Capítulo 114
2035palavras
2023-04-29 00:25
Batalha de Aftermoon
Félix Fire e recrutas
Assim que Félix puxava a flecha, o sangue jorrava, assustando todos os outros lobos ao redor. Eles faziam caretas e se lamentavam por seu amigo estar naquele estado.
— Precisamos estancar o sangue!
Fabricio gritava, o lobo ferido começava a se destransformar, retornando a forma humana, o homem voltava nu, todas suas vestes haviam sido rasgadas na transformação.
Felix ajudava Fabricio a pressionar a ferida, ela havia ficado tempo demais aberta e parecia não querer se curar, a chuva que caia lavava o sangue que tingia o chão de vermelho por onde eles passavam.
Joaquim se aproximava amedrontado, ele nunca havia visto as feras de perto, para ele, os lobos gigantes não passavam de lendas. E agora, ele havia acabado de vê-los, pareciam mais ferozes do que imaginava.
— Entrem! Levem- no para dentro! Temos um curandeiro no castelo!
Mesmo com medo, Joaquim dizia para entrarem rapidamente, ele temia que ainda houvesse soldados inimigos ali.
Lucinda corria até o seu amado o abraçando fortemente, a chuva caia forte e o céu brilhava com os relâmpagos, assustando Lucinda que grudava suas mãos no braço do marido, ele a confortava, eles seguiam entrando juntos, os lobos retornavam para suas formas humanas novamente e uma fila de homens nus entravam no castelo atrás de Lucinda e Joaquim.
Assim que todos adentram, os portões são fechados, infelizmente por conta da situação, Joaquim não tinha conseguido agradecer pela ajuda, mas ele sabia que teria outras oportunidades para isso.
Lucinda corria na frente, gritando por Zebeu, Milenna e Josefa estavam na porta de entrada, assustadas vendo todas aquelas movimentações.
Os homens começam a entrar nus, para eles aquilo era normal, eles não tinham vergonha de mostrar suas partes, os servos e criados cobriam os olhos envergonhados, a única que olhava com atenção tentando ver todos os detalhes era Josefa, que sorria alegremente. Ela nunca havia visto tal coisa, os lobos eram fortes, totalmente diferentes dos humanos, seus abdômens eram firmes, os braços fortes, os cabelos grandes e sedosos, pernas grossas, eles tinham uma beleza encantadora. A criada dizia após admirar os lobos.
— Eu irei buscar algumas peças de roupas para os cavaleiros….
Milenna tampando os olhos com a mão, enquanto ia até as escadas, em direção ao quarto ajudar a criada com as peças de roupas.
Zebeu aparecia correndo carregando a sua bolsa, ele percebia que havia algo de diferente naqueles homens, o velho curandeiro já tinha os visto na visita que tinha feito há Cateline alguns meses antes. Ele olhava para eles por um tempo, e logo pedia aos demais.
— Coloquem o homem na mesa!
Zebeu gritava, e assim Félix e Fabrício fazem, o pulso do lobo já estava fraco.
— Terei que costurar! A hemorragia está muito forte..
O curandeiro dizia, mas Félix o interrompia, eles não permitiam costuras em seus corpos, a ferida precisava estar limpa para se cicatrizar de forma natural e perfeitamente.
— Não… passe apenas algo para dor.. ele irá aguentar..
Felix dizia sério, ele tinha que seguir as regras de sua tribo, o lobo precisava ser forte para sobreviver.
Milenna retornava com algumas mantas e peças de roupas junto a criada, as duas distribuem aos homens, até mesmo os que estavam com roupas encharcadas, trocaram as suas vestes.
No meio de toda aquela confusão, Sandy apareceu descendo as escadas, sua barriga já estava bem visível, assim que ela se aproximava de todos, eles reparam na mesma hora na mulher.
— Duas gravidas?
Tomás perguntava colocando a camisa que Milenna havia trazido. Ele não sabia se era um milagre ou coisa do tipo… Ele estava impressionado que três mulheres estavam grávidas, e quase do mesmo tempo de gestação, ele olhava confuso para as humanas.
Os lobos ficavam admirados com o que viam, eles sabiam que Félix estava fazendo o certo, seria terrível se Helton tivesse conseguido invadir, agora eles precisavam proteger aquelas mulheres a todo custo.
