Capítulo 8
1088palavras
2022-12-04 00:55
Ralf Campbell
Dias passaram-se, e ainda penso bastante na Tessa, tento distrair a minha mente saindo e me encontrando com mulheres, mas não está funcionando.
Estou na piscina de casa tomando sol e bebendo uma boa cerveja e comendo alguns petiscos feitos com caviar, pego o meu celular tiro uma foto e posto no meu insta, em poucos segundos ela passa de 500 curtidas e 300 comentários, respondo alguns e depois decido procurar pela Tessa nas redes sociais, mas não encontro nada, em que século ela vive, para não ter redes sociais. Deixo o meu celular de lado e deito-me na espreguiçadeira.
Segunda-feira
Meio da tarde, estou na empresa aguardando o Jimmy, ele e o tal do Russell estão colocando alguns presentes e materiais escolares no meu carro, assim que terminarem Jimmy e eu vamos até uma escola levar para as crianças, que são deficientes visuais, parece que o meu pai era meio que padrinho dessa escola, pelo menos uma vez a cada dois ou três meses ele mandava o Jimmy e o Russell até lá para entregar os presentes e materiais escolares. Mas hoje eu decidi dispensar o Russell e acompanhar o Jimmy nessa ação nobre, achei legal saber que o meu pai fazia isso, mas ele devia fazer para ficar em paz com a sua consciência.
— Já está tudo pronto, podemos ir. — Jimmy fala entrando na minha sala.
— Vamos lá então.
Seguimos a caminho da escola. Chegamos no intervalo, todas as crianças estavam no pátio brincando e apesar das suas limitações se divertiam como qualquer outra criança, assim que foram avisados que estávamos ali, elas ficam bastante animadas, algumas vinheram ao nosso encontro e nos abraçaram, me senti extremamente feliz com essa recepção tão calorosa. Jimmy e eu distribuímos os presentes e materiais para todos ali, a diretora nos agradece e pergunta se aceitamos tomar um café, aceito, ela nos leva até a sala dos professores, assim que Jimmy e eu entra na sala alguns olhares curiosos fitam na gente, quase não acredito quando vejo sentada num canto mais afastado da sala acompanhada de uma possível colega, a mulher que permaneceu nos meus pensamentos todos esses dias, a Tessa. Tomo o meu café com os olhos vidrados nela, decido não me aproximar, converso um pouco com a diretora e saio da escola acompanhado pelo Jimmy.
— Jimmy você pode voltar de táxi? — Jimmy me olha confuso.
— Posso sim.
Sem questionar Jimmy pega um táxi e se vai. Entro no meu carro e fico aguardando a saída da Tessa.
Tessa Bennett
Após um longo dia de trabalho me despeço dos meus alunos e vou caminhando de vagar na direção do ponto de ônibus, enquanto ando sinto o cheiro daquele perfume inesquecível.
— É você Ralf? — Falo sorrindo.
— Oi moça, como sabe que sou eu?
— Soube que era você pelo cheiro do seu perfume.
— Gosta do meu perfume moça?
— Sim, ele é maravilhoso.
— Não mais que eu. — Dou uma risadinha.
— Estive hoje na escola onde você trabalha.
— Sério? — Pergunto surpresa.
— Sim.
— Por que não foi me cumprimentar?
— Não quis lhe incomodar, você estava acompanhada.
— Imagina, a minha amiga não ia se importar. Mas o que foi fazer lá?
— Uma ação social.
— Você participou da ação social?
— Sim.
— Bacana, e o que achou?
— Foi uma experiência incrível.
— Fazer o bem é sempre incrível.
— Aceita sair para comer ou beber alguma coisa?
— Não sei se devo, é que a minha mãe não gostou muito quando soube que o chefe da máfia me deu uma carona.
Ralf Campbell
Ela já sabe quem eu sou, com certeza está com medo de mim.
— Tudo bem, desculpa. Eu já vou indo, não quero arrumar problemas. — Falo e saio andando.
— Não vai, a minha mãe exagera muito as vezes. — Me surpreendo com o seu pedido.
— E se não for exagero dela? — Falo encarando o seu rosto.
— Para mim você não parece ser tão mau como ela disse — Disse tranquila.
— Não sente medo de mim moça?
— Claro que não, você não vai me fazer nenhum mau, não é mesmo?
— Não, nunca faria — Ela abre um sorriso.
— Podemos ir até a sorveteria tomar um gelado.
— Tem certeza que quer sair comigo moça?
— Sim Ralf.
— Posso escolher o lugar? — Ela franze a testa.
— Onde vai me levar? — Pergunta desconfiada.
— É surpresa moça.
— Está bem. — Fala com um sorriso estampado no rosto.
Ela entra no meu carro, vou para um lugar longe de onde ela mora, não quero que algum conhecido dela nos veja junto e vá contar para sua mãe. Levo ela para um restaurante que era bar e sorveteria, ajudo ela a descer do carro, Tessa segura o meu braço e seguimos para a parte onde ficava a sorveteria, havia poucas pessoas e assim que entrámos os seus olhares voltaram-se para nós dois, nos sentamos e eles começaram a cochichar, isso começou a me incomodar, olho para eles com cara de poucos amigos.
— Boa tarde o que vão querer? — O atendente pergunta sorridente.
— Por acaso estamos com um nariz de palhaço na cara? — Pergunto seriamente.
— Desculpa senhor, não entendi? — Coça a sua cabeça confuso.
— Desde que chegamos aqui, essa gente não para de nós olhar e cochichar. — Falo com a expressão séria.
— Desculpa senhor, mas não tenho como controlar isso.
— Chama o gerente! — Falo alto.
— Só um momento senhor. — Fala saindo em seguida.
— Ralf está tudo bem?
— Não se preocupe Tessa, está tudo certo.
— Você chamou o gerente porque estão nos olhando?
— Não se preocupe Tessa vou resolver isso.
— Fica tranquilo Ralf, isso não me chateia, já estou acostumada.
— Mas isso está errado.
O gerente vem até a nossa mesa.
— Tudo bem? Em que posso ajudá-lo senhor?
— Queria saber porque caralho essa gente está olhando para a nossa mesa e cochichando?
— Senhor, se preferir temos uma área fechada.
— Não quero ir para área fechada, só quero tomar um gelado em paz.
— Calma Ralf. — Tessa diz e leva a sua mão até o meu braço.
Tento controlar a minha raiva, encaro o incompetente do gerente e digo:
— Vamos embora Tessa, nunca mais volto aqui de novo. — Falo ajudando Tessa a se levantar.