Capítulo 50
1445palavras
2023-03-28 02:54
Quando desembarcaram no Brasil, Lorenzo estava esperando por Bianca no aeroporto. O motorista levou Gustavo e as duas meninas para casa, enquanto Bianca foi no carro de Lorenzo. Ficou repetindo pra si mesma que não deveria ter medo, ainda faltavam três dias para o casamento e Lorenzo não faria nada até lá.
E realmente, ele ainda a tratava como o cavalheiro que sempre foi. Abriu a porta do carro, e embora estava todo o tempo emburrado, sorriu pra ela quando entrou e ligou o carro.
- Eu estou muito, muito bravo.

Bianca travou, ele estava tentando disfarçar a irritação, mas falou com todas as letras. Será que descobriu o plano de Gustavo que nem ela sabia o que era?
- Comigo? o que foi que eu fiz?
- Não com você, minha princesa. Com a Emily.
Bianca respirou e perguntou:
- E o que foi que a minha madrinha fez?
- Ela não me deixou levar você , minha sogra e nosso filho pra casa amanhã. Aliás, com Thales também.

- Mas ainda vão faltar dois dias para o casamento, Lorenzo. Vou na sexta. Amanhã depois que descansar do fuso, vou para o escritório resolver umas coisas. E o que Thales tem a ver com isso?
- Aí é que está o problema. Emily planejou uma despedida de solteiro secreta para você na sexta. Tão secreta que eu não sei nem onde é. Thales e ela ficaram tramando em segredo pelas minhas costas enquanto você estava fora, e decidiram essa despedida de solteiros e também que você vai sair da capital direto para a cerimônia já pronta de helicóptero.
- Uau, e eu não estou sabendo de nada disso?
- Pois é. Acho que você deveria dizer pra eles que quer checar a cerimônia antes. E também que não quer uma despedida de solteiros cheia de Go Go Boys.

