Capítulo 10
3033palavras
2023-01-19 07:47
O fim de semana havia chegado, e Lucy, sentia a barriga revirar.
ㅡ É dor de barriga, ou na barriga? ㅡ perguntava Jaesun.
A garota não sabia diferenciar, mas doía tudo, e tinha quase certeza que era puro nervosismo.
ㅡ Acho que vou ao banheiro. ㅡ respondeu.
ㅡ Então é dor de barriga. ㅡ observou Jaesun. ㅡ vê se limpa tudo bem direitinho. Já pensou ir à casa do boy cheirando ao número dois?
Lucy olhou o amigo jogado sobre sua cama incrédula.
ㅡ Que nojo. ㅡ respondeu-lhe e sentou-se sobre a cadeira que tinha em frente ao seu espelho. ㅡ Eu queria passar um delineador e pensei em usar o laço rosa.
ㅡ Então usa. ㅡ Jae respondeu simples. ㅡ põe aquele com glitter, é simplesmente perfeito. Fica lindo em você.
A garota fitou Jaesun através do espelho, vendo-o sentar-se e assentir. Caminhou incerta até sua cama e buscou sua caixa que ficava debaixo. De lá, retirou do fundo o seu laço rosa, sutil, mas encantador.
ㅡ Lucy, que saia linda! ㅡ Jaesun buscou o tecido verde, erguendo-o no ar para olhá-lo melhor. ㅡ e curta! ㅡ sorriu.
ㅡ Eu comprei há um tempo. ㅡ respondeu a garota também olhando o tecido. ㅡ A moça da loja me vendeu M, mas acho que deveria ter pegado a G, ela fica muito curta.
Jaesun olhou mais uma vez a saia, em seguida, olhou para a amiga e abriu um de seus sorrisos cúmplices.
Não precisou de mais. Lucy buscou o tecido das mãos do amigo e correu para trancar a porta de seu quarto.
Jaesun fechou a janela e voltou a sentar na cama, animado quando viu a garota já retirar o short que usava.
ㅡ Woah, que bonita. ㅡ apontou o garoto para a cueca que a garota usava. ㅡ É feminina, não é?
ㅡ É sim. ㅡ sorriu contida. ㅡ mamãe nem percebeu.
Jaesun cobriu a boca com a mão e prendeu o riso. Gostava de ver a garota animada daquele jeito, e ver que um simples pedaço pequeno de pano intitulado "feminino" deixava-a feliz, pelo simples fato de poder usá-la livremente.
A garota passou o tecido por suas pernas com facilidade, erguendo-o e prendendo em sua cintura fina, logo passando a mão por cima da saia e a ajustando em seu quadril, encantada demais com a peça.
ㅡ Você é a garota mais bonita que já vi. ㅡ Jaesun disse, com seus olhos brilhantes.
ㅡ Eu sou sim. ㅡ disse sorrindo, vendo o amigo revirar os olhos.
ㅡ Veste aquele cropped de lã, acho que combina.
A garota assentiu outra vez animada, correndo para sua caixa e buscando-o. Retirou a camisa larga que vestia e o pôs, sentindo a ausência de seios quando tocou o próprio busto, mas imaginando como aquilo ficaria lindo quando um dia tivesse.
Jaesun suspirou.
ㅡ Você precisa mostrar tudo isso ao mundo, lu. É lindo.
A garota olhou-se no espelho, analisando suas pernas e parte de suas coxas desnudas. Não tinha muitos pelos por aquelas partes. Na verdade, não tinha muitos pelos por todo o corpo. Sua cintura com parte da pele a mostra também e seus ombros, tudo graciosamente puro e seu, encantando-a de modo que a fez sonhar e imaginar, como seria sair com aquela roupa pelas ruas.
ㅡ Me passa a bolsa verde. ㅡ pediu.
Jaesun logo buscou-a, entregando e ficando ao lado dela, vendo-a pôr e analisar-se, sorrindo ao buscar o celular.
ㅡ Vou tirar uma foto.
Jaesun se afastou, dando-lhe espaço para não atrapalhar a foto, e enquanto a garota fazia poses com seu celular em frente de um espelho, Jaesun sorrateiramente buscou o seu próprio aparelho, tirando discretamente uma foto dela enquanto sorria, e guardando para si.
