Capítulo 27
1378palavras
2023-04-15 08:23
1 mês depois
Rose
O mês pareceu correr e tão depressa que não parecia existir tempo o suficiente para mim e Antônio passarmos algum tempo juntos. Sempre que conseguimos um tempo, nós dedicávamos a nós, a nos conhecer a cuidar desse relacionamento que estava surgindo e era tão intenso que nenhum de nós sabia com tínhamos ficado tanto tempo um longe do outro.
— Senhorita Rose? — Lilian, a nova governanta me chamou — Chegou um presente para a senhorita. — Desci as escadas correndo imaginando o que Antônio poderia estar aprontando, mas quando vi o enorme buquê de rosas desanimei no mesmo instante.
— Só pode ser brincadeira — falei bufando, Luana e Bianca riram de minha reação e Lilian ficou sem entender nada.
— Nós dissemos que ela iria odiar.
— Mas são tão lindas. — Ela falou me olhando abismada.
— Lindas de serem cultivadas em jardim e não em vasos. Elas vão morrer dentro de um pote de água.
— Mas quem as deu só queria fazer a senhorita feliz.
— Não é a primeira vez que ele as manda, ele já mandou um caminhão de flores, se não percebeu que isso não encanta a Rose, realmente ele não conhece nada sobre ela.
— De quem são? — Lilian estava curiosa e peguei o cartão que estava nas flores.
— Quem quiser ficar para si, pode levar. — falei puxando a cadeira e me sentando já imaginando a ladainha que viria dali.
"Querida Rose,
A algum tempo não tenho notícias suas e isso entristece meu coração. Acreditei que o mar de flores que te mandei no outro dia teria quebrado qualquer má impressão que eu tenha deixado, mas suponho que ainda tenha alguma ressalva a meu respeito. Gostaria de confirmar um dia para nós encontrarmos e desfazer qualquer mal-entendido. Eu realmente estimo a senhorita e gostaria de lhe conhecer. Fico no aguardo de sua resposta. Arthur"
Fiz cara de nojo quando vi o que estava escrito lá e reli mais uma vez. Eu teria entendido que a pessoa não queria mais falar comigo depois de um mês sem conversar comigo, somente ele era alheio a isso. Talvez ser filho de um duque o deixava imune a esse tipo de rejeição.
— O que vai fazer? — Bianca se sentou a minha frente, eu sabia que ela e Luana estavam desconfiadas das coisas que aconteciam entre mim e Antônio, mas mesmo gostando muito das duas eu não podia me precipitar e contar, eu precisava do tempo necessário para saber se estávamos fazendo a coisa certa.
— Acho que vou responder que não tenho nenhum tipo de interesse nele.
— Nenhunzinho? — Luana cantarolou.
— Não, ele não faz meu tipo — Meu tipo tinha olhos negros, cabelos pretos e um charme que me tirava o folego só de estar no mesmo ambiente que eu.
— Por que não o chama aqui para conversar? — Lilian pareceu se interessar pelo duque.
— O senhor Antônio mata os dois. Ele odeia o filho do duque — Bianca falou por mim e só concordei.
— É mesmo? E como o conheceu?
— A mãe de Antônio fez uma reunião aqui com a família dos Duques e os filhos vieram — Luana respondeu e revirei os olhos por saber que Francisca ainda era influenciada pela mãe a tentar algo com Antônio.
— Enfim, vamos acabar com esse assunto, pois se o senhor Antônio chegar aqui e ouvir vocês falando sobre isso, vai virar um ....
— Um? — lá estava ele na porta me encarando esperando para ver se eu teria coragem de falar o que estava preso em minha língua. É claro que quando estávamos só nós dois, eu falava tudo o que pensava, mas ali na frente das funcionárias eu não poderia ter tal liberdade.
— Já vamos servir seu almoço — falei me virando para as três e as fazendo correr, quando mais ninguém estava na sala me virei novamente para ele que já estava colado a mim.
