Capítulo 10
2753palavras
2022-12-17 12:49
- Ele é um pedaço de mal caminho. – Olhei para Ben, tentando não ficar encarando o desconhecido.
- E você bem decidida, amiga. – Ele riu. – Vai que seu sexo oral está aí... Não se sabe, não é mesmo?
Suspirei:

- Fazer sexo com um desconhecido?
- Quer o que? Fazer uma entrevista antes? Não seja tapada, Babi. Você não é mais criança. E escute o que eu digo: sexo é sexo.
- Sabe que só fiz isso com Jardel... E estou quase virgem de tanto tempo sem fazer depois que ele morreu. Então se eu disser que não estou insegura, estaria mentindo. Nem sei mais sobre a arte da conquista.
- Nada mudou, amiga. Você olha para ele, ele para você... E se ele não vier, você vai até ele.
- Bem, na minha época a mulher não ia até o homem.
- Passado, baby. Não existe mais isso. Os interessados que se joguem. Se você não for, tem outras que irão... Até mesmo eu iria até aquele tesão se não fosse seu melhor amigo. – Ben olhou para ele e jogou um beijinho.

O homem sorriu e levantou o copo novamente.
Desviei o olhar do dele, que praticamente me engolia viva.
- Vou pedir uma música. – levantei. – Tem uma moeda?
- Quem ganhou dinheiro e cartão foi você, amiga, não eu. Estou duro... De dinheiro... De resto, tudo mole.

- Ben, Ben, você não tem jeito. – Balancei a cabeça, indo até a jukebox e pedindo a minha música favorita da vida toda: “These Days”.
Enquanto voltava para o meu lugar, o barman gritou:
- Saudade de Bon Jovi, Babi. Acho que ele não nos deu a graça desde que você nos deixou. – Riu, enquanto servia uma bebida para alguém.
- Preparado para enjoar dele?
- Sempre... – piscou.
Antes que eu sentasse, vi Sebastian Perrone entrando pela porta do Hazard. Fiquei imóvel e espantada de encontrá-lo ali.
Ele veio na minha direção. Estava acompanhado de outro homem, tão lindo quanto ele.
- Bárbara Novaes! – me ofereceu a mão. – Prazer em revê-la.
Apertei a mão dele e disse:
- Se fosse um prazer, deveria ter me contratado, senhor Perrone. Ou melhor, Sebastian. Já que não é meu chefe, Sebastian está bom para você. – brinquei.
- Este é meu amigo, Tony.
Nos cumprimentamos.
- Meu melhor amigo, Ben. – Apresentei Ben, que levantou e os cumprimentou com beijos, como ele gostava de fazer. – Ben, este é o CEO da Perrone, que me dispensou por ser inexperiente.
Ben suspirou:
- Realmente inexperiente em muitas coisas... Mas não se aplica a trabalho, isso eu garanto. Ninguém é melhor que minha amiga na questão do marketing. Quanto ao resto... Bem, neste caso “ela” procura alguém experiente.
Senti o sangue subir à minha face:
- Não leve em conta as brincadeiras de meu amigo, por favor.
Tony começou a rir, balançando a cabeça.
- Sei brincar, Bárbara. – Sebastian riu, me olhando com graça.
- Me pergunto o que você faz aqui... Neste lugar tão... Simples e humilde.
- Por acaso tenho cara de que vou aonde? – perguntou.
- Babilônia, bebê. – Ben falou antes de mim. – O dono da Perrone no Hazard? Desde quando o Hazard virou um bar de CEO’s? Não faz tanto tempo que não venho até aqui para toda esta mudança.
Sebastian riu divertidamente:
- Talvez eu seja um CEO diferente. E só para você saber, eu gosto muito do Hazard. Além do mais... Eu tenho uma certa aversão ao dono da Babilônia.
- Jura? Eu também. – falei, me sentindo mais tranquila. – Achei que era só eu que achava Heitor Casanova um miserável desprezível.
- Não posso dizer que somos inimigos... Mas não há a mínima possibilidade de sermos amigos também.
- Por que não sentam conosco? – Ben ofereceu.