Era um momento único de sua amiga sendo ela mesma.
ㅡ Woojin?
Ambos sobressaltaram com o susto do som de batidas na madeira da porta e o som da fechadura sendo forçada.
ㅡ Por que está trancado?
A garota desesperou-se. Jaesun pensou rápido e puxou-a para o banheiro. Jogando-a lá com todas as roupas que havia retirado do corpo. Em seguida, chutou a caixa e abriu a janela, respirando fundo até que enfim destravou a porta.
E ele sorriu na maior cara de pau para a mulher.
ㅡ Desculpe-me, senhora jeon. Eu estava contando um segredo a Woojin, acho que quando fechei a porta acabei trancando-a sem querer.
ㅡ Onde está Woojin? ㅡ a mulher perguntou ao adentrar.
ㅡ Fazendo o número dois. ㅡ foi o que o garoto respondeu.
A mulher olhou-o confusa, em seguida mirou a porta do banheiro e foi até lá.
ㅡ Woojin? ㅡ chamou rente a porta.
ㅡ Estou aqui. ㅡ respondeu a garota.
ㅡ Está tudo bem?
ㅡ E por que não estaria, mamãe?
Outra vez a mulher mirou Jaesun, e o garoto que olhava aflito para a mulher sorriu outra vez.
ㅡ Não deixe a porta trancada, ouviu? ㅡ falou para Lucy, mas fitava Jaesun. ㅡ eu não gosto disso aqui em casa, sabe bem.
ㅡ Desculpe-me mamãe.
Jaesun comprimiu os lábios, assentindo e fingindo uma falsa lamentação, fazendo a mulher semicerrar os olhos para si ainda mais.
ㅡ Desça, eu quero que conheça alguém.
ㅡ Conhecer? ㅡ a garota indagou do banheiro alto. ㅡ quem?
ㅡ Desça e descubra. ㅡ respondeu dura, já caminhando de volta a porta. ㅡ não a tranque! ㅡ falou para Jaesun.
O garoto assentiu, vendo-a sair e descer as escadas, e apenas quando ouviu a mulher recepcionar quem fosse ao andar debaixo, fechou a porta sem fazer barulhos.
ㅡ Tudo limpo. ㅡ sussurrou na porta do banheiro.
Lucy saiu e bufou, já com as roupas que antes vestia nas mãos. Abaixou-se e guardou tudo outra vez na caixa, afundando-a debaixo da cama, guardando mais uma vez quem realmente era ali.
ㅡ Isso é um saco. ㅡ deitou-se na cama. ㅡ eu não aguento mais.
ㅡ Você deveria falar. ㅡ Jaesun também deitou, virando para fitar melhor a amiga. ㅡ ao menos ao seu pai. Você mesmo disse que ele te aceitaria se fosse gay. Por que não aceitaria assim?
ㅡ Eu sou o que sou, Jaesun, mas, não quero magoá-lo. Ser gay é diferente. Veja você, você não tem brigas internas por gostar de homens. Ver o filho vestido numa saia é totalmente diferente.
ㅡ E quem lhe disse isto? ㅡ indagou Jaesun, enraivecido. ㅡ Eu tenho brigas internas comigo todos os dias. Não é porque meus pais "aceitaram" ㅡ fez aspas. ㅡ Que eu me sinto livre para levar um namorado aos almoços de domingo. Eu vejo os olhares que mamãe tem sobre mim quando vê algum amigo meu namorando uma garota, ou quando meu pai finge quando perguntam se eu estou namorando e pegando muitas garotas. Mas o que acontece é que, eles são meus pais, e me amam acima de tudo. Eu tenho certeza que não era isso que eles queriam para mim, mas eu nasci assim, o que poderiam fazer? Me expulsar aos treze anos de casa?
A garota suspirou.
ㅡ Me desculpe. ㅡ pediu.
