Capítulo 24
1132palavras
2023-02-26 01:46
Bianca pretendia dar a Emily o caso da adoção. Ela sabia de Gabriel, assim como Thales e Augusto. Mas o caso estava todo encaminhado, ela só não poderia se representar. Estava ansiosa pra conhecer o associado que a ajudaria na administração na ausência dela. Talvez pudesse lhe confiar a tarefa de trazer seu filho o mais breve possível. Quando estacionou em sua vaga no escritório, notou que na vaga ao seu lado tinha um Volvo XC 60 prata. Gostou de saber que o novo associado era pontual pelo menos, mas imaginou que aquilo não era carro de velho.
Quando entrou, sua secretária disse que todos a esperavam em seu escritório e que ela serviria um café.
Entrou e se deparou com o novo associado sentado ao lado de Gustavo. E que homem lindo, meu Deus!
Um pouco mais baixo que Gustavo, cabelos castanhos quase loiros, boca carnuda bem vermelha, pele rosada, olhos de um azul acinzentado. Quando a viu entrar, se levantou se apresentando, e que voz de trovão! Sua aparência era de um anjinho que caiu do céu, mas quando falou, Bianca se arrepiou inteira. Ele não devia ter mais que 35 anos. Com certeza não era o velho nerd que ela imaginou, e ao contrário de todos ali presentes, ele estava com uma camiseta pólo e uma calça social. Bianca saiu do transe e apertou a mão estendida pra ela, notando na outra mão a aliança grossa dourada.
- Muito prazer, Sr Lorenzo. Eu sou Bianca Duprat...
- Acredito que você não se lembre de mim, mas fui um dos pupilos de seu pai. Já nos vemos muitas vezes no passado.
- Desculpe, não me lembro...
- Tudo bem, você era só uma menina quando seu pai me apadrinhou. Eu era um advogado recém formado, magricela, desiludido da vida.
- Como desiludido e recém formado? Quando a gente sai da facu, está cheio de sonhos e esperanças.
- Há há, agora você vai se lembrar de mim. Seu pai defendeu meu caso, impedindo o assassino da minha esposa de ser extraditado.
- Meu Deus, Lorenzo Spinolle. Voce é o caso mais famoso de meu pai. Ele já era potente, mas depois que te defendeu na esfera nacional e internacional, todas as portas se abriram definitivamente pra ele. Você tem um filho pequeno, não é?
- Bem, ele era pequeno na época. Agora vai fazer 15 anos!
- Claro, é verdade. Já se passou tanto tempo?
Justin olhava de Gustavo para Lorenzo, divertido. Até o momento, Lorenzo não tinha largado a mão de Bianca, e Justin nunca tinha visto Bia conversar tão animadamente com ninguém. Lógico que Gustavo estava espumando de raiva e ciúmes.
- Isso é uma reunião ou um encontro de antiga turma?
- Oh, me desculpem. Você tem toda a razão, Gustavo. Bianca, podemos continuar nossa conversa num jantar mais tarde?
- Adoraria. Em minha casa?
- Perfeito! Vou adorar revisitar a casa de seu pai e espiar minhas lembranças de Maurício.
- Combinado!
Deram início a reunião e tiveram bastante coisas para discutir, totalmente empenhados em colocar Lorenzo a par de tudo e ajudá-lo no que fosse preciso. Suzy avisou Bianca da hora do almoço, e para não interromper a reunião, decidiram almoçar no escritório mesmo.
Assim, o dia voou e deram por encerrada por volta das 13 horas, satisfeitos por ter sido bem produtiva. Ao final, Lorenzo se dirigiu a Gustavo e pediu que ele comparecesse em sua sala as 16:00.
Quando Gustavo entrou na sala de Emily, a primeira coisa que viu foi uma foto de um Lorenzo franzino, de óculos, muito jovem com uma loira estonteante de linda ao lado e um bebê nos braços.
Quando ele chegou no escritório aquela manhã e se deparou com o homem forte, pele bronzeada, alguns fios de cabelo branco nas laterais da cabeça, dando um certo charme ao homem muito belo pelo qual viu as moças suspirando nos corredores, ele até pensou que Bianca poderia se agradar da figura dele. Mas quando notou o pneu dourado no dedo, se acalmou.
Aí o rapaz diz pra ela que é viúvo e monopoliza a atenção dela. Ele ficou doido. Ao fim da reunião, ele o convoca para sua sala. Gustavo revirou os olhos e foi, decidido a mostrar ao babaca recém chegado que era vice presidente, se ele se despisse de sua arrogância, saberia que Gustavo era seu superior.
Gustavo queria realmente entender esse homem que se dizia viúvo de forma brutal e claramente ter uma ligação com a esposa morta, já que ainda usava a aliança e tinha fotos dela na mesa, estar flertando descaradamente com Bianca.
- Sente-se, Gustavo. - Lorenzo pegou o porta retrato que Gustavo estava olhando e passou o dedo sobre o rosto da jovem com a criança no colo - Valentine era linda, não é? Perdi a cabeça por ela ainda um adolescente. Perdemos nossa virgindade juntos ela com 15 e eu com 17. Um crime, segundo nossas famílias.
- Uma insanidade, talvez. Muito jovens, mas não um crime.
- Meu pai e o dela são da máfia italiana, Gustavo. Ela estava prometida desde criança. Eu não queria me envolver naquilo e seria mandado para o Brasil ao completar 18 anos. Mas nos apaixonamos e meu pai precisou pedir autorização pra nos casarmos e ela vir pra cá comigo. Claro que não deram. A ligação entre as famílias do noivo dela eram melhores que as minhas, pois eu não ficaria na máfia, e não serviria pro pai dela.
- Você fala isso com tanta naturalidade, parece uma coisa normal...
- Aqui a máfia não é presente, mas tem os gangster do mesmo jeito. As facções criminosas são a nossa máfia. E você, tendo perdido um ente para uma facção, deveria saber disso.
- Como você sabe que perdi um ente pra facção?
- Depois que meu pai pediu autorização pra me casar com Valentina, o pai dela resolveu acelerar o casamento dela pra não correr riscos. Depois que marcou a data, ficamos desesperados e resolvemos destruir o único trunfo. A virgindade da noiva é algo muito importante na máfia. Em nossa inocência, era só a gente fazer amor que o noivo não ia querer mais ela e a gente poderia se casar.
Leigo engano, travou-se uma guerra entre as três família e tivemos que fugir para o Brasil. Chegamos aqui só com o que pudemos trazer. Meu pai não podia me mandar dinheiro, pra não sermos rastreados. Com muita dificuldade, construímos nossa casa e nossa história aqui. Quando estava terminando a faculdade, ela engravidou. Ficamos tão felizes que perdemos o senso de cuidado e avisamos minha família. E o ex noivo dela mandou alguém pra mata-la.
Gustavo olhava com horror pro rosto de Lorenzo, enquanto ele ia contando sua história perdido em lembranças.