Capítulo 64
994palavras
2023-01-18 00:01
Ponto de vista da Ashley
Blake parou e, em seguida, mudou sua atenção para mim. Ele viu minha fúria, pela minha encarada de advertência. "Blake." Eu avisei, estava furiosa por ter sido ele quem contou aos meus pais sobre aquele dia horrível.
Ele não tinha o direito. O fato era que ainda não estava pronta.
"Não posso ficar calado sobre isso, amor. É um problema sério com o qual precisamos lidar agora. Pode descontar sua raiva em mim mais tarde, mas, agora, precisamos descobrir quem está fazendo isso." Ele resmungou, tirando os olhos de mim para olhar para o meu pai.
Fiquei quieta sabendo que tudo o que eu dissesse a ele agora não importaria. Ele estava determinado a contar aos meus pais sobre o que aconteceu entre Peter e eu. Eu sabia que ele tinha boas intenções, mas não pude deixar de sentir raiva por ele não ter me perguntado primeiro.
"Aconteceu há cerca de dois meses. Ashley ficou para trás para pesquisar algo na biblioteca. Eu estava esperando por ela lá fora, ela estava demorando muito. Até demais. Então fui procurá-la e ouvi seu grito perfurante." Ele exalou como se estivesse se lembrando daquele dia terrível.
"O grito ainda me assombra até hoje."
Eu endureci sabendo que ele estava prestes a dizer a eles o que eu temia. Minhas mãos estavam frias e o sangue deixou meu rosto. Eu podia ouvir meu próprio batimento cardíaco em meus ouvidos, o ritmo incontrolável.
A imagem de Peter me prendendo à mesa enquanto suas mãos viajavam pela minha coxa veio à minha mente. O suor cobriu minhas palmas e elas começaram a coçar, uma coceira para bater em alguma coisa.
Foi quando percebi que, embora tentasse de várias maneiras esquecer daquele dia terrível de desamparo, ainda não havia superado completamente. Eu tentei tanto, com o boxe, passando tempo com Blake, focando na faculdade. Mas não ajudou. De alguma forma, Peter ainda tinha algum poder sobre mim.
Sua voz começou a soar nervosa, à beira de perder o controle. "Eu segui o pedido de ajuda dela." Ele engoliu em seco, seus olhos piscando para mim por um pequeno segundo. "Quando cheguei lá, encontrei o c*nalha forçando-se sobre ela."
Percebi que não fui a única afetada por essa experiência. Blake também havia sofrido e eu nunca percebi isso.
Mamãe ofegou em choque, seus olhos marejados se voltando para mim. "Oh, meu bebê." Ela chorou saindo do lado do pai para vir até mim.
Me puxando para um abraço, ela chorou no meu ombro. Por que me sentia tão entorpecida?
Senti meu coração apertar e engoli o caroço que se formou em minha garganta. "Sinto muito que isso tenha acontecido com você." Ela chorou me puxando para mais perto dela. Foi o que eu evitei. Essa dor que todos nós estamos sentindo nesse momento.
"Mamãe." Sussurrei e me soltei enquanto a abraçava de volta. Eu senti o alívio quando abri meus olhos e a usei como âncora.
"Quem foi o c*nalha?" Papai rugiu. Ele ficou em silêncio quando Blake terminou de falar, mas agora havia absorvido as palavras e estava furioso.
"Peter William." Blake respondeu, com o desdém dominando sua voz, enquanto ele literalmente cuspia seu nome, como se trouxesse um gosto ruim a sua boca.
"O filho de Kain William?" Papai perguntou. "O homem que é dono do restaurante no centro?"
"Sim, é ele mesmo." Blake respondeu.
Não seria preciso ser um gênio para saber que o pai estava mais do que furioso. Podia literalmente sentir a tensão no ar, crepitando como fogo na madeira.
Mamãe e eu nos afastamos, sabendo que uma tempestade estava se formando. "Ele teve tempo para, você sabe..." Era possível ouvir o medo em sua voz, a ansiedade de saber a resposta.
Blake balançou a cabeça. "Felizmente, cheguei a tempo."
Papai visivelmente deu um suspiro de alívio. Acenou com a cabeça e caminhou em direção à porta, pegando as chaves do carro no caminho. Todos ficaram confusos até que ele agarrou o taco de beisebol de madeira de Arden que estava ao lado da porta.
"Querido, onde está indo?" Mamãe questionou tão confusa quanto todos nós na sala.
Ele não se virou para responder, em vez disso, abriu a porta. "Vou fazer uma visita a Kain e seu filho."
Meu coração tamborilou em meus ouvidos. Isso não era nada bom. Quando zangado, ele podia ser muito intimidador. Era o motivo que os meninos geralmente ficavam longe de mim, exceto os três meninos que ficava na minha cola, Blake, Ryan e Arden. Eles nunca deixaram nenhum cara se aproximar de mim.
Mamãe saiu do meu lado para correr para o papai. "Asher, não pode simplesmente ir até lá, está louco?" Ela sibilou seguindo os degraus atrás dele. "Eles poderiam chamar a polícia, você está com um taco de beisebol, pelo amor de Deus!"
"Amor, eu só vou fazer uma visita a ele." Seu tom era mortal. Não havia como ele simplesmente fazer uma visita a eles. Papai estava em busca de sangue.
Corri em direção a eles sentindo Blake me seguindo. "Papai, por favor, ouça a mamãe." Eu implorei correndo para alcançá-los. Eles já estavam ao lado do carro. Eu temia que nossos vizinhos percebessem a comoção, eles já eram tão intrometidos.
Papai não escutou, ao invés disso, deu a volta no carro para o lado do motorista e entrou, colocando o taco de beisebol na parte de trás. Meus olhos se arregalaram sabendo que ele não estava blefando. Por isso, eu me virei para encarar Blake. "Impeça-o."
Blake desviou os olhos de mim e encarou meu pai. "Honestamente, Ley, concordo cem por cento com ele."
Eu estreitei meus olhos em fendas de raiva. "Não acredito nisso agora!" Eu fiz uma careta.
Vendo que não importava o quanto tentasse dissuadi-lo, ele ainda estava decidido a ir, por conseguinte, mamãe decidiu entrar no carro. Eles foram embora, deixando-me olhando para o carro que desapareceu rapidamente. Eu estava completamente chocada.
O que diabos havia acontecido?