Capítulo 135
1717palavras
2022-07-25 06:27
Eu olhava no relógio de minuto em minuto. Meu cliente estava atrasado e minhas pernas começavam a doer de ficar tanto tempo de pé.
- Vai cansar em cima deste salto, nanica. – disse Sabrina se escorando na muralha atrás de nós, ao meu lado.
Jenifer saltou de um carro e veio até nós, sentando no chão, do lado oposto de Sabrina.
- Noite boa... – ela disse. – Oi, nanica. Você tem aparecido muito nos últimos tempos. Tá faltando grana para sustentar as crianças?
- Podemos dizer que sim, admiti. E adivinhem? Eu fiz a ecografia e já sei o sexo. – confessei feliz.
- Não acredito. O que é? – perguntou Jenifer ansiosa, se levantando e colocando a mão na minha barriga.
- Outra menina.
- Eu sabia! – vibrou Sabrina. – Titia já ama. – ela alisou a minha barriga.
- Aposto que ela vai reconhecer a nossa voz depois de sair daí. – ela disse orgulhosa.
- Estou pensando em fazer o chá de bebê no próximo mês. Caso eu não apareça por aqui até lá, mando o convite para vocês no celular da Kimber.
- Vai querer de presente novamente “dicas quentes”? – perguntou Sabrina.
- Claro, parceira. – falei rindo.
- Vai contar para ele hoje? – ela perguntou curiosa.
- Sim... Por isso o encontro... Mas ele não sabe ainda.
Nicolas parou o carro e abaixou o vidro:
- Oi, meninas. – ele cumprimentou.
- Oi, Edward. – elas disseram em coro, sorrindo maliciosamente.
- Vou levar Vivian, se não se importam. – ele disse enquanto eu me dirigia para o carro.
- Porra, até grávida você prefere ela? – Sabrina brincou.
Ele riu:
- Acho que prefiro ela justo por estar levando um bebê meu...
- Vão embora, casal perfeito. Vocês chegam a me dar ânsia. – disse Jenifer colocando o indicador na boca aberta, simulando vômito.
Começamos a rir e assim que fechei a porta, Nick deu a partida no carro. Sua mão livre alcançou minha coxa nua, passando lentamente para o lado de dentro, alcançando minha intimidade.
- Você não perde tempo. – observei enquanto abria minhas pernas.
- Não mesmo. Estou pagando por cada minuto.
- E desta vez o preço vai ser dobrado.
- E posso saber o motivo?
- Porque pega uma mulher e leva uma filha de brinde.
Ele parou o carro bruscamente, dando um solavanco.
- Você está louco, Nick? – falei preocupada.
- É outra menina?
- Sim... E você quer nos matar?
Ele me abraçou com força:
- Me perdoa, rainha do drama... Mas fiquei emocionado.
Eu comecei a rir e o afastei um pouco, alcançando seus lábios:
- Eu estava com saudade... – confessei.
- Sim, não quis acordá-la pela manhã... Você e Ayla dormiam tão lindas e tranquilas.
- Mas eu não o vejo há quase 24 horas. – olhei no relógio. – Sabe que eu sinto desejo de você, marido.
Ele beijou minha barriga:
- Bem vinda, nova garotinha. Papai e mamãe já amam você.
- Eu já disse isso para ela. – brinquei.
- Que horas você soube?
- Poucas horas atrás. Quis fazer uma surpresa.
- Amei a surpresa.
- Agora podemos ir, Edward? Minha hora custa caro, ainda mais hoje que você paga dobrado.
- Ok, Vivian.
Ele deu a partida novamente. A noite estava abafada. Acho que choveria no dia seguinte. Assim que o carro passou a entrada do hotel, meu telefone tocou.
- É Otto. – eu disse preocupada.
- Atenda logo.
- Pai?
- Oi, filha. Ayla está febril. Não quero atrapalhar vocês, mas ela está pedindo pelo pai.
Suspirei:
- Estamos indo... Em menos de vinte minutos estaremos em casa.
- O que houve com Ayla? – ele perguntou nervoso.
- Está febril... E quer você.
Ele deu a volta rapidamente, sem sequer descermos do carro. Recostei minha cabeça no banco e disse:
- Ela tomou muito sol na beira da praia ontem. Eu disse para sua mãe que não era pra ela ficar fora do guarda-sol.
- Vai ficar tudo bem... Deve ser só um resfriado.
Ele dirigia mais rápido que o normal. Eu comecei a rir:
- O que você tem? – ele perguntou me olhando de relance.
- É engraçado... Tudo planejado e a gente tem que parar porque nossa filha está febril. Não é a primeira vez... Será que vamos conseguir fazer isso quando tiver as duas?
- Se não tentarmos, nunca vamos saber.
- Acho que só nós fazemos estas loucuras.
- Falando em loucura, convidou suas amigas prosti para o chá de bebê?
- Claro que sim.
Ele começou a rir:
- Rainha do drama e suas amigas da esquina de prostituição... Bem, melhor do que elas tentarem bater em você.
- Foi quase um ano para conquistar a confiança delas. E me sinto orgulhosa por sermos amigas. Sabe que posso contar mais com elas do que com outras pessoas que eu julgava minhas amigas?
- A contar pela maneira que você se relaciona com elas, creio que sim.