— O que eu vou virar se ouvisse o que vocês estavam conversando? — ele me encarou com um sorriso nos lábios, era um desafio claro.
— Um demônio — falei rindo e ele fez uma cara de desgosto.
— Sabe que tem poucas coisas no mundo que me transformam nisso aí.
— Eu sei, por isso disse. — Ele levantou a sobrancelha me encarando. Suas mãos já enlaçavam minha cintura e ele correu o seu nariz por meu rosto.
— Eu vou querer saber sobre o que se trata? — fiz que não com a cabeça aproveitando o carinho dele. — E eu preciso saber do que se trata? — fiz que sim com a cabeça e ele se afastou. Desde que chegou seu olhar estava focado no meu, mas assim que disse que ele teria que saber ele se afastou e mirou minha boca. — Então me dê um beijo primeiro para encarar a bomba que você vai jogar em minha cabeça.
— Quem o vê pensa que você sempre pede, não é? — ele riu baixo e se aproximou deixando sua boca um dedo da minha. Seus lábios sempre contornavam os meus antes de se apossarem deles. Eu não imaginava o que poderia ser melhor do que tê-lo ali comigo. O tempo parecia parar e eu só queria ficar ali pelo resto da eternidade.
— Acho que já recarreguei minhas energias — ele falou quando se afastou, eu ainda mantinha meus olhos fechados guardando aquele momento em um lugar secreto dentro da minha cabeça e do meu coração. — Quando quiser, pode me contar — fiz que sim com a cabeça e coloquei o bilhete que veio com as flores em sua mão direita.
— Estou pensando em responder por mensagem para não ter que vê-lo. — Antônio bufou antes de começar a ler. Era tão engraçado como eu já sabia exatamente o que ele estava sentindo mesmo antes dele falar qualquer coisa. Quando terminou de ler o bilhete ele rasgou em mil pedaços.
— Não vai responder nada — ele se afastou indo direto para o escritório e o segui.
— Se eu não responder, daqui a pouco ele desmata uma floresta e aí sim teremos um problema.
— Quem vai responder esse idiota sou eu Rose e reze para eu não ir até lá para me acertar com ele.
— Você não faria isso.
— Não? — ele virou me encarando.
— Não, porque eu não quero que se rebaixe a isso. Não precisa de tanto, se eu responder que não tenho interesse ele para.
— Não acho que seja tão fácil assim. Ele tem um orgulho e um ego do tamanho do mundo, não vai aceitar que simplesmente você não tem nenhum interesse por ele.
— Mas vamos começar pelo mais fácil.
— E o que quer dizer com isso? — ele se sentou na cadeira me observando
— Vamos responder que não tenho interesse e se ele não parar nos pensamos em outra coisa. — dei de ombros e ele observou minha reação.
—Tipo eu socando a cara dele — Antônio bufou de novo e se ajeitou atrás da escrivaninha. Ele tirou da gaveta uma folha de papel e empurrou em minha direção com a caneta. Observei a folha de papel por mais um tempo antes de me sentar e puxá-la para mim.
Comecei a escrever o que eu já tinha planejado.
"Senhor Arthur. Não respondi a suas flores, pois não me agrada em nada ver o dano que está causando aos jardins. Sei também que o senhor gostaria de me conhecer melhor, mas não estou disponível para isso. Espero que compreenda e aceite. Rose."
Entreguei para Antônio que leu e me encarou novamente.
— Tenho certeza de que ele irá compreender.
— Espero que sim, se não será do meu jeito. — Me levantei da cadeira e dei a volta na mesa ficando atrás dele e o abraçando por trás.
— Vai dar certo.
— Rose ... — eu beijei seu rosto — Acredito que está na hora de revelarmos a todos que queremos ficar juntos. — Ele falou e continuei abraçada a ele tentando entender exatamente qual seria o impacto dessa notícia na vida das pessoas de nossa família.