Desviando o meu olhar dele, foquei meu olhar para o túmulo de Dylan e me ajoelhei no chão para limpar as folhas secas que estavam espalhadas na frente de sua lápide. Enquanto fazia isso, minha mente orava sem parar para que meu ex-marido fosse embora o mais rápido possível. Apenas saber que ele estava parado a apenas alguns metros de mim foi o suficiente para me causar mal-estar e desconforto. A menos que ele fosse embora, não voltaria a sentir paz interior.
Suspirando, eu me forcei a tentar esquecer a presença dele, mas isso só provou ser inútil. Assim como dizia a letra da minha música favorita: 'Forgetting him was like trying to know somebody you never met' ('esquecê-lo foi como tentar conhecer alguém que você nunca conheceu'). Então, finalmente parei de tentar. Em vez disso, meus olhos traçaram o nome escrito na lápide. Igual todas as vezes que lia o nome esculpido na pedra, senti um aperto no meu peito.
Já se passaram anos desde que Dylan se foi e ainda assim eu ainda desejava que ele estivesse aqui comigo. Sentia tanto a falta dele que me doía demais pensar que nunca mais iria segurá-lo em meus braços.
O som do trovão quebrou o silêncio dentro do cemitério. Meus sentimentos foram interrompidos e eu olhei para cima para descobrir que o sol brilhante havia se retirado para seu esconderijo, quebrando a promessa de um dia ensolarado. Nuvens pesadas avançavam lentamente para o horizonte, manchando o céu azul imaculado com nuvens cinzentas sombrias.
'Vai chover em breve', pensei comigo mesma com uma sensação ainda mais profunda de melancolia e, no entanto, não fiz nenhum movimento para me afastar e escapar da chuva antes que ela caísse. Parecia que minha força havia sido temporariamente sugada para longe do meu corpo.
"Você está aqui…" Uma voz sussurrou atrás de mim. O som fez os cabelos da minha nuca se levantarem. Não precisei olhar para trás para ver quem estava atrás de mim.
Ele deveria ter andado até mim como um fantasma, porque eu não ouvi nenhum sinal de passos na minha direção. Eu deveria ter imaginado e me preparado para sua aproximação. No entanto, era tarde demais porque ele já estava aqui.
Reunindo toda a força que pude reunir, virei-me para ele. "E você também..." Respondi, olhando-o diretamente nos olhos. Não havia calor em seus olhos verdes castanhos quando ele olhou para mim, apenas uma civilidade fria que fez arrepios correrem pela minha espinha.
Um silêncio constrangedor caiu entre nós. O único barulho que podíamos ouvir era o som distante de um trovão e o assobiar do vento, sinalizando que a chuva estava prestes a cair. Mas, apesar disso, nenhum de nós tentou se mexer. Nós apenas lutamos contra o nosso olhar, nenhum de nós queria ceder.
Foi Grey quem quebrou o silêncio primeiro. "Precisei de muita força para não confrontá-la ontem à noite." Ele começou. Sua mandíbula se apertou um pouco enquanto ele falava. "Mas agora que você está aqui, não aguento mais segurar minha curiosidade. Por que você fingiu sua morte, Lily?" Ele rosnou, sua voz apertada cheia de raiva reprimida.
Uma exclamação de choque saiu de meus lábios. Afinal, ele achava que eu forjava minha morte. Eu pensei, completamente desanimada. Ele pensava tão mal de mim. Mas a consternação que senti desapareceu num instante e, rapidamente, o ódio e a raiva tomaram conta.
Eu cerrei meus punhos ao meu lado e mordi de volta com igual ferocidade. "Você tem alguma prova de que eu fiz isso?"
