Capítulo 73
1084palavras
2023-04-07 21:49
Bianca ficou olhando horrorizada para a taça quebrada. Ela esperava uma reação ruim, mas que ela conseguiria controlar. Violência não estava no esperado e ela tinha medo de falar e ele acabar agredindo ela. Mas não estava preparada para o que veio a seguir.
- Você. Isso tudo é culpa sua. - Gustavo chegou muito perto dela e apontou o dedo em sua cara - Você é a maior desgraça da minha vida. Se não tivesse deixado você se aproximar de Aisha pra suprir as necessidades emocionais por falta de mãe, você não colocaria idéias libertinas na cabeça dela.
- Como é?
- Isso mesmo. Você acha que tudo se resolve com sexo, e você pode trepar com quem quiser que não me importo. Mas não pode colocar essas idéias obscenas na cabeça da minha filha de 16 anos.
- Não estou entendo do que você está me acusando.
- Estou afirmando que você trepa com todo e qualquer desconhecido num bar. E isso é problema seu. Mas a Aisha é uma menina e não vai ser igual a você!
- Agora entendi. Está me chamando de vadia.
Gustavo foi acertado em cheio pelas palavras dela. Na mesma hora de sentiu culpado, quando abriu a boca para se desculpar, Bianca se agigantou, de uma forma que ele nunca tinha visto
- Olha aqui, senhor Gustavo. Aguentei calada, em cima do salto, tudo o que você me causou. Mas eu também sei andar descalça, seu filho da püta. - Gustavo meio que se encolheu, ela nunca gritou. Nunca, em nenhum momento, viu Bianca descontrolada, sair da compostura - Pois eu sou vadia mesmo! Queria isso? Que eu admitisse? Eu admito. Sou uma vadia que sai pegando homens que nunca vi e nunca vou voltar a ver nas baladas. E levo pra minha suíte no hotel. Sabe de qual suíte estou falando? Sim, você sabe. Porque foi lá que VOCE me fez vadia. Foi nessa suíte que você me mostrou o caminho do sexo e depois pediu pra eu não estragar seu casamento. Obrigada por ter me ensinado a ser uma vadia, obrigada por ter me mostrado que eu posso sair comendo qualquer um por aí sem compromisso ou me apegar. Qual é? Machismo agora? Você, o Justin, até o santo Lorenzo podem fazer isso e são os garanhões? Se eu fizer o mesmo, sou vadia? Pois tenho uma coisinha pra te contar, seu calhorda: sou adepta a igualdade de gênero. Se eu posso trabalhar pra pôr comida na mesa, se eu posso assumir responsabilidades ditas como de homens, também posso pegar homens no bar, ter uma boa sessão de sexo e não ligar no dia seguinte.
- Bianca, eu...
- Cale a boca. Fique aí caladinho e ouça tudo o que tenho pra te falar. Porque isso aqui não é sobre mim ou você. Eu sou vadia, você é canalha e foda-se. Acho que já pagamos tudo por sermos assim. E não adianta discutirmos o que aconteceu. O que está feito, tá feito. Cada um com sua dor, mas eu quero que nossa história vá pra casa do carälho. Porque o que está em discussão aqui é nossa filha. NOSSA, Gustavo. Nossa filha, porque há muito tempo você jogou pra mim a responsabilidade de criar Aisha como uma mãe responsável e jogou a mãe dela pra escanteio. Nossa, porque é em mim que ela procura a figura materna. Nossa, porque foi a mim que ela procurou pra ter essa conversa. E você vê o que está acontecendo aqui? O porque de ela ter me procurado? Porque você é um machista, retrógrado, com a mente fechada que acha que mulher que não tranca o periquito até o casamento é uma vadia. Mas por sorte, NOSSA filha é uma menina centrada que me procurou pra ter essa conversa, porque se dependesse de você, ia ser como a Mariane que saiu dando pra um e pra outro, se arriscando a ficar grávida ou pegar uma doença venérea.
Quando terminou de falar, os dois telefones tocaram juntos. Era uma mensagem de Aisha:
"Ficamos aqui até vocês começarem a gritar. Isso é bom. Estávamos contando com isso. A idéia foi da nona, não me culpem. Vocês precisavam de um tempo a sós, e gritar mostra que ainda são apaixonados. A casa está totalmente trancada e as chaves da Bianca comigo. A noite Amélia e eu voltamos pra soltar vocês, e esperamos que tenham se resolvido. Podem gritar a vontade que dispensamos todos os empregados, mas eu espero que vocês resolvam de outro jeito, se é que me entendem. Pela qualidade dos gritos, a tensão sexual de vocês está nas alturas. Fiquem bem.
PS: eu ainda vou transar com o PH, só pra saberem"
Bianca ficou totalmente descompensada quando acabou de ler, mas Gustavo começou a gargalhar, de lágrimas correrem. Bianca olhou pra ele com ódio, que se acalmou pra dizer:
- Patéticos. É isso que somos. Patéticos. Deixamos uma adolescente nos enganar duas vezes, pra nos obrigar a conversar.
- Conversar, não. Transar. - E Bianca começou a rir com ele.
- Não vamos dar o gostinho da armação deles dar certo. Eles tem que parar de se meter em nossas vidas.
- Concordo. Sem gritos. Vamos conversar sobre a situação, pois apesar de ela ter usado isso para armar pra nós, deixou bem claro que não mudou de idéia.
- Não dá, Bianca. Pensa pra mim como pai imaginar minha única filha fazendo sexo!
- Todo bom consumidor, vira fornecedor. Leve isso numa boa. Entenda que ela não quer fazer sexo desregrado e inseguro por aí. Ela quer iniciar sua vida sexual com o namorado de mais de dois anos que mudou de país atrás dela e depois voltou. E ela não está pedindo nosso consentimento. Lembre-se do que conversamos no avião: meu corpo, minhas regras. Isso serve pro selo da Aisha tanto quanto para mim. Nunca mais mencione minha vida sexual pois você abriu mão de fazer parte dela. Quanto a Aisha, ela decidiu que não que mais ser virgem e essa é a regra que impôs para o próprio corpo. Se a proibimos ou ensinamos que é errado, ela não vai mais confiar na gente e nem procurar nosso apoio pra nada. E se entrar nesse saruê sem apoio, pode acabar sofrendo mais do que deveria.
- Você está dizendo pra eu deixar PH colocar aquelas grandes mãos negras no corpinho delicado da minha filha?
- Mãos, boca, pênis... Não vai poder impedir. Aceite que dói menos.