Olhei para o homem escorado no bar e seus belos olhos. Tinha cara de safado. E eu não podia negar que eu era simplesmente um ímã para homens que não valiam nada. E o pior de tudo é que o desgraçado me lembrava Jardel. E mesmo eu querendo distância do meu ex, que já estava sentado ao lado do diabo, tipos como ele eram os que atraíam.
- Eu e Tony viemos tratar de negócios, na verdade. Então não seríamos uma boa companhia.
Tony não disfarçou seus olhares para Ben, que de bobo não tinha nada e já começou a se assanhar.
- Que pena! – Ben lamentou.
- Bárbara... – Sebastian retirou da carteira um pequeno cartão e me entregou. – Este é o número de um amigo meu. Ele tem uma empresa de médio porte na cidade vizinha. E procura alguém para a área de Marketing.
Olhei o nome no cartão, com endereço e telefone.
- Pode ligar e diga que eu recomendei você.
- Obrigada.
- Se já encontrou um trabalho... Pode jogar fora.
- Não... Não encontrei. Dei meu melhor numa entrevista semanas atrás, mas o CEO queria alguém com mais experiência e não quis me dar uma chance. Fiquei puta... Mas fazer o que. – Ironizei.
- Este CEO lamentou muito o ocorrido. Mas infelizmente ele é o CEO e precisa pensar na empresa em primeiro lugar. Se não fosse tão correto, ele teria feito diferente. Mas por não se sentir bem pelo que fez e achando que a mulher deu seu melhor, resolveu tentar ajudá-la de outra forma.
Sorri:
- Obrigada, Sebastian. O dia que me contratar, eu o chamo de Senhor Perrone.
- Use a empresa do meu amigo para ser o seu trampolim. E talvez em breve sejamos senhor Perrone e senhorita Novaes.
- Obrigada novamente. – Guardei o pequeno cartão na minha bolsa.
Os dois sentaram numa das mesas do fundo, deixando o espaço do corredor livre para eu poder olhar o possível homem que tiraria minha segunda virgindade.
Ben olhou na direção do meu rosto e disse:
- Babi, por Deus, me diga que sua depilação está em dia.
- Está em dia... Sempre.
- É hoje que você vai saber que Jardel era um puto desgraçado.
- Eu sempre soube, Ben.
- Ainda não entendo porque suportou ele tantos anos...
- Eu também não. Às vezes acho que entendo... Outras não. Sinceramente, tem coisas que fazemos na vida que não tem explicação. E só nos damos conta depois. Eu sabia que não era bom. Eu sabia que era um relacionamento tóxico. Eu sabia que ele me fazia sofrer, me manipulava, abusava da minha boa vontade, dos meus sentimentos por ele... Ainda assim eu ficava ali, como se não tivesse outra opção. A parte boa é que hoje eu sei que nenhum homem vale mais do que eu mesma... Eu em primeiro lugar. E não preciso deles também para ser feliz. E...
Olhei na direção do meu futuro “desvirginador” e não o encontrei mais.
- Porra, perdi o homem por causa de Jardel. Até morto ele me incomoda e traz azar.
- Amiga, o homem do bar já é seu, não se preocupe. E se eu não pegar Tony esta noite, eu vou morrer... Juro.
Foi quando ouvi “Saturday Night” tocando ao fundo, na Jukebox. Levantei e olhei na direção da máquina e o homem veio vindo calmamente, me encarando.
Meu coração colou um pedaço bem pequenininho. E ficou esperançoso, sabendo que talvez fosse possível se recuperar um dia de tudo que passou.
- Escolhi para você. – Ele disse quando parou na minha frente, com a voz rouca, segurando uma garrafa de cerveja, que bebia no gargalo.
- Obrigada. Eu amo Bon Jovi.
- Acho que por aqui todos já sabem. – Ele sorriu, mostrando os lindos dentes.
Percebi que ele era mais novo que eu. E quem se importava? Eu não. Novas experiências... Talvez este fosse meu novo lema depois de provar o bebê.
- Sim... – respondi, completamente inebriada pelos olhos dele e seu jeito sedutor.
- Quer... Dançar? Jogar sinuca? Sair daqui?
Fiquei quase sem ar... Ele foi direto.
- Escutar a música... – falei.
- Depois sair daqui. – Ben completou. – Se você tiver uma colherinha para levá-la, é claro. – Sorriu, sabendo que só nós dois entendíamos sobre o significado daquilo.
