Capítulo 87
1463palavras
2023-04-28 23:38
Reino de Wisdy
Tribo Fire
Ainda era cedo, e após a conversa de Félix com o Alfa, Amanda estava desesperada pensando em algo para contornar a situação, o curandeiro chegaria em alguns dias, a loba tinha pouco tempo para mudar o rumo de tudo, mas como?
Amanda andava para todos os lados do castelo pensativa, até que algo parece vir à sua mente, um sorriso brota em seu rosto e a mulher sai, ela pega um cavalo, e vai até o vilarejo mais próximo.
Felix Fire…
Após a discussão com seu pai e a intromissão de Amanda, Félix estava furioso, ele saiu para a floresta para tentar relaxar um pouco, haviam muitas coisas a serem preparadas ainda para a grande reunião, mas tudo que o jovem lobo queria era extravasar sua raiva enquanto caçava, como o reino era coberto por magia, tudo ali prosperava perfeitamente, nunca faltava alimento, até mesmo as frutas e legumes de alguma forma, cresciam entre meio os amontoados de neve, era espetacular.
Félix andava pisando fortemente na neve, enquanto tirava sua camisa, a jogando no chão, ele sentia o cheiro dos cervos que estavam ali perto, escondidos entre as árvores e vegetações, o vento estava a seu favor, então seria uma caçada fácil, ele corria sobre duas pernas e a medida que avançava seu corpo começava a se transformar, ele sentia uma imensa dor vinda de seus ossos que cresciam e modificavam dentro de si, mas ele não parava de correr, ele estava furioso com tudo que acontecia, após alguns segundos, seu corpo estava completamente transformado, o lobo com sua pelagem cinza avançava sobre sua presa, a abatendo.
A pelagem acinzentada ficava vermelha, Félix então se destransforma voltando a forma humana, em sua boca e pescoço escorria o sangue da presa, ele passava a mão em seus cabelos o jogando para trás, estava úmido por conta da neve que caía sobre ele, suas calças haviam sido rasgadas completamente com a transformação.
Ele estava nu, no meio daquela imensidão congelada, tudo que ele via era sua presa em sua frente e mesmo depois de caçar seu coração ainda estava em fúria ele sabia que aquilo não iria fazer com que ele se sentisse melhor, ele precisava resolver o que causava toda aquela dor.
Após algum tempo ali parado pensativo, ele se transforma novamente em um enorme lobo, ele pega a presa com na boca e retorna para o castelo.
Antes de adentrar, todos sempre passavam por uma pequena casa que ficava próxima, ali eles conseguiam se vestir e limpar a caça já a deixando preparada, afinal de contas eles sabiam que não podiam andar por aí sempre transformados, era arriscado, poderia haver algum inimigo ou caçador por perto. Cateline também não sabia o que eles eram, por isso, era importante evitar serem vistos daquela forma.
Chegando na casa, Félix põe sua presa no chão e retorna para forma humana.
Ele abria a porta, e ali estava um de seus colegas, Tomas, ele olhava de cima para baixo, vendo seu amigo pelado a sua frente, Felix estava sujo de sangue por conta da caça.
— Parece que o dia foi bom, né??
Tomas falava sorrindo para Félix, que continua sério, ele apenas responde de forma direta.
— Nem tanto como parece.
Félix entrava na casa, se dirigindo para o banheiro, sem se importar com os olhares do homem, eles já estavam acostumados com aquilo, era comum ficarem nus ao voltarem a forma humana.
Tomás então percebe que seu amigo estava chateado com algo, mas decide não forçar, ele sabia que Félix não era de muita conversa.
Félix tomava seu banho e se vestia ao sair do banheiro, seu colega estava limpando o cervo que ele havia acabado de levar, todos estavam colaborando com os preparativos da grande reunião que aconteceria ao anoitecer.
— Ouvi dizer que os lobos do deserto irão vir também, nunca os vi pessoalmente ..
Tomás falava tentando puxar assunto com Felix, mas ele permanece sério.
— Acredito que sim.. a muitos anos eles não aparecem nas reuniões, então não sei ao certo..
Félix falava com o rosto fechado, enquanto pegava uma faca bem amolada, e começava a ajudar na limpeza.
Seu amigo ficava observando tudo enquanto conversava, ele se segurava para não falar demais, ou tocar em assuntos indesejados, mas ele estava curioso e não conseguia se controlar.
— E como irá funcionar a reunião?
