Capítulo 39
1691palavras
2022-08-26 00:54
DAIANA HEREZA NÚNEZ
Eu fechei os olhos, na tentativa de fazer a minha dor de cabeça passar, minha mente simplesmente mergulhou no meu passado me fazendo sentir o sangue fugir cada vez mais do meu corpo.
- QUEM É você?- Questionei aos berros assim que abri meus olhos.

Fui me afastando da sua presença cada vez que ele tenta chegar perto de mim. Sai da cama enquanto que ele permaneceu nela, Aleksei não conseguia olhar nos meus olhos, estava de cabeça baixa sem dizer nada. Assim que levantou-se da cama ele tentou chegar perto de mim e eu disse de imediato impedindo sua aproximação.
- Não. Não chegue perto de mim. -- Ele parou no mesmo instante assim que a minha voz soou pelos ares. Seus olhos demonstram tristeza, arrependimento e culpa.
Mas a dor que estou a sentir ao lembrar que perdi minha família de uma forma tão cruel e bárbara não se compara a um peso de consciência que talvez não seja verdadeiramente importante agora. Ela já me fez viver uma vida de mentiras e quem dirá que esse peso de consciência seja mesmo verdadeiro? Mas agora isso não é significativamente relevante.
- Como pode permitir que eu vivesse de uma ilusão? Como? - Até agora só se ouve a minha voz embargada pelo choro compulsivo. A adrenalina que me percorre pelas minhas veias são de raiva, ódio e tristeza. - COMO?ME RESPONDA. - Peguei no primeiro objecto que estava perto de mim e arremesso contra a parede. - PORQUÊ, PORRA.- Eu já estava descontrolada,
- Eu... E..U..Favor -Aleksei também chora, e por conta disso as palavras não saem correctamente da sua boca. Então voltou com a cabeça baixa e disse quase num sussurro que eu não pude ouvir com clareza. -Eu sinto muito, Daiana.
- O quê disse?- Perguntei com imensa raiva . Então ele voltou a olhar nos meus olhos com as suas esferas azuladas agora num tom avermelhado por causa do choro, as lágrimas escorrem como água no seu rosto.

- Eu disse que sinto muito. Eu não sei o que dizer,
- Você sente muito e não sabe o que dizer? Meu Deus ele não sabe o que dizer. - Repeti suas palavras com deboche e ri de muito nervoso, andei até uma cômoda onde tinha alguns pertence meus e dele e joguei tudo para o chão. - Você não sabe o que dizer, então deixe que eu te digo. - Apontei o dedo indicador para ele e prossegui.- Eu venho sofrendo desde o dia em que o meu pai tentou me vender por dinheiro, quando descobri que minha mãe tinha um tumor cerebral que ia tirar ela de mim. Quando eu pisei nas maldita terras de Alexandre Fontinella. - Cada palavra que sai da minha boca vinham recordações da minha vida inteira. Andei até ele assim que cheguei perto dele ocupando todo espaço que nos separava e continuei.- Eu vi a minha mãe a ser morta de uma forma que nunca sequer sonhei ou vi em algum filme de terror, ela foi abusada enquanto estava no leito de um hospital e de seguida foi decapitada. - Deu um sorriso amargo, pois tentar deixar com o ar chegasse nos meus pulmões, não desviei os meus olhos do dele em qualquer momento, e nem ele dos meus, apenas me ouvia sem dizer nada e chorava compulsivamente. - Meu pai embora que fosse o que fosse também foi torturado assim como o homem que tentou cuidar de mim, ambos foram brutalmente associados, eles foram enterrados vivos.
- Daiana!- Aleksei, tentou dizer alguma coisa mas simplesmente o cortei com uma bofetada no rosto.
- Cale-se. -Me afastei dele para olhá-lo de cima a baixo e continuei com a minha fala. - Eu fui torturada, e obrigada ver as piores mortes da história da minha pequena família. Fui abusada fisicamente e psicologicamente ainda tive a minha pureza sendo roubada por um demónio . Isso não é porque eu permiti mas de alguma forma sinto que a culpa foi minha porque não lutei por justiça, não pude fazer nada para salvar a minha família. - Mas uma vez me vejo em pequenos estilhaços de vidro, sem concerto. Num caos meu coração mais uma vez se tornou num vazio enorme. Uma escuridão sem fim.

