Capítulo 61
1392palavras
2023-04-03 05:00
Aquele farabutto me conhecia, sabia tudo sobre mim e começou a me chantagear. Eu fiquei nervoso, comecei a cometer erros. Meu papa e eu começamos a brigar. Meu casamento ficou insustentável e eu acabei contando para Andrea o que se passava.
Pensei que minha mulher ficaria em choque por eu não ser o sucessor de direito do cargo do meu papa, e que ficaria indignada em perder as regalias e o dinheiro de ser uma primeira dama, digamos assim.
Mas a paz e a energia sempre positiva de Andrea me irritou, quando ela disse que ficou feliz de finalmente sair dessa vida. Que agora Maurízzio deveria voltar para assumir o cargo dele de direito e que nós poderíamos sair da Itália e viver a vida tranquila que ele vivia.
Não acreditei no que aquela mulher estava falando. A avisei que eu não saíria. Eu seria o Dom e ou ela me ajudava, ou podia voltar para a casa dos pais, de onde saiu para um casamento arranjado.
Andrea chorou e sofreu, mas entendeu. Minha mama também a aconselhou a me apoiar, mesmo sem saber o porquê da crise. Foram alguns anos de brigas e gritarias. Os meninos crescendo em meio a essas tristezas. Lorenzo mais apegado a ela, sempre muito delicado. Meu papa orientou a gente ter outros filhos. Primeiro para salvar o casamento, depois para Lorenzo desgrudar da saia dela. E eu consegui, as regras dela estavam atrasadas. E numa conversa com minha mama e que eu não sei porque estava ouvindo atrás das portas, ela contou que não tinha desejo de trazer outra criança filha da máfia, que já estava farta daquela vida e que se desesperava pelo futuro dos filhos, não queria mais um naquela preocupação. E minha mama ensinou ela como fazer o sangue dela descer, e como evitar que eu fizesse com Andrea o que meu papa fez com ela: encher de filhos.
Bem, eu sabia que Andrea não queria mais, e que iria fazer um aborto. Planejei meio as pressas usar isso a meu favor e trazer minha mulher que eu amava a me ajudar. Comecei a falar como estava empolgado com a chegada daquele bebê e conversar com a barriga dela. Ela dizia pra eu não me apegar que só estava atrasada, nem tínhamos certeza se tinha outro bebê. Eu percebia como Andrea sofria em me enganar. Foi com ela que aprendi a trabalhar com a emoção das pessoas.
Fato é que deixei ela fazer o aborto, depois a culpei tanto por matar meu filho que ela faria qualquer coisa para me recompensar. E assim eu consegui que ela planejasse, se aconselhando com minha mama, a morte do meu papa. Ela fez um planejamento perfeito, eu nunca pensaria em algo assim. Mas ela fez acreditando que seria uma emboscada para o farabutto que engravidou a mama. E quando coloquei em prática, incluí meu papa, contando a ele que o farabutto seria morto.
Meu papa foi de encontro a morte feliz, minha mama veio morar com a gente, eu me tornei Dom e Andrea ficou furiosa, exigindo que eu trouxesse Maurízzio ou ela contaria para a mama o que de fato aconteceu. Aí tive que chamar meu irmão, pedindo pra ele assumir por mim por 5 anos. Não era o que eu queria, mas ceder 5 anos para ele me daria condições de convencer Andrea, culpar o farabutto pela morte de meu papa e descansar um pouco. Mas Maurízzio se recusou. Andrea estava incontrolável com a culpa e me pressionando. Tive que pensar rápido. Contei pra mama que ela entregou meu papa, acabei com amizade delas, mas mama me surpreendeu. Ela adorava Andrea como a uma filha, então me aconselhou a prende-la ao invés de entregá-la. E para os meninos não sofrerem com a mãe presa, deveriam ser mandados para internatos.
Tudo correu bem. Sofri com a prisão de Andrea, mas ninguém desconfiou.
Foram anos longe de tudo o que eu amava, comecei a achar que o preço que estava pagando para ser Dom não valia a pena. Antes dos meninos voltar, cheguei a pensar em fazer uma visita ao meu irmão, que estava no Brasil há muitos anos. Mandei investigar e fiquei revoltado.
