Capítulo 115
2184palavras
2022-12-29 23:58
Quando meu pai ofereceu seu braço para eu andar no tapete vermelho até Estevan, senti meu coração dar saltos dentro do peito. Sean estava tão lindo que eu quase poderia casar com ele se não fosse meu pai.
Ouvi a marcha nupcial e os convidados se levantaram. A grama verdejante do jardim acolhia as pessoas mais especiais das nossas vidas. Enquanto eu caminhava no final da tarde, vendo o sol se pôr numa alaranjado espetáculo à minha frente, me senti tão feliz que podia até pensar que era um sonho.
Emy estava linda num vestido de festa preto. Eu sorri. Claro que ela usaria preto, ou não seria Emy Beaumont. Samuel... Ah, quanta saudade deste Deus grego da beleza. Ainda mais vestido socialmente, o que eu nunca havia visto até então. Segurei a respiração quando o vi. E sim, ele estava acompanhado. E a garota era até sem graça, não sei se pelo fato de ele realmente ser tão lindo que ela acabava perdendo o brilho junto dele. No fim, eu sabia que ele não ficaria muito tempo sozinho. E ele merecia ser feliz e ao lado de uma pessoa realmente especial. E eu poderia afirmar que a garota magra, vestida de cor de rosa, era uma menina de sorte. A minha querida Emília estava uma graça em seu vestido rodado azul. O sorriso radiante dela me deixava absolutamente feliz.
Léia estava vestida lindamente, como eu nunca vira. Deise havia feito um bom trabalho, como sempre. O sorriso de Léia era o que aqueceu meu coração por toda uma vida, bem como suas palavras de carinho e seus ensinamentos, assim como sua preocupação comigo como se eu realmente fosse sua filha.
Alexander e Beatrice... Um casal nada convencional. Um romance nascido durante a tempestade no castelo de Avalon. Ela estava linda, como sempre. E nunca imaginei que uma mulher grávida poderia ficar tão perfeita quanto ela. Os olhos azuis dele entraram nos meus. Consegui ver nosso primeiro beijo... E ele correndo atrás de mim pelos corredores do castelo de Avalon. O meu biscoito preferido estava sempre em suas mãos. E ele puxava os meus cabelos de vez em quanto. Eu ri... Por mais que ele tivesse feito coisas horríveis, o que ainda permanecia dentro do meu coração era o menino de cabelos cacheados caindo pelos ombros e com o olhar mais gentil que eu já vi na vida. Acho que um dos meus maiores sofrimentos foi quando pensei que ele tivesse morrido por mim. Mas não... Ele estava ali. E eu sabia que não era fácil para ele estar vendo eu me casar com outro homem. Ainda assim ele aceitou meu convite, porque sabia que era importante para mim sua presença. E eu só estava ali, naquele momento, porque ele deu sua vida por mim. E por este motivo, ele era um convidado muito especial.
Mia ainda estava lá, linda e plena em seu vestido vermelho. Não sei se eu via algo nos olhos dela... Eu já não conseguia senti-la como um dia consegui. No fim, ela estava ali muito mais por consideração a Léia do que pela amizade que tivemos um dia.
Théo estava bem vestido e também me impressionou. Ver alguns membros da Coroa Quebrada de terno era divertido. Os rebeldes tatuados vestidos de preto, que tocavam numa banda e tinham um bar de rock podiam ser fofos. Ainda bem que eles não ouviam meus pensamentos.
Deise e Estefano estavam na primeira fileira. Fui recebida não como uma nora por eles, mas como uma filha, desde o início. Nunca pensei que em algum momento seria grata a Stepjan Beaumont quanto eu era naquele momento. A única coisa que ele havia feito de bom para mim em toda sua vida foi escolher a família D’Auvergne Bretonne para unir-se a nossa.
