Eu só conseguia sentir o impacto do meu corpo em cada degrau, mas quando cheguei ao fim da escada, a pancada da batida minha cabeça foi forte o suficiente para que eu ficasse tonta, e minhas vistas se escureceram, eu só escutava vozes ao meu redor, gritos e nada mais.
A dor que eu sentia era tão grande que me deixou em completo torpor, meus braços não se moviam de forma alguma e eu queria tocar a minha barriga, saber que meus pequenos estavam bem, que tudo ficaria bem. Mas nem aquilo eu podia, minha voz não saia e minha consciência estava quase no fim.
— Sam? — escutei a voz de alguém me chamar, mas estava tão distante, meu corpo começava a flutuar.

— Oh, meu Deus! É a Sam mesmo. — outra pessoa gritava.
Senti mãos geladas me tocando e não conseguia definir quem era, forcei meus olhos mas eles não se abriam, eu só queria chorar e gritar.
— Alguém chama a ambulância —escuto uma voz feminina— Não Jordan, não movimente ela, é perigoso.— escuto uma voz familiar e tento me mexer.
— Ela não pode ficar assim, olha pra ela, olha pra ela porra! — escuto a voz e a reconheço imediatamente.
— Jordan.— minha voz saiu fracamente.
— Sam? Sam, está me ouvindo?— ele diz e forço ao máximo para me mexer, mas é em vão.

— Sim.— desta vez sinto uma dor forte me consumir e solto um gemido.
— Que droga Sam, fica parada por favor. Emma ligou para a ambulância, por favor fique parada.— ele diz e solto um soluço, sei que as lágrimas estão descendo, e a dor só está aumentando.
— Dói.Muito.— falo pausadamente.
— Eu sei meu amor, aguenta só mais um pouquinho.— sinto seus lábios em minha bochecha.

— Jessica.Lá em cima.— falo antes de perder as forças.
— Jessica? Como?— não consigo responder mais, porque logo em seguida apagou.
Meu corpo está sendo chacoalhado de um lado para o outro, escuto o barulho de sirene. Tudo em mim dói e eu não consigo sentir meus bebês se moverem, em um ato de desespero, tento levantar meu braço e acabo gritando, devido ao movimento.
— Tente não se mexer Samantha, você quebrou o braço durante a queda. — ouço alguém dizer.
Meus olhos se abrem com dificuldade, e tento olhar ao redor. Percebo que estou dentro da ambulância e tem um paramédico comigo, assim como Jordan que ao ver que estou o olhando, se ajoelha ao meu lado e toca em meu rosto.
Seus olhos estão vermelhos e ele não me diz nada, apenas me observa enquanto acaricia meu rosto. Ele suspira fundo, e abaixa a cabeça, vejo seu corpo tremer e em seguida Jordan começa a chorar como um bebê, o tempo todo ele pede desculpas, se lamenta por algo e não entendo o que ele quer dizer com isso.
— Prometo que tudo vai ficar bem agora, eu prometo.— ele me diz e novamente sinto que iria apagar.
Horas depois
Estou deitada e bem quentinha, isso posso perceber mas não consigo me mexer. Escuto barulho dos aparelhos ao meu redor, mas sinto que estou distante de tudo. Aperto os olhos, e como força consigo abri-los, porém me assustei ao me ver deitada em cima de uma maca.
Olho para meu corpo, e ele está cheio de aparelhos, meu braços está engessado e minha perna está suspensa e também tem gesso nela. O que houve comigo? Escuto o barulho da porta abrindo e ao olhar na direção dela, vejo Jordan entrar cabisbaixo. Sorrio ao vê-lo e o tento tocar, mas minha mão passa por ele, uma angústia toma conta de mim naquele momento e o sigo.
Meu marido senta-se ao lado da maca onde estou, e segura em minha mão. E sinto o seu toque daqui onde estou, meu peito dói e me aproximo dele, ficando ao seu lado.
— Estou muito irritado com Samantha, estou frustrado e você aqui não ajuda.— ele suspira e passa a mão livre pelo rosto.
— Jordan, eu estou aqui.— falo e ele não me ouve.
— Não vou conseguir passar por isso sem você, e é tudo culpa minha —ele funga— Se eu tivesse cedido ao que sentia por você, se eu não tivesse dado lugar a uma birra infantil, tudo seria diferente. Eu sinto muito meu amor.— Jordan chorava tanto, que fazia meu peito doer, como eu iria o ajudar daquela forma? Meu corpo estava ali parado, somente uma casca parada, enquanto eu mesma estava distante.
— Está tudo bem meu amor, não tinha como você saber.— falo e me ajoelho ao seu lado, ele soluça.
— Quando você acordar, tudo será diferente. Nunca mais irei fazer com que sofra, nem você e nem nossos filhos.— e foi ali que me levantei rapidamente e olhei para meu corpo.
Minha barriga havia sumido, olho para mim mesma e não existe mais nada ali. O que aconteceu? Onde estão meus bebês? Meu coração se acelera, e escuto os bipes do aparelho aumentarem, Jordan se assusta e levanta rapidamente, olhando para o aparelho. Meu corpo começa a tremer, e eu não sei o que está havendo comigo. Algo me puxa para frente, enquanto luta para permanecer ali, algumas pessoas passam correndo através de mim, e afastam meu marido de onde meu corpo está.
Jordan grita desesperado e tenta me aproximar dele e não consigo.
— Jordan!— grito e ele não me ouve, tento me aproximar e como num sopro, sou lançada para trás.
Sinto um choque em meu peito e solto uma lufada de ar, abrindo os olhos em seguida com certa dificuldade devido a claridade. Olho para o lado, e uma médica coloca uma lanterninha em meu olhos, analisando. Não consigo entender nada, procuro por Jordan e ele corre até mim, beijando-me.
— Ah, Sam! Graças a Deus.— ele diz e distribui beijos por meu rosto.
— Cadê.Meus bebês.— falo baixinho e ele balança a cabeça.
— Preciso que você se recupere primeiro, depois levaremos você até o bebê Samantha.— escuto a voz de Dr. Ethan, como ele chegou aqui? Olho para Jordan, ainda sem conseguir falar direito.
— Ele tem razão Sam, primeiro se recupere. Eles precisam de você forte nesse momento.— ele diz e desvia o olhar.
O que ele quis dizer com aquilo? O que aconteceu com meus filhos, meu coração se aperta naquele momento e me sinto terrivelmente devastada.