Capítulo 37
1508palavras
2023-03-24 06:10
Menos de um mês depois, Bianca chamou Justin em seu escritório, pedindo relatório da fase Nicole.
Justin ficou muito ressabiado, já que Lorenzo estava na sala com ela. Eles nunca falaram abertamente sobre o plano na frente de ninguém.
- Fique tranquilo. Não tenho segredos para o meu noivo.

- Eu queria dizer, Justin, que não apoio o que Bianca está fazendo. Mas ela é adulta e tinha uma vida antes de mim...
- Tudo bem. Na mesma semana, fiz como combinado. Pedi pro Gustavo ir buscar chocolates naquela loja luxuosa como um favor e arrombei o carro dele enquanto ele estava lá. Depois, quando ele reclamou do arrombamento, sugeri que ele pedisse as imagens de segurança da loja, e assim ele pode conhecer Nicole. Os dois saíram duas vezes seguidas. Na terceira vez, fiz com que eles fossem assaltados e Nicole contasse a história triste de que perdeu o salário, o dinheiro da condução. Gustavo como um cavalheiro foi leva-la em casa e percebeu o quão ruim são as condições dela.
- Só isso foi suficiente pra ele cair na dela?
- Não. Ele me contou que ela se recusou a aceitar dinheiro dele para ajudar nas dificuldades que se abateram depois de ela perder o salário e ele achou ela uma mulher digna. Claro que eu incentivei ele a pedi-la em namoro pra deixá-la mais a vontade em aceitar ajuda. Depois de 15 dias eles estão namorando e Gustavo está de sentindo muito bem com ela e o filho.
- Em nenhum momento ele desconfiou que ninguém mais anda com dinheiro por aí?
- Não. Gustavo é bom. Não vê o lado ruim das pessoas. E Nicole foi bem treinada para o papel dela. Está correndo tudo bem.

- Ok. Me informe qualquer novidade.
- Está bem, você já tem um prazo pra começar a segunda parte da fase Nicole?
- Não. Quero que Gustavo esteja muito mais a vontade com ela, babando antes de iniciar. Mande ela fazer o teste pra DSTs e se tiver tudo certo, mande-a furar o preservativo.
- Isso não estava no plano, Bianca. Nem sei se ela vai querer ter um filho dele...

