Capítulo 51
1307palavras
2023-02-05 08:47
A euforia de Park ainda estava presente no garoto, ele caminhava quase saltitante ao lado de Lucy. Estavam voltando para lá agora, a garota sentia-se nervosa, pois havia acabado de ouvir as mensagens de voz que Jaesun e Kimi haviam lhe enviado e ambos gritavam, comemorando a também aceitação da universidade.
E o que deixava Lucy ainda mais nervosa era que ambos haviam sido aceitos na mesma universidade que ela havia apostado. Era sorte? O destino? Ou até mesmo o universo? Lucy realmente não sabia, só queria chegar em casa o mais rápido possível e olhar dentro da caixa de correspondências.
ㅡ A gente pode se encontrar nas férias, ou nos finais de semana. ㅡ Ryeon já fazia planos ao lado dela. Ele balançava com fervor as mãos unidas de ambos ali no meio, e era engraçado como ele nem sequer notava o que fazia. ㅡ Isso se não tivermos atolados de atividades, deus me livre de te atrapalhar ou me enrolar.
Lucy ouvia tudo quieta, seus pensamentos se tornavam uma bagunça só. Ela dava ouvido a Ryeon, e sempre concordava ou dava sua opinião sobre algo que ele citava, mas ela também pensava se conseguiria entrar na mesma universidade que os amigos - o que era quase certo, a contar sua alta no resultado escolar -, e se conseguisse entrar, se ficaria com Jaesun, já que seu dormitório seria o masculino.
Depois do que aconteceu no Baile, Lucy sentia ainda mais medo de ficar com outra pessoa se não fosse Jaesun. Ela choraria se possível para que a universidade deixasse com que ficassem juntos.
Quando enfim chegaram a casa, Ryeon viu Lucy largar de sua mão e correr até a caixa de correspondências. O garoto seguiu-a, estava animado para o resultado dela também, mas encontrou a caixa vazia junto a Lucy e não entendeu nada.
ㅡ Talvez seus pais já tenham recolhido as correspondências.
Lucy lembrou-se de imediato de sua mãe com as inúmeras cartas nas mãos e voltou a ficar animada. Ela correu até a entrada, porém parou antes de abrir a porta.
Seus cabelos já haviam secado, estavam um pouco bagunçados, mas ela apenas fez um coque e tudo se resolveu. Sua roupa continuava a mesma, um pouco suja a contar que molhou com a água do mar e que também bateu um pouco de areia, mas o que preocupou Lucy foi as marcas, agora sem maquiagem alguma cobrindo-as.
Ryeon parou ao seu lado e franziu o cenho encarando-a.
ㅡ Me dá o seu casaco. ㅡ Lucy pediu. Ele não entendeu, mas deu-a mesmo assim. ㅡ Se te perguntarem, você me encontrou voltando da casa do Jaesun e me acompanhou até em casa, tudo bem?
O garoto sorriu e assentiu, então Lucy vestiu o casaco grande e escuro de Ryeon e entrou em casa.
ㅡ Pai? ㅡ ela chamou quando não encontrou ninguém na sala, nem na cozinha. ㅡ mãe?
Um barulho veio da parte de trás da casa e pela porta que liga o quintal e a cozinha, Jungso adentrou.
ㅡ Olá. ㅡ ele falou ao se surpreender com os jovens ali. ㅡ Chegaram agora?
Lucy assentiu. ㅡ Pai, chegou alguma correspondência para mim?
ㅡ Correspondência para você? ㅡ o homem franziu o cenho e deu de ombros, mas caminhou até a mesa e viu as inúmeras cartas ali. ㅡ sua mãe buscou-as hoje. ㅡ e diz.
Lucy se aproxima, vendo o homem depositar carta sobre carta de volta à mesa, lendo em alto som os nomes ali, mas finaliza sem nenhuma direcionada a ela.
ㅡ É algo importante? ㅡ ele pergunta curioso.
ㅡ A Universidade, tio. ㅡ Ryeon responde. ㅡ Todos os nossos amigos, até mesmo eu já recebi a resposta.
ㅡ Oh! E você entrou?
ㅡ Entrei sim. ㅡ e lá estava o Park, com o peito estufado e um sorriso bobo no rosto.
ㅡ Meus parabéns.
ㅡ Muito obrigado, tio. ㅡ Ryeon reverenciou-o. ㅡ Mas falta a da Lu...
