Capítulo 23
1140palavras
2022-12-08 16:26
Ponto de vista de Ashley
"Obrigada, Ryan", murmurei, fechando a porta do carro suavemente. Ryan sorriu, o que pareceu estranho e cauteloso, então ele se virou e encarou Arden, que ainda estava enfurecido.
"Vamos rezar para que ele não tenha matado o cara", ele disse quando Arden bateu a porta do carro com uma força desnecessária para sair. Forcei um sorriso enquanto víamos Arden caminhando para casa. Ele ainda estava tão furioso. Isso era tudo culpa minha.
"É tudo culpa minha", resmunguei, mas não sabia que tinha falado alto o suficiente para que Ryan ouvisse.
"Como assim? Como pode ser culpa sua?", ele perguntou com uma expressão de curiosidade. Olhei para Arden, observando-o bater a porta da frente de casa com muita força.
Suspirei, voltando minha atenção para meu melhor amigo ruivo e expliquei: "O menino que Arden espancou estava me xingando." Meus olhos estavam lacrimejando.
"Se...", comecei a dizer mas minha voz falhou. Então respirei fundo e continuei: "Se eu não tivesse beijado Blake, nada disso teria acontecido. Isso é tudo minha culpa, eu sou uma v*dia."
Os olhos de Ryan se arregalam em choque com as minhas palavras. Recuperando a fala, seus olhos se suavizaram consideravelmente, mas seu tom era tudo menos suave quando disse.
"Não é sua culpa, Ashley. Eu fiz aquele desafio idiota, foi eu que fiz isso! Você não é uma v*dia e nunca será. Na verdade, se eu soubesse o motivo pelo qual Arden estava espancando o garoto, me juntaria a ele, o menino mereceu." Ele parecia estar com raiva.
Eu sabia que ele não estava falando comigo de forma dura intencionalmente, mas isso não me impediu de me afastar diante de seu tom áspero. Quando notou isso, ele suspirou e disse: "Olha, Ashley, eu vou consertar isso..."
"Ryan, deixa pra lá. Prometa que não vai fazer nada imprudente que possa colocá-lo em apuros", disse interrompendo ele. Eu conhecia Ryan como a palma da minha mão, o que quer que significasse "consertar" para ele não era o que todos normalmente pensavam. Sempre insinuava algo ilegal.
"Eles não vão parar a menos que alguém os deta, Ashley", ele respondeu.
Forcei um sorriso, mas meus lábios pareciam tão rígidos, tão relutantes em se separar. "E tudo bem, não espero que eles façam isso. Eu posso lidar com isso, só faltam mais alguns meses até a formatura e nunca mais terei que ver a cara deles novamente", respondi.
"Alguns meses é muito tempo, Ashley, prometo que o que quer que eu faça não causará nenhum dano a ninguém, não muito", ele assegurou e então grunhiu.
Meus olhos se transformam em fendas enquanto cruzei os braços sob o peito e disse: "Não, deixe estar. Se não, darei seu telefone para a Miranda." Era um golpe baixo, mas eu não precisava que nada desse errado agora, não para mim.
Miranda era uma morena baixinha que geralmente fazia dupla comigo na aula de Química. Todos pareciam fugir dela. Ela era um pouco pegajosa e falava demais.
Eu até gostava da personalidade dela, provavelmente porque ela incomodava muito Ryan e era algo divertido de se ver. Ela mesma dizia que "Ryan era o amor de minha vida, meu futuro marido".
Sempre admirei sua confiança, dizendo a todos o que pensava, sem esconder nada. Ela não se importava se o mundo a julgava e isso era algo de que eu tinha inveja.
Se eu tivesse a autoconfiança dela, teria dito a Blake há muito tempo que gostava dele, muito mais do que um amigo. Mas nunca tive tanta confiança, tão pouca que agora estava perdendo o menino que amava.
Ao ouvir o nome dela, seu rosto ficou pálido, apavorado. Não era segredo que Ryan detestava muito Miranda, eu diria até que ele ficava petrificado diante dela.
Eu também ficaria se alguém aparecesse na minha casa às 5h da manhã para trazer cupcakes e rosquinhas. Mas, mais uma vez, era meio doce de uma forma assustadora e obcecada.
Nós nos encaramos antes dele suspirar relutantemente. "Tudo bem", ele resmungou. Ele estava bravo, percebi quando ele foi embora sem se despedir e suspirei. Ele tinha de superar isso.
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Acordei com a gritaria que vinha lá debaixo. Resmunguei mudando de posição até que acordei completamente. Eu ainda estava com sono, mas me forcei a sair da cama por mais confortável que estivesse.
Depois de cumprimentar minha mãe, fui direto para o meu quarto. E em alguns minutos, já tinha trocado de roupa e colocado algo mais limpo, então fui direto para a cama tirar uma soneca.
Os acontecimentos de mais cedo me esgotaram demais. Mas agora, com os músculos doloridos e uma enxaqueca se aproximando, eu precisava de mais de uma hora de descanso.
"Pai, a culpa foi dele, eu não fiz nada que ele não merecesse!", Arden disse tão alto que meus ouvidos zumbiram. Estremeci abrindo meus olhos que mal conseguia manter abertos de cansaço.
Andei rápido em direção à porta, e abri suavemente para não alertá-los de que eu estava escutando tudo. Eu usava meias e, assim, fica mais fácil de andar sem fazer barulho.
"Eu disse para ficar longe de problemas! Policiais vieram procurá-lo, Arden, isso não é ficar longe de problemas. Por que teve que bater tanto no pobre menino?!", papai gritava. Me afastei, apavorada com o que poderia acontecer a seguir. Papai não se irritava facilmente, mas ele definitivamente estava muito bravo.
Eu suavemente sentei no degrau de cima, longe de ser notada. Eu podia ouvir a voz suave da mamãe, tentando acalmar todos. Minhas mãos tremiam incontrolavelmente enquanto eu agarrava a grade de madeira. Minha testa pressionava na superfície de madeira enquanto ouvia a briga.
"O bab*ca mereceu, pai!", Arden gritava com raiva.
"Ninguém merece ser espancado até ficar inconsciente, Arden! Se eu não tivesse voltado para casa mais cedo, você estaria numa cela agora. Você quase deixou o garoto em coma!", papai disse enfurecido.
Engoli em seco cobrindo minha boca com a palma da mão. Arden tinha se metido nessa confusão por minha causa. As lágrimas se acumularam nos meus olhos e minha visão ficou turva. Eu deveria ter protegido ele, mas falhei.
"Não entendo o motivo que você fez isso! O que o garoto fez para te provocar tanto que quase o matou?", papai perguntou com um tom de curiosidade.
Me levantei e desci as escadas. Minhas mãos tremiam, mas eu estava determinada a não deixar Arden sofrer as consequências sozinho. Isso também era problema meu. Então, lá estava eu, na frente da minha família que ainda não tinha me notado.
Papai estava de costas para mim enquanto Arden o encarava, sem sequer desviar o olhar. Mamãe estava ao lado deles e tinha uma expressão de impotência por não conseguir parar a briga. Cerrei meus punhos, pressionando eles nas minhas coxas, e desembuchou: "Foi por minha causa, pai. Foi minha culpa ele ter entrado nessa briga."