Tribo Fire
Os dias se passam e Félix tenta esconder ao máximo que perdeu o colar que era de sua mãe.
Se o Alfa souber que ele o perdeu vai querer uma explicação, Félix tem certeza que perdeu quando teve a noite com a tal mulher humana.
Felix pensava em um plano de o recuperar de volta, ele queria voltar ao povoado humano em que foi preso e tentar encontrar a jovem novamente, ele precisa vê-la mais uma vez, o lobo queria conhecê-la, saber o nome de sua família, olhar mais uma vez em seus olhos para ver se irá sentir novamente o que sentiu quando a viu pela primeira vez.
O que ele sentiu pela estranha foi algo intenso, algo que ele jamais sentiu por alguém fora do seu reino, ele sabia que aquilo era errado e que os dois não podiam mais se envolver, se o seu pai descobrisse que seu único filho havia tido um caso com uma humana iria enlouquecer e exigir a morte da moça, Félix não podia deixar ninguém saber sobre aquilo, ele só precisava recuperar seu colar e ver a mulher mais uma vez, a jovem de cabelos claros e longos, corpo esbelto e olhos verde escuro… uma beleza sem igual.
Depois de pensar em seu plano por um tempo, Félix decide tomar um banho para logo poder caçar com seus amigos, eles precisam pôr à mesa essa noite, seu pai conta com ele.
Félix ajeita seu cinto em sua calça, ele sai de seu quarto caminhando ligeiramente pelos corredores chamando a todos…
— Tomás, Demetrius, Cauã, Tiago… Vamos logo.
Ele bate em cada porta os gritando novamente e os espera do lado de fora do castelo.
Ao olhar para os lados, Félix observa alegremente a neve a cair, ele ergue a mão pegando os flocos que caia, o lobo gostava muito daquela imensidão branca, muitas das vezes ele se lembrava de sua mãe, ela amava a neve, os dois brincavam muito naquela época do ano quando ele ainda era jovem, eram boas lembranças mas infelizmente lhe traziam tristeza, sua amada mãe não estava mais ali.
Ele então fecha a mão com força fazendo os flocos de neve sumirem por completo, seu olhar vai para o chão, o lobo fica cabisbaixo até escutar as vozes de seus amigos…
— Vamos, então Félix??
Seu amigo Tomas pergunta batendo em seu ombro, o lobo retorna de seus pensamentos melancólicos e responde olhando para todos.
— Vamos sim… Quero encher a mesa para todos hoje.
Todos gritam eufóricos, Félix balança a cabeça deixando escapar uma risada, todos se ajeitam e começam a seguir uma trilha antiga para a caça…
Após algumas horas, todos haviam conseguido caçar algo, cada um carregava um grande animal, eram grandes cervos, Felix e seus amigos estavam com um enorme sorriso em seus rostos, os lobos estavam contentes por terem trazido carne para todos da alcateia.
Um deles grita assim que chegam na entrada do castelo …
— Olha o que trazemos pessoal, hoje teremos bastante comida.
Cauã dá uma gargalhada e os demais o acompanham, segurando sem esforço algum os cervos mortos em seus ombros.
Félix dá um curto sorriso e diz olhando para todos.
— Vamos levar os animais para as cozinheiras prepararem.
Eles concordam assentindo e seguem Félix pelo pátio do castelo até chegar à cozinha, tudo no castelo era enorme, ali havia sido construído para suportar as grandes caças e festas que tinham no local.
Assim que colocam os cervos sobre a grande mesa da cozinha, as criadas e cozinheiras agradecem animadas pela comida, estavam todos famintos e era bom ter algo fresco para variar.
Todos se despedem e saem dali deixando as mulheres trabalharem, logo a comida estaria pronta.
Todos da tribo se reúnem no pátio do local e conversam animados sobre as reuniões que tiveram, eles sempre se reúnem e fazem fartos banquetes, isso ajudava a alcateia se manter unida, suas vestimentas na maior parte das vezes eram grandes casacos de pelagem, geralmente de suas caças, mesmo os lobos não sentindo tanto frio as fêmeas eram as que mais utilizavam vestimentas daquela forma, os homens gostavam de se exibir no frio, mostrando seus músculos e dotes, eram raros os machos que os escondiam.
