Ela estava em estado de choque, Stephan percebeu e então pousou umas das mãos em suas costas, preparando-se caso ela desmaiasse.
Ele sabia exatamente o que ela estava sentindo pois já passara por isso uma vez.
Com um aceno, ele pediu para que o médico os deixasse por um momento .

Ele não suportava lágrimas, mas não se importou de secar as maçãs do rosto de Lauren com a ponta dos dedos depois de virá-la para si.
Talvez ela nem mesmo havia percebido que estava chorando.
Simplesmente permaneceu em silêncio, a face tão pálida que parecia a ponto de desfalecer .
A qualquer momento ela voltaria a si e a dor a tomaria por completo . Ele precisava tirá-la dali.
Mas antes que pudesse fazê-lo Lauren desmaiou em seus braços.
_ Enfermeira! _ ele chamou uma enfermeira que passava por perto enquanto apoiava o corpo desfalecido de Lauren contra o seu. _ Eu preciso de ajuda.

_ Venha comigo! _ a moça o instruiu e Stephan pegou Lauren no colo, carregando-a para um quarto vazio.
Ela era tão leve...
Ele já carregara outras mulheres no colo algumas vezes, mas nunca uma tão leve quanto Lauren. E tão delicada...
A enfermeira ordenou que a colocasse na cama e tirou-lhe os sapatos, iniciando o procedimento padrão de atendimento.

_ Ela acabou de saber que a irmã faleceu. _ ele avisou, afastando-se.
A enfermeira assentiu e então terminou a avalição médica.
_ Até então parece ter sido apenas um desmaio, logo ela deve acordar. Vou chamar o médico para avaliá-la, pois ela parece um pouco desidratada. _ Stephan agradeceu e ela caminhou até a porta do quarto. _ Mas é melhor se preparar para quando ela acordar. Não faz muito tempo que essa moça perdeu a tia.
Isso chamou a atenção de Stephan, que olhou para Lauren ali deitada na cama, o rosado de sua face voltando aos poucos.
_ Eu me lembro pois foi logo quando comecei a trabalhar aqui. _ ela explicou. _Perder a tia já foi muito difícil. Será mais ainda quando acordar e descobrir que perdeu também a irmã.
Com essas palavras a enfermeira saiu e deixou Stephan sozinho no quarto com Lauren.
Ele sabia muito bem como era difícil perder um ente querido. Mas Lauren perdera dois...
Ele ficou ali sentado enquanto esperava que ela despertasse. Tomou a liberdade de pegar seu telefone celular e procurou por qualquer informação sobre a pessoa que estava de babá com Sophia.
Encontrou o que precisava nos registros de mensagem de texto e discou o número em seu próprio aparelho.
Explicou o que tinha acontecido e agradeceu quando a mulher do outro lado da linha se ofereceu para ficar com a menina aquela noite.
Lauren precisaria de algumas horas para processar o que tinha acontecido e tomar certas decisões difíceis.
Não poderia fazer tudo isso ao mesmo tempo em que consolava uma garotinha de quatro anos que acabou de perder a mãe.
Não soube dizer ao certo quanto tempo se passou antes que Lauren acordasse.
Minutos atrás o médico a avaliara e exigira que a enfermeira coletasse sangue para exames, pois considerava que ela estava desidratada e desnutrida.
Como assim Lauren estava desnutrida?
A empresa fornecia almoço para todos os funcionários na cantina e ele e Pete faziam questão de que a comida oferecida fosse de tão boa qualidade quanto a que comiam.
_ Ai! _ ele ouviu um gemido e se levantou rapidamente da cadeira onde estava sentado observando-a por todo aquele tempo.
Suas costas já reclamavam por isso, mas ele não queria deixar Lauren sozinha.
Era uma novidade para ele também, se preocupar tanto com aquela garota quando nem mesmo conseguiam trabalhar juntos por mais que algumas poucas horas.
_ Shhh._ ele pediu, tocando seu braço.
Isso fez Lauren abrir os olhos rapidamente, confusa.
_ Stephan? _ ela questionou, olhando em volta. _ O que faz aqui? O que estamos fazendo aqui...?
Mas tão logo ela fez aquela pergunta, pela mudança no brilho de seus olhos Stephan percebeu que ela tinha lembrado.
A confusão logo foi substituída pela dor e ela tentou se levantar.
Stephan a impediu.
_ Não. _ ele ordenou. _ Você está ligada ao soro. _ ele explicou, fazendo um gesto em direção ao equipamento ao lado cama.
Lauren seguiu seu olhar, os olhos marejados de lágrimas.
_ Eu preciso vê-la..._ ela disse com a voz embargada.
_ Você está fraca e acabou desmaiando. _ ele contou.
Lauren não quis saber.
Antes que ele pudesse fazer algo para impedi-la, ela se livrou do acesso em seu braço e jogou as pernas para fora da cama, ao contrário de onde ele estava.
_Lauren! _ ele protestou, surpreso.
Nunca imaginaria que ela fosse capaz de fazer algo daquele tipo.
_Eu estou bem! _ ela disse, cambaleando quando tentou dar um passo, mas Stephan se colocou ao seu lado imediatamente após dar a volta na cama.
_ Ok! Pelo menos me deixe ajudá-la.
Lauren assentiu, pois não importava como, ela queria ver sua irmã.
Precisava ver para acreditar que tudo aquilo não passava de um pesadelo.
Caminhou ainda meio trôpega, apoiando-se de vez em quando em Stephan para sair do quarto e procuraram pelo médico que havia falado com ela mais cedo.
_ Eu preciso vê-la. _ ela explicou para ele minutos depois.
O Doutor olhou para Stephan com preocupação.
_ Não acho isso uma boa ideia... _Stephan foi dizendo antes de suspirar ao receber um olhar furioso de Lauren. _ Tudo bem.
O médico os levou até o necrotério do hospital onde o corpo de Giulia estava sendo preparado para que ela fizesse o reconhecimento.
No instante em que o funcionário desceu o lençol o suficiente para que o rosto da moça aparecesse, Lauren sentiu o chão se abrir a seus pés.
Não era um pesadelo.
A pessoa deitada sem vida naquela mesa no necrotério hospitalar era mesmo sua irmã Giulia.
_ Naaaão! _ ela gritou sentindo as pernas enfraquecerem.
Stephan estava a todo instante a seu lado e a segurou imediatamente para não cair no chão, tamanha sua dor.
Ele conhecia Lauren há o que... Dois anos?
Não sabia ao certo, mas era desde que ela entrara na empresa.
Ele se recordava como se fosse ontem.