Lucinda, ainda molhada, se aproximava de Félix que estava ajudando Zebeu, ela queria agradecê-lo, ela havia se deixado levar pela emoção e medo, se seu cunhado não tivesse chegado a tempo, talvez todos já estivessem mortos.
— Obrigada, eu não sabia mais o que fazer, se você não tivesse chegado Félix, seus amigos, eu acho que nós…
Félix olhava para a pessoa à sua frente, Lucinda estava muito emocionada, Félix não entendia ao certo, mas ele estava feliz de ter chegado a tempo, de ter conseguido proteger a todos eles.
Lucinda dizia chorando, ela estava desesperada, e não sabia como ser grata o suficiente, todos ali deviam suas vidas aos lobos que sempre foram julgados como demônios.
— Não precisa agradecer… Cateline ficará feliz em saber que estão todos bem, ela manda lembranças, e diz querer vê-los em breve… vamos acabar com essa guerra logo de uma vez por todas, eu prometo.
Felix dizia sorrindo tentando consolar a mulher, mas ela continuava do mesmo jeito, havia algo que a atormentava, que ele não entendia muito bem, os batimentos dela estavam acelerados demais, confundindo o lobo.
— Você também é um deles?
Lucinda perguntava assustada olhando para os homens que haviam se transformado.
— Um deles?
Félix questionava, ela dizia sobre os lobos.
— Você se refere aos Lobisomens?
O lobo perguntava sério, ele sabia que demoraria um pouco até todos aceitarem, mas assim como Cateline, ele sabia que sua família entenderia.
Lucinda assentia, e Félix faz o mesmo confirmando a moça, a Lady dá alguns passos para trás sentindo medo dele, mas Joaquim colocava a mão em seu braço, assustando Lucinda que estava aterrorizada, ele segura o grito que ia dar e olha de canto para Félix. Seu marido dizia sorrindo, tentando amenizar o clima estranho.
— Muito obrigado, de verdade… não sei como agradecer..
Joaquim se curvava levemente, mostrando respeito e gratidão ao lobo, que fazia o mesmo, era a primeira vez que um humano o reconhecia como igual.
Zebeu estava preparando algumas pomadas anestésicas, e assim que misturava todos os ingredientes ele passava a massa na ferida do homem machucado, o sangramento parecia parar aos poucos.
Joaquim, chama Félix para um canto, onde eles conversam, o lobo explicava que ninguém poderia saber daquela união, e que eles lutariam juntos até que Helton fosse deposto, o Lorde concordava com todos os pontos, enquanto os dois discutem os detalhes, Félix percebe que Joaquim estava ferido, ele sentia o cheiro do sangue do humano se misturando com o cheiro dele, para ele era algo leve que se curaria rapidamente, mas para Joaquim poderia ser algo sério, ele era um humano, ele sabia que aquilo poderia trazer problemas se ele não fizesse um curativo. Como alguma infecção, algo assim… ele então olhava para o humano e dizia reparando o ferimento que estava escondido sob suas roupas, ele não podia ver, mas sim sentir.
— Esse ferimento…
Félix falava olhando para Joaquim, ele parecia sentir dor. Ele fazia uma leve careta ao se lembrar do ferimento, ele havia até esquecido, mas ao mexer seu braço, ele sentia dor e o sangue escorrendo, ele colocava o braço para trás respondendo Félix, tentando se mostrar forte.
— Está tudo bem… irei pedir para Zebeu dar uma olhada mais tarde.. não se preocupe..
Joaquim estava sério, ele não queria demonstrar fraqueza. Ainda mais sabendo que o lobo era muito mais forte que ele.
Os dois continuavam ali conversando por alguns momentos, e Milenna mesmo assustada com todos aqueles homens, arrumava os locais para que todos dormissem.
Joaquim pedia para que alguns soldados permanecessem de guarda, e decide ir descansar junto a todos, alguns dos lobos não conseguiram dormir, e decidiram fazer turnos para vigiar durante a noite, assim todos ficariam mais seguros.
Cerca de quinze dias depois….
Haviam se passado duas semanas desde a tentativa de invasão de Helton, tudo estava muito quieto e ele não havia mandado nenhuma carta, talvez o homem tivesse se assustado com os lobos, e desistido de seu plano de sequestro.
O lobo ferido já estava praticamente recuperado, Félix e Joaquim já preparavam um plano para finalmente destronarem Helton e Sírio.
