Capítulo 68
1815palavras
2022-12-27 10:42
A própria Emy me levou até onde estavam Sean e Mia. Subimos ao segundo andar de um dos prédios e entramos numa porta que dava para um apartamento amplo.
Meus amigos estavam sentados à mesa com Samuel e Emília, conversando. Assim que me viram, Mia correu até mim e abraçou-me preocupada:
- Como você está, Satini?
- Eu... Creio que vocês estavam melhor que eu. – sorri satisfeita por ver que eles estavam bem.
Samuel me olhou, percebendo que eu estava junto de sua mãe. Fiquei na dúvida se ele sabia do plano dela de me capturar. Mas pela forma como ele me olhou, preocupado, eu creio que ele sabia como fizeram para me trazer até a Coroa Quebrada.
- Tudo bem, Satini? – perguntou Sean.
- Sim, tudo bem, Sean. Não se preocupe.
- Você... Não foi machucada, não é mesmo? – Sam perguntou.
- Não...
Emília veio até mim e abraçou-me:
- Oi... Eu achei mesmo que Sam traria a namorada dele.
Eu dei um beijo no rosto dela e disse:
- Querida, eu não sou namorado do seu irmão.
- Mas pode ser. – ela insistiu.
- Emília, acho que não deve importunar nossa convidada. Sente-se, Satini.
Sentei-me no lugar vago ao lado de Samuel e falei no ouvido dele:
- Sempre vocês tentam matar seus convidados do coração antes de convidá-los para sentar à mesa?
- Na verdade só os que nos deixam com dúvida. – ele respondeu em tom baixo, ironicamente.
- Poderia ter me apresentado sua mãe de outra forma.
- Como você mesma viu, não havia como. Ela é assim mesmo...
Olhei para Emy, que providenciava um chá. Ela era a rainha de Avalon por direito. Deveria estar dentro do castelo. No entanto estava com os filhos num apartamento no subúrbio de Avalon. Eu entendia perfeitamente o ódio e o desejo de vingança que ela tinha contra meu pai.
Enquanto Emília ajudava a mãe, eu sorri. Ela também era minha prima. E eu gostava muito da garota falante e decidida.
A porta se abriu e Isabella entrou com Théo. Mia foi até ele e Isabella ficou me encarando sem dizer nada.
- Quais os planos de vocês? – perguntou Emy para Théo e Mia.
- Mia virá morar comigo. – disse Théo. – Ela... Está grávida.
Emy o encarou e disse entredentes:
- Por que você escondeu isso de mim, Théo?
Ele abaixou a cabeça. Ela olhou para Samuel:
- Você sabia?
- Sim. – ele confessou. – Mas isso não nos diz respeito. Somente aos dois.
- Nos diz respeito sim, Sam.
- Ela está grávida? – Isabella perguntou atônita.
- Quem sabe sobre isso? – perguntou Emy.
- Satini e Sam. – disse Théo.
Ela nos olhou com ar de repreensão.
- O que vocês andam fazendo por aí? – perguntou Sean levantando preocupado. – Mia, você sabe como Alexander vai reagir quando souber? Ele vai querer matar Théo...
- Eu não devo satisfações para Alexander. – ela disse. – É a minha vida.
- Mia virá morar comigo e minha família... Na Travessia. – garantiu Théo.
- E sua mãe? – perguntou Emy olhando para Mia.
- Léia não fará objeção alguma. – eu garanti. – Mas com Alexander não será nada fácil.
Emy balançou a cabeça:
- Vocês são tão jovens...
- Assumiremos a criança. – garantiu Mia.
- Mãe, você e Satini conversaram sobre o plano dela? – perguntou Samuel.
- Como assim? Satini veio contar à sua mãe sobre o plano ridículo dela? – perguntou Isabella.
- O plano não é ridículo, Isabella. – disse Emy. – Só aperfeiçoamos alguns pontos, que passaremos mais tarde.
- E o túnel? No fim, não existe, não é mesmo? – insistiu ela, tentando me afrontar.
- Sim... O túnel existe. – garantiu Emy.
Samuel pegou minha mão e a apertou, me olhando satisfeito. Acho que para ele era importante saber que eu não mentia sobre o túnel.
- Bem, eu quero ajudar no que for preciso. Conversei com um pouco com Sam sobre tudo. – disse Sean. – Também tenho os meus contados dentro do castelo e farei o possível para ajudar da melhor forma. Mas agora precisamos ir, meninas.
- Sim... – eu lembrei. – Estamos aqui há muito tempo.
- O pai de Satini é exigente com os horários dela. – disse Sean tentando se justificar.
- Sei... – falou Emy piscando para mim.
- Precisamos nos reunir antes do grande dia... Pelo menos uma vez. – disse Emy.
- Tia Emy, nós nem os conhecemos. Como podemos confiar neles? – perguntou Isabella.
- Tia Emy? – olhei ironicamente para ela. – Acho que ela não é sua tia, não é mesmo? Afinal, ela é a futura rainha de Avalon, então ela tem uma sobrinha sim... E é a princesa de Avalon, que mora dentro do castelo. Alguém a chamará de tia Emy em breve. – garanti. – E será a princesa que raptaremos. Pelo que vi, você é a única aqui que não pertence a realeza, não é mesmo? Então não tem direito algum de contestar os futuros governantes de Avalon.
- Nem você... – ela disse desaforadamente.
Eu ri:
- Veremos. – eu disse me dirigindo à porta.
- Satini será princesa quando casar com Sam. – disse Emília sorrindo. – Ela ficará linda com uma coroa.
