Capítulo 20
1102palavras
2023-02-22 17:04
Quando voltou, Bianca estava sorridente, radiante. Não permitiu que nenhum dos dois tocasse no assunto e seguiu com a vida normalmente.
Marcou o jantar com Gustavo, e se preparou completamente para ele como se fosse num encontro.
Na sexta feira, mandou o motorista levar Aisha da escola diretamente pra casa da mãe e depois foi buscar Gustavo, que a princípio ficou zangado, disse que ela estava invertendo os papéis.
Quando sentaram no restaurante bem simples que ela escolheu, ela começou:
- Primeiro quero me desculpar pela desfeita de cancelar nosso jantar sem te avisar. Foi um ato impensado de extremo mal gosto e isso não vai mais acontecer.
- Tudo bem, você tem sua vida independente de mim, agora não é? Você se divertiu com o seu namorado?
- Quem te falou que tenho um namorado?
- Justin disse.
- Aposto que aquele fofoqueiro não disse isso.
- Ele disse que você tem um cara...
- Exato. Um cara. Não dê nomenclaturas para meu relacionamento com meu cara. Aliás, esqueça esse assunto que não te pertence.
- Você não se sente envergonhada?
- De que?
- De estar com Justin, com esse cara, sei lá. Você era tão tradicionalista...
- Você disse bem. Era tradicionalista. Era noiva a 4 anos do único cara que namorei. Aí saí do tradicional por ele. Me tatuei e me entreguei. Aí descobri que o cachorrinho tinha dona...
- Por que você não confessa que seu comportamento é justamente por conta disso?
- Eu não sei de que comportamento você está falando. Vou fazer 26 anos, sou solteira, livre, independente. Posso fazer o que quiser da minha vida.
- Você está magoando o Justin.
- Justin é uma homem maduro, de uma cultura menos machista que a nossa. Ele sabe que não temos nenhum tipo de envolvimento a não ser um sexo muito casual.
- Você não percebe que o cara te ama?
- Não seja ridículo. Justin é um profissional. Lógico que ele me cerca, pago ele pra isso.
- Você está descontando nele o que eu te fiz!
- Jamais. Você acha que eu estou enganando ele? Voce acha que estou prometendo amor eterno, aliança no dedo, dois filhos e um cachorro? Mas quer saber? Não viemos aqui pra falar de mim e das minhas relações. Se vamos continuar nesse assunto, vou embora...
- Não. Por favor, vamos mudar o assunto.
Durante o restante do jantar falaram de Aisha, de alguns problemas no escritório, até sobre Sirlene e a mudança dela. Bianca notou um cara no restaurante do bar olhando pra ela com cara de desejo. Gostou disso, ao mesmo tempo que ia deixando Gustavo tomar toda a garrafa de vinho. Por isso o buscou. Queria que ele bebesse e não poderia dirigir de volta. Ela estava totalmente consciente, só tinha tomado suco. E o assunto no começo tinha deixado ele bem desconfortável e estava realmente bebendo mais.
Ela o levaria pra casa, ajudaria a entrar e dormiria na casa dele, dando a impressão de que dormiram juntos e ele não se lembrar de nada no dia seguinte, sentindo que foi canalha com ela mais uma vez.
Mas Gustavo mais uma vez desviou seus planos. O álcool o fez perder o senso de cuidado e voltar ao assunto anterior.
- Você nunca vê o quanto a pessoa te ama não é?
- Gustavo, já tínhamos encerrado esse assunto. Acho que você já bebeu demais. Podemos ir embora se você quiser.
- Você nem sabe o que esse cara tá fazendo por lá na sua ausência...
- Eu não me importo, Gu. Eu achei que sabia o que meu noivo estava fazendo quando ia pra outra cidade e me enganei. Então, não me importo com nada mais. E eu estou aqui, trepando quando e com quem quero. Porque deveria me preocupar com o que o outro faz?
- Bianca. Se dê uma chance de ser feliz. Eu te amo. Quero ficar com você. Não quero ver você passando de mão em mão. Essa não é você. Você está perdendo sua essência.
- Você tá falando o que?
- Que eu te amo e que você me ama. Deveríamos ficar juntos.
- Vou te mostrar que somos apenas amigos.
Bianca se levantou sob o olhar dele, foi até o cara que a estava observando do bar e deu-lhe um beijo na boca. Depois ele falou alguma coisa pro barman, jogou algumas notas no balcão e ela saiu com ele, dando um belo sorriso pra um Gustavo atordoado na mesa.
Na sequência, o garçom apareceu pra tirar a mesa e falou pra ele.
- A senhorita pagou a conta e pediu pra chamar um carro de aplicativo pro senhor quando estiver pronto pra ir embora.
Gustavo agradeceu, se levantou e saiu do restaurante, totalmente perdido. O quanto mal ele causou aquela menina que outrora era tão inocente e hoje saiu do bar com um completo estranho?
Enquanto isso, Bianca levou o rapaz para a suíte que manteve alugada durante todo esse tempo.
Fizeram sexo selvagem por um bom tempo, ele acabou até deixando uma marca nela. Não gostava disso. Marcas eram vulgares.
Quando terminaram, ela colocou um robe e falou pra ele.
- Foi legal, vou tomar um banho e quando eu voltar, espero que você não esteja mais aqui.
- Espera, gata. Preciso saber seu nome
- Pra que?
- Pra salvar seu contato pra gente sair outras vezes...
- Desculpa, mas não. Mesmo que eu repetisse parceiros, você não seria um deles. Não sou gado pra andar marcada.
Bianca entrou no banheiro e ligou o chuveiro, tomou seu banho se lavando completamente do que aconteceu. Prendeu o cabelo num coque frouxo e saiu, constatando que realmente estava sozinha na suite. Pegou uma cerveja no frigobar, colocou no copo e ficou olhando a cama, lembrando do sexo puro e bonito que fez ali. Não naquele dia, mas dois anos atrás.
Lembrou de Gustavo dizendo que a amava e que queria ficar com ela, lembrou da esperança que sentiu quando viajou para Minas para falar com Aisha. Bebeu toda a cerveja se recordando do desespero das mensagens que leu, e a frase: não estrague meu casamento piscando em sua memória.
Chorou, copiosamente, enquanto arrumava a cama. Depois que deitou, se abraçou repetindo aquela frase chorando, para se lembrar do quanto sofreu e tudo o que teve que enfrentar sozinha enquanto não estragava o casamento dele. Para não se permitir ceder ao desejo de o abraçar e levar ele pra casa e nunca mais largar. Para não se esquecer dos motivos pelos quais estava fazendo tudo aquilo com ele...