Ele me puxou para perto dele, me envolvendo com seu braço livre enquanto o outro ficava ao volante.
- Eu amo você, rainha do drama. Amo ainda mais quando você é a Vivian que eu pego na esquina... E consigo amar de uma forma que sequer consigo descrever quando vejo você com nossa filha... Simplesmente sendo a mamãe Juliet.
- Amo você, Nick... De todas as formas possíveis... Ontem, hoje e sempre.
E claro que houve várias interrupções nas nossas tentativas de noitadas, pois tínhamos uma menina de três anos e agora também uma de quase um. Mas nós não desistíamos. Porque Nicolas sabia que eu gostava quando ele me pegava na esquina e me levava para um lugar distante, só nós dois, sendo Edward e Vivian, sem pudor, sem vergonha, somente prazer e luxúria.
- Puta que pariu, me diga que você passou protetor.
Retirei meus óculos de sol e olhei para Lorraine, com o bebê no colo:
- Claro que passei, porra.
- Você está vermelha pra caralho. Quero ver Nick te foder com a pele ardente de noite.
- Lorraine, pare de falar palavrão... As meninas estão brincando ali na areia. Podem ouvir.
- Elas sabem a prima que tem...
Ela sentou na espreguiçadeira ao meu lado, descendo uma sacola enorme do ombro e colocando o bebê sentado na areia.
- Ele vai comer areia. – observei.
- Como Marina está fazendo?
Levantei correndo e fui até as meninas, retirando a areia da boca de Marina. Abaixei-me na frente dela e avisei:
- Não pode comer areia, ok? Ayla, como você deixou sua irmã comer areia? Por que não me avisou?
Ela abriu a boca e também tinha areia.
- Que porra! – gritei tirando a areia fina da boca dela. – Cuspa agora, tudo...
- Não fale palavrão, prima. É feio e as meninas podem ouvir. – falou Lorraine sentando em sua espreguiçadeira tranquilamente.
As meninas olharam para algo e levantaram imediatamente, saindo correndo. Meus olhos cruzaram com o azul dos dele, que se abaixou e abriu os braços, pegando ambas de uma vez só.
- Porra, você ainda baba por ele. – disse Lorraine.
- Ah, ele é o senhor perfeito... Não tem como ser imune a ele. – admiti.
- E ele te olha da mesma forma, como há quase quinze anos atrás...
- Eu já disse que fomos feitos um para o outro? – falei enquanto deitava tranquilamente na cadeira, sabendo que ele estava com as meninas.
- Agora você descansa e eu fico cuidando de Matteo sozinha? Bem que você poderia ajudar... Já que vai ficar aí, sem fazer nada.
- Estou tomando banho de sol.
Ouvimos os gritos e ela disse, sem olhar:
- Lá vem Felipe e meus diabinhos.
- Reconhece pela voz?
- Não, pelos gritos. – ela riu.
- Não é por nada não, mas o bebê está com areia na boca.
- Porra, Felipe, corre aqui que Matteo está comendo areia.
Felipe veio correndo enquanto as crianças foram para a água com Nicolas e as meninas. Fechei meus olhos e deixei o sol queimar mina pele. Eu já havia finalizado outro livro, então estava oficialmente de férias.
Senti pingos gelados sobre mim e abri meus olhos:
- Vem, mamãe... – Ayla me chamando para a água com Nicolas e Marina.
Levantei e antes que andasse um passo, Nick já havia deixado Marina na areia e me pegava no colo. Passei meus braços sobre o pescoço dele e nossos olhos se encontraram:
- Não tem diversão sem você, rainha do drama.
- Eu amo você, senhor perfeito... Ontem, hoje e sempre. Obrigada por me fazer a mulher mais feliz do mundo inteiro.
Nossos lábios se encontraram, apaixonados e sua língua quente entrou na minha boca. Beijar Nicolas Welling ainda era uma das coisas que eu mais gostava de fazer, mesmo depois de tantos anos. As outras coisas que eu gostava de fazer com ele, todas vocês já sabem, não é mesmo?
Antes de chegarmos na água Ayla já estava puxando ele pelas pernas. Porque agora não éramos mais só nós dois: o senhor perfeito e a rainha do drama. Tínhamos dois pedacinhos de nós que consumiam vinte e quatro horas do nosso dia, tão perfeitas quanto o pai e intensas e dramáticas como a mãe.
*SE UM DIA VOCÊ LER ESTA HISTÓRIA, SABERÁ QUE É PARA VOCÊ:
Eis sua carta de amor, PJ, com meus mais sinceros pedidos de desculpas. Você sempre foi perfeito e eu completamente imperfeita. Onde quer que esteja, desejo que seja tão feliz quanto eu sou.
Obrigada pela inspiração.
Da sua “querida”.
GOSTARIA de deixar registrado que amo a banda TNT, mas os fatos aqui descritos relacionados a eles foram todos com um cantor de rock gaúcho que não autorizou a mencionar o nome dele no livro. Usei esta banda por ser mais famosa que o tal cantor que me ignorou por completo.
Eu ainda guardo o CD, depois de 22 anos, ainda que “conservar algo que possa recordar-te seria admitir a mim mesma que eu pudesse esquecer-te”
Eu não casei com Nicolas Welling... E também não moro num resort. Casei com o verdadeiro amor da minha vida, quatro anos após o fim do relacionamento com o senhor perfeito.