"Eu tenho que te mostrar provas?" Ele respondeu casualmente como se não estivéssemos falando sobre acusações tão graves. "Você poderia ter me dito na cara que não me queria em sua vida… Eu poderia simplesmente ter me afastado de você por vontade própria, sem que você chegasse a este ponto, como enganar todos que estiveram tão perto de você com uma morte falsa. Você nem considerou o que eles iriam sentir." Ele acrescentou com um olhar penetrante que poderia ter me partido em dois, isso se o olhar dele fosse uma arma.
Meu rosto se contorceu em uma feia máscara de raiva. "Pare de me acusar de fingir minha morte, Grey. Você não tem ideia do que eu passei antes de me tornar quem eu sou agora!" Eu atirei nele, minha voz subindo várias oitavas. Ele deve ter ficado surpreso com minha explosão inesperada, já que ele ficou alguns momentos em silêncio.
"Diga-me o que aconteceu para que eu entenda, Lily." Ele sibilou.
"Não…" Eu disse a ele. "Você acabou de me julgar! Não adianta explicar nada agora."
Fervendo de raiva, passei por ele, mas antes que pudesse me mover mais, ele segurou o meu braço.
"Você vai fugir de novo, Lily?" Ele zombou. "Eu acabei de prometer a mim mesmo ontem à noite que iria fingir que você não existe mais na minha vida, mas aqui estou eu... engolindo meu orgulho e falando com você, perguntando o que realmente aconteceu naquele dia."
Eu girei meus calcanhares com fúria e captei seu olhar. Agarrando meu braço com força, ele me soltou.
"Por que eu preciso explicar qualquer coisa para você quando você nem acredita no que eu digo, Grey. Você nunca nunca prestou atenção antes! Você ouviu o que os outros dizem em vez de me ouvir! Você acreditou neles em vez de acreditar no meu lado da história!" A dor foi demais para mim, as emoções reprimidas dentro de mim por anos se abriram e explodiram como um vulcão.
"Isso não é verdade." Ele argumentou.
Uma risada histérica saiu da minha boca. "É a verdade." Eu falei em voz alta, meu peito arfando com a intensidade das minhas emoções. "Se você acreditasse em mim, não deveria ter deixado as pessoas ao seu redor colocarem abobrinha na sua cabeça..."
"Assim como eles fizeram com você?" Sua voz alta foi abafada pelo som de um trovão ensurdecedor, mas eu ainda o ouvi claramente. "Eu admito meus erros, Lily. Eu sei que é minha culpa que nos afastamos, que a falta de base do nosso relacionamento – é a confiança. No entanto, não foi tudo culpa minha. Você falhou em confiar em mim também. Foram nossos erros que causaram tudo isso. Por que você simplesmente não admite que também errou?"
Não fui capaz de responder porque havia verdade em suas palavras. Nós dois éramos culpados. No entanto, perceber nossos erros não nos uniria novamente.
Ele havia casado e esperava um filho em breve.
Eu, por outro lado, tive minha filha e toda a minha família para me apoiar, então não me faltava nada agora.
Ele tinha sua própria vida agora e eu também tinha a minha. O que era melhor para nós era nos esquecermos... mesmo que isso doesse.
Eu não precisava dele na minha vida.
Engolindo em seco, eu finalmente falei. "É tarde demais agora, Grey. Não conseguimos consertar o que já está quebrado. Devemos olhar para frente, seguir em frente e parar de lidar com o passado."
Grey respirou fundo e sussurrou: "Eu sei..." Ele sussurrou dolorosamente com resignação em sua voz. Ele caiu em um longo silêncio antes de continuar. "Mas eu quero que você responda o que eu te perguntei, Lily." Neste ponto, ele estava um pouco mais calmo agora.
"O que aconteceu com você naquele dia?" Ele perguntou.
Olhei-o diretamente nos olhos e respondi com uma voz surpreendentemente calma: "Pergunte a sua esposa, Natalia. Ela terá a resposta para todas as suas perguntas." Sem outra palavra, eu me afastei com o queixo erguido.
'Se ele acredita ou não em mim...'
'Não é mais problema meu.'