Capítulo 18
1210palavras
2022-09-07 02:48
Dayane deu um calmante para Samantha e ela dormiu o dia todo. No fim da tarde, foi ver se Helena estava melhor. Pelo jeito, não estava. E como poderia? Mesmo assim a procurou para conversar, junto com uma xícara de chá de camomila.
— Eu fiz um chá para você. Não é igual ao da sua mãe, mas espero que ajude. — Ofereceu a xícara para ela.
— Por que ela nunca me contou? Ou ele nunca me contou? — Perguntou com a cara toda inchada de tanto chorar e aceitando a bebida.

— Deve ser para não te aborrecer... eu não sei, cada um deles deviam ter lá os seus motivos... dos quais pelo menos da Sam, você poderia ouvir.
— Não sei se quero ouvir...
— Pelo menos a escute... oh por favor Lena, não brigue com a nossa melhor amiga por causa daquele cretino. Você nunca foi de fazer isso. Se tem que odiar alguém, que seja o Luiz e aquela poule (galinha) dele!
Helena não respondeu, mas Dayane estava certa. Ela pelo menos deveria ouvir a versão de Samantha. Pelo menos ao contrário de Luiz, ela queria explicar o que realmente aconteceu.
— Bom, eu vou preparar o jantar. Mas pensa bem no que fazer.
— Ok Day eu vou pensar, mais do que já tenho pensado...

*
Anoiteceu e Helena ainda pensava no que aconteceu... aliás, já estava com dor de cabeça de tanto pensar. Em anos de namoro, por que Luiz nunca falou que já tinha saído com Samantha, mas contou para Núbia? Era isso que mais a incomodava e pior, mais uma vez, soube pela internet. Todos que a conhecem já devem estar sabendo. E provavelmente também deve ter sido ele a contar que elas são amigas.
Por sorte, o seu pensamento foi interrompido por um assobio. Veio do prédio vizinho. Sim, era ele, o seu vizinho misterioso que lhe chamou de chica de Paris.
Que bom, era o que ela precisava naquele momento.

Ele acenou para ela. Fez um sinal, perguntando se está tudo bem. Ela respondeu com os dois polegares. Ele lhe jogou um beijo com um dos dedos. Ela colocou as duas mãos no coração.
De repente resolveu fazer o que seria a maior loucura da sua vida: o chamou para conversar. Ele chegou a fazer uma cara de espanto quando ela fez um gesto meio estranho, pedindo para que ele descesse e mesmo sem ter a certeza de que ele entendeu, entrou para dentro do quarto, se arrumou da melhor maneira possível para se encontrar com ele. Antes de sair, viu Samantha e Dayane na sala de jantar:
— Aonde você vai? — Perguntaram as duas.
— Eu... vou dar uma voltinha.
— A essa hora? — Questionaram.
— É aqui perto. Não vou demorar. Eu preciso de ar. Tchau. — E saiu quase correndo. As duas ficaram se olhando com um ponto de interrogação acima de suas cabeças. Samantha achou que ela inventou de sair para evitá-la.
— Você viu só, ela nem olhou direito para mim.
— Tenha calma Sam, quando ela voltar, vocês conversam. Pelo menos, não parece estar mais triste, eu acho...
E realmente ela não estava. Estava mesmo era muito ansiosa para conhecer melhor o seu vizinho misterioso.
"Tomara que ele entendido o meu recado e tenha descido!"
Finalmente chegou na calçada do prédio de Dayane, mas ele não estava lá. Foi até a porta do prédio vizinho e ficou ali esperando por ele. Entravam e saíam várias pessoas, mas ele não apareceu.
"Acho que ele não vem... foi tolice da minha parte..."
Quando resolveu dar meia volta para ir para casa, alguém estava atrás dela.
_ Buenas noches!
Mais uma vez, ela levou um tremendo susto.
— Poxa... você se assusta com facilidade.
— Credo, você tem que parar com essa mania de chegar de mansinho atras da gente! — Bufou se recuperando do susto. Notou que ele estava meio ofegante, como se tivesse acabado de correr: — por onde você veio?
— Por uma saída de emergência do prédio. Achei que seria mais rápido, mas não foi. Acabei por sair na rua de trás e tive de vir pelo beco, pois se eu fosse dar a volta no quarteirão, demoraria mais. E acredite, eu quase me perdi. — Disse apontando para um beco escuro que separava os dois prédios: — rezei durante todo o caminho para ainda estivesse me esperando na frente do meu prédio.
Helena nem se lembrou que havia mesmo um beco entre os dois prédios. Imaginou o sufoco que ele passou para se encontrar com ela. Chegou a ficar com pena dele. Sentiu-se culpada por achar que ele não iria... tão culpada ao ponto de chegar a rir de nervoso. Ele estranhou aquele riso repentino dela.
— Que pasó? (o que foi?)
— Desculpe... — lembrou que o havia chamado para conhecê-lo melhor, não para dar risada no meio da rua: — ... é que estou meio nervosa.
— Por causa do que ocorreu agora?
— Não ... é outra coisa... é que eu me desentendi com a minha amiga.
Ela nem soube o porquê tocou no assunto. Não se sentia muito à vontade para falar de problemas pessoais para alguém que acabou de conhecer. Porém, aquilo estava a incomodando e não encontrou uma outra explicação para dar a ele.
— O que houve?
— Nada...bom, eu descobri uma coisa que ela fez no passado e não me contou.
— Bom eu não sei qual é o seu problema com a sua amiga, mas se ela não te contou, provavelmente é porque queria te poupar de algum mal. E como você mesma disse, isso aconteceu no passado e não tem que afetar o seu presente, a não ser que esteja.
"Foi a mesma coisa que a Day me disse!" Pensou. Na verdade, Helena estava mais chateada por Luiz nunca ter contado a ela sobre ele e Samantha, mas contou para Núbia. Seu pensamento foi interrompido por mais uma pergunta dele.
— Você já conversou com sua amiga sobre o que aconteceu?
Fez que não com a cabeça.
— Então converse. Depois de conversarem, veja se vale a pena manter a amizade.
Ela sorriu. Mesmo não sabendo da história completa, ele lhe deu um bom conselho. Eles ficaram se olhando, esperando alguém tomar a iniciativa. Como não conseguia dizer nada, ele perguntou:
— Você quer caminhar?
Ela fez que sim.
— Conheço um bar que fica a duas ou três quadras daqui. Podemos ir até lá?
— Ah tudo bem ...
Os dois foram caminhando até o tal bar em silencio. A noite estava bonita. E como sempre, ele precisou tomar a iniciativa:
— O que a trouxe a Cidade-Luz?
— Vim visitar uma amiga e conhecer a cidade. — Preferiu não dizer que veio tratar de negócios com ele, pelo menos por enquanto.
— Veio visitar a sua amiga e brigou com ela?
— Não, foi com uma outra que veio comigo... e não foi bem uma briga, foi uma coisa que veio do nada e ... — ela já não sabia nem mais o que dizia. Ele é quem teve de falar por ela:
— Calma, respire fundo. Não deixe que essa "coisa" controle a sua vida, Helena.