Capítulo 47
865palavras
2022-12-06 20:53
"E você acredita nela?" Celine ofegou incrédula. Ironicamente, a reação dela foi idêntica a expressão do meu marido quando contei a ele sobre a gravidez de Natalia.
"Tenho motivos para isso." Eu murmurei baixinho. Era óbvio que Celine não confiava nem um pouco em Natalia. "Afinal, Natalia confessou para mim e não consigo pensar em nenhum motivo para ela mentir sobre isso."
"Você falou com Grey sobre isso?" Celine parecia preocupada quando ela perguntou.
"Falei, Cel."
"O que ele disse?"
"Ele mentiu e negou tudo." Eu disse a ela.
"E se Grey estiver dizendo a verdade, Lily?" Celine respondeu, e fiquei surpresa por ela ter dito isso sem pestanejar.
"Você está do lado dele?" Eu me engasguei estupefata.
"Mas isso não é óbvio, Lily? Conheço Grey há anos e testemunhei como ele olhava para você quando você não estava olhando para ele. Por outro lado, Natalia era desconhecida para a gente e eu sentia más vibrações toda vez que olhava para ela. Sem duvida alguma, aquela é uma mulher que está escondendo alguma coisa. Ela com certeza mentiria para conseguir o que quer."
As palavras de Celine ecoaram dolorosamente em meus ouvidos. Eu me vi perdida em confusão. Uma dúzia de perguntas passou por meus pensamentos, mas antes que eu pudesse cogitar em pensar nas respostas, a porta se abriu e Grey entrou no quarto.
Meu coração de repente errou o bumbo. Ele ouviu a nossa conversa? Eu me perguntei, procurando por uma pista que ele tivesse, mas sua expressão permaneceu ilegível. Se ele ouviu nossa conversa, não deixou transparecer.
Celine secretamente cutucou meus braços com os cotovelos. "Pense no que eu te disse, Lily. Não deixe uma mulher malvada colocar abobrinha na sua cabeça." Dito isso, Celine se levantou, deixando-me sozinha para ir em busca da verdade.
...
Será que Celine estava certa e Natalia estava mentindo para mim esse tempo todo? Fiquei remoendo essa pergunta durante e depois de comermos. Folheando uma revista velha que descobri debaixo da mesa de vidro, cheguei num beco sem saída.
Considerei a possibilidade de que Natalia estivesse mentindo e me fiz a pergunta de um milhão de dólares: por que Natalia mentiria sobre estar gravida se ela não ia ganhar nada com isso? Ela tinha Grey para si mesma, então por que mentiria?
Incapaz de encontrar a resposta, a frustração me incomodava. A pergunta parecia tão fácil, mas tive dificuldade em descobrir a resposta.
Meus pensamentos se voltaram para Grey e me perguntei se era ele quem estava mentindo sobre seu caso com Natalia para protegê-la. Essa era uma grande possibilidade, claro. Um homem apaixonado protegeria a mulher que am a todo custo. Ele mentiria apor causa dela.
Grey negou seu caso secreto com Natalia, mas eu me recusei a acreditar nele. Eu sabia que ele ainda estava apaixonado por ela. A prova disso eram as velhas cartas de amor que ele ainda guardava numa caixa na escrivaninha de seu escritório em casa.
Por que ele guardaria aquelas cartas de amor se não significavam nada para ele?
Eu sabia que eram cartas de amor porque li algumas delas. Na verdade, eu li o suficiente para perceber que elas foram endereçadas a uma mulher que ele chamava de Mi Amor. Certamente as cartas não eram para mim porque datavam de quando ele ainda tinha vinte anos. Nós não nos conhecíamos ainda, e ele já era amante de Natalia naquela época. Estava na cara que ele escreveu aquelas cartas para ela.
"No que está pensando?" Grey murmurou perto de meus ouvidos. Eu me encolhi de surpresa, quando ele se aproximou para investigar o que havia na revista de tão interessante
"Eu não sabia que você gostava de homens musculosos de cuecas." Ele murmurou em um tom divertido.
Intrigada com sua observação, segui seu olhar. Eu quase me engasguei, soltei um suspiro de surpresa quando meu olhar pousou na revista e me vi olhando para várias fotos Polaroid de fisiculturistas apenas com suas cuecas. Abruptamente, fechei a revista.
Minhas bochechas ficaram vermelhas. "Eu não gosto." Eu exclamei. Falei as palavras mais alto do que pretendia. Preocupada, meu olhar se voltou para Celine, que estava sentada na cadeira ao lado da cama de mamãe. Ela estava dormindo.
Graças a Deus, minha voz não a acordou. Eu pensei comigo mesma, alívio inundou dentro de mim.
"O que você está olhando então?" Ele perguntou com um sorriso atrevido bem jovial para a sua idade.
O sorriso simplesmente tirou meu fôlego. Levei segundos para retomar meu raciocínio, agora disperso no ar.
"Apenas coisas aleatórias." Eu disse a ele. Fechei a revista, depois a devolvi ao local onde estava momentos atrás.
Grey encolheu os ombros. "Está tarde. Você pode dormir agora. Vou cuidar da mamãe enquanto você dorme." Ele disse, percebendo como eu lutava para manter meus olhos abertos.
Eu estava prestes a argumentar que não estava com sono, quando um bocejo escapou dos meus lábios.
"Ok." Murmurei sonolenta.
Grey voltou a ler a papelada que trouxe com ele, enquanto eu me encolhia no sofá. Minhas pálpebras pesadas se fecharam. Talvez eu estivesse tão cansada e mentalmente tão exausta que, minutos depois de minhas costas tombarem na almofada macia, caí imediatamente em um sono profundo.