Capítulo 72
1465palavras
2022-09-08 07:17
— Você fez o quê? — Perguntou Sophia, chocada com o fato de Helena ter pedido demissão da empresa.
— Sim mitéra mou (minha mãe), eu pedi demissão. Prefiro perder anos de empresa do que continuar lá e olhar para as fuças daquele imbecil.
Depois quase acabar com a raça de Roberto e de pedir demissão, Helena foi chorar no colo de sua família. E ninguém ali acreditou no que ela fez, logo ela que sempre procurou pensar bem antes de agir, sempre analisou e planejou bem suas escolhas e decisões. E mesmo quando alguma coisa não saía como planejado, sempre tinha um plano B.

E realmente foi um choque para a sua família vê-la agindo por impulso.
— Mas Koúkla... — Perguntou Constantino preocupado com o jeito que ela estava: — você vai ficar sem emprego? Por acaso tem alguma coisa em vista? Porque se não tiver, como vai fazer daqui para frente?
— Eu não sei patera mou (meu pai). Na hora da raiva não pensei nesta questão... e não consigo pensar em mais nada.
Vendo que a sua boneca não estava em condições para conversar, preferiu não insistir.
— Mas agora que descobriu toda a verdade, o que você pretende fazer? Vai procurar o seu ex-namorado? — Perguntou o seu irmão mais novo, Hermes.
— Por que está me perguntando isso? — se sentiu meio que ofendida com a dúvida do irmão.

— Bom... se pensar bem, ele foi tão enganado quanto você. Daí...
— Daí você achou que eu vou voltar para ele? Depois da palhaçada que ele mais aquela periguete me fizeram? Não! Não vou voltar para ele. Que ele foi enganado como eu fui, sim ele foi. Mas ele me traiu porque ele quis. Ele podia muito bem ter me procurado para conversar na boa, como a gente sempre fez. Mas não, preferiu acreditar nas fofocas daquele canalha do Roberto.
Helena teve mais uma crise de choro. Seu pai a abraçou tentando acalmá-la. E Sophia deu uns tapas no filho mais jovem.
— Você tinha que falar besteira, né Hermes? — Esbravejou Sophia.