ㅡ Sua mãe está no quarto, pergunte se ela não guardou ou fez algo do tipo. ㅡ o homem deu a ideia. ㅡ É um documento importante, ela com certeza deve ter guardado.
Ryeon assentiu, era provável. Lucy então subiu as escadas, deixando-os no andar debaixo, e bateu três vezes na porta do quarto de seus pais antes de abri-la.
ㅡ Mamãe... ㅡ ela chamou. Sun-ha estava de pé, guardava alguns lençóis no armário e assustou-se quando Lucy adentrou o quarto. ㅡ você quem recolheu as cartas hoje, não foi? ㅡ A mulher fechou as portas do armário e assentiu, olhando-a. ㅡ Não tinha nenhuma carta para mim?
ㅡ Carta? ㅡ franziu o cenho, tão perdida quanto Jungso pareceu.
ㅡ Sim, a universidade mandou hoje as resposta. Jaesun e Kimi já receberam. Na verdade todos os meus amigos também, falta apenas a minha.
ㅡ Não chegou nada. Não que eu tenha visto.
ㅡ Não tinha mesmo? ㅡ Lucy perguntou atrás de certeza, a mulher negou. ㅡ Será que se perdeu?
ㅡ Pode chegar amanhã. ㅡ a mulher falou numa tentativa de dar esperança quando o bico dela já aparecia. ㅡ é uma opção.
ㅡ Tem razão... ㅡ Lucy suspirou. ㅡ Era só isso, boa noite.
A mulher sorriu grande para a filha e viu-a sair. Lucy estava com os ombros baixos e encolhidos quando desceu de volta as escadas.
Os homens ali, logo notaram sua tristeza.
ㅡ Nada? ㅡ Ryeon perguntou. A garota negou e piscou, afastando as lágrimas que já pediam permissão para tomar seus rumos. ㅡ Ei, não fica triste. ㅡ O Park apressou-se a tocá-la sobre a mão, enquanto Jungso foi até a filha e tocou-lhe sobre o rosto.
ㅡ Talvez chegue amanhã. ㅡ o pai tentou alegrar a filha.
ㅡ A mamãe falou a mesma coisa...
ㅡ Então, vê? Vamos esperar e nada de ficar com esse biquinho. Eu não quero te ver triste, ainda mais com a faculdade, sabemos que você entrou com certeza, não é Ryeon?
ㅡ É claro que sim. ㅡ Ryeon assentiu rapidamente. ㅡ Vamos esperar, só atrasou um pouquinho.
Lucy suspirou, ela assentiu para eles, mas não era como se aquilo tivesse animado-a. Queria compartilhar daquela felicidade com os outros também.
ㅡ Vão. Vão para o quarto, assistam a algo como vocês sempre fazem. ㅡ Jungso pediu abanando as mãos. Ele tentava todas as opções para mudar o Humor da filha.
ㅡ Até eu? ㅡ Ryeon perguntou tocando o centro do peito desacreditado.
Jungso mediu o olhar com o garoto e relutou até assentir.
Ryeon sorriu grande, é claro.
Lucy foi para o quarto junto a Ryeon, mas ela não queria assistir a nada e Ryeon sabia daquilo. Então apenas retirou as roupas sujas - no banheiro, onde Park não podia lhe ver - e vestiu um conjunto de moletom, devolvendo o casaco de Ryeon e deitando-se no canto da cama.
Ela estava deprimida, era algo bem óbvio a quem visse de fora. Mas Ryeon, mesmo sem ter tido um convite verbal, deitou-se ao lado dela e apertou-a forte contra seu corpo.
ㅡ Você vai entrar. ㅡ ele sussurrou para ela ouvir.
Lucy respirou fundo e de modo devagar liberou seu ar. Ela olhava para a parede, mas sentia o carinho calmo que Ryeon fazia com a mão sobre a dela e ela entendia que tudo aquilo era apenas para que ela não se sentisse mal.
Mas já era tarde demais, como sempre a cabeça de Lucy enchia-se de pensamentos ruins e negativos, mesmo ela não querendo aceitar aquilo.
Pensava que ao menos uma coisa ela conseguiria com seu esforço, dependia excessivamente daquela aprovação e ela tinha se doado por completo para conseguir.
Mas agora, e se tudo foi desperdiçado e sua vida tivesse realmente rumando ao nada?
Lucy começava a pensar outra vez que fosse lá a entidade ou supremacia que existisse depois das nuvens, ela com certeza lhe odiava muito.