E lá estava ele... Meu Estevan. O amor da minha vida, desde sempre. O garoto do meio, que levava o casaco displicentemente nos ombros. O homem que tirou seu brinco de ouro para me dar quando não tinha nada a oferecer. A criatura que odiei quando me confundiu com uma prostituta e corou quando o convidei para sair comigo de graça. O garoto tímido que me encontrou no início da manhã e quis me pagar algo para comer e como não encontramos nada ficamos conversando aleatoriamente na praça até vermos o sol nascer. O homem que me resgatou numa moto e me fez perder a virgindade da forma mais especial possível, sendo o momento mais perfeito e inesquecível da minha vida. E depois daquela vez que nossos corpos se fundiram num só, eu tinha certeza de que jamais amaria alguém em toda a minha vida a não ser ele. Ele me fez conhecer o ardor da paixão e o prazer do orgasmo. E nada nem ninguém podia apagar meu fogo e me fazer gozar como ele. O homem que me levou para conhecer o mar... E formas diferentes de prazer. A pessoa que terminou comigo sem nem termos começado porque iria casar com outra. E que estava me esperando no final da escada quando conheci meu futuro marido. Estevan era prometido a mim desde antes de eu nascer. E eu tenho certeza de que o destino nos predestinou muito antes disto. De todas as nossas aventuras, encontros e desencontros, eu só tinha boas lembranças e não me arrependia de absolutamente nada que fiz ao seu lado.
Ele usava um conjunto preto com ombreiras douradas e uma corrente com algumas insígnias que lembravam os símbolos de Alpemburg. Duas fileiras de botões dourados perfeitos fechavam seu casaco. Fui brindada com um sorriso largo e maroto. O olhar avelã dele me fitou e eu podia sentir o amor dentro deles. Eu nunca esqueceria aquele dia, aquele momento, muito menos a forma como ele me esperava. E eu não precisava de nada para recordar aquilo, sequer uma foto. Porque aquele momento se eternizaria no meu coração, na minha mente e na minha alma.
Sean me entregou a ele no pequeno pergolado onde tules brancos finos voavam com o vento quente que começava a se intensificar. Quando a mão quente dele tocou a minha, revivi o momento que elas se tocaram no final da escada, no dia do baile que eu o conheci como meu futuro marido.
Eu já disse que sempre me achei uma mulher de sorte?
A cerimônia foi realizada pelo ministrante real. Rápida, simples e íntima. Na troca de anéis, ele recebe do pai uma caixa aberta em dourado com um par de alianças em ouro imitando brincos de argolas.
Então as lágrimas vieram, grossas, quentes, estragando a maquiagem e fazendo meu rosto arder com a paixão que eu não conseguia esconder dentro de mim.
- Quero que receba esta aliança em nome do nosso amor. E não, você não perdeu seu pingente. Eu usei ele para fazer nossos anéis, o símbolo do nosso amor, tão importante para você. Poderia comprar novos, mas não teria tanto significado quanto o que nos ligou desde o primeiro momento que nos vimos. – ele colocou no meu dedo. – Não se preocupe que não abre de verdade. – ele riu. – Só parece um brinco de argolas, mas é um anel. E se mais mil vidas eu vivesse, eu só desejaria em todas elas uma coisa: encontrá-la. Eu amo você mais do que jamais pensei amar alguém em toda a minha vida.
Peguei a aliança da caixa cuidadosamente e coloquei no dedo dele:
- Sim, eu quase surtei por ter perdido o pingente. – houve risos. Olhei em seus olhos cor de mel e falei com meu coração: - Conforme eu entrava por este corredor, lembrei de todos os momentos que passamos juntos e só uma coisa passou pela minha cabeça: como eu sou uma garota de sorte. Por ter encontrado você e sua família. – olhei para os pais dele à nossa frente. – Amei você quando nossos olhos se encontraram pela primeira vez... Tanto que não consegui lhe confessar que eu não era uma mendiga. – risos novamente. – Obrigada por ter me ensinado sobre este sentimento que é tão intenso que chega a doer dentro de mim. Obrigada por ser o que eu procurei em toda a minha vida. Eu quis sair do castelo de Avalon e me apaixonar de verdade para depois voltar e viver a vida pacata ao lado do meu noivo prometido de uma vida inteira. Mal sabia que o amor viria tão rápido... E que seria com o homem que eu fui predestinada antes mesmo de nascer. Eu amo você... E nunca vou deixar de amá-lo. Você é como o sangue que corre em minhas veias... Sem você eu não existo.