Me afastei do Aleksei e dei as costas para ele. Meu corpo dói, minha alma sangra, a sangrenta que meu corpo não pode libertar e meu espírito clama por paz, cada vez mais fora do meu alcance. Simplesmente deixei que a escuridão das terras Sombrias me envolvesse sem eu dar luta.
Fui fraca.
- Eu sei disso tudo, Daiana.- Sua voz agora firme mistura-se com as partículas do meu ouvido causando-me mais irritação e vontade de o matar. Virei-me bruscamente para a sua direção e fulminei com o olhar. Mas depois de absorver as palavras proferidas me dei conta de que não havia prestado atenção, a indignação estampou meu rosto e cheguei a perguntar novamente para ter a certeza que ouvi certo mesmo.
- Sabiá?
- Sim! -Aleksei umedecer seus lábios ressequidos e prossegui sem dar tempo de responder a sua fala. - Eu sabia de tudo porque fui eu que o pôs na por de trás das grandes, eu investiguei Alexandre Fontinella por dois anos para quando eu via você naquela torre naquele ele te manha presa, eu senti meu coração parar porque via como o seu rosto refletir a dor do seu coração, quando eu olhei nos seu olhos soube que precisava terá-lá do poder dele, mas não era nada fácil Alexandre, é um homem muito inteligente por isso tive que ser muito cautelosos. Daiana eu me apaixonei por você desde o primeiro olhar, quando soube que entrou em coma não pensei duas ou três vezes em te tirar da Holanda e trazê-la para perto de mim. Eu sei que o que fiz não foi certo mas foi a única saída de ter você por perto, por me perdoe, não tive outra saída a não ser..- Aleksei parou de falar para respirar e olhar bem no fundo dos meus olhos. Mas eu não permiti que continuasse pois o respondi.
- A não ser o quê? Em Aleksei, a não ser o que?
- Daiana por favor deixe-me explicar.- Aleksei disse no tom suplicante, mas eu não me abalei com isso e disse.
- O que você pode me explicar Aleksei?Que história irá inventar agora em? Eu fixo num coma meses ou anos não sei e quando acordo me deparo com um homem que se diz meu noivo que fez-me viver uma ilusão por meses sem se importar com o meu passado nem os meus sentimentos como você pode fazer isso como porque? - As palavras saíram entre dentes com toda a mágoa que estou a sentir, pois estou a me sentir usada mais uma vez.
Aleksei vem até mim em passos calculados e diz.
- Não era a minha intenção magoar você Daiana, porra eu amo-te
- Mas magoou é você não ouse dizer que me ama porque você não me ama, pois se amasse teria me contado tudo desde que acordei, teria me contado da sua esposa,ou do seu casamento que eu ajudei a destruir.
- Você teria ficado comigo se te contasse a verdade? E do que você está a falar? - Aleksei pareceu perdido por alguns segundos pois olhou-me com as sobrancelhas erguidas para o alto.
- Ah, então você pensou que contar mentiras seria a melhor forma de me prender a você? Acho mesmo que a sua acção tem justificação? O que pensou que viveríamos como o casal mais feliz de todos os tempos, me acreditar em uma vida que nunca existiu eu odeio-te.
- MAS QUE PORRA, EU SEI QUE EU ERREI, CARRALHO, TENHO ME AMALDIÇOADO TODOS SEMPRE QUE ACORDO DAIANA.- Ele berrou transtornado de raiva e as lágrimas do grossas escorrem pelos seu olhos azulados. - Eu tive medo, medo de perder você eu sei que o que eu fiz não tem justificação mas foi por amor.
- Eu não quero saber.- Disse friamente e ignorar as suas palavras. - Se você realmente tem medo de perder teria me contado tudo , mas não você preferiu contar blasfémia de uma vida que nunca foi minha, olhando no meus olhos sem filtro ou culpa , agora sim você me perdeu. Porque eu irei embora daqui. - Eu já não chorava mais, porque já não tinha mais lágrimas para derramar, simplesmente dei a costa para ele e comecei andar até a porta, mas antes que chegasse perto dela Aleksei pegou-me pelo braço e virou-me para ele e disse em suplicar, abraçando meu corpo com força prendendo meu corpo contra o dele.
- Não, não vai, eu não posso permitir que me deixe Daiana, por favor não vai.
- ME SOLTA.- Gritei tão alto que senti a minha garganta dor. Tentei me livrar dele mas seus braços só me apertavam cada vez mais. - Me solta seu desgraçado, eu quero ir embora. - Aleksei não me deu ouvidos, simplesmente pegou-me no seu colo e carregou-me como se eu fosse um saco de batatas.
Comecei a espernear-me bater-lhe mas mesmo o homem não me solta mesmo como meu grito de socorro ou xingamentos. Assim que chegamos na cama Aleksei, atirou-me na sua cama depois andou em passos largos até a porta assim que percebi a sua intenção arrastei-me para fora da cama e corri até ele mas já era tarde demais pois ele saiu e trancou a porta.
Entrei em desespero logo Comecei a bater na porta e a gritar por ele.
- ALEKSEI, ALEKSEI TIRA-ME DAQUI. -- No mesmo momento as lágrimas começaram já não aguento mais isso chutei a porta bati com toda a força que tinha mas nada.
Cai sentada no chão sem mais força para nada.
- Me perdoe meu amor, mas eu não posso perdê-la nunca. Volta assim que estiver mais calma. - Ouvi a sua voz, do outro lado da porta e supliquei mais uma vez.
- Não , Aleksei não me deixe aqui por favor. Me tire daqui.
- Não posso, meu bem já volto.
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