- Não seja idiota. Ela vai tomar a pílula assim que sair de lá. certifique-se de que ela faça isso. Chega de prole pro Gustavo.
- Tudo bem. Mais alguma coisa?
- Não. Pode ir.
Quando Justin saiu, Bianca abraçou Lorenzo, que lhe falou depois de um beijo:
- Você é um monstro.
- É bom você saber do que sou capaz, antes de me fazer sofrer.
- É sério! Ontem você estava cheia de sorrisos pra ele, se eu não soubesse do plano, até teria sentido ciúmes. E hoje você manda uma garota de programa furar a camisinha.
- Nicole não é uma garota de programa. É apenas uma mulher ambiciosa que não se preocupa em fazer sexo para atingir seus objetivos. E..., deixa pra lá.
- Complete, Bianca.
- Não é nada.
- É sim, somos adultos. Você ia falar que não é nenhum sacrifício fazer sexo de qualidade com um homem tão bonito?
- É. Isso pode ter passado pela minha cabeça. Ficou bravo?
- Não. Eu sei o quanto sexo está te fazendo falta. Esta até se lembrando do quanto era bom com Gustavo...
- Quer considerar esquecer o que eu disse e me fazer esquecer o quanto fazer sexo era bom?
- Claro que não, mocinha. Vamos seguir o plano
- Então vai trabalhar.
Quando Lorenzo saiu, Bianca ficou pensando o quanto Gustavo estava mais bem humorado e disposto depois que conheceu Nicole. Como se um peso tivesse sido tirado de suas costas.
E era isso mesmo. Ele estava bem com outra mulher, que era mais pobre do que ele era agora. Uma mulher que ele podia ajudar, mas que não aceitava. E que nunca o faria se sentir inferior. E ela estava bem com Lorenzo e tinha se tornado amiga dele, "deixando" todas as coisas ruins no passado e vivendo uma relação civilizada pelo bem de Gabriel.
Gustavo estava feliz como nunca tinha visto antes. Porque enfim ele estava em paz. Não estava escondendo nada de ninguém, Aisha estava bem fora do país, Sirlene não era mais problema dele, tinha o filho perto, uma namorada "cheia de princípios" que fazia bem pra ele.
O coração de Bianca ficou bem apertado com isso. Em outros tempos, adoraria ser a namorada. Agora, sentia muito por Nicole ter sido criada por ela para dar o bote nele.
A batida na porta fez ela sair da melancolia em que estava se metendo. Tratou de fazer aqueles pensamentos sumirem. O plano tinha que continuar, ela querendo ou não. Mandou entrar, quem quer que fosse, e pra sua surpresa, era Gustavo.
- Oi. Tem um tempo pra uma palavrinha particular?
- Claro. Sente-se.
- Então, eu queria te contar que estou namorando uma moça. Humilde, educada...
- Que bom pra você, fico feliz que esteja seguindo sua vida. Mas acho que nossa amizade não é tão profunda pra confissões desse tipo, não é?
- Não é isso. É que amanhã vou levar ela e o filho no parque. Ela tem um filho de dez anos. Queria levar o Gabriel junto...
- Você não acha cedo para apresentar uma namorada?
- Não sei. Por isso vim falar com você. É legal a gente tomar decisões juntos no que se referir a Gabriel
- Acho bacana também. Gabriel ainda é pequeno, tem o Lorenzo como meu namorado. Acho que não seria problema, mas vou perguntar o que minha mãe acha, está bem?
- Já perguntei, ela mandou falar com você.
- Então pode levá-lo.
- Obrigada, você é ótima.
- Gustavo...
Gustavo voltou, sentiu a voz dela esmagada, como se tivesse embargada, sei lá.
- Você está gostando bastante dessa moça, não é?
- Não sei, Bianca. Gosto de estar com ela, gosto da companhia. É um namoro diferente pra mim. Na verdade, eu tenho 37 anos e é a primeira vez que eu namoro de verdade.
- E nosso namoro não foi de verdade?
- Não. Não tinha verdade. Passamos 4 anos juntos e você era a princesinha que eu não podia tocar porque era casado com a louca.
- É. Por culpa sua, não tivemos um namoro de verdade.
- Por culpa sua também. Deixei você se afastar por mais de um ano pra curar suas feridas. Quando você voltou, estava disposto e me desculpar todos os dias e fazer ser de verdade. Mas você não quis e está tudo bem.
- Será que você realmente queria que fosse de verdade?
- Espere. Já volto.
Gustavo saiu da sala. Voltou rapidamente, parou na mesa vazia, pegou um canetão azul e riscou um pedaço de papel. Depois o entregou para Bianca junto com uma caixinha de veludo preto.
Bianca pegou o papel e viu que era uma nota fiscal de retirada, e ele apagou o valor. Mas ela sabia que aquele ourives só fazia peças exclusivas, e por isso era extremamente caro. E ele se esqueceu de apagar a informação de que o objeto que ele comprou foi parcelado em 24 vezes. Abriu a caixinha, viu um diamante azul de um tamanho médio no centro, em volta quatro folhas em ouro branco como pontos cardeais e dentro de cada folha uma safira pequena. Era um anel lindo!
- Gustavo...
- Olha a data que ele foi retirado da loja. Foi pra isso que te dei a nota.
Bianca conferiu que Gustavo retirou no dia em que ela entrou no jatinho para voltar pra casa, depois do nascimento de Gabriel. Isso queria dizer que ele precisaria ter encomendado o desenho uns três meses antes, e se já tivesse o desenho, pelo menos dois meses.
Essa compreensão já a emocionou, mas pensou que quando voltou, foi péssima com ele, planejou o escândalo, planejou a destruição de Sirlene e partida de Aisha. Levou aproximadamente dois anos executando esse plano, o mesmo tempo que ele levou pagando o anel dela...
- Eu desenhei. Sei que o diamante não é muito grande, mas eu projetei assim pq queria que fosse discreto como tudo que vc sempre gostou. A cor e as safiras são pra combinar com seus olhos. Eu tinha certeza que quando você voltasse, teria me perdoado e poderíamos viver nosso amor. E depois não desfiz dele porque eu achava que ainda poderia tentar.
Bianca fechou a caixa e estendeu para ele, que o empurrou de volta pra ela.
- Nos ferimos e nos magoamos demais. Agora estamos bem e talvez curados. Fique com o anel, não é de noivado. É costume o pai presentear a mãe com uma coisa valiosa pra recompensar o bem mais precioso que ela lhe deu. É seu presente por ter me dado o Gabriel, embora nada no mundo vá recompensar o que você me deu, nem compensar o que perdeu no processo.
Gustavo beijou a testa dela e saiu. Com lágrimas nos olhos, ela pegou sua bolsa e foi pra casa, chorar no colo da mãe.