Tomás perguntava aguardando a reação de Félix que parecia não entender o que ele se referia.
— O que tem a reunião?
Felix perguntava mostrando em sua feição o quando estava estressado, olhando para o homem à sua frente.
— Fiquei sabendo que você se casou com uma humana, você não a levará certo?
Ao ouvir Tomás falar tal coisa, Felix cravava a faca na mesa, a batendo fortemente, fazendo o homem se assustar com ação repentina.
— Eu não tenho que dar explicações a você…
Felix saia do local sem falar mais nada, seu amigo percebia que algo não ia bem, ele não tinha nada contra os humanos, mas ele sabia que não poderiam misturar as coisas, era arriscado demais, ainda mais agora com toda aquela guerra acontecendo.
Felix retornava para o castelo, deixando a limpeza da caça com o seu amigo, ele estava cansado de toda aquela falação em sua cabeça, ele pensava seriamente em sair dali, fugir com sua amada e viver como qualquer pessoa fora do castelo, mas ele sabia que seu pai e os outros não o deixariam em paz, aquilo poderia ser considerado traição, se eles fossem capturados, seriam executados.
Ele precisava pensar em alguma outra forma de viver sua vida com Cateline sem que os outros interferissem.
Felix suspirava profundamente, por hora, ele iria participar da reunião e ver o que aconteceria logo a seguir, como havia dito a seu pai, o Alfa, seria a última vez que ele receberia suas ordens e ficaria ao lado de Amanda, para ele aquilo já estava indo longe demais.
Cateline Fire
A humana havia ouvido boatos sobre a tal reunião, qual ela não iria participar, isso a deixava triste, ela pensava que por ter se tornado esposa de Félix seria tratada como uma Fire, mas não era isso que estava acontecendo.
Cateline queria poder se sentir bem pelo menos um dia, viver em harmonia…queria respostas de sua irmã, ver seus parentes, saber se todos estavam bem, ainda mais agora com a suposta gravidez de sua Lucinda, Cateline queria apenas poder abraçá-la fortemente.
Félix estava a evitando, Cateline havia notado, ele nunca ficava por perto, sempre haviam guardas próximos a sua porta também, isso deixava a mulher cada vez mais irritada, o'que mais a perturbava, era que mesmo passando por tudo aquilo ela ainda amava Felix, ela ainda queria ficar perto do homem, aquilo arrasava seu coração, era uma tortura que aprecia não ter fim.
Cateline decide tomar um banho, mesmo sabendo que não participaria do evento ela queria vestir algo, ela pensava que talvez aquilo pudesse ajudar um pouco seu ânimo.
Ela terminava e com a ajuda de Cristina colocava um vestido de mangas longas, sua cor era azul claro, Félix quem havia a entregado nos primeiros dias dela ali no castelo, Cateline sorria vendo o presente que havia recebido de seu marido, ela passava a mão sobre o tecido, sentindo a maciez dele, a criada pegava um casaco de pele, e o colocava sobre as costas da jovem, rapidamente Cateline sentia seu corpo esquentando e sorria.
— Está linda minha senhora, como sempre… como se sente, precisa de algo?
Cateline levava a mão na barriga e dizia se sentindo contente em saber que seu bebê estava bem.
— Não… estou bem, quero apenas que me acompanhe em uma caminhada… Preciso esticar as pernas...
— Claro, senhora.
As duas saiam do quarto, e seguiam pelo corredor, Cateline se sentia bem melhor ao sentir o vento frio e agradável, aos poucos ela se acostumava com o frio, ela descia as escadas e sorria, olhando para o jardim, haviam muitas pessoas trabalhando nos preparativos da reunião que aconteceria, pareciam animados, ela ficava feliz em ver todos bem dispostos e contentes, parecia ser algo importante para eles.
Cateline suspirava tentando se animar, e enquanto caminhava vagarosamente entre os arbustos congelados no pátio, ela vê Félix entrando pelo portão do castelo, ele estava sério e com a expressão de raiva no rosto, foi a primeira vez que Cate o viu daquela forma, imediatamente ela quis ir até ele, abraçá lo, mas ela sabia como ele estava a evitando, devia ter uma razão para tal coisa, ela então decide apenas deixar pra lá, ela vira seu rosto e segue caminho, continuando sua caminhada, ela sente seu coração apertado e tenta não chorar, em sua mente ela se forçava acreditar que logo tudo passaria.