O jantar fica pronto e todos comem, haviam carnes, bebidas e frutas na mesa. Após todos terminarem suas refeições algumas mulheres subiram na mesa e começaram a dançar era uma tradição após uma boa caça. Os homens olhavam admirados suas concubinas, elas chamavam a atenção de forma sensual, até mesmo Amanda, concubina de Félix, estava ali, a loba mantinha contato visual a todo momento com seu homem, querendo lhe chamar a atenção, nenhum dos homens se atreviam a olhar e a desejar, haviam regras que proibiam qualquer relação fora do contrato de relacionamento, a concubina só podia se deitar com seu par, Amanda rebolava sua cintura querendo chamar mais a atenção de seu senhor, ele então olha para a mulher se aproximando dela, a loira coloca suas mãos nos ombros do homem mordendo o lábio o seduzindo mais, todos começam a bater palmas e os homens dançam com suas esposas e concubinas .. Félix segura na mão de Amanda e começa a dançar com a mulher, ela começa então a sorrir sem parar e os dois acabam por dançar por bastante tempo ao som da melodia.
Após a noitada terminar, Amanda ainda tenta levar Félix para a cama, mas ele dá uma desculpa olhando para a mulher.
— Teremos uma reunião agora com meu pai, se não terminar muito tarde, vou até seu quarto.
A loira faz uma cara de triste, mas antes de Félix sair ele beija a testa da mulher, saindo do pátio, e indo até a sala de reuniões, logo a reunião começaria.
Após chegar na sala de reuniões, Félix olha para os lados e vê todos sérios esperando o que o Alfa irá lhes dizer, Félix se senta e por último seu pai, Diego fica um bom tempo calado até que diz com sua voz firme e grossa …
— Convoquei todos vocês aqui essa noite, porque iremos nos infiltrar no baile do Rei e dos Lordes em alguns dias, por isso, essa madrugada irei separar os grupos, um deles irei designar para buscar informações dentro do castelo, vocês irão disfarçados para vasculhar tudo, quero que virem aquele castelo de ponta cabeça, o outro grupo ficará de fora caso alguma emergência aconteça, tudo deverá ocorrer de forma discreta, nada de lutas ou ataques, por isso, procurem não se expor e usar a força, precisamos descobrir o ponto fraco daqueles malditos.
Diego se levanta visivelmente obstinado e começa a separar as equipes.
— Vocês quatro irão ficar responsáveis pela segurança do lado de fora do castelo, fiquem de olho em qualquer movimentação, vocês devem auxiliar em todo caso, evitando que imprevistos aconteçam.
Os quatro homens responderam assentindo a cabeça.
— Sim, Alfa…
— Meu filho Félix e seus amigos… Tomás, João e Fabrício… irão se infiltrar na festa… devem comprar roupas do tema do baile para ficarem de acordo, sei que vocês vão conseguir voltar com alguma novidade, eu conto com vocês.
Félix e os demais assentem com a cabeça e o alfa retorna a se sentar.
— Podem arrumar suas coisas e partirem… me enviem uma carta me contando tudo.
Assim que todos se direcionam para a porta, o pai chama seu filho.
— Félix?!
O lobo para na porta e se vira aguardando seu pai falar.
— Tome cuidado.
Diego diz ainda sentado sem nem mesmo se virar para olhar seu filho.
— Eu vou pai, não se preocupe… nós veremos em breve.
— Até mais.
O Alfa termina de se despedir e toma seu copo de vinho.
Félix sai da sala e vai para seu quarto se arrumar.
Ele agora terá uma chance de ir para Springdale, o lobo nem acredita que está finalmente retornando, agora ele poderia pôr em prática seus planos.
O Alfa realmente confiava em seu filho, Félix precisava descobrir algo valioso nesse baile, o lobo queria mostrar ao pai suas habilidades e capacidades.
Félix sorri confiante e vai rápido para seu quarto começar a arrumar suas coisas para a viagem, ele tinha muitas coisas a fazer, o lobo precisava recuperar seu colar e ver a mulher misteriosa novamente, ela não saia de sua cabeça.