ㅡ Não. ㅡ Jaesun se aproximou mais ainda. ㅡ eu não quero que se desculpe, eu quero que se entenda. Você não vai acordar um dia e ver que ser uma garota foi uma opção sua e que não quer mais ser. Você nasceu assim e vai ser assim até o fim. Eu só não quero que você viva frustrada e presa como anda vivendo todos esses dias. Você merece ser livre, lu, e eu tenho certeza que o seu pai nunca deixaria de te amar por ser quem você é.
A garota tornou-se pensativa naquele momento e olhou para o garoto.
ㅡ Eu não consigo, Jae.
ㅡ Consegue sim. ㅡ sentou-se e a puxou. ㅡ agora vá, ponha seu laço que Ryeon já te espera.
A garota sentiu o borbulhar outra vez em sua barriga, em nervosismo ao lembrar que Ryeon e ela tinham um encontro para assistir às panteras e conversar sobre transexualidade.
Ela não sabia se estava pronta para ter essa conversa agora. Muito menos com Ryeon.
Mas pôs seu laço mesmo assim, amarrando seus cabelos em um rabo de cavalo e o pondo no topo, endireitando-o por fim, e buscando seu delineador em seguida.
ㅡ Vai pôr? ㅡ Jaesun se surpreendeu quando a viu assentir. ㅡ Garota rebelde, é assim que eu amo.
Com um fino delineado tipo gatinho, Lucy buscou uma de suas calças largas e escuras e vestiu-a. Pôs o top que costumava vestir sempre por debaixo da blusa para acostumar-se quando tivesse seios e finalizou com um pouco de gloss nos lábios e um perfume doce e suave.
Sua imagem não era bem o que ela imaginaria para si, mas, naquele fim de tarde, ela sentiu-se bonita.
Muito bonita.
Recolheu o celular e algumas notas de won que guardou para comprar besteira e comer com Ryeon, e desceu para o andar debaixo com Jaesun.
Ouvia sua mãe sorrir alto e também ouvia mais duas vozes femininas. Seu pai não estava em casa, então teria que ser rápida para sair de casa sem sua mãe lhe encher de perguntas.
ㅡ Woojin? ㅡ a mulher chamou. Lucy sorriu, aproximando-se e somente quando chegou à sala, é que viu sua mãe com duas visitas.
Ainda não conhecia os rostos ali, mas havia uma mulher mais velha, com mais ou menos a mesma idade de sua mãe, e ao lado, uma garota jovem. Muito jovem.
ㅡ Essa é Cho Yeo, nossa nova vizinha.
A garota sorriu, reverenciando ligeiramente a mulher.
ㅡ É um prazer conhecê-la, senhora Cho.
ㅡ E olhe, Woojin, essa é a filha dela. Cho Kimi. Não é uma graça?
Outra vez a garota sorriu, vendo a outra garota devolver o ato com timidez, olhando para o topo de sua cabeça logo em seguida.
ㅡ Gostei do seu laço, é bem bonito.
Lucy tocou sutilmente o laço.
ㅡ Obrigada. ㅡ sorriu.
Sun-ha olhou aquilo de modo duro, ficando de pé e retirando-o com pressa.
ㅡ Não liguem, Woojin quando está com seus amigos gosta de fazer bobagens.
Jaesun suspirou, dando a mão à garota, apresentando-se e vendo-a sorrir outra vez.
ㅡ Sou Jaesun, o amigo que faz os outros fazerem bobagens.
Piscou o olho, vendo a garota cobrir a boca com as mãos, e em seguida, buscou o laço da mão de Sun-ha, entregando-o a Lucy.
ㅡ Woah, seu cabelo é bem cumprido. ㅡ apontou Kimi. ㅡ É lindo. Seu delineado também, que perfeitinho...
Desta vez foi Lucy que ficou tímida, tocando nos fios e os jogando para somente um lado, amarrando a ponta com o laço outra vez.
ㅡ Você tem namorada? ㅡ perguntou Yeo, analisando Lucy de cima a baixo.
ㅡ Não. ㅡ respondeu sem filtros.
ㅡ E por que não?
ㅡ Porque estudar é mais importante. ㅡ intrometeu-se Kim. ㅡ A senhora não acha não?
ㅡ Ah, sim, com certeza.
ㅡ Kimi foi transferida para o mesmo colégio que o seu, meu anjo. ㅡ explicou Sun-ha para Lucy.
