Capítulo 8
2504palavras
2023-03-06 10:30
O Casamento
Samantha Pov's
Uma semana e meia antes

— Não adianta fugir de mim Samantha, você querendo ou não, irá sim se casar com aquele rapaz.— meu pai dizia ao me seguir pelo extenso corredor da casa.
— Já disse que não vou me casar com ele, e nem com ninguém! Posso muito bem criar meu filho sozinha, não preciso de ninguém.- gritei.
— Isso é o que vamos ver, aliás, neste momento estou indo até a casa de Jeremy para organizarmos essa união. Então querendo ou não, você, ele... os dois irão sim, se casar.— ele disse sério, porém com um sorrisinho escondido de canto.
— Você não pode me obrigar há fazer isso, eu não sinto nada por ele... Droga papai, eu não o amo!— gritei e deixei algumas lágrimas caírem. Papai aproximou-se de mim e acariciou meu rosto.
— Querida, você tinha que pensar nisso quando teve relação com aquele garoto. Eu te amo minha filha, mas acho que é o certo há se fazer neste momento, está criança irá precisar de um pai presente em sua vida e...— o interrompi.
— Estamos em pleno século 21, essa coisa de casamento quando uma garota "perde" a inocência não existe mais, e o mundo agora é outro, as mulheres estão mais independentes agora e até criam seus filhos sozinhas.— falei.

— Filha minha não, filha minha se casa e ponto final... Sam, pense em como esse casamento será importante para nossa família, na verdade para ambas. Jeremy e eu poderíamos juntar as empresas, e vocês herdarão tudo.— ele disse com um brilho nos olhos.
— Então é isso? É pelo dinheiro pai? Oh meu Deus, nunca pensei que você chegaria há esse ponto.— falei.
— Pense querida, pelo menos depois que o bebê nascer, vocês podem se separar. Vai ser bom para todos.— diz ele. Balanço a cabeça e saio dali sem olhar pra trás.
Seis dias antes do casamento

— Já se decidiu?— pergunta Becca.
— Já.— falo.
— E então? Vai aceitar?— diz ela e rapidamente seco uma lágrima fujona.
— Eu não queria, mas vou.— digo.
— Amiga, não fica assim. Vai ser bom para todos vocês.— diz ela ao abraçar-me.
— Estou pouco ligando para isso Becca, só irei fazer isso por causa desta criança. Quero que papai, Jeremy, Sean e Jordan se ferrem.— falei entre dentes.
— Eu entendo Sam e, sabe que pode contar comigo sempre.— fala ela.
— Sei disso. Rebecca, isso vai ser muito difícil. Sabe, me casar, ter um bebê. Estou confusa, muito confusa.— confesso e recebo um outro abraço.
— Vai ficar tudo bem, você vai ver...— sussurra ela.
Realmente é o que espero, que tudo fique bem...
Dois dias antes
Durante estás quase duas semanas que se passaram, tudo tem sido uma completa correria por causa do maldito casamento. Suzan tem sido uma mãe para mim, paparica-me praticamente o tempo todo e, quando não nos vemos ela sempre liga, ela é um amor, igualmente a filha Emma, uma pessoa de instinto forte e determinada, ela tem 23 anos, mas ás vezes demonstra ter menos. Becca tem estado presente em tudo, assim como havia prometido, não sei o que seria de mim sem ela. Bom, Sean e ela continuam na mesma, sempre que o vê ela se afasta, não dá chance para ele e posso dizer que no lugar dela, eu faria a mesma coisa. Ser magoada por quem se ama é algo insuportável... Papai e Jeremy vivem para organizar a papelada do casamento as pressas por que não queriam que mostrasse a barriga, e vivem para negócios. Louise não está aqui participando de tudo, ela está fora dos Estados Unidos, segundo ela, problemas familiares, mas desejou tudo de bom em minha vida mesmo tendo ficado chateada por eu ter escondido no início. Enfim, Jordan e eu somos os únicos que não se encontram contentes com toda essa situação. Nos vimos poucas vezes, desde que aceitei a proposta rápida que nossos pais fizeram, ele sempre me trata de forma fria, me ignora como se eu tivesse a plena culpa de tudo isso sozinha, isso me deixa magoada, mas o trato da mesma forma, não quero que ele note o quanto suas atitudes me atingem. Realmente ele não é quem eu pensava que fosse, quando nos "conhecemos" ele foi tão legal, e ainda tentou sair mais vezes comigo, eu é que nunca fui atrás dele. Não sei o que fazer...
Dia do casamento
E aqui estou eu, dentro de um carro, vulgo limusine, esperando para que dêem o sinal para eu entrar dentro da igreja. Se fosse por mim, casaria somente no cívil e sem festa nenhuma, mas quem manda nessa droga toda não sou eu, mesmo sendo meu casamento "forçado".