Sim, havia lágrimas também nos olhos dele. Nossos lábios se encontraram e eu o abracei com força. Nosso momento enfim chegou, depois de tantos anos de espera. Um encontro marcado antes mesmo do meu nascimento. Os lábios de Estevan eram doces, macios e quentes. E sim, mesmo que tivesse tantas pessoas a nossa volta, quando ele me tocava eu queimava de desejo por ele. Coloquei minha língua dentro de sua boca e passei as mãos nos seus cabelos um pouco crescidos. Minha espinha começava a arder em fogo e minha bela calcinha começava a umedecer lentamente.
- Ei, a lua de mel é depois. – ouvimos um dos convidados.
Então nos largamos. Sim, não estávamos sozinhos, mesmo que fosse esta a sensação que sentíamos quando nos tocávamos: como se nada mais existisse no mundo a não ser nós dois.
As palmas dos poucos convidados selaram nossa união. Foi exatamente com planejamos, nossos amigos próximos e longe da imprensa, embora alguns helicópteros tivessem passado o dia inteiro sobrevoando rasantes o castelo de Alpemburg.
A festa foi num local fechado, mas no jardim, próximo de onde se realizou a cerimônia. Escolhemos flores brancas para o evento.
Cumprimentamos os convidados e conversávamos rapidamente com cada um. Nossas mãos não se soltaram em momento algum. E eu não precisava falar com Estevan para saber que ele queria o mesmo que eu: ficarmos sozinhos agora que oficialmente éramos marido e mulher.
O vento começou a soprar cada vez mais forte e a noite chegou junto com a chuva, inicialmente fraca e depois forte e intensa.
Como todo evento bem organizado, havia também um local dentro do castelo preparado tão perfeitamente quanto o externo para caso houvesse qualquer coisa que pudesse dar errado, especialmente o tempo.
Enquanto os convidados eram levados de forma segura para dentro do castelo, Estevan me olhou.
- A chuva não lembra nada? – perguntei.
- Para mim sim... Lembro-me de uma garota salgada na praia.
- Foi um dos melhores momentos da minha vida. – confessei rindo.
- Mais do que este? – ele perguntou mostrando a aliança no seu dedo esquerdo.
- Hum... Não sei dizer.
Ele deu um passo para fora, ficando entre a porta da recepção da área externa da festa e a chuva.
- Faria isso comigo? – perguntei.
- Você é louca... E eu o homem que satisfaz seus desejos loucos e insanos.
- Quero transar com você na chuva... Perto da piscina. – falei no seu ouvido.
- E eu quero deixar todas estas pessoas, porque a única coisa que me importa é você.
Nos colocamos para fora quando Sean apareceu, dizendo ironicamente:
- Pensam em fugir?
O olhamos e ficamos em silêncio. Depois de um tempo ele disse:
- Não preciso lhe dar uma chave desta vez, Majestade. Ainda assim, como eu já disse uma vez, vou repetir: estarei sempre esperando por ela.
- E eu sempre a trarei em segurança para você, Sean. Porque ela é o que eu tenho de mais importante na vida.
- Eu já disse que sou uma mulher de sorte? – perguntei.
- Sim, minha menina desobediente e travessa.
- Podemos ir? – perguntei.
- E desde quando vocês me obedecem? – ele perguntou.
Saímos correndo pelo gramado encharcado, sendo seguidos pelos olhares de algumas pessoas curiosas e que não entendiam nada. No fim, quem nos conhecia realmente, acho que sabia que não se poderia esperar nada muito tradicional de nós.
Fomos até próximo da piscina, que era iluminada com luzes artificiais e um muro para esconder a intimidade da realeza nos momentos de diversão... Ou perversão, a partir do momento que passei a fazer parte daquela família.
Eu o vi ali, sorrindo divertidamente, encharcado, sem se preocupar com nada, simplesmente porque aquele era meu desejo. Meu vestido estava grudado no meu corpo. Escorei-me na parede enquanto ele se aproximou.
- Quero você, Estevan. Agora.
- É uma ordem? – ele perguntou retirando o casaco.
- Sim... Uma ordem. E com tudo que tenho direito.
- Não tenho preservativos, Satini D’Auvergne Bretonne. – ele brincou.
- E eu confesso que esqueci uns dias da pílula.
Ele riu:
- Eu sempre achei que você queria um bebê.
- E eu sempre disse que gosto de correr riscos...
Ele me beijou e disse, levantando meu vestido:
- Você foi a melhor coisa que me aconteceu...
- Cala a boca e fica duro pra mim, Estevan.
- Esta é minha Satini...