Porra, a minha priminha era insistente mesmo. Eu sorri. Sabia que o casamento jamais ocorreria, afinal, éramos todos parentes ali. Mas eu também não deixaria de forma alguma Isabella ficar com Sam e morar dentro do castelo ou mesmo ostentar uma tiara. Eu não gostava dela e mesmo não sendo a primeira, nem a segunda na linha de sucessão, o castelo era meu lar e lá ela não moraria comigo de forma alguma.
Quando saímos, Sam veio até mim e me pegou pela mão:
- Satini, podemos conversar um minuto antes de você ir?
Sean olhou no relógio e disse:
- Dez minutos.
- Tudo bem. – assenti com a cabeça.
Isabella ficou na porta nos observando enquanto Mia, Sean e Théo desciam as escadas.
- Isabella, pode nos dar licença? – pediu Samuel.
- Não. – ela disse cruzando os braços.
Ele me pegou pela mão e seguimos pelo corredor no sentido contrário que os outros. Ela gritou:
- Não se ache especial, ele leva todas para lá.
Olhei para trás e vi Emy a puxando e fechando a porta. No final do corredor, havia outra escadaria. Descemos alguns degraus e ele parou, me imprensando contra parede, colocando os braços sobre ela, me prendendo com seu corpo.
- Você é um mentiroso. – eu disse.
- Queria o quê? Que eu a conhecesse e logo dissesse que eu era filho de Emy Beaumont, a princesa morta de Avalon? Você nem acreditaria em mim, Satini.
- Eu acreditaria, Sam.
- Eu não podia. Sabe o quanto é difícil para mim saber que minha mãe é a verdadeira rainha de Avalon, enquanto ela está aqui escondida e o irmão dela toma conta de tudo da forma mais horrível possível?
- Eu sei o que você sente, acredite.
- O importante é que minha mãe acreditou em você... E confiou. E ela não costuma fazer isso. Então eu acho que você realmente não está mentindo.
Sim, eu estou mentindo, Sam, assim como você. Mas pelo menos sua mãe sabe a verdade agora.
- Sam, agora eu preciso ir. Sean disse dez minutos.
- Satini, quando você vai acreditar em mim?
- Eu acredito.
- Estou falando dos meus sentimentos por você.
Ele aproximou a boca da minha e eu virei o rosto:
- Sam, não podemos.
- Agora você sabe que um dia eu serei o rei de Avalon. Eu posso lhe dar tudo que você merece, meu amor. Eu sei que você não é feliz... Eu vejo isso nos seus olhos.
- Sam, o fato de você ser o herdeiro da coroa nos afasta definitivamente. – eu disse olhando nos olhos dele tristemente.
- Eu estou apaixonado por você...
Apesar de tudo, eu ainda amava Estevan. E Sam estava fora de cogitação, pois éramos primos, por mais que eu tivesse desejo por ele. Vi a boca dele tão próxima... Como eu gostava dos beijos dele.
Passei meus braços pelo pescoço dele e disse:
- Sam, este será nosso último beijo.
Ele me olhou confuso, no entanto não disse nada. Sabia que era um convite e aceitou. Logo seus lábios grossos e sedentos encontraram os meus. E eu deixei a língua dele alcançar a minha em desespero e desejo. Eu iria para o inferno por estar beijando meu primo sabendo quem ele era. Mas eu já havia quase transado com ele, então acho que o inferno me esperaria do mesmo jeito. Diabo, faz de conta que eu ainda não sei a verdade... Você sabe que este homem não é de Deus, por isso o colocou no meu caminho, como uma provação.
Ele enlaçou minha cintura com força, trazendo-me para mais perto dele. Senti o cheiro dele, seu calor e sua ereção imediata. Não, eu não faria amor com ele. Acho que o Diabo não aceitaria minhas desculpas se eu fizesse aquilo. Porra, eu desejava ardentemente o meu primo. Quando ele desceu a mão para dentro da minha calça eu o afastei imediatamente, enquanto ainda conseguia me conter. Acho que se esperasse os dedos dele alcançarem minha intimidade eu faria amor com ele ali, em pé na escadaria.
Havia sido um dia cheio... Eu chorei, fiquei nervosa, achei que iria morrer, conheci minha tia que estava morta e descobri que Sam era meu primo. Só sexo poderia me faria esquecer tudo que eu estava vivendo. Mas não com ele...
- Eu preciso ir... – disse descendo as escadas rapidamente, o deixando ali, confuso e excitado.
Alcancei Sean e Mia logo em seguida. Estavam indo para um carro que nos levaria até o nosso, que eu não tinha ideia de onde estaria.
- Está tudo bem? – perguntou Mia me olhando.
- Sim... Acho que sim.
- Você está... Vermelha e ofegante. – ela disse.
- Foi um dia cansativo... Eu achei que iria morrer. E ainda quer que eu esteja linda e plena, Mia?
Théo riu:
- Aposto que foi Sam que deixou você assim.
Eu não respondi. Segui mais rápido até encontrar Sean, que me olhou e perguntou:
- Não lhe fizeram nenhum mal, não é mesmo?
- Não. – eu garanti. – Está tudo bem. Mas eu tenho uma bomba para lhe contar.
- Como assim?
- No carro... Só nós.
Entramos num carro da Coroa Quebrada e fomos conduzidos por Théo até o nosso, que se encontrava ali perto. Assim que descemos, Sean olhou e disse:
- Há vários arranhões... Como vou explicar isso? Percebe-se de longe que algo aconteceu com a lataria... Nas duas laterais.
- Resolvemos isso depois. – tentei acalmar Sean.