Faltam poucos minutos e logo meu pai abrirá á porta para mim, e me levará até ao altar e assim, serei entregue ao homem que mesmo sendo o pai do meu filho, não é quem eu amo. Nem deveria me importar, na verdade não amo ninguém no momento sem ser esse pequeno ser dentro de mim, minha família e minha amiga, mesmo alguns deles não sendo merecedores. Eu deveria ter sido mais dura ao invés de ter aceitado de cara transar com ele, agora terei que aguentar toda essa situação por longos meses, ter que suportar uma gravidez, e um cara que não gostava nem um pouco de mim e agora me odeia por eu simplesmente ter "estragado" a vida dele, como ele mesmo já me disse dias atrás. Okay, como se ele não tivesse cooperado com essa situação também.
— Está na hora filha.— diz papai, despertando-me de meus pensamentos ao abrir a porta do carro. Apenas assenti e segurei em sua mão estendida para mim.
Fechei os olhos e pedi ajuda para quem quer que estivesse me ouvindo. Pedi ajuda a mamãe, sei que em algum lugar nesse imenso céu ela olha por mim, mas, eu só queria ela aqui do meu lado dizendo que tudo daria certo, que esse casamento iria dar certo ou então ela não apoiando essa loucura toda e me ajudando cuidar dessa criança.
— Está pronta querida?— perguntou papai e só então notei que estávamos já na entrada da igreja e todos os convidados nos olhavam.
— Não, mas vai dar certo. Vamos?— falei ao forçar um sorriso e assim entramos ao som do toque de núpcias.
Mantive meu olhar baixo durante algum tempo, mas assim que levantei, observei o rosto dele. Não havia nenhuma emoção, ele não demonstrava nada e apenas me encarava fixamente e aquele olhar estava me sufocando como se ele dissesse: "Você não sabe o que te espera" e sim, eu estava assustada pra caramba.
Quando meu pai entregou-me para ele, senti um aperto no coração e uma vontade de chorar atingiu-me em cheio, mas aguentei firme e ajoelhei-me de frente para o Pastor.
Enquanto Suzan, Emma, Papai e Jeremy estavam animados com aquela cerimônia matrimonial, eu via tudo ao contrário, via uma cerimônia fúnebre em que Jordan seria o assassino e eu estava ali sendo velada. Okay posso estar exagerando um pouco, mas se não fosse pelo bebê e por meu pai que não parou um minuto, eu não estaria casando com quem não quero.
Isso não foi o que planejei pra mim, nada disso foi.
No momento em que o Pastor perguntou se eu aceitava Jordan como meu marido, congelei nos primeiros segundos e ao olhar pra Becca que era minha madrinha, ela mostrou um sorriso, aquele sorriso quando quer me transmitir força. Fechei os olhos e respirei fundo, em seguida olhei novamente para o Padre.
— Sim.— falei e ouvi ele respirar fundo.
— Jordan Mark Brenner, aceita Samantha Elena Pierce como sua legítima esposa, para ama-la e respeita-la, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza até que á morte os separe?— disse o Pastor.
— Tanto faz...— ele sussurrou, porém eu ouvi.
— O que meu jovem? Pode repetir?— disse o senhor de terno.
— Eu aceito.— falou Brenner e pude ver o contentamento de nossos pais.
— Então eu vos declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva.— juro que por alguns segundos, meu coração parou de bater.
Eu não queria beijar ele.
Não agora ou melhor, nunca mais.
Fiquei de frente pra ele e encarei seus olhos castanhos, eles estavam frios, ele estava sério demais. Mordi meu lábio inferior e ele transferiu seu olhar para minha boca, e então se aproximou, passando uma de suas mãos em minha nuca. Eu estava tão perdida que só depois notei seus lábios nos meus, e pelo o que recordo, eles continuam os mesmos.
Quentes e macios.
Só despertei quando palmas foram ouvidas e Jordan puxava-me altar a fora. Assim que colocamos os pés do lado de fora, fomos recebidos com "chuva" de arroz e por um momento, um único momento, eu desejei que aquele casamento fosse real e que estávamos apaixonados um pelo outro.
[...]
Durante toda a festa conversamos com os convidados, agradecemos por eles terem participado de nossa linda união. Quando os músicos começaram á tocar, fomos praticamente obrigados há ir para o meio do salão e dançarmos, e bom, assim fizemos e dançamos por uns cinco minutos.
— Nem pense que esse casamento será um mar de rosas.— sussurrou ele enquanto me rodava.
— Não estou esperando nada disto, sei que você não vai dar conta mesmo.— falei provocativa, no mesmo tom que ele.
— O que quer dizer com isso?— perguntou olhando-me nos olhos, só que no mesmo instante, Sean me puxou pela mão e começou a dançar comigo.
— Desculpa por isso.— ele disse.
— Sean esquece.— falei.
— Não tem como, eu juro que não era isso que eu queria, eu só...— o cortei.
— Eu sei meu irmão, não te culpo por isso por que a culpa na verdade é toda minha, deveria ter me prevenido.— sorri de lado.
