Família Forth...
Após receberem a carta do Lorde Sírio, Lucinda age como se houvesse um milagre acontecendo.
Todos voltam para dentro de casa, sem acreditar ainda.
Milenna, mãe das garotas, sem saber o que fazer pensa em ir ao povoado para ver o que realmente está acontecendo, talvez conseguisse saber se outras garotas haviam recebido aquela carta.
Ela estava muito feliz pelas garotas, porém um pouco preocupada.
Cateline, não estava animada como sua irmã, há ideia de se casar com alguém apenas para ter filhos não a agradava, não haveria amor em seu casamento e teriam muitas outras mulheres envolvidas pois era comum que os lordes tivessem uma única esposa Real, e várias concubinas.
Os filhos do Lorde Sirio ainda não haviam se casado, eles estavam em busca de uma esposa oficial também, Lucinda estava de olho em Helton a muito tempo, ele era o filho mais velho do Lorde e também o próximo a suceder o reino.
— Não acredito! Eu fui convidada para ir até o palácio! Finalmente poderei sair daqui e morar lá… ser esposa de Helton.
Lucinda estava mais animada que nunca, o sorriso não saia de seu rosto, ela dançava e saltitava enquanto imaginava como seria o baile de seleção.
— Irmã… é bom você não ficar com expectativas muito altas sobre o casamento real, tenho certeza que eles irão escolher a filha de algum Lorde ou alguém com status alto, acredito que se formos escolhidas será apenas para concubinas..
Cateline fala a sua irmã tentando trazê-la para a realidade, mas ela já estava sonhando alto demais e nada a traria de volta ou colocaria seus pés no chão.
— Vire sua boca pra lá Cate! Pare de ficar tentando estragar as minhas coisas, dessa vez irá dar certo! Irei fazer o vestido mais lindo que esse reino já viu, e terei os olhos de Helton só para mim…
Lucinda responde estressada, pode-se ver que ela estava séria sobre isso.
Cateline então prefere deixar sua irmã no mundo dos sonhos, e voltar a fazer suas tarefas.
Ela não estava nem um pouco com vontade de ir até aquele baile, ela queria apenas ignorá-lo, talvez fingir que estava doente e evitar de ir até lá, mas ela sabia que poderiam haver consequências se ela não fosse, como é uma convocação real ela não poderia deixar de ir.
— Garotas, irei até o povoado para ver o que está acontecendo e irei levar Martin comigo.
Milenna, parecia pensativa enquanto falava, Lucinda ficou eufórica querendo ir junto a ela.
— Mãe! Eu também irei, preciso comprar materiais para o meu vestido!
— Você precisa ajudar a sua irmã, você pode ir lá depois, eu tenho que resolver algumas coisas importantes hoje!
Milenna fala seria, ela entendia a animação de sua filha mas ela tinha que ter certeza sobre o acontecimento que teria no palácio no próximo mês, suas filhas eram o seu bem mais precioso e ela não as entregaria para qualquer pessoa para que fossem usadas, não é como se ela pudesse se opor contra o Lorde Sírio, mas ela pelo menos queria saber o máximo possível de como as coisas iriam ocorrer.
Milenna então sai junto a Martin, ela aproveita a viagem para arrumar alguns itens e talvez vender, é importante aproveitar o tempo e tentar ganhar alguns trocados.
Lucinda e Cateline se despedem indo continuar seus afazeres, como haviam praticamente vendido tudo na noite da festa, não tinham mais mercadorias para entregar, precisavam produzir muitas coisas.
Elas se vão até o pequeno armazém que ficava perto da cozinha onde continha os materiais para fazer os doces e algumas massas.
Cateline tenta focar em suas tarefas, mas sua irmã está fora de si, distraída pensando apenas no que fará quando virar uma Lady.
— Luci.. por favor! precisamos terminar logo as encomendas ou nossa mãe ira ficar brava quando voltar..
Cateline tenta chamar atenção da irmã, mas não surte efeito algum.
Não demora muito e Lucinda sai dali, com desculpas de arrumar algumas de suas coisas em seu quarto, deixando Cateline sozinha, trabalhando.
Sem ter muita opção, ela apenas faz o que precisa ser feito, no ritmo que consegue, pensando em como explicar a sua mãe o porquê de não terem terminado os pedidos.
Se passam algumas horas e após trabalhar tanto é hora do almoço, Cateline arruma algo simples para comer, um pequeno sanduíche com pão velho, manteiga , carne do dia anterior e um pedaço pequeno de queijo.
Após algumas horas bem trabalhadas, um bom lanche para reforçar.
Sua irmã não está ali, nem em seu quarto, Cateline teme que ela tenha saído escondido até o povoado, mas infelizmente ela não pode sair dali para procurá-la, e deixar a casa só.
— Não acredito, Luci….