ㅡ Mas só temos mais dois meses para o fim. Entrará assim mesmo? ㅡ indagou Jaesun.
ㅡ É, mas, eu consegui conversar com o diretor e Kimi irá apenas revisar o assunto, já que é o mesmo que tiveram durante todo o ano.
ㅡ Você poderia ajudá-la a revisar Woojin.
Lucy assentiu, olhando as horas no relógio da parede.
ㅡ Eu preciso ir agora, mas, nos vemos no colégio. ㅡ disse. ㅡ Até logo senhora Cho.
Vendo mãe e filha se despedir, Lucy segurou a deixa para sair do lugar.
Suspirou quando enfim sentiu a brisa fria do vento bater contra si e foi rápida em voltar a ajeitar o cabelo do modo em como estava antes.
ㅡ Está bonito? ㅡ perguntou a Jaesun, prendendo outra vez o rabo de cavalo.
O garoto caminhava ao seu lado, já que a casa de Ryeon não era muito longe dali.
ㅡ Perfeita, Lu. ㅡ sorriu. ㅡ vê se dá uns beijinhos hoje.
ㅡ Aigoo, você acha mesmo que Ryeon vai querer dar uns beijinhos, oppa? Claro que não.
ㅡ Claro que sim. Ele está boiola por você e só você não vê.
ㅡ Até parece...
Pararam numa conveniência que tinha logo na esquina e gastaram todo o dinheiro com besteiras típicas para assistir a filmes.
Tinha pipoca, doces diversos e bebidas gaseificadas, tudo prontinho apenas para ser degustado.
ㅡ Vê se não vai ter mesmo um piriri lá, entendeu? Não come esse tanto de besteira de uma vez só.
A garota ouviu os conselhos do amigo enquanto o via roubar uma coisa de cada. Esperou até Jaesun fazer sua feira ali, e no fim, despediu-se.
ㅡ Me deseje sorte. ㅡ pediu.
ㅡ Eu desejo é sexo. ㅡ brincou. ㅡ ok, boa sorte.
Vendo a garota ir com seu rabo de cavalo balançando, ele sentiu o coração aquecer. Sentia que ela estava mesmo tentando.
Havia tentado durante a semana consigo e com a psicóloga no qual arrumou. Lucy sentou-se lá por uma hora, e se abriu para a mulher desconhecida.
Jaesun nunca sentiu tanto orgulho da amiga como havia sentido lá, e vê-la saindo com a certeza de que voltaria para uma nova consulta, enquanto um sorriso enfeitava seu rosto, só aumentou a sensação.
Então sabia que naquele ato de simplesmente aceitar a possibilidade de falar mais de si para o garoto cujo seu coração palpitava, era a tentativa da garota de voar.
Era um pequeno começo. Talvez insignificante ao ver de muitos, mas imenso ao ver de ambos.
E foi quando Lucy parou seus passos em frente à casa amarela e cheia de flores que ela sentiu que poderia desmaiar.
Buscou ligeiramente o celular, procurando o número de Ryeon em seu aplicativo de mensagem, e quanto o achou, demorou alguns minutos até realmente digitar algo.
Lucy:
|Estou em frente a sua casa.
Não tardou muito para que a garota ouvisse o movimentar da janela de cima. O quarto de Ryeon era o primeiro e ela sabia daquilo. Viu o garoto abrir ligeiro e olha-lá lá de cima, sorrindo com seus cabelos bagunçados e o rosto inchado.
ㅡ Desculpa, acabei de acordar. ㅡ falou Ryeon.
ㅡ Tudo bem, eu posso esperar.
Juntando as mãos à frente do corpo, a garota viu Ryeon fechar a janela sem dizer uma só palavra.
Escorou-se no muro baixo e tocou sutilmente as flores expostas no jardim dali. Sorriu ao ver uma pequena margarida prestes a desabotoar, e sentiu-se por breves segundos como a pequena flor.
Mas, alheia a tudo, a garota não ouviu a porta principal ser aberta. Muito menos viu quando seu amigo passou por lá enquanto ajeitava a roupa velha que usava naquele momento. Lucy sequer viu quando ele parou a sua frente.
Ela apenas notou Ryeon quando ouviu sua voz.
