As palavras de Natalia soaram dolorosamente em meus ouvidos. Mas em vez de mostrar como tinha sido afetada com suas palavras, assumi um doce sorriso em meus lábios e olhei para ela. "Devo informá-lo de sua chegada?" Eu sussurrei, certificando-me de que ela é a única a escutar.
A cor se espalhou em suas bochechas enquanto ela lutava contra meus olhos. Então algo que parecia raiva brilhou em seus olhos. Ela abriu os lábios, mas nenhuma palavra saiu deles.
Quando ela encontrou meus olhos novamente, a raiva que eu pensei ter visto em seus olhos havia desaparecido. Foi substituído por um olhar frio o suficiente para congelar as profundezas do inferno. "Não há necessidade de fazer isso, Srta. De Silva." Ela finalmente falou depois de um longo momento de silêncio. "Grey estará aqui em breve." Ela acrescentou suavemente.
"Enquanto espera pelo Sr. Bradford, posso lhe oferecer alguns refrescos?" Eu perguntei, mantendo a polidez civil em meu tom de voz. Natalia desviou o olhar como se a visão de mim fosse uma ferida no olho. Com um movimento de seu dedo, ela me dispensou. Era como se ela estivesse empurrando uma praga para ir embora.
"Não", ela respondeu secamente quando não fiz nenhum movimento para deixar sua mesa.
"Se você precisar de alguma coisa, por favor, não hesite em chamar qualquer um dos funcionários." Eu disse a ela uma última vez antes de me virar.
"Eu me perguntei o que Grey viu que o levou a se casar com você." Natalia falou pelas minhas costas quando eu estava prestes a dar as boas-vindas aos convidados que entravam pela porta.
Eu parei abruptamente. Ela pretendia me insultar, mas sou profissional o suficiente para não permitir que suas palavras me irritem.
Virando-me em sua direção, mostrei um sorriso brilhante em meus lábios. "Você realmente quer saber?" Olhei diretamente nos seus olhos, ignorando como ela olhava para mim como se quisesse me esfolar viva. Eu já havia enfrentado clientes rudes o suficiente em meu trabalho para saber exatamente o que fazer quando encontrava um.
"Você nem é bonita." Natalia continuou a me insultar. Com uma elegante sobrancelha levantada, ela me examinou da cabeça aos pés. Amargura brilhou quando seu olhar pousou de volta no meu rosto.
"É simples, Srta. Romani. Eu não simplesmente abandono um homem na frente do altar pela minha carreira." As bochechas de Natalia queimaram com minhas palavras. Ela olhou para mim com adagas em seus olhos. Se o olhar pudesse mutilar alguém, eu estaria gravemente ferida e sangrando muito no chão.
Observei enquanto seus punhos se cerraram no seu colo. Segundos depois, ela já estava de pé.
Embora Natalia fosse 25 centímetros mais alta do que eu por causa do salto que usava, não fiquei nem um pouco intimidada por ela. Encontrei seu olhar com igual ferocidade.
"Não importa se ele se casou com você, Lily. Grey tem planos de se divorciar de você de qualquer maneira." Natalia retornou uma resposta. A raiva ainda ardia em seus olhos enquanto ela enfatizava cada palavra.
"A perda é dele, Srta. Romani. Não é minha. Eu não me importo se ele se casar com você depois que nos divorciarmos. Mas tenho um favor a lhe pedir. Não abandone o mesmo homem no altar duas vezes."
O ar de elegância que carregava em si desapareceu, revelando uma mulher que, apesar de sua beleza, guardava algumas inseguranças. "Você..." Ela cuspiu, suas bochechas ficando vermelhas. Ela dissera as palavras em voz alta, o suficiente para atrair a atenção da pequena multidão. Percebendo uma dúzia de pares de olhos olhando para ela, ela franziu os lábios em uma linha fina.
"Desculpe interromper esta conversa. Você não é a única convidada que tenho que atender." Não perdi um segundo do meu tempo esperando sua resposta. Virando as costas para ela, levantei meu queixo e me afastei.
Fechei a porta do quarto dos funcionários e soltei a respiração que não sabia que ainda estava segurando, antes de desabar em cima da cadeira estofada.
Meus olhos se fecharam. Eu quase não me reconheci momentos atrás. Era como se uma fera interior tivesse sido desencadeada dentro de mim.
A porta se abriu sem cerimônia. Meus olhos se abriram abruptamente com o som. Encontrei Lia fechando a porta antes de se sentar na cadeira estofada ao meu lado.
"Eu sinto muito. Não queria bisbilhotar, mas ouvi tudo." Ela respirou, preocupação brilhava em seus olhos. "Você está bem?" Ela perguntou, tentando ler o passado através da expressão impassível que fazia.
"Estou bem, Lia. Obrigada por perguntar." Eu disse a ela, aliviando a preocupação estampada em seu rosto.
"Não se culpe pelo o que aconteceu, ok? Natalia foi rude com você. Ela merece tudo o que você disse a ela." O tom de Lia estava cheio de segurança.
Percebendo que ela lia bem meus pensamentos, endireitei-me na cadeira. Meus olhos estavam arregalados de surpresa ao olhar para ela, internamente me perguntando como ela poderia identificar exatamente o que eu sentia, enquanto ainda estava me recuperando da tempestade dentro de mim depois do que aconteceu um tempo atrás.