Capítulo 26
1134palavras
2023-04-14 08:22
Antônio
Eu ansiei pelo nosso reencontro o dia todo, não consegui me concentrar em nada na fábrica, até meus irmãos perceberam que algo estava acontecendo e já imaginaram coisa errada quando eu não respondia o que eles queriam. Álvaro quase acerto o motivo dos meus devaneios, contudo desconversei e o mandei voltar ao trabalho.
— É melhor a gente parar, as meninas podem nos ver — ela falou assim que nos afastamos para recuperar o ar. Sua testa estava encostada a minha. — Nós temos que ser mais cuidadosos.
— Você é irresistível, Rose. Eu fiquei o dia inteiro longe de você — eu estava fazendo drama, sim! Mas ela tinha razão. — Vou tentar me controlar, prometo — nos afastamos e vi que seu rosto estava coberto de pintinhas vermelhas. Acariciei seu rosto.
—O que foi? — ela questionou meu olhar avaliador.
— Você tem alergia da minha barba — sorri de lado e ela colocou a mão no rosto.
— Está muito feio? — ela quis se virar e correr para o quarto.
— Não, só um pouco vermelho, já, já sua pele se acalma.
— Tem certeza disso Antônio? Como vou até a cozinha agora? Meu Deus, como vou explicar tudo isso? Otávio está lá, esperando por mim.
— Não se preocupe, meu anjo, vai sumir — segurei seu rosto entre minhas mãos. — Isso é só até você se habituar com o nosso contato. — Pisquei para ela que ficou ainda mais vermelha.
— Não devemos mais fazer isso, não enquanto as meninas estiverem em casa. — Ela estava decidida e se afastou de mim, me deixando ansioso para beijá-la de novo.
— Tudo bem, Rose. Não vou fazer nada que você não queira. — Peguei seu cabelo entre meus dedos e brinquei com ele. — Como estão as coisas por aqui? Otávio teve um bom dia?
— Sim, ele brincou o dia todo com sua mãe, acho que estava com saudades dela, nem quis ficar comigo — eu ri de sua carinha de tristeza. — Não que isso seja ruim, acho maravilhoso esse laço entre avó e neto. — Se corrigiu e eu gargalhei. — O que foi?
— Otávio não vai desistir de você, posso te garantir.
— Como tem tanta certeza disso?
— Só tenho, não se preocupe e outra, fazia tempo que minha mãe não vinha até aqui, até mesmo você fica encantada com a senhora Arlete. — Sorri de lado com essa constatação. Minha falecida esposa nunca tivera um relacionamento tão bom com minha mãe, como as meninas Vieiras tinham. Era algo natural, como se o destino se encarregasse de junta-las e não separar mais.
— Fico mesmo, sua mãe é maravilhosa. Gosto muito dela.
— E ela de você, só sabe fazer elogios sobre as meninas Vieiras. Às vezes acho que o que Álvaro diz é verdade.
— O que ele diz?
— Que ela gosta mais de vocês do que de nós. — Agora ela gargalhava e aproveitei para puxá-la de volta para mim — E ela seria louca de não gostar de vocês, uma vez que são tão incríveis.
— Não seja bobo — ela amparou as mãos no meu peito — Vou até meu quarto dar um jeito no rosto e já volto para servir seu jantar.
— Irá jantar comigo — ela sorriu de lado e não resisti a lhe dar um selinho.
— Sim, senhor Antônio — falou fazendo cara de quem estava irritada, porém o sorriso a seguir mostrava que ela estava brincando.
— Pois bem, vou deixar que se afaste somente agora. Já fiquei o dia todo naquela fábrica sem você, aguentando meus irmãos que estão cada dia piores.
— Algum problema com Álvaro e Emma? — esqueci que ela era extremamente protetora com a irmã.
— Não, ele só quer me infernizar mesmo o dia todo. E André estou quase achando que é um caso perdido.
— Se quiser desabafar comigo, estou aqui — sorri com a sua oferta, seria bom ter com quem conversar sobre essas coisas. Álvaro não queria se meter na vida de André e me aconselhou a deixá-lo resolver os problemas da forma dele, porém eu não conseguia, André sempre foi o mais complicado de nós três e eu sempre tive que limpar sua barra, pelo visto agora eu teria que intervir de novo.
— Obrigada, Rose — beijei sua testa — Mais tarde conversamos, acho que preciso mesmo de alguém que entenda o que é ter irmãos mais novos para se preocupar.
— Presente. — Ela levantou a mão e eu ri. — Eles nunca vão deixar de ser crianças para nós.
— Não mesmo. — Ela se afastou.
— Vou até meu quarto.
— Eu te acompanho, quero tirar essa roupa antes de jantar.
— Tudo bem.
Subimos as escadas um ao lado do outro, ela mal me olhava, mas meus olhos não perdiam suas reações por nada. Eu queria aquela mulher para mim de uma vez por todas, não conseguiria esconder a erupção que estava acontecendo em meu peito por muito tempo.
Quando ela me olhou antes de se encaminhar para o quarto a puxei de novo e a beijei da forma como eu queria.
— Agora você pode ir. — Sorri e seus olhos brilharam.
— Você é louco.
— Estou ficando cada dia mais, meu anjo.
Ela entrou no quarto e eu no meu. Com certeza essa era a melhor coisa que eu estava fazendo em minha vida. Ter Rose presente em meus dias me acalmava e me fazia ter esperanças do que esperar para o futuro. Eu não queria voltar a escuridão ao qual me encontrava quando ela entrou em minha vida. Eu queria que ela continuasse ali, presente, para sempre. Eu tinha que tomar uma atitude, antes que alguém fizesse antes de mim, mesmo sabendo que talvez não houvesse interesse da parte dela.
Sai do quarto poucos minutos depois, eu só precisava acalmar meus ânimos, desci as escadas e Luana estava terminando de colocar a mesa de jantar. Otávio estava engatinhando de um lado para o outro no espaço e veio rapidinho para perto de mim.
— Ei filhão? — o levantei em meus braços e o beijei na cabeça — Papai estava com saudades.
— Papapa — ele falou e me assustei.
— Ele falou papai? — perguntei para ela que também estava admirada.
— Sim senhor, ele falou sim!
— ROSE? ROSE? — Comecei a chamá-la e levantar meu filho no ar extremamente feliz.
— Onde é o incêndio? — ela falou entrando na sala esbaforida da corrida que fez até ali.
— Otávio falou papai, ele falou! Luana está de provas — ela confirmou e os olhos de Rose brilharam tanto quanto os meu.
Agora sim minha vida estava entrando nos eixos.