Capítulo 12
1165palavras
2022-09-07 02:35
Ao chegar na casa de Dayane, Helena viu que estava sozinha. Tinha uma cópia da chave do apartamento, que a própria mandou fazer para as suas amigas. As duas ainda devem estar batendo perna pelas ruas de Paris, gastando os seus cartões de crédito.
Por um lado, achou uma pena, pois queria contar como foi o seu suposto encontro com Pierre, mas por outro lado agradeceu por estar sozinha. Assim teria tempo para pensar como contaria o fato ocorrido.
Foi até o seu quarto para trocar de roupa quando sentiu mais uma vez a vontade de espiar pela janela. Sim, ela queria ver seu misterioso vizinho..., mas ficou muito desapontada quando se deparou com as cortinas fechadas. Deu uma bronca em si mesma por fazer aquilo.

Samantha e Dayane chegaram das compras, loucas para saber como foi o encontro de Helena. E ela claro, também estava louca para contar como foi.
— Nós temos muito em comum. Gostamos de livros e fomos a algumas livrarias da cidade... somos contadores e gostamos de trabalhar com custos... e nós gostamos de você Sam!
— Como é que é? — Samantha perguntou não entendendo nada.
— Pierre só marcou o encontro porque queria a minha ajuda para chegar até você.
— Oh la la Sam, parece que você ganhou um admirador! — Dayane se admirou, enchendo a bola da amiga.
— Mas tem um pequeno detalhe.

— Qual? — Perguntaram as duas.
— Caso não dê certo com você, ele me quer como uma segunda opção. _ Despejou em tom de deboche.
— Oh, mas que safado! — A parisiense esbravejou um palavrão em francês que deixou as duas boquiabertas.
— Eu nem vou perguntar o que significa isso que você disse agora... — Samantha comentou espantada com o linguajar da amiga.

— E então Sam? Você topa sair com o francês metido a conquistador barato? — Perguntou Helena só esperando qual seria a resposta da amiga.
— Eu topo, vou me divertir um pouco com ele. Já que isso que ele quer... darei um pouco de alegria para ele. — Concluiu.
*
Após mais um jantar animado com suas amigas, Helena foi trabalhar um pouco em seu notebook. Verificou e-mails pessoais e do trabalho. Também acessou as suas contas nas redes sociais. Quando entrou no Facebook, viu alguns pedidos de amizades dos quais infelizmente, ela reconheceu... eram amigos de Luiz!
"Será que ele sabe que seus amigos me enviaram pedidos de amizade?" Pensou. Depois bufou consigo mesma. "Vai ver que me enviaram solicitações a pedido dele! Ou dela!"
Ela também viu outros pedidos de amizades de desconhecidos, um mais tosco do que o outro. Ao imaginar que eram amiguinhos daquela quenga, nem se deu ao trabalho de olhar, excluiu e bloqueou todos eles.
Por mais que não quisesse e sabendo que não deveria, sempre se lembrava dele.
— Enquanto a retardada aqui fica chorando por causa dele, ele está lá na cama da outra, rindo da minha cara... tomara que eles chorem lágrimas de sangue! — Praguejou um antigo ditado grego muito usado por sua família.
E falando neles, lembrou de quando o levou para conhecê-los. Seus pais somente aceitaram o seu namoro com Luiz por consideração a ela. Seus irmãos até acharam legal conhecer um campeão de UFC, mas assim como todos também estranharam o fato da irmã, praticamente uma lady, se envolver com um tremendo troglodita.
"Eu amo aquele troglodita e eu não me importo se ele é um ogro! Eu não preciso de um príncipe, lorde, seja lá o que for! Dá para vocês entenderem isto ou tá difícil?"
Era o que sempre dizia... no final das contas, o seu ogro acabou arrumando uma ogra da mesma espécie.
Enquanto se perdia em seus pensamentos, ouviu um som de piano sendo tocado do apartamento da frente. Foi dar uma olhada e viu que seu vizinho estava tocando e de repente começou a cantar. A música era linda e a voz dele também.
Helena conhecia aquela música... se não estiver enganada, é La Vie En Rose de Edith Piaf e por uma mera coincidência, era uma de suas músicas favoritas.
"Oh que lindo!" Pensava. Ficou ali a noite toda, o ouvindo tocar e cantar. Quando ele terminou, não resistiu e bateu palmas. Ele somente olhou de lado para ver quem era. Ficou muito sem graça ao ser vista. Achando que ele não gostou muito de ser observado, entrou de fininho. Ele assobiou bem alto para ela ouvir e fez um gesto, pedindo para que ficasse.
Ela ficou e fez um gesto com os dois polegares, dizendo que adorou a música. Ele fez uma reverência agradecendo o elogio, mas também fez uma expressão como se estivesse desapontado...
Era para o seu pijama que ele olhava. Na hora, ela estava com um pijama de soft branco e super fofinho, pois fazia muito frio em Paris nesta época do ano. E ele mais uma vez de calça de malha e sem camisa. Se perguntava como ele aguentava ficar daquele jeito.
Olhou para o próprio pijama e entendeu o que ele queria: vê-la com a camisola vermelha. Então pediu para ele esperar um minuto. Entrou e alguns minutos depois, apareceu na varanda de camisola, se sentindo a mulher mais linda do mundo.
E para seu vizinho, naquele exato momento, ela era a mulher mais linda do mundo!
Aquela camisola deve ser mágica, pois tinha o poder de realçar o que já era bonito: o vermelho do tecido destacava o tom da sua pele morena clara. O bojo valorizava seus seios. A parte do espartilho forrado com rendas acentuava ainda mais a sua cintura de boneca. E a parte esvoaçante, feita de um tecido que imitava uma seda, que começava mais ou menos em seus generosos quadris, era transparente com duas fendas que iam até o joelho, dava uma bela amostra de suas belas pernas.
Ou seja, era ela que completava a beleza da camisola.
E naquele momento, seu vizinho não se aguentou diante de tanta beleza. Ele pediu para ela dar uma voltinha. Quando se virou de costas, segurando seus cabelos para mostrar a parte de trás da camisola, que realmente lembrava um espartilho com fitinhas de cetim entrelaçadas entre si, ele simulou um desmaio de tão admirado que ficou.
Para dar mais graça a situação, ela levantou a camisola mais ou menos até as coxas, mostrando as suas belas pernas. Ele quase teve um ataque cardíaco!
Helena achou melhor parar com isso, antes que ele caísse da varanda. Fez um sinal avisando que iria entrar. Antes que ela entrasse, ele pediu para esperar um instante. Entrou e voltou com um violão e começou a cantar uma outra música.
Assim que ele acabou, a agradeceu por escutá-lo. Os dois se despediram e cada um voltou para seu quarto. Ela ainda estava magoada com a traição de Luiz, mas admitiu consigo mesma: aquele jogo de sedução com o vizinho do prédio ao lado estava fazendo um bem danado para sua autoestima.