Reino de Aftermoon
Lucinda Brown
Zebeu ficou pasmo, olhando para a jovem sem entender, ele realmente havia ouvido certo?
Ele piscava os olhos algumas vezes antes de perguntar a moça novamente, era difícil acreditar em tais palavras da Lady.
Será que as duas irmãs tinham algo que as outras mulheres não tinham, como poderia isso acontecer?
— Lady Lucinda… você pode repetir por favor?
O curandeiro falava se aproximando um pouco da jovem, para ouvi-la melhor.
— Tem… tem mais de duas semanas que não sangro…
A jovem fala desviando seu olhar enquanto gaguejava, ela não imaginava que um dia passaria por tal coisa, era vergonhoso, mas necessário.
Zebeu ficou calado por alguns segundos, pensativo.
— Peça para o cocheiro retornar, preciso pegar alguns de meus frascos ..
Ele falava sério, o curandeiro precisava a todo custo verificar o'que acontecia, se fosse real, seria a primeira vez em anos que duas mulheres ficavam grávidas em um período próximo, ele estava curioso para descobrir o que acontecia com a família Forth.
Lucinda chamava o cocheiro, lhe dando a ordem, e ele voltava rapidamente.
Assim que chegam, Zebeu vai até o seu quarto onde guardava seu material e pegava tudo que podia usar no teste, ele estava animado, com Cateline grávida o curandeiro tinha boas expectativas com Lucinda.
Ele voltava para a carruagem rápido, tentando não chamar atenção dos demais que estavam ali ao redor.
Zebeu entrava na carruagem carregando sua enorme bolsa, ali ele tinha tudo que era necessário para tirar as dúvidas da moça.
— Precisamos ir para um lugar calmo e seguro para fazermos o teste..
Lucinda ficava cada vez mais preocupada, ela estava ansiosa com o tão esperado teste, a jovem não queria que seus familiares descobrissem sem que ela estivesse certeza, o único lugar que veio a sua mente foi a estalagem de dona Ellen, a lady tinha certeza que poderia contar com a lealdade da senhora.
— Vamos para a estalagem, podemos usar um dos quartos de lá.
Zebeu concorda, e assim a ordem é dada para o cocheiro.
Eles vão até a estalagem, dona Ellen se surpreende ao ver os dois ali, era uma visita inusitada.
— Olá.. a quanto tempo não os vejo..
Ellen olhava para Lucinda e percebia o quão bem ela parecia estar, vestia lindas roupas caras e confortáveis.
— Está linda Lucinda! Estava com saudades de suas visitas.
A dona da estalagem gostava muito das jovens filhas da família Forth, ela viu as duas crescerem e também o pequeno Martin, para ela era como se fossem seus filhos.
— Também estava com saudades…
Lucinda cumprimentava a velha amiga, da mesma forma que fazia antes de virar uma nobre.
— Gostaria de pedir um quarto…
A jovem lady fala baixinho, ela queria evitar de falar a verdade, mas infelizmente não teria como.
— É complicado explicar, venha conosco por um minuto que explico melhor no quarto.
Ellen concordava preocupada, ela não entendia o porquê de tanto suspense. Ela pegou uma chave e foi com eles até o local.
Todos vão para o quarto, e Zebeu trancava a porta, antes mesmo de Lucinda explicar o que acontecia, o curandeiro tomava a frente, e falava mesmo sem a permissão da moça.
— Lucinda suspeita de uma gravidez…
Ellen assim como ele, não entendeu perfeitamente de primeira, e pede para repetir, ela franzia suas sobrancelhas curiosa.
Zebeu, mexia em sua bolsa retirando os frascos, fazendo algumas misturas que ninguém ali compreendia.
— A jovem lady… Ela acha que está grávida.. vamos confirmar com o teste agora..
O rosto de Ellen ficou branco, ela não acreditava, seria mesmo possível? outra grávida em Aftermoon? Os olhos da senhora enchiam de lágrimas, ela estava emocionada.
Lucinda ficava perdida na conversa sem conseguir responder, até que é trazida de volta a realidade com Zebeu estendendo os frascos diante dela, ela os pegou e todos viram que suas mãos estavam trêmulas.
— Está tudo bem querida… tenha fé..
Ellen se aproximava, pegando nas mãos da jovem, a confortando e dando forças, o curandeiro havia lhe dado três frascos para que ela não ficasse com dúvidas ou incertezas.
A jovem suspirava fundo e ia até o banheiro, ela estava animada, quem sabe não seria naquele momento que seu outro sonho se tornaria realidade.
No banheiro, ela tirava um pouco do exagero de tecido que havia em seu vestido, para facilitar na hora de encher os frascos.
Ela tenta não olhar muito, com medo de dar má sorte, rapidamente ela fechava os seus olhos e enchia um, dois ... os três frascos que estavam ali.
Ela sabia que poderia demorar alguns minutos, então a mulher aguardava ali mesmo, com os olhos fechados, esperançosa sobre o que viria a seguir.
Depois de contar alguns minutos enquanto orava, ela finalmente criou coragem para abrir os olhos e ver o resultado.
No início, sua primeira impressão foi de que as cores não haviam mudado, tudo estava na mesma forma de quando ela os encheu.
A lady ficou desanimada, pensando que tudo não passava de um alarme falso, já que nada havia mudado.
Até que algo começa a acontecer em um dos frascos, o líquido começava a ficar brilhante, e mudava de cor vagarosamente, se tornando rosado, o mesmo ocorre com o outro frasco tempo depois, ela sabia que aquilo significava algo, mas ela precisava ter certeza.
Lucinda tentava colocar suas roupas novamente, da mesma forma que estava para levar os frascos até o curandeiro.
O que ele suspeitava se concretiza, Lucinda estava realmente grávida, mas como aquilo podia estar acontecendo? Desde que Cateline havia engravidado, nenhuma outra mulher tinha procurado o templo por conta do mesmo motivo, agora sua irmã Lucinda também estava gestante, o que tinha na família Forth que não tinha nas outras??
— Parabéns, Lady Lucinda….
Zebeu falava pegando os frascos, ele olhava com cuidado a tonalidade fraca, aquilo significava que a gravidez era muito recente, quase imperceptível pelo teste, mas era o suficiente para confirmarem o acontecimento.
Lucinda não conseguia se controlar de emoção e chorava na mesma hora, bagunçando todo seu cabelo e roupa, Ellen que estava ali junto a eles também se emocionando, ela estava orgulhosa, a jovem não era sua filha de sangue, mas ela sentia que era de coração, ela a amava como se fosse.
— Parabéns, minha jovem..
A dona da estalagem dizia abraçando a jovem, que não conseguia controlar seus soluços ao chorar.
Lucinda queria contar ao seu marido sobre a notícia, ela sabia que ele não iria acreditar, era algo incrível, um milagre, ela não sabia como dizer a ele.
Zebeu, percebe a confusão no rosto da jovem, e decide se oferecer para ir com ela dar a notícia, assim como sua irmã Cateline, ele também se sentia responsável pela moça e pela saúde da criança que ela carregava ali.
Era seu dever como Curandeiro, proteger e ajudar, algo que ele jurou fazer enquanto vivesse..
Eles se despedem de Ellen, que ficava para trás chorando de felicidade, e seguem para o castelo, todos que viam a cena da despedida ficavam sem entender o motivo de toda aquela choradeira, mas logo, seria anunciado, e finalmente o reino ficaria feliz de novo, vendo que ainda havia esperanças, e que talvez, as coisas começassem a melhorar a partir dali.