Eles iriam ir até o castelo dos homens e se infiltrar, fariam um ataque de dentro para fora, assim não teria como os Lordes fugirem.
Félix já estava com saudades de sua esposa, fazia tempo que estava longe de casa, mas ele tinha que resolver aquilo uma vez por todas, senão sua ida até ali seria em vão.
Joaquim se juntou aos lobos, eles arrumaram a carruagem para partir, o Lorde tinha tirado suas roupas de nobre, e agora usava apenas uma roupa comum com uma manta.
Todos escondiam suas espadas debaixo das roupas, ficando prontos para partir.
Joaquim, dá um intenso beijo a sua amada, sua ferida ainda doía, ele não era como os lobos que se regeneravam rapidamente. Ela retribuía o beijo do marido, o abraçando enquanto sentia os doces beijos apaixonados dele.
— Tome cuidado… volte inteiro para mim…
Lucinda dizia com seu humor de sempre, agora com seu cunhado ali ajudando na batalha, ela estava menos preocupada, ainda mais sabendo que ele e seus companheiros eram feras sanguinárias.
— Eu vou tentar, meu amor..
Joaquim a respondeu com outro beijo.
— Zebeu! Leve todos para dentro, qualquer sinal de perigo se tranquem até voltarmos!
Joaquim dizia sério ao curandeiro, que assentiu afirmando que ele faria de tudo para proteger a todos ali. Antes de Joaquim sair com os demais, ele acaricia a barriga da sua esposa, sorrindo para ela.
O grupo saia em direção ao castelo de Sirio, eles sabiam que lá estaria repleto de soldados, mas eles eram fatais, mesmo um exército grande não conseguiria derrotá-los.
No caminho, Joaquim conversava com Félix, eles tinham mais coisas em comum do que imaginavam.
— Félix… estou surpreso com todos vocês… nunca imaginei que fossem tão gentis… imaginava que fossem tipo, demônios assassinos sem cérebro…
Joaquim dizia brincando, até seu humor havia voltado ao normal, Félix dá gargalhadas, ele sabia que os humanos sempre os viam daquela forma. Ele não levava para o pessoal, aquele comentário não iria o aborrecer, ele cruzava os braços respondendo o humano.
— Sabe, não é que não sejamos demônios assassinos… podemos até ser, mas somos gentis também... assim como vocês são.
Os dois conversavam e gargalharam juntos, uma grande amizade nascia ali.
Félix se sentia contente por estar se dando bem com Joaquim, ele era legal, era diferente dos demais humanos, nem todos os humanos eram maus e odiavam os lobos, Joaquim era um dos que não viam os lobos como ameaça, e isso fazia com que os dois pudessem ser mais que aliados no futuro, grande amigos, mas o lobo ainda ficava com o pé atrás, ele tinha que ter certeza primeiro.
Quando se aproximaram do castelo, o clima havia ficado mais tenso, Félix não tinha certeza do plano de Joaquim para invadir sem ser visto, mas ele confiava no homem, ele precisava confiar.
— Eu tenho uma criada nesse castelo… ela vem me ajudando com as informações a um tempo, me sinto mal por pedi-la para nos ajudar mais uma vez, mas é a única opção ..
O lobo escutava uma movimentação perto dali, ele sabia que teriam soldados fazendo rondas, eles precisavam neutralizar aqueles homens rapidamente, sem que o alarme fosse soado.
Com um sinal, Félix mandava os seus homens irem furtivamente até os guardas, e assim eles faziam, matando os homens rapidamente, sem que nem soubessem o que acontecia.
Depois da área limpa, eles se aproximavam da entrada, na parte de trás do castelo, ali era onde os criados ficavam geralmente.
Joaquim ia primeiro, a porta estava aberta, ele sabia que Dirce havia seguido suas instruções, afinal de contas as noites que ele passava acordado, também faziam parte da investigação interna e trocas de cartas com sua criada infiltrada.
— Muito bem Dirce..
Joaquim sussurrava baixinho para ele mesmo, ele não sabia como agradecer a mulher, ela estava arriscando sua vida para ajudá-lo.
Todos entraram vagarosamente no castelo, tudo estava correndo perfeitamente, assim como Joaquim vinha planejando todo o tempo, as noites em claro estavam lhe rendendo resultado, agora ele só precisava chegar até seu irmão e seu pai, para resolver de uma vez por toda aquela guerra.