— Credo mamá foi sem querer...
— Bom vamos deixar Helena descansar um pouco. — Seu pai beijou o topo da sua cabeça: — Kori mou, você não tem que decidir nada agora. Descanse e aproveite para esvaziar a mente. Nada como um dia após ao outro...
— Patera, mitéra... eu queria pedir para voltar a morar aqui...
Para Helena fazer tal pedido, era porque a coisa realmente ficou feia. Também pudera, toda essa confusão a deixou totalmente transtornada. Seus pais ficaram muito surpresos ao ouvirem o suplico da filha. Eles se olharam entre si e por fim a sua mãe disse:
— Mas é claro que sim, koúkla, esta é a sua casa também... aliás Helena, por mim você só sairia daqui casada...
— Menos Sophia, agora não é hora para isso! — Disse Constantino se segurando para não dar uma bronca na mulher, apesar de no fundo concordar com ela. Mas naquele momento, sabia que não era hora de dar sermão na filha.
Todos saíram do quarto para deixar Helena descansar. Sua mãe ficou de lhe fazer um chá de camomila. Assim que saíram do quarto, seu pai desabafou:
— Eu não sei o que passa na cabeça desses homens para ficarem correndo atrás da minha filha, como se fossem cachorros no cio!
— Bom patera... a Lê é uma moça bonita, então... — Disse Hermes tentando explicar ao pai. Ele não deveria ter dito aquilo.
— Então o quê? Isto não é desculpa para ninguém ficar judiando da sua irmã, muito menos sair por aí jogando o nome dela na lama, como fizerem aqueles dois cães do inferno!
— Patera, tá todo mundo esperando o senhor lá fora. — Veio Heitor, o irmão do meio, atrás de Constantino.
— Esperando para quê? — Estranhou Sophia. Pelo que ela sabia, o marido não pretendia sair de casa naquele dia, ainda mais com Helena em casa daquele jeito.
— Convoquei todos os nossos compatriotas para dar uma coça naquele cretino do Roberto!
Sophia olhou de cima a baixo para o marido e os filhos incrédula. Era só alguém fazer algum mal a Helena e ele já convocava toda a comunidade grega para um massacre.
— Mas o que é isso homem, ficou maluco? E você Heitor, é mais ainda, faz o que o seu pai manda?
— É claro que sim mamá, eu não ia desobedecer ao pai. E ninguém mexe com as mulheres do nosso povo, principalmente com a minha irmã! — tentou de se defender da bronca da mãe.
— É isso que vocês querem, matar a filha e a irmã de vocês de desgosto? Querem o quê, que ela vá visitá-los na prisão? Porque eu não vou, vão ficar tudo jogado lá na cadeia!
Hermes e Heitor só faltaram chorar quando Sophia disse que não ia visitar ninguém na cadeia. Constantino bufou de raiva.
— Mas que merda, Sophia? Aqueles votos de casamento não significaram nada para você?
— Claro que foram, mas ninguém me disse que eu teria de concordar com essa sua insanidade.
— Você não precisa mais se preocupar com isso Sophia. — Disse uma voz vindo do corredor da casa dos Petropoulos. Era a Vovó Tina.
— Ai Sogra, graças aos deuses a senhora veio! — Sophia se agarrou com tudo nas mãos da sua sogra: — coloca um pouco de juízo na cabeça do seu filho e de seus netos, para que eles não façam nenhuma besteira!
— Eu já soube o que aconteceu e por isso mandei todos os nossos conterrâneos voltarem para suas casas.
— O QUE? — Constantino ficou indignado com o que sua mãe havia feito.
— Mas giagiá a senhora não soube o que aconteceu com a Lena? — Perguntou um de seus netos.
— Sim eu já soube. E assim como vocês, eu também estou indignada com o que houve e quero que aquele imbecil chore lágrimas de sangue. Mas acabar com a raça dele não vai mudar o que aconteceu com a filha e irmã de vocês. Violência nunca foi solução para nada, já deveriam saber disso. E não se preocupem com isso, ele vai receber o castigo dele.
Como sempre, vovó Tina estava certa. Alguns dias depois, veio a notícia de que Roberto foi preso por mandar atirar em Mitchel. Claro que a mamãe dele quis mover uma ação judicial contra Helena por agredir o seu filhinho..., porém isto fez com que ele virasse motivo de chacota na internet, pois já circulava nas redes sociais que ele virou saco de pancada de mulher. É o vídeo mais visualizado e comentado até este momento:
"Chica de Paris faz advogado de merda derramar lágrimas de sangue!"
Mas Constantino não quis ouvir os conselhos da mãe e saiu correndo para ver se ainda alcançava alguém lá na rua. Seus filhos foram atrás dele. Sophia e vó Tina só observaram a cena.
— Eu sinto muito Sogra..., mas se os Deuses me livrem acontecer algo com aqueles três desmiolados, eu não respondo por mim.
— Não se preocupe com eles. O mais importante agora é que a nossa Helena fique bem. Falando nela, como ela está?
— Está em seu quarto e não está nada bem... parece uma cachoeira, não pára de chorar um segundo. Tadinha de minha koúkla... eu vou fazer um chá para ela, a senhora também aceita uma xícara?
— Sim por favor. Enquanto isso, posso ver como ela está?
Enquanto Sophia foi até a cozinha para fazer um chá para as duas, vó Tina foi conversar com Helena. Ao entrar no quarto da neta, a matriarca da família quase teve um ataque ao vê-la naquele estado.
— Lê... eu posso entrar, minha querida?
— Sua bênção, giagiá mou (minha avó). — Mesmo estando arrasada com o que aconteceu, ela não deixou de pedir a bênção.
— Que os deuses lhe abençoem. Eu sinto muito por você... E não se preocupe com isso Lê, já teve muito homem que já saiu no braço por minha causa.
Mesmo estando triste, Helena riu com a piada da avó. Ela sim sabe como fazê-la rir. Como sempre conversaram como as melhores amigas que eram. E é claro que o assunto Sabriel Reyes veio à tona.
— Sim, ele veio... ele me pediu em casamento...
— Ora, mas isto é maravilhoso!
— ..., porém como aconteceu toda essa confusão, acabamos não conversando e ele precisou voltar...
— E por que não foi embora com ele, menina?
— Eu não podia ir sem antes resolver este problema...
— Bom, agora você não tem mais nada te prendendo aqui. Saiu da empresa e não está trabalhando. Como fica?
— Não sei giagiá... Sinceramente, eu não sei...