Ponto de vista da Ashley
Era palpável a raiva irradiando de Blake com a minha resposta. Ele estava tenso ao meu lado, rígido como uma tábua. Austin olhou pelo espelho retrovisor e ergueu a sobrancelha em confusão. "Então... É complicado?" Ele questionou em um tom cheio de diversão.
"Sim, é." Eu concordei, porque realmente era. Não tínhamos colocado um rótulo em tudo o que estava acontecendo e, honestamente, eu não sabia exatamente o que estávamos fazendo.
Tudo o que eu sabia era que eu amava o jeito que ele me fazia sentir e esses momentos íntimos nos aproximaram fisicamente. Mas emocionalmente estávamos nos distanciando.
Eu me virei para encará-lo, mas ele estava olhando para fora da janela. Me senti culpada por estragar seu humor. Suspirei e estendi a mão para entrelaçar com a dele. Ele endureceu e, em seguida, moveu lentamente a mão para longe da minha, colocando-a em sua bolsa de ginástica.
Meu coração doeu, e pisquei para conter as lágrimas. Soltei um suspiro trêmulo e o deixei em paz. "Para onde eu vou?" Austin perguntou, olhando para mim pelo espelho retrovisor. Depois de indicar como chegar à minha casa, o resto do trajeto foi tomado por um silêncio constrangedor.
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Finalmente Austin parou a caminhonete ao lado da calçada e se virou para mim. "Bem, foi um prazer conhecê-la, complicada namorada do Blake." Ele riu.
"Obrigada pela carona." Eu agradeci educadamente e abri a porta. Caminhei até os fundos e fiquei surpresa ao ver Blake já retirando a bicicleta da mala. Quando ele saiu do carro? Ele a colocou no chão e começou a empurrá-la em direção à minha casa.
"Você não precisava fazer isso." Murmurei baixinho enquanto segui atrás dele. Ele continuou a empurrar a bicicleta, parando para apoiá-la na parede onde costumava ficar. Eu cruzei meus braços quando ele se virou. Então, ele abriu a boca e fechou de repente, como se quisesse dizer alguma coisa.
"Boa noite, Ley." Ele suspirou e desviou de mim quando passou ao me lado. Mordendo meu lábio inferior, rapidamente me virei para olhar para suas costas partindo.
"Blake!" Eu gritei, o coração batendo rápido no meu peito. Ele se virou com o rosto iluminado de saudade. Eu tinha certeza que o meu gritava o mesmo. Eu o queria tanto que doía fisicamente. Mas o que estava me segurando?
"Boa noite." Suspirei. Não era o que eu inicialmente queria dizer. Eu queria beijá-lo, amá-lo do jeito que desejava tanto. Os olhos de Blake escureceram em decepção. Por conseguinte, ele acenou com a cabeça e entrou na caminhonete. Austin partiu com o carro um segundo depois e fiquei ali parada encarando as luzes traseiras desaparecendo.
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*Na escola *
"Tive uma noite ruim." Ryan gemeu enquanto arrastava os pés no chão. Revirei os olhos e puxei as pontas da alça da bolsa.
Tínhamos acabado de sair da segunda aula do dia e nem sinal do Blake desde a noite anterior. Isso me preocupava infinitamente e sequer prestei atenção ao professor enquanto pensava nas possíveis razões pelas quais ele não estava ali na escola.
"O que exatamente fez ontem à noite?" Perguntei em tom de piada. Meu Converse batia contra o chão de ladrilho enquanto seguia para minha próxima aula. O professor estava um pouco atrasado, então não havia pressa.
"Miranda apareceu na minha porta na hora exata em que minha mãe voltou do trabalho. E adivinha só?" Ele questionou em um tom irritado. Eu me encolhi já sabendo o que havia acontecido.
"Ela levou a papelada do casamento? Oh, espera, ela foi te contar que está grávida de dois meses e você é o pai?" Eu brinquei e acenei para Rosalie que seguia apressada para sua próxima aula.