ㅡ Vem, entra.
Olhando-o ligeiramente, ela assentiu, segurando firme a sacola que carregava as guloseimas e passando por ele.
ㅡ Mamãe está fazendo bolo. ㅡ disse Ryeon.
ㅡ Oh, ela está em casa?
Geralmente, Park Roseanne, mãe de Ryeon, não ficava as tardes em casa. A mulher sempre saía cedo para trabalhar numa loja de roupas, onde atuava como vendedora e voltava aos inícios das noites. Muitas vezes era Ryeon quem ficava responsável por limpar a casa e fazer o jantar, mas, naquela tarde, a mulher fazia o cheiro do bolo de laranja espalhar-se por toda a casa.
E Lucy sentiu-o assim que chegou à sala.
ㅡ Filho? ㅡ a mulher chamou.
Ouviu os poucos passos dela na cozinha, e logo sua imagem apareceu na sala. A mulher usava um avental na cintura e seus cabelos cor de rosa amarrados em um coque alto.
Ela sorriu surpresa ao ver Lucy ali.
ㅡ Oh, quanto tempo! ㅡ falou aproximando-se. Lucy, ainda tímida, sorriu, mas foi abraçada por a mulher com força, sendo obrigada a devolver o toque.
ㅡ Mãe... 'tá apertando demais. ㅡ falou Ryeon, num tom baixo e tímido.
A mulher negou para o garoto, segurando Lucy pelos ombros e encarando o rosto da garota mais alta que si.
ㅡ Woah, como está bonito. ㅡ disse.
Ryeon sentiu-se estranho ao ouvir a mãe referir-se a garota por o masculino, mas Lucy sorriu tão grande e verdadeiro, que Ryeon sequer conseguiu focar em outra coisa.
ㅡ Obrigada, senhora Park.
ㅡ Oh, o que é isso, me chame apenas de rosé. ㅡ disse soltando-a. ㅡ Vocês vão ficar no quarto? ㅡ perguntou.
ㅡ Uhum, e sem intromissões. ㅡ disse Ryeon.
A mulher semicerrou os olhos para o filho e negou.
ㅡ Eu vou lembrar-me disso amanhã. ㅡ apontou o dedo.
ㅡ O quê? ㅡ indagou Ryeon. ㅡ A senhora não vai sair outra vez, e chegar só na madrugada, não é?
ㅡ Vou. ㅡ respondeu-o caminhando de volta à cozinha. ㅡ e sem intromissões.
Ryeon negou sorrindo, e Lucy olhou-o.
ㅡ Ela está namorando? ㅡ perguntou curiosa.
ㅡ Não, mas sempre sai com as amigas e volta com... Companhias. Semana passada mesmo trombei com um guarda. Ele estava fardado e tudo.
A garota negou sorrindo, e não pensou por um segundo julgar mal a senhora Park.
Sua mãe já estaria fazendo mil e um comentários ruins sobre aquele assunto, mas Lucy apenas via aquilo como liberdade.
A mulher era solteira, não tinha amarras. Lucy até achava engraçado e bem bonito o modo em como ela não ligava para nada ao redor. Saía e ia para onde bem quisesse, e sequer seu filho que já era um homem poderia falar algo a respeito.
Lucy queria poder fazer o que quisesse no futuro também.
ㅡ Vamos subir. ㅡ chamou Ryeon. ㅡ eu separei o filme.
ㅡ E eu trouxe besteiras. ㅡ ergueu a sacola.
Park olhou para aquilo e sorriu, já caminhando à frente.
A garota retirou seus sapatos e ouviu-o perguntar:
ㅡ Como nos velhos tempos?
Lucy suspirou, seguindo-o escada acima.
ㅡ Como nos novos tempos.
Ryeon achou a frase da garota engraçada, e abriu a porta do quarto para que ela entrasse primeiro.
ㅡ Não liga para a bagunça. ㅡ ele disse.
ㅡ Eu ligo sim, seu bagunceiro!
Ryeon riu, foi buscando coisa por coisa ali, juntando um a um e guardando do modo em como ficasse organizado.
Lucy sorriu, esticou o lençol sobre a cama e sentou-se no canto.