Bianca pensava rápido. Nada daquilo era de conhecimento dela. Mas conhecia bem seu primo e sua melhor amiga. Jamais Emily armaria uma despedida de solteiros pra ela, e se armasse, seria algo com a antiga turma da faculdade e não com dançarinos. E Thales seria o primeiro a pedir que ela conferisse tudo da cerimônia do casamento antes de ela se apresentar para o que pode ser sua morte.
Então, tudo aquilo só poderia fazer parte dos planos de Gustavo e ela aceitaria de bom grado.
- Como você sabe que ela contratou Go Go Boys?
- Porque tem vários homens "free lances", com uma diária absurda cada um, nos recibos de casamento que assinei. Se não são dançarinos, não sei o que são.
- Deixa a Emily se divertir. Se ela quer ver homens tirando a roupa antes do nosso casamento, ela terá.
- Negativo. Não quero você uma noite com uma variedade de homens tirando a roupa pra você. Eu sou ciumento mesmo. Ainda mais você tanto tempo sem sexo...
- Deixe de besteiras, Lorenzo. Sou uma adulta e prometi me guardar pra você e é o que estou fazendo, não é?
- De verdade, Bia? Espero que seja. Fui civilizado, deixei você viajar 15 dias com seu ex, mas me corroí de ciúmes dia após dia...
"E me grampeou até o talo pra escutar tudo." Bianca pensou, e também várias cenas de sexo selvagem como nunca tinha feito antes vieram a sua mente.
- Vou deixar Emily seguir com o papel dela. E se ela acha que contratar dançarinos está no pacote, vou seguir. Também, acho que chamar atenção é característica de gay, porque não imagino nada mais chamativo do que pousar de helicóptero com um espalhafatoso vestido de noiva no meio da cerimônia em andamento.
- Vai mesmo fazer isso? Sem conferir se está tudo de seu agrado na cerimônia?
- Vou, porque fui viajar pedindo pro Thales preparar tudo que eu confiava nele.
- E você confia?
- Confio minha vida ao Thales. E também, Lorenzo, eles dois são meus melhores amigos. Deixa eles se despedirem da amiga solteira com toda a pompa e circunstância que eles quiserem.
- Está bem. Não posso negar-lhes esse direito.
Bianca acentiu e começou a olhar pela janela. Adorava o Brasil. Mas Gustavo disse no avião que dependendo do que acontecesse na cerimônia, poderia ter que desaparecer com ela e Aisha do país e dar as duas como mortas. Para ela se preparar para essa possibilidade.
Chegaram em casa, ela abraçou o filho que pediu para deitar um pouquinho com ela pois estava com saudades. Ela tomou banho, beijou a mãe e foi dormir.
No dia seguinte, acordou por volta da hora do almoço, abraçou e beijou demais a mãe e o filho. Brincou com Gabriel como se nunca tivesse feito isso. A mãe até estranhou.
- Você voltou de viagem diferente, filha. Mais carinhosa comigo, mais atenciosa pra Gabriel. Aconteceu alguma coisa?
Bianca não podia contar a mãe que poderia ser morta dali a dois dias, ou mesmo que tudo desse certo, que teria que trocar de país e provavelmente de identidade, e não sabia quando veria os dois novamente. Que só tinha aquele dia para aproveitar os dois, algo do que abriu mão por 4 anos. Se prometeu que não ia desmoronar, precisava de mais dois dias de lucidez.
- Não aconteceu nada, mamãe. Só percebi que minha família é a coisa mais importante que tenho.
- Você está nervosa pelo casamento?
- Claro, né? Mas tudo bem. Tudo vai dar certo.
Bianca dormiu com o filho na cama dela novamente aquela noite. No outro dia foi bem cedo para o escritório. Gustavo estava lá. Ela passou na sala dele depois que cumprimentou Lorenzo, dizendo que iria na sala de Emily e depois na sala dela. Quando a viu entrar, Gustavo desligou o telefone e foi cumprimentá-la com o café na mão e descuidado, derrubou café nela. Ela o chamou de desastrado e entrou no banheiro para se limpar.
Quando trancou a porta, ouviu a porta dele se abrindo e a voz de Lorenzo:
- O que foi, Gustavo? Algum problema?
- Não. Queria apenas te parabenizar pelo casamento e mostrar que não estou chateado por perder a batalha.
- Perder a batalha, Gustavo? Você nem lutou! Quando eu te disse que estava no páreo, imaginei que você faria um pouco de pressão. Mas você simplesmente abriu mão dela em meu favor e foi muito fácil. Gostaria que você entendesse que eu esperava uma batalha justa, porque Bianca é um troféu pelo qual vale a pena lutar.
- Eu entendi que a magoei demais e que você era o melhor pra ela. Me contento em ser amigo dele e o pai do seu filho.
- Você está dizendo isso pra mim hoje, um dia antes do meu casamento, para eu não te demitir depois?
- Não, de forma nenhuma. Estou tranquilo com meu futuro. Bianca durante a viagem foi bastante generosa.
- Do que você está falando?
- Desculpa, Lorenzo. Se sua noiva não te falou, não serei eu a fazê-lo. Te vejo a noite?
- A noite, porque? Você foi convidado pra despedida de solteiro?
- Claro que fui. Sou amigo dela. Achei que era de casal porque vários amigos homens nossos foram convidados.
- Emily não me convidou. Acho que os amigos de Bianca não gostam muito de mim.
- Não é isso, Lorenzo. Eu quebrei ela inteira e eles colaram os caquinhos. Você deve entender que eles ficariam com o pé atrás até que você prove que irá manter os cacos colados e não quebrar tudo de novo.
- O que isso? Somos amigos agora?
- Alguma vez fomos inimigos?
- Não. Você tem razão. Fomos dois homens civilizados brigando pelo coração de uma mulher.
- E que o vencedor seja lisonjeado, pois como você disse, o troféu não tem preço.
- Está certo, vou voltar ao trabalho para viajar mais tarde.
- Não quer ir em uma despedida de solteiros comigo mais tarde?
- Não fui convidado.
- Eu estou te convidando. Te levo e aposto que todos vão ficar felizes. Se eu, que fui o maior prejudicado com seu casamento, te aceitei como o melhor para ela, todos vão assinar embaixo.
- Você faria isso por mim?
- Te pego as 19:30 em seu condomínio.
- Ok.
- Vou sair com você. Bianca deve estar na sala da Emilly e gostaria de falar com ela antes de ir embora. Não vou falar que vou te levar.
Bianca ouviu os dois saindo e pode enfim respirar. Entendeu que Gustavo queria que ela ouvisse aquela conversa da qual não entendeu nada. Principalmente do porque ele levaria o inimigo para uma festa da qual ela tinha certeza que falariam do plano...