- Não tenho colherinha... Mas tenho um carro, se serve. – Olhou para mim.
- Serve sim...
Ele pegou minha mão e fomos até o bar.
- Bebe comigo?
- Sim, claro.
- O que posso pedir para você?
- Pedir eu mesma peço. Mas pode pagar, se quiser.
- Com certeza.
Chamei o barman e pedi uma taça de vinho tinto. Eu e Ben nem chegamos a abrir o espumante. Mas se eu bem conhecia meu amigo, ele não iria embora dali se não fosse com Tony. E digo que era bem difícil resistir a Ben. Aposto que o amigo de Sebastian tomaria minha parte da bebida.
- Sou Tales.
- Bárbara.
- Vou confessar que você me chamou a atenção no exato momento que pisou seus pés aqui.
- Nunca o vi por aqui... Se bem que faz um tempo que não venho.
- Minha primeira vez... De muitas. – Sorriu.
- Gosta de Bon Jovi?
- Não sei se entra na minha lista de músicas hoje em dia. Mas Saturday Night é um clássico.
- Sem dúvida. Ainda não saí desta década que passou... Ao menos no gosto musical. Mas Bon Jovi literalmente esteve e sempre estará no top 1 da minha lista.
A música acabou, junto da minha taça de vinho.
- Podemos pagar a terceira e última música dele... Ou escutar toda playlist no meu carro.
Foda-se. Chega de ser certinha. Dois anos foi tempo suficiente para sair da bad e me dar uma chance de ser feliz. Eu não precisava mais ficar me culpando por ter sido idiota e otária. Eu tinha 27 anos e podia sair e transar com quem eu quisesse. Jardel estava morto. Não viria atrás de mim, não me perseguiria feito um louco, não faria vexame num local público. Eu não precisava mais ter medo. Acabou... Ele já tinha ido para o inferno. Porque era impossível ele ter ido para o céu, se é que existia.
- Escutar a playlist no seu carro. – Fui clara e objetiva.
Ele tocou meu rosto carinhosamente.
- Vou pegar minha bolsa. – Avisei, saindo.
Fui até a mesa enquanto ele pagava a conta. Peguei a bolsa e disse:
- Eu vou transar com um desconhecido.
- E eu beber por mim e por você, amiga. – Ben comemorou. – Dá tudo pra ele.
- Tudo não... Só o normal.
- E existe normal? – ele balançou a cabeça, arregrando os olhos de forma engraçada.
- Se eu for morta, o nome dele é Tales.
- Pode ser nome falso. – Me amedrontou.
- Pega o número da placa quando eu sair.
- Ah, porra, vai lá perder sua segunda virgindade e pare de encher o saco, Babi.
Fui seguindo Tales até o carro dele, que estava estacionado próximo. Ele abriu a porta para mim.
Assim que ele sentou ao meu lado, perguntou:
- Além de querer escutar Bon Jovi no meu carro, o que mais posso lhe oferecer?
- Você. – Eu disse desavergonhadamente.
Ele sorriu e veio até mim, dando-me um beijo. Os lábios dele eram macios e beijava bem. Quem era eu para julgar se ele beijava bem, sendo que beijei uma única boca por oito anos consecutivos? E era a mesma que me enchia de desaforos e me ameaçava.
Jardel, me deixe! Eu preciso seguir em frente. Parece que não basta só odiá-lo. É como se eu fosse comparar tudo e todos com você pelo resto da minha vida.
Quando percebi, o beijo havia acabado e eu nem sequer soube apreciar.
Ele ligou o carro:
- Posso levá-la a um motel?
Ele foi direto também. Acho que estava escrito “Preciso de sexo” na minha cara.
- Pode. – Assenti.
O trajeto teve Bon Jovi. Mas confesso que nem consegui prestar atenção direito, porque estava nervosa.