— Mas se eu não tivesse surtado com você ou ter falado daquele jeito com a Becca...— ele tava mal, Sean pode ser um ogro quando quer, mas ele quando sente algo é sensível.
— Sean, estou bem. Me casei, vou ser mãe e serei feliz então fica tranquilo e quanto a Becca, sei que logo vocês vão se acertar. Demonstre que você se arrependeu e vai ver...— tento convencê-lo e até convencer a mim mesma de que eu possa ser feliz.
— Te amo maninha!— ele diz e dou-lhe um abraço, recebi um beijo no topo da cabeça.
— Te amo maninho.— falei com a voz embargada.
Dancei com papai, Jeremy e com mais alguns convidados, e agora já troquei de roupa e fui me despedir da minha família para ir para o apartamento onde Jordan e eu iremos morar.
— A noiva mais linda da minha vida, vai me deixar.— Becca diz durante o abraço.
— Larga de ser boba, logo nos veremos.— falei.
— Ai amiga, promete que vai ficar bem?— pergunta ela.
— Prometo Rebecca e você promete conversar com o Sean?— falei e ela revirou os olhos.
— Sam, já falamos sobre isso eu...— a interrompi.
— Ele tá mal, assim como você Bec's! Sean é bruto quando quer, mas te ama.— confesso e vejo os olhos dela brilhar.
— Sam, o Sean me magoou e... Droga, amo ele demais.— choramingou ela e a abracei.
— Só deixe ele de molho mais um pouquinho, faz um charme e o resto você sabe.— falei e ela riu.
— Seguirei suas dicas, mas enfim, acho bom você ir por que seu marido-gostoso está te esperando.— avisou ela e acabei por revirar os olhos e olhei em direção do meu querido marido e ele estava lá esperando impaciente.
— Beleza, então até breve.— falei e Becca beijou meu rosto.
— Vê se aproveita enquanto tem um gato desses dentro de casa.— sussurrou minha amiga.
— Até parece.— falei e sai de perto dela indo até Jordan, que me aguardava.
Pra ser sincera, eu estou completamente nervosa com isso, ou melhor, essa coisa de apartamento, ele e eu, sozinhos. Não levando para o lado malicioso é claro, falo em questão de desentendimento e tudo mais, ele e eu com certeza teremos problemas, vejo isso só de olhar pra ele neste exato momento.
Dentro do carro ele não trocou nenhuma palavra comigo, me ignorou por completo e quer saber... não estou nem ai pra isso.
Até chegar ao nosso apartamento, gastamos uns 40 minutos, o que foi entediante e quando chegamos, ele nem sequer teve a simpatia de abrir a porta, revirei os olhos com sua atitude e fomos para o elevador do estacionamento e o mesmo clima continuava.
Pelo menos o prédio era bacana, e o apê era na cobertura, assim que entramos fiquei boquiaberta, por que estava tudo mobiliado, andei por todo o resto do apartamento e tava tudo em ordem. Quando decido voltar pra sala vejo Jordan com outra roupa e mexendo no celular, o encaro confusa.
— O que foi?— ele pergunta ao notar que estava o observando.
— Você vai sair?— falo confusa.
— É, vou numa festa ai.— diz ele tranquilo.
— Sério isso? acabamos de nos casar Jordan, você não pode fazer isso.— falo como se fosse o óbvio.
— Fala sério garota, esse casamento é uma fachada e com toda certeza eu posso fazer isso.— ele fala indo em direção á porta.
— Eu sei disso, mas porra eu estou grávida e mesmo esse casamento sendo uma merda, acho que pelo menos hoje você deveria respeitar isso.— falo irritada.
— Se toca Samantha, não fique achando que teremos um relacionamento como qualquer outro, e ainda mais com esse pirralho que você carrega ai dentro. Não espere que eu seja um bom marido, por que não serei, por que nem foder você eu quero, e nem espere em eu ser um bom pai, pois não nasci pra isso, na verdade nasci sim, mas não para ser pai do seu filho.— ele disse cada palavra com ódio, e tive muita vontade de chorar, mas não faria isso ali na frente dele, eu não me importava se ele não quisesse ser um marido pra mim ou foder comigo como ele disse, o que machucou foi o modo que ele falou do meu filho, do nosso filho como se esse bebê fosse um bastardo e uma reação ruim.
— Nunca mais fale isso dele 'tá ouvindo?! Essa criança não tem culpa da nossa falta de responsabilidade Jordan, por favor não volte á dizer isso.— falei entre dentes e ele me olhou irônico.
— Se fode garota, você e essa criança ai.— e então ele bateu a porta contudo, me deixando sem nenhuma reação.
E não demorou nem três segundos para eu desabar, chorei como na época que minha mãe morreu, aquela dor estava de volta em meu coração, mais uma vez. Aquele vazio se fez presente e aquela sensação de que dali em diante minha vida se tornaria um inferno me invade com tudo.