Capítulo 19
1263palavras
2023-02-17 07:40
Justin saiu do escritório, passou na adega e comprou um vinho do bom e uma champagne sem álcool. Depois foi ao shopping e comprou uma gargantilha bem adolescente e um conjunto de lingerie pretos menina moça.
Foi pra casa, tomou um banho e ficou o mais cheiroso e apresentável possível. Bianca queria que Aisha sentisse atração por ele. Não para abusar. Claro que ele nem iria olhar pra menina. Mas Bianca achava que a pulga atrás da orelha do Gustavo seria ótimo.
Combinaram na casa de Gustavo, e Justin sugeriu pedir o jantar de lá. Antes de chegar, passou numa floricultura e comprou rosas vermelhas. Tinha comprado uma caixa de chocolates finos pra ela também.

Quando chegou, Aisha quem abriu a porta. Justin entrou e percebeu o rosto dela corando. Com certeza passou alguma coisa pela cabeça da adolescente. Sorriu por dentro. Entregou o vinho e a champagne para Gustavo colocar na geladeira.
- Aisha, tio Justin veio hoje para brindarmos que agora você é uma mocinha. E como o tio responsável que sou, trouxe champagne sem álcool para você brindar com a gente.
- Eba! Os adultos nunca se preocupam comigo.
-Mas isso é pra você não desenvolver o hábito de beber, princesa. Trouxe presentes de mulher pra você também. São para começar a entender que agora está na transição de menina mulher.
Quando Aisha tirou o conjunto de lingerie do embrulho, o sangue fugiu do rosto de Gustavo.
- Como assim você compra calcinhas pra minha filha? Nem eu faço isso.

- Pois deveria fazer. Não tem nada que mostre a uma mulher o quanto você se importa quanto comprar lingeries pra ela. E estou dando na sua frente pra você ver que não tem nenhuma maldade
Justin revirou os olhos para Gustavo e entregou os chocolates a ela.
- E isso é pra você se lembrar de como uma mulher deve ser tratada. Eu te comprei chocolates hoje e vou tentar me lembrar de fazer isso todos os meses enquanto tiver no Brasil. Sei que seu pai também vai fazer, para que você saiba que é assim que um homem deve tratar o período da mulher que ama. E quando você crescer e tiver um namorado, não aceitar menos do que esse carinho e atenção por você. Está bem?
- Nossa tio, obrigada. Tá vendo pai, como é que se trata uma mulher?

Justin sorriu, Gustavo mandou ela guardar as coisas para pedirem o jantar que amanhã ela tinha aula. Quando ela saiu, ele perguntou a Justin o porque daquilo.
- Deixe de ser machista, Gustavo. Sua filha é o mais próximo que tenho de uma família no Brasil. Se eu tivesse uma sobrinha, seria desse jeito que eu trataria. E você é o único amigo que fiz nesse país, então me deixe mimar minha sobrinha. Aliás, você deveria aprender com ela como se trata uma mulher para que não venha a perder jóias raras no futuro.
- Quem disse que sou seu amigo?
- Fala sério. Se eu não pegasse a Bianca, você me adoraria ainda mais...
- Bianca sabe que você fala assim dela? Que tá pegando?
- Bianca quem me pega, amigo.
O jantar transcorreu bem, depois do brinde Gustavo mandou Aisha pra cama, sentaram no quintal com um cooler de cerveja e Gustavo quis provocar Justin.
- Já que você "pega" Bianca, está confortável sabendo que vamos jantar no final de semana?
- Estou muito confortável. Primeiro porque você não vai jantar com ela. Ela foi ver a mãe e vai passar dez dias com aquele cara.
- Como assim? Ela marcou comigo e viajou?
- Sentiu uma súbita saudade do cara e viajou.
- Como assim saudade do cara? Que cara?
- Eu falei pra você que tem um cara nos Estados Unidos que ela ama.
- Pensei que ele tinha ficado lá, no passado.
- Mas não ficou. Ela é louca por ele. Fala com ele todos dias por chamada de vídeo, já ouvi o chamando de meu amor. Ele dá total atenção pra mãe dela lá. Sempre se tranca no quarto dela quando vai ligar. Nunca o vi e nem sei que cara tem. Mas já ouvi trechos em que ele sempre está perto da mãe dela.
Justin estava cumprindo o papel que lhe cabia, mas percebeu que no fundo, estava desabafando com Gustavo e dividindo o fardo do ciúmes.
- E você não liga? Quer dizer, ela tem um cara lá e outro aqui? Quer dizer que você divide sua mulher e tá tudo bem?
- Eu não divido minha mulher, Gustavo. Ela não é minha. É dele. Ela deixou bem claro isso quando nos conhecemos. Podíamos ter sexo casual sem envolvimento. Ela nunca ia me pertencer e não queria sequer falar em sentimentos ou romantismo. Me avisou que tinha um cara na vida dela e só com ele se importava. Aceitei porque quis. E porque o emprego que ela me ofereceu era muito bem pago e relativamente fácil. Na verdade, sou apenas um funcionário dela que me dá o prazer de alguns momentos de vez em quando.
- Essa não parece a Bianca que eu conheci.
- Pois é. Você criou um monstro. O lema de Bianca é pega e não se apega.
- Mas ela está de novo envolvida num relacionamento complicado. Ela não tem medo desse cara ter outra pessoa nos Estados Unidos?
- Você não entendeu nada, não é? Bianca não pertence a ninguém. O relacionamento deles é bem aberto. Uma vez perguntei se ele sabia de mim. Ela disse que não, mas ele não se importa. Eu acho que sabe porque a mãe dela me conhece e sabe que dormimos juntos.
- Depois que tirei a virgindade dela, nunca mais transei com ninguém.
- Se é por causa dela, deveria desencanar. Ela não vai voltar com você.
- Pois é. Vejo que não significo nada pra ela como aquela tatuagem insinuou. Falando nisso, ela ainda tem?
- Sim. Quando ela quer transar, ela usa a expressão "vamos foder o Gustavo"
- Será que o cara leva isso tão numa boa também?
- Eu não levo numa boa. As primeiras vezes me incomodava muito. Mas depois que a tive, vi que valia a pena olhar pro Gustavo de vez em quando
- Eu não conseguiria transar com outra mulher. Eu amo demais aquela loirinha que já não me parece tão delicada .
- Sexo não tem nada a ver com amor
- Você a ama?
Justin olhou para Gustavo já sentindo os efeitos do álcool nele e em si mesmo.
- Sim, amo. Mas não vai adiantar você falar isso pra ela. O máximo que vai acontecer é conseguir que ela se afaste de mim igual fez com você e coloque outro em meu lugar.
- Você acha que se ela souber que você a ama...
- Vai me descartar mais fácil do que entrou em minha vida. Não existe amor na vida dela. Existe o trabalho, a carreira e o cara.
- Vale a pena? Ela era feliz comigo, mesmo na situação que eu estava. A gente saía, se divertia, ela era bastante sentimental e carinhosa.
- Essa Bianca não existe mais. A morte do pai dela e do noivado de vocês causou um luto eterno em seu coração.
Gustavo ajeitou o sofá para Justin dormir lá, não ia deixa-lo voltar pra casa dirigindo. Se recolheram porque no dia seguinte ainda teria expediente, cada um com suas mágoas e tristezas dentro de si, pela mesma mulher que a essas horas estava bem feliz nos braços de outro...