"Eu não esqueci!" Ela gritou quando passou por mim.
"Hahaha! Muito engraçada." Ryan resmungou, caminhando lentamente ao meu lado. "Minha mãe a convidou para jantar e eu tive que sentar durante uma hora com Miranda tagarelando sobre ser minha namorada. A garota realmente não sacou ainda." Ryan gemeu.
Eu ri. "E é por isso que está andando como uma lesma?"
Ele assentiu. "Talvez ela perca o interesse em mim se eu andar como um zumbi. Eu já tentei de tudo!" Ele disse, exasperado.
Honestamente, eu me sentia mal. Na verdade, nem tanto, me parecia hilária a ideia de Miranda ser tão obcecada por ele. Mas esperava que ela superasse isso algum dia.
"E se você tentar sair com ela? Nunca se sabe, ela pode eventualmente ser a garota dos seus sonhos." Eu dei de ombros, mordendo meu lábio para segurar o riso.
O rosto de Ryan ficou em um tom alarmante de branco. "Só por cima do meu cadáver."
Eu ri e olhei em volta. Meu coração saltou quando vi um garoto alto de cabelos negros. Ele se virou e quando dei uma olhada mais atenta em seu rosto, fiquei desapontada ao ver que não era o Blake.
"Viu Blake hoje?" Perguntei.
"Ele ligou avisando que estava doente." Ryan avisou, em seguida, se virou para mim com as sobrancelhas franzidas. "Espera, ele não te contou?" Ele questionou confuso.
Abaixei a cabeça, deixando meus olhos caírem para olhar para o chão. Balançando a cabeça negativamente, disse: "Não, ele não me disse."
"Vocês ainda não estão se falando? É bem estranho isso. Vocês sempre foram inseparáveis, o que sempre me deixou com ciúmes." Ele disse.
Suspirei. "É... Complicado."
"Acha que ele está realmente doente?" Eu ficava preocupada, mastigando meu lábio inferior. Ryan bufou como se a pergunta o divertisse.
"Blake não parecia nem um pouco doente. Foi só uma desculpa para não aparecer hoje." Ele deu de ombros.
"Ryan... Eu... Te vejo mais tarde, vou..." comecei.
"Vai atrás dele para consertar esse problema entre vocês. Vá em frente, finalmente vai matar aula." Ryan riu. "Estou tão orgulhoso." Ele enxugou lágrimas invisíveis debaixo dos olhos.
Eu ri e me virei. Se Blake não estivesse realmente doente, eu tinha certeza de que ele não estaria em casa. A mãe dele nunca permitiria que ele faltasse à escola sem estar realmente doente. E talvez eu soubesse onde ele estava.
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"Obrigada." Eu disse ao motorista do ônibus depois de passar para ele uma nota de dez dólares. "São só três dólares..." Ele começou, mas eu o interrompi.
"Fique com o troco." Eu disse educadamente, então desci do ônibus.
A primeira coisa que notei foi a motocicleta de Blake estacionada ao lado do prédio. Sorri sabendo que fiz a escolha certa em vir aqui. Agarrei minha bolsa, suspirei e caminhei até o prédio.
Uma placa de "Aberto" estava pendurada na porta, então entrei. Primeiro ouvi grunhidos e o som de batidas. Virei a esquina e então o vi, com uma calça de moletom larga, luvas pretas e sem camisa. O suor escorria por seu corpo enquanto ele continuava a golpear o saco de pancadas.
O ginásio estava vazio, exceto por ele. Estremeci quando ele socou o saco como faria com um inimigo. Ele agiu áspero e sem piedade.
Apertei meus lábios e caminhei até ele. Quando estava a alguns metros, parei com medo de que ele me atingisse.
"Blake." Eu sussurrei. Eu não sei como ele conseguiu me ouvir através das batidas fortes e seus grunhidos ásperos de raiva. Mas ele o fez e endureceu, parando na hora.
"O que está fazendo aqui de novo?" Ele resmungou.