cheiro de sua excitação exalava, fazendo-a se sentir constrangida, não querendo mais olhar para Elijah. Pois, os olhos dele – azuis-cobaltos escuros – não escondiam o desejo, além de seu belo sorriso arrogante.
“Acho que vamos aceitar a oferta.” Ele concordou. Ao se levantar, ele pegou Scarlett, carregando-a nos ombros, para fora do cômodo e subindo três degraus de cada vez.
“Elijah!” Ela disse atormentada, ele deu um tapinha com força em sua bunda, fazendo-a ganir. Sentindo a umidade cresce entre suas coxas. Ele rosnou, seu cheiro encantador o deixou louco.
“Não negue, você esta morrendo de tesão por mim querida.” Ele murmurou. Ao subir o segundo lance de escada, a casa parecia estar ainda mais silenciosa. Ele abriu a porta que Candice indicou, fechando-a com um chute atrás de si e deslizou a fechadura enferrujada.
As paredes do quarto foram pintadas com um rosa pálido. A janela estava rachada, com uma fita adesiva para mantê-la unida, as cortinas seguiam o tom rosa desbotado das paredes, já o colchão que estava no chão estava coberto com lençóis azuis e brancos. Uma cômoda pequena e frágil e um cabideiro completavam a mobília do quarto. Apesar de parecer velho, tudo cheirava limpo.
Elijah colocou Scarlett na cama improvisada, em seguida, ele escalou suas pernas, fazendo-a corar quando o olhou.
“Você sabe que é um grande safado, não é?” Ela disse com o coração a mil por hora, embora cada movimento dele só a deixasse mais animada.
“Você gosta, querida, não negue.” Ele sussurrou, brincando com algumas mechas de seu cabelo ruivo e colocando-as para trás, seus olhos azuis encontraram os verdes de Scarlett, enquanto ela suavemente segurava seu rosto.
“Por quê...?” Ela perguntou com calma.
“Por que o quê?” Ele disse beijando seu pescoço provocando-a, seu p*u endurecia contra seu corpo. Ela reprimiu um gemido, embora quisesse os lábios dele sobre ela, mas também queria uma resposta...
“Por que você não está bravo... eu te devo um pedido de desculpa, mas, ao invés disso, você apenas está jogando as coisas para debaixo do tapete.” Ela disse calmamente. Elijah fitava seus lindos olhos verdes.
“Sua raiva e a suspeita eram justificáveis, seu sempre troquei de garota mais rápido do que troco de camisa. Bom, você cresceu comigo, você sabe de tudo..” Ele disse, porém não queria que ela ficasse brava novamente. Ele não queria mais se separar dela...
“Qual o problema se eu quisesse encerrar o acordo, eu sou apenas mais uma garota, certo?” Scarlett disse baixinho, mas sua loba pareceu ficar chateada com a pergunta.
“Você é algo mais...” Ele sussurrou, desviando o olhar dela, de repente saiu de cima dela.
O coração de Scarlett martelava em seu peito, com as palavras de Elijah. O estômago dela estava cheio de borboletas. Ele sentou-se na beira do colchão, suas longas pernas musculosas, no jeans rasgados, esparramadas na frente ele. Então, passou a mão pelos cabelos sedosos.
“Não acredito em amor nem em companheiros... mas alguma coisa aconteceu, não sei quando... nem como, mas você se tornou um vício para mim, eu a desejo dia e noite. Não é apenas sexo... Você é tudo o que eu consigo pensar Scarlett, não sei mais o que fazer.”
Elijah disse tudo o que sentia, sem saber como ela reagiria. Uma parte dele não queria contar a ela, pois não queria assustá-la, mas também não queria mais equívocos entre eles. Se ela soubesse que significava tudo para ele, talvez entendesse que nenhuma outra mulher poderia substituí-la.
Ele olhou para ela, aqueles lindos olhos azuis transbordando uma emoção crua. Sua aura alfa estava sempre presente, embora estivesse controlada, Scarlett não viu o grande e arrogante alfa diante de si, mas o jovem que tentava compreender suas emoções, tropeçando para falar o que sentia.
Por mais que ela quisesse não acreditar em suas palavras, sabia que ele não estava mentindo. Os pequenos gestos que ele fez em apenas alguns dias, desde que voltou, foram o suficiente.
“Sinto muito... por ser uma megera e não escutar o que você estava tentando me dizer.” Scarlett deixou escapar, sem saber como continuar a conversa. Nos últimos dois anos, os sentimentos se aprofundaram, criaram raízes, mas ela temia perder quem amava mais uma vez.
Elijah levantou uma sobrancelha, pois não esperava um pedido de desculpas, principalmente depois do que acabara de falar.
“Eu te perdoo...” Ele disse, “Mas, você está evitando o que eu acabei de dizer.”
“Não, claro que não...” Ela disse revirando os olhos. Elijah sorriu inclinando-se para mais perto dela, seus olhos seguiram as curvas de seus seios, demoraram-se em seus lábios, antes olhá-la nos olhos.
“Ah é?”