Maurízzio vivia muito bem no Brasil, mesmo há mais de seis anos sem receber nenhum tipo de auxílio da família. Seus estudos tinham rendido frutos, ele tinha apenas uma filha, tratada como uma princesa. Sua esposa era um encanto, mulher religiosa. Aceitava ele sair pra beber, passar noite fora e era mais submissa que uma mulher da máfia. Como Maurício Duprat, um francês naturalizado brasileiro, vivia de cabeça erguida, não fazia nenhum negócio ilícito, estava sempre de mãos dadas com a justiça que defendia, tinha uma família de comercial de margarina. Era como um rei do direito, apenas praticando tudo o que sempre estudou.
Enquanto eu tive que matar o papa que me assumiu e criou, para ser Dom. Prendi a mulher que amava, afastei meus filhos e vivia com uma depressiva. Comecei a sentir o ciúmes do meu irmão voltar com violência. Teria que tirar tudo de Maurízzio para conseguir me sentir feliz de novo.
Então comecei a arquitetar o plano. Primeira coisa que fiz foi pedir para uma das minhas irmãs tirar a mãe da minha casa. Por mais triste e depressiva que ela tivesse, ela era inteligente ao extremo. Se tivesse por perto, descobriria minhas intenções contra Maurízzio. Segunda foi trazer os meus filhos de volta. Fabrízio seria treinado para Dom e Lorenzo para executar o plano A contra Maurízzio. Como eu sabia que Lorenzo era um effeminato (frutinha) e poderia não seguir com o combinado, também fiz um plano B.
Naquele momento, aguardando minha linda sobrinha descer vestida de noiva para entregá-la a meu filho, pensava em como tudo deu tão errado com os dois planos?
Percebi que as coisas não estavam correndo como eu esperava quando descobri um tumor no cérebro. Fiquei tão revoltado que financiei uma droga para colocar um tumor no cérebro do meu irmão também. Quando Maurízzio morreu, entendi que fui um idiota e demorei demais para arquitetar o plano C. Naquela ocasião, Lorenzo já estava bem consolidado na sua vida calma e tranquila, igual o tio. Meu tumor estava sob controle, mas fiquei com medo de morrer. Pela primeira vez, senti que precisava de minha mulher. Pensei em tirar ela de sua masmorra, mas ela já me odiava. Mesmo assim, me aconselhou a passar o cargo para Fabrízio como Dom interino e ir me tratar, mas esperei mais dois anos e acabei deposto pela saúde, fiz uma cirurgia, ressecou o tumor e durante a recuperação, desejei aquela paz e tranquilidade. Me decidiu que quando tivesse recuperado por completo, iria para o Brasil viver com Lorenzo e meu sobrinho Enrico.
Mas Fabrízio parecia um Dom pior que eu, e não tinha nenhum amor ou consideração por mim. Minha recuperação durou muito mais do que deveria e ele colocou Andrea como minha enfermeira. Eu não tinha mais ninguém da máfia para me ajudar, nem poderia dar as ordens como Dom. Andrea me odiava e envelheci demais em pouco tempo. Estava quase desistindo da vida, quando Thales entrou em contato. Usei todas as minhas economias para vir para o Brasil, contratar um pessoal para grampear minha sobrinha e armar para ela aceitar se casar com Lorenzo. Depois de casados, eu poderia ter a vida tranquila que desejava.
Mas percebi que minha sobrinha estava tentando armar pra mim, então só me restou jogar a moça contra Lorenzo e mata-la, assim ficaria com todos os bens de Maurízzio que sempre foram meus por direito. E naquela manhã, descobri que aquela idiota doou todo meu patrimônio para aquela garotinha bastarda, não deixando nada nem mesmo para o filho.
Melhor assim, só teria que matar a modelo mirim e o pai. Quando estava chegando em Valinhos, o sniper disse que estava com o helicóptero da Bianca na mira e o plano de derrubar a aeronave estava em pé.
Desembarquei e dei a ordem, mesmo que ela não me valia mais nada, tinha que explodir pra largar de ser idiotä. Estava indo para o local da recepção, procurar Lorenzo e planejar o que fariamos contra a menina que estava roubando meus bens, quando uma aeronave começou a pousar e de longe eu vi a noiva.
Que menina duro de matar, PQP!