Fazenda Forth
Curandeiro Zebeu
Após o suposto marido de contrato da jovem Cateline ter aparecido repentinamente na fazenda, Zebeu fica preocupado, seus medos aumentam ao descobrir que ele era de um local distante e desconhecido.
O velho curandeiro percebeu que o homem parecia realmente gostar da jovem, mas isso não significava nada, ele era apenas uma pessoa desconhecida, e de alguma forma, Zebeu sentia que algo nele era fora do normal.
Milenna, estava tão preocupada quanto ele, mas ela não tinha muitas opções, ela sabia que sua filha estaria em perigo se continuasse ali, eles não tinham mais recursos para aliviar sua dor.
Enquanto Félix estava ali, Milenna permaneceu firme, e tentou não demonstrar sua tristeza, ela sabia que precisava respeitar sua filha, era decisão de Cateline ir junto ao estrangeiro, e Milenna devia confiar em nela, ainda mais na situação que Cate se encontrava, ela precisava de cuidados o quanto antes.
Zebeu estava inquieto, andando de um lado para o outro, ele não sabia se deveria confiar no homem que havia levado Cateline.
— Milenna.. irei retornar a cidade por agora, preciso fazer algumas pesquisas, sinto que estou deixando passar algo…
Ele fala passando a mão em sua barba, ele queria ter certeza que estava tudo bem, agora ele precisava aguardar a carta com as coordenadas do reino de Félix para poder ir visitá-los, o curandeiro não sabia quanto tempo levaria, mas deveria estar preparado para quando a hora chegasse.
Ele se despede de Milenna e Martin, os deixando a sós, ele via no rosto da senhora Forth, que sua mente estava despedaçada, ela não sabia o que fazer, ver sua filha naquele estado e depois vê-la partindo deve ter sido algo muito doloroso para uma mãe que ama tanto seus filhos, mesmo tentando parecer forte, ela não conseguia suportar, e deixava as lágrimas rolarem.
Agora, seriam apenas Milenna e Martin na fazenda, quem os ajudaria caso precisassem ?
Antes de partir, a senhora Forth corre até Zebeu, ela carregava consigo um pedaço velho de papel, algo estava escrito.
— Por favor, se não for exagero da minha parte… poderia entregar a Lucinda no castelo? Eu gostaria de avisá-la sobre sua irmã, sei que ela iria querer saber o que está acontecendo…
Milenna estava com sua aparência esgotada, o velho se sentia mal vendo daquele jeito, ele pega o pedaço de papel, e guarda em sua bolsa que sempre carregava consigo.
— Eu irei entregar a ela… por hora, descanse um pouco…
Ele falava como um amigo, não apenas como um curandeiro, ele se importava com todos daquela família.
O falecido marido de Milenna era um grande amigo seu, ele nunca se perdoaria se deixasse a viúva e seus filhos sozinhos, ele sabia que se fosse ele ali, no mesmo lugar que ela, seu falecido amigo o ajudaria sem pensar duas vezes.
Zebeu então sai, pegando um cavalo emprestado, após algumas horas de viagem, finalmente ele chega até o enorme portão do castelo, onde entrega a carta ao guarda na entrada, ele sabia que não permitiram sua entrada, mesmo que dissesse que era emergência, ele sabia que Lucinda entraria em contato com sua mãe assim que lesse a carta, e isso o deixava menos aflito.
Ele se vira, e volta ao templo, ao chegar, e bombardeado de perguntas sobre a tal garota que havia chegado de madrugada, Zebeu sabia que ficariam curiosos, ele fez bem em tirá-la dali .
Depois de ignorar todos e dizer algumas mentiras, enfim ele consegue entrar em seu quarto onde ele pega vários dos livros que mantinha guardado, ele procura por algo que pudesse esclarecer suas dúvidas.
Ele precisava saber o que de fato estava acontecendo com Cateline.
No castelo…
Lucinda permanecia com seu cotidiano maçante, ela estava cansada de apenas tomar chá e vestir vestidos chiques, a vida no castelo era diferente do que ela tanto imaginava.
Ela estava em seu quarto, brincando com os livros de seu marido, a maioria era sobre táticas de negociação e histórias do reino, nada que a interessasse.
Alguém bate à porta do quarto e Lucinda abre animada, pensando que fosse outra das várias surpresas de seu marido.
Mas ao abrir, ela se depara com um cavaleiro.
— Lady Lucinda… isso foi deixado na entrada, está direcionado a você..
Ele fala estendendo o papel, e Lucinda pega agradecendo logo em seguida, ela fecha a porta e se joga na macia cama.
Ao desdobrar o papel e arrastar seu olhar sobre as palavras, ela arregala os olhos e se levanta no mesmo instante com um pulo.
“Querida Lucinda, aqui quem escreve é sua mãe, sua irmã infelizmente não passa bem, e foi levada por seu pretendente em busca de tratamento, escrevo a você pois sei que deve estar preocupada com ela, torço para que tenhamos notícias dela logo, lhe mandarei outra carta assim que tiver mais informações. Com amor, sua mãe Milenna.”
As frases lidas causam uma explosão na mente da jovem Lady, que quase cai ao se desequilibrar, sua irmã estava mal, e agora em outro reino, qual ninguém sabia o nome, ela fica preocupada e se sente culpada por não ter pressionado sua irmã o suficiente para saber os detalhes do tal estrangeiro, foi muita irresponsabilidade da parte dela fazer as coisas de forma oculta, às escondidas da família, mas ela sabia que Cateline apenas tentava fazer o melhor para seu filho e todos ao redor, ela tinha esse direito.
Angustiada, ela sai com passos ligeiros à procura de seu marido, ela sabia que se contasse tudo a ele, ele daria um jeito de ajudar.
Mas após procurá-lo por um certo período, ela se dá conta que ele não estava ali.
Lucinda decide perguntar a algum dos serviçais, geralmente eles sabiam de tudo que ocorria dentro do castelo, às vezes até mais coisas que os próprios nobres.
Ela vai até a cozinha, onde Dirce ficava quase sempre a maior parte do dia, ela era uma das únicas criadas com quem ela podia contar, era também uma ótima amiga.
— Dirce?! Sabe onde Joaquim foi?.. preciso falar com ele urgentemente..
Lucinda fala ofegante, de tanto caminhar pelos corredores do castelo atrás de seu amado.
A criada vê a impaciência da Lady enquanto aguardava a resposta, parecia ser realmente algo sério.
Ela limpa as mãos em seu avental enquanto fala.
— Lorde Joaquim, foi a uma reunião fora do reino, parece que estão reunindo um exército para uma futura batalha… é tudo que sei, Lady.
—Tudo bem… obrigada Dirce.
Lucinda estava com as mãos atadas, tudo que ela podia fazer ela aguardar que seu marido voltasse e rezar para que sua mãe tivesse mais informações de sua irmã, ela torcia para que sua irmã estivesse indo para um local seguro e tudo corresse bem.