Ele sabia o caminho do Motel mais próximo como qualquer pessoa sabe o da Padaria. E eu, com 27 anos, nunca havia ido a um Motel. Conheci Jardel cedo e nossa primeira vez foi na casa dele, quando os pais haviam saído. Depois fizemos um pouco na casa da minha avó, outras na dele... Sem contar as vezes que ele me obrigou a fazer sexo... Como quando eu ia buscá-lo nos buracos imundos onde ele se enfiava, porque Ana estava quase morta de preocupação e a pressão dela subia descontroladamente. Ele nunca acreditava que eu só queria tirá-lo dali... Sempre achava que eu o queria. E não adiantava dizer “não”... Porque quando ele estava drogado, ficava fora de si e fazia coisas absurdas. Quando voltava a ser ele mesmo, pedia perdão. Mal ele sabia que eu sempre o perdoei... Mas nunca perdoei a mim mesma por aceitar tudo aquilo em nome de não sei o que.
Tales estacionou o carro e abriu a porta do quarto, com uma chave com chaveiro com um coração vermelho pendurado, enorme.
O quarto era amplo, todo branco de cima até embaixo e o ambiente agradável. Tinha uma hidromassagem perto da janela fechada e uma porta que eu julguei ser um banheiro. A cama era enorme e travesseiros bem arrumados deixavam tudo com ar de limpeza.
Larguei a bolsa no aparador pequeno e ele foi me levando pela cintura até a cama, onde me beijou várias vezes e me tocava em todos os lugares. Eu estava gostando. E melhor ainda foi quando ele retirou minha calcinha, deixando-me só de vestido.
Meu coração batia fortemente e eu estava completamente molhada. Ele abriu minhas pernas e ajoelhou-se no chão. Então começou a lamber-me vagarosamente, sem nenhuma pressa, deixando-me arrepiada e com uma sensação jamais experimentada antes.
Quando sua língua entrou em mim, agarrei-me aos lençóis e não segurei o gemido algo que saiu do lugar mais profundo do meu ser. Não... Eu jamais imaginei que aquilo poderia ser tão bom e me levar à lugares que jamais pensei estar antes.
- Está gostando? Ou quer que eu pare? – ele perguntou.
- Não... Continue... Por favor.
Os movimentos repetidos de entra e sai na língua na minha intimidade, profundamente, fizeram eu gozar em pouco tempo. Meu corpo estremeceu-se e meu coração parecia querer saltar para fora do peito. Não abri meus olhos e sequer consegui soltar o lençol que segurava com força entre meus dedos. E eu ainda não tinha tirado a roupa.
- Gozou, linda?
- Sim... – falei, num fio de voz.
- Posso fazer de novo?
Levantei a cabeça, aturdida:
- De... Novo? Não quer que eu...
- Não se preocupe comigo... Quero ouvir você gozando... Muitas e muitas vezes.
- Eu quero. – Afirmei, sem pensar duas vezes.
Ele retirou do bolso alguma coisa. Imaginei ser uma camisinha. Mas não. Para minha surpresa, ele começou a chupar um Halls preto, forte. Senti o cheiro de onde eu estava.
- Quer sentir uma coisa que jamais vai esquecer na sua vida inteira?
Assenti com a cabeça, incapaz de falar qualquer coisa.
Então eu cheguei ao céu. E não vi só estrelas. Fui à lua e voltei, repetidas vezes, até não suportar mais.
E mesmo parecendo estranho, só fui tocada por horas e horas, sentindo tudo que não fui capaz ao longo de oito anos. E não houve penetração... Porque eu não tinha mais forças no corpo para seguir com aquilo, de tantas vezes que gozei.
Despertei sentindo ardência na vagina. Abri um pouco as pernas e percebi que ainda estava nua, coberta por um lençol. Procurei Tales na cama e não o encontrei. Me cobri e fui até o banheiro e nada dele.
- Será que o desgraçado foi embora e me deixou aqui?
Peguei o telefone e liguei para recepção:
- Bom dia... Estou no 402. Poderia me dizer se... O meu acompanhante... Saiu? – perguntei sem jeito.
- Sim, senhora. O homem do 402 saiu e já pagou a conta.
- Obrigada.
Desgraçado, mil vezes desgraçado... Desclassificado ao extremo! Bati o pé no chão repetidas vezes, de raiva. Ia ter que chamar um táxi. Porque motorista de aplicativo estava fora de cogitação. E se Daniel aparecesse?
Fui pegar meu celular na bolsa e para minha surpresa, a bolsa não estava onde deixei.
Mais de trinta minutos para eu aceitar que o homem que me fez gozar repetidas vezes, me proporcionando a melhor noite da minha vida, me roubou.