Cateline procura resmungando pela fazenda e pela casa, mas nada de sua irmã, ela decide então esperar até entardecer por completo e caso ela não parecesse avisaria sua mãe.
Lucinda era sempre assim, agia por impulso na maioria das vezes e quase sempre se metia em problemas, por sorte tinha sua mãe e irmã para protegê-la, infelizmente ela não as teria para sempre então ela precisava amadurecer o quanto antes.
O tempo passa e logo sua mãe chega com seu irmão mais novo do povoado, ela decide avisar sobre o dia, e como sua irmã havia ficado sumida.
— Querida… sua irmã está bem, acabou aparecendo em Springdale um tempo depois de chegarmos, ela disse que ficaria por lá até organizar alguns materiais… desculpe por ter a deixado sozinha com todos esses afazeres..
Milenna fala tentando acalmar Cateline, que já não sabia onde sua irmã estava, dava para ver a falta de paciência estampada em seu rosto.
— Ainda não acredito que ela está fazendo essas coisas.. pensei que estaríamos juntas e passariamos por tudo unidas… sua paixão por Helton sempre toma a frente de tudo…
Cateline fala desanimada, sua irmã era sua única amiga e sempre que o assunto era o filho mais velho do Lorde ela ficava incompreensível, suas ações se tornavam outras assim como seu temperamento.
— Não fique assim, logo sua irmã voltará ao normal, ela só está feliz demais por realizar um sonho bobo… não leve suas birras a sério..
Milenna fala passando as mãos nas costas de sua filha e as duas logo entram para terminar algumas das encomendas rezando para que sua irmã voltasse bem e logo.
Enquanto terminavam de embalar algumas coisas, Milenna fala sobre o que conseguiu descobrir com seus amigos no povoado.
— Fui até a estalagem de Dona Ellen, ela lhe mandou um abraço… descobri que alguns dos hóspedes que passaram por lá falavam muito sobre um prisioneiro que fugiu na noite da festa…
Cateline para por um instante, tentando ouvir melhor.
— Falaram que os soldados assim como os filhos do Lorde foram até o reino de Wisdy pessoalmente, e sequestraram o filho do monstro que vive lá, o amarraram e amordaçaram, porém a besta era muito forte e antes de chegar na prisão do palácio para ser interrogado ele fugiu, agora procuram por ele nas cidades e vilas próximas..
Milenna dizia assombrada com medo da tal besta estar por perto de sua fazendo.
Cateline fica preocupada, ela nunca havia visto como eram esses seres de Wisdy e temia por uma guerra no futuro.
Milenna fala quase baixinho, como se tivesse medo que o monstro a escutasse e logo para de falar ao se assustar com a voz de Cateline falando.
— Está falando que uma das bestas de Wisdy estão por aqui? temos que tomar cuidado com esses animais, dizem que eles são feras anormais que matam tudo que veem pela frente..
Cateline fica cada vez mais preocupada, ela nunca havia visto tais seres, apenas tinha ouvido alguns rumores e cada um mais terrível e tenebroso que o outro, para ela, eles eram monstros sanguinários que rasgavam as pessoas com sua enormes garras e comiam de suas carnes, pelo menos era isso que todos falavam.
Sua mãe, Milenna, corre até um armário próximo batendo nele três vezes, como na superstição para afastar o mal agouro.
— Não diga tais coisas, menina! Credo! Me dá calafrios só de lhe ouvir ..
Milenna passa suas mãos em seus braços tentando acalmar seus pelos arrepiados.
— De qualquer forma vamos tomar cuidado, qualquer coisa avisaremos aos guardas do Lorde, espero que achem o monstro logo..
Milenna termina de falar, olhando ao redor ainda com medo.
O dia passa e termina e sua irmã ainda não retorna, Milenna sabe que sua filha está provavelmente da estalagem de Ellen, então não se preocupa muito, mesmo com o boato do monstro solto pelas redondezas ela sabia que Lucinda não seria louca de sair no escuro sozinha.
A noite cai e todos se ajeitam para dormir, Cateline vai até seu quarto e coloca sua camisola, o colar que ela havia achado está sempre consigo, como um amuleto de proteção, de alguma forma ela sabe que ele a levará até seu dono uma hora ou outra.
Ela dorme agarrada a ele tendo um lindo sonho, onde ela estava deitada com aquele mesmo homem, trocando carícias com suas mãos passando pelo seu corpo como se não houvesse limites para eles.
Seu maravilhoso sonho é interrompido por um barulho alto que arrasta sua consciência para de volta a realidade, era o som do amanhecer, o barulho dos galos e das aves junto a sua mãe gritando para que ela acordasse.
Sua irmã Lucinda acabara de chegar e havia trazido algumas coisas para ela.
A cada dia se aproximava mais o momento da seleção de concubinas, e Cateline não sabia o que fazer para se livrar daquele fardo, era a última coisa que ela queria em sua vida, mas o